ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 10.11.10 às 22:32link do post | favorito
Em resposta ao crescente número de suicídios de adolescentes gays, alvo de assédio moral, muitas celebridades têm tomado a iniciativa de fazer ouvir a sua voz. Madonna foi o mais recente elemento a fazer parte deste grupo, ao deixar uma mensagem especial no "Ellen DeGeneres Show": «Se não fosse a comunidade gay eu não teria uma carreira», diz Madonna, através de uma entrevista via satélite com Ellen. «Não seria justo da minha parte ficar sem dizer nada sobre isto», acrescenta.

Madonna falou da sua própria luta enquanto adolescente, e revela que também ela se sentiu num mundo à parte na faculdade: «Não é que fosse excluída, simplesmente sentia-me estranha em todos os grupos» admite a cantora.

Face às recentes notícias de bullying homossexual, muitos artistas têm deixado palavras de incentivo através do projecto "It Gets Better". Nomes como os Maroon 5, Adam Levine Chris Colfer ou Katy Perry já deram o seu contributo.


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publicado por Riacho, em 27.10.10 às 22:23link do post | favorito

"It gets better" continua a alastrar agora com uma bonita canção da Broadway dedicada ao projecto.

 

Hey friend
When you feel like you're alone
And the world throws out a lot of hate
It's not the end
You're not out there on your own
There's still so much in life to celebrate

Just look up
Cause those skies are going to clear
There so much more than just the hear and now

Just look up
Cause a better day is here
Tomorrow feel the sunlight shining down

It gets better, better, better
The pain will let up, let up, let up
If you fall just get up, get up, get up
Ohh, cause there's another way
It gets better, better, better
The world gets lighter, lighter, lighter
So be a fighter, fighter, fighter
Ohh, just live to see that day
Yeah, live to see that day (that day)
Live to see that day

Hey friend
We used to feel like you
No end in sight
Fearing everyday
Just defend the part of you that's true
Find yourself and you will find the way

Don't give up (Don't give up)
Just take another look
And you can shine
It's time you took the stage

Don't give up
Cause your life is like a book
All you got to do is turn the page
There are friends yet to meet,
There are songs to be sung
There are beautiful sunsets
And battles are won
There's love to be found if you just stick around
Don't give up your life has just begun

It gets better, better, better
The pain will let up, let up, let up
If you fall just get up, get up, get up
Ohh, cause there's another way
It gets better, better, better
The world gets lighter, lighter, lighter
So be a fighter, fighter, fighter
Ohh, just live to see that day

It gets better, better, better
The pain will let up, let up, let up
If you fall just get up, get up, get up
Ohh, cause there's another way
It gets better, better, better
The world gets lighter, lighter, lighter
So be a fighter, fighter, fighter
Ohh, just live to see that day

It gets better, better, better
The world gets lighter, lighter, lighter
So be a fighter, fighter, fighter
Ohh, just live to see that day

It gets better, better, better
It gets better, better, better
It gets better, better, better
It gets better, better, better

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publicado por Riacho, em 27.10.10 às 21:57link do post | favorito

I heard about all of the suicides around the country and decided to make my contribution to the "It Gets Better" campaign. Thanks to everyone involved including Pace Students, Cast of Memphis on broadway, Washington Irving HS, Todd Caldwell, Peter Forde, Russel Orlov, Wesley Bishop, Jake Grinsted, Virginia Cavaliere, Simeon Buresch, Braden Summers, J'Beau, Eli Zoller, Laquet Sharnell, Ian Paget, Natalia Johnson, Sam Cahn, Liz Gallagher. Please support this project and join in the efforts to stop teenage bullying! Todrick Hall


Hey you, with your head held high well
You got him real good, I hope it feels good
Hey you trying so hard not to cry well
I know you're fed up, but keep your head up

Cuz, people only see what they wanna
People gone believe what they gonna
They don't understand the life that you choose
They never walked a mile in your shoes no no no no
So whatcha gonna do with your haters
Just gotta excuse their behavior
But just don't give up hope
I just want you to know that

Maybe today seems cloudy and gray
So full of sorrow and tomorrow seems so far away
But it gets better, but It gets better
And I know the world keeps throwing you strife
But Keep on strutting down this yellow brick road called life
Cuz it gets better, cuz it gets better

Hey you, wondering who you are saying
"There's something wrong here, I don't belong here!"
Hey you, don't you know you've come so far
and when there's nowhere to run to, I'll always love you

But, people only see what they wanna
People gone believe what they gonna
They don't understand the way that you feel
They never walked a mile in your heels
So whatcha gonna do with your haters
You gotta excuse their behavior
Don't you give up yet
Don't ever forget...that

Maybe today seems cloudy and gray
So full of sorrow and tomorrow seems so far away
But it gets better, but It gets better
And I know the world keeps throwing you strife
But Keep on strutting down this yellow brick road called life
Cuz it gets better, cuz it gets better

 


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publicado por Riacho, em 25.10.10 às 21:25link do post | favorito

Nas últimas semanas, diversos jovens nos EUA cometeram suicídio depois de suportarem anos de bullying anti-gay.

O escritor homossexual Dan Savage, jornalista e conselheiro em questões sexuais, publicou um texto lamentando o facto de que nunca terá a oportunidade de sentar-se com tais jovens e dizer-lhes que “apesar das coisas negativas, apesar de ter sido isolado e ficado sozinho, as coisas hão-de ficar melhores”. Embora tenha sido tarde demais para Savage falar com esses jovens, ele percebeu que existem muitos como eles que estão a passar pela mesma dificuldade e não é tarde demais para falar com eles.

Em resposta a estes acontecimentos, ele criou o Projeto “It gets better”. Savage decidiu compartilhar com o mundo as suas terríveis experiências no ensino secundário e, mais importante, ele e o seu marido discutiram como eles sobreviveram a essas experiências e passaram a viver uma vida feliz e saudável como adultos gays. O vídeo com tais informações foi postado no YouTube, dando inicio ao projeto:

 

 

“Quando um adolescente gay se suicida é porque ele não pode imaginar para si mesmo uma vida cheia de alegria pela qual valha a pena lutar. Então eu senti que era realmente importante que, como adultos gays, nós mostrassemos que as nossas vidas são boas e felizes e saudáveis e que há uma vida digna”.

O canal do YouTube foi inundado com vídeos de homens e mulheres LGBT em todo o mundo que desejam compartilhar as suas histórias de sobrevivência e esperança.

Aqui fica mais um testemunho do projecto "It gets better" com Joel Burns na assembleia municipal de Forth Worth, Texas sobre a recente onda de suicídios de jovens gays.

 

 

Não deixa de ser triste que muitas das pessoas que testemunham neste projeto sejam oriundas de famílias cristãs que não são capazes de amar, compreender e apoiar os filhos homossexuais baseados numa doutrina homofóbica cristã tão contrária ao espírito evangélico. E, presentemente, muitos cristãos, continuam a apoiar a homofobia explicita e implicita, sem pingo de amor cristão, com a conivência das autoridades católicas, protestantes e ortodoxas em todo o mundo. 

Apoiem o projecto. Nós podemos fazer a diferença: It gets better!


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publicado por Riacho, em 17.10.10 às 14:55link do post | favorito
Os jovens adultos cujas famílias rejeitaram a sua orientação sexual durante a adolescência têm mais probabilidade de sofrer problemas graves de saúde, podendo chegar a tentar o suicídio ou sofrer uma depressão, revela um estudo norte-americano.

O estudo, da autoria de quatro pediatras norte-americanos, foi publicado no jornal da Academia Americana de Pediatras (AAP) e faz pela primeira vez, segundo a AAP, a ligação directa entre os comportamentos familiares e os problemas de saúde nos jovens adultos lésbicas, homossexuais (gays) e bissexuais.

«Jovens adultos lésbicas, gays e bissexuais que revelaram níveis elevados de rejeição familiar durante a adolescência tiveram 8,4 mais probabilidades de revelar tentativas de suicídio, 5,9 vezes mais probabilidades de revelar níveis elevados de depressão, 3,4 vezes mais probabilidades de usarem drogas ilegais e 3,4 vezes mais probabilidades de praticarem sexo desprotegido do que os seus pares heterossexuais», lê-se no documento, a que a agência Lusa teve acesso.

O estudo, que incidiu sobre uma população de 224 pessoas, com idades entre 21 e  25 anos, revela que, do total dos inquiridos, 40,6 por cento admitiram ter tentado suicidar-se, 25,4 por cento tinham ideias suicidas e 43,3 por cento sofriam de depressão.

No cruzamento dos dados, o estudo revela que, entre as pessoas que experimentaram altas taxas de rejeição, 67,6 por cento tentaram suicidar-se, 43,2 por cento têm ideias suicidas e 63,5 por cento têm ou sofreram uma depressão.

As percentagens descem substancialmente quando a experiência remete para uma fraca rejeição, com 19,7 por cento a terem tentado o suicídio, 11,8 por cento a terem ideias suicidas e 22,4 por cento a terem uma depressão.

 

Fonte: http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=1688488


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publicado por Riacho, em 03.02.10 às 23:19link do post | favorito

Apresentamos hoje um vídeo sobre uma mãe que ao perder a sua filha por suicídio, devido à homofobia alicerçada na religião, acabou por encontrar uma família maior ganhando novos filhos e filhas homossexuais. Esta é uma verdadeira lição de amor cristão dedicada a todas as pessoas, especialmente às que se dizem cristãs e andam sempre a bater com a mão no peito e a defender referendos sobre a natureza humana.

 

 


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publicado por Riacho, em 27.06.07 às 22:42link do post | favorito

Caríssimos

 

Esta carta que a seguir apresento é bastante comprimida mas penso que tem muita matéria para reflexão que se calhar podia servir de base para um dos próximos encontros do Riacho e do qual poderiam surgir algumas ideias concretas. Que vos parece?

 

CARTA DA JUVENTUDE CRISTÃ HOMOSSEXUAL BRASILEIRA 
a Sua Santidade Papa Bento XVI, por parte da Confraria de Jesus Adolescente - associação de caráter ecumênico ligada ao Grupo E-Jovem de Adolescentes Gays, Lésbicas e Aliados
 

Reverência. 

Viemos perante Sua Santidade no intuito de expôr nosso pensamento acerca da questão da homossexualidade, em âmbito cristão, e, sobretudo, no que diz respeito à situação da juventude que se insere nesta categoria. Esperamos um ouvido complacente e um coração aberto, de Sua parte, às nossas opiniões e reivindicações. 

Quem somos
Jovens e adolescentes que, tendo despertado sua consciência para sua condição de indivíduos atraídos sexual e afetivamente por outros do mesmo sexo, reconhecemos nesta condição uma vocação especial, dentro do quadro da natureza criada por Deus, jamais consistindo em pecado ou erro, uma vez devidamente realizada dentro de uma ética coerente com os princípios básicos da doutrina cristã. 

Nossos objetivos aqui são: primeiramente, provar a legitimidade moral das relações homossexuais, e, na seqüência, solicitar medidas, por parte da Igreja, em sentido de acolher e respeitar as pessoas sem distinção de orientação sexual, a se iniciar pela reformulação dos procedimentos catequéticos, o que repercutirá amplamente, dentro e fora do contexto católico (considerando o imenso alcance social da Igreja). 

Culminaremos na problemática da juventude, porque entendemos ser ela a base que, uma vez bem edificada, serve de suporte à boa edificação da inteira sociedade. 

Distinções – 

Antes de mais nada, queira desculpar-nos pelo aparente ar de presunção ou pretensão. Não duvidamos de Seu conhecimento e autoridade no que diz respeito a assuntos certamente já estudados aprofundadamente. Mas entendemos que estamos, nós e Sua Santidade, em mundos psicológicos diferentes; em realidades sociais quase diametralmente opostas. Viemos aqui justamente expor esta realidade que, ao que nos parece, é-lhe desconhecida. 

Concordamos, em parte, com a distinção feita pela Igreja entre SER homossexual e PRATICAR atos homossexuais. De fato, há aqui uma diferença conceitual e substancial. É bom saber que a Igreja reconhece o conceito de “indivíduo homossexual” como sendo aquele que se sente atraído sexualmente pelos indivíduos do mesmo sexo, independentemente de praticar ou não relações físicas homossexuais. 

Parte-se da idéia de que o desejo, em si, não chega a causar a “queda” do homem, uma vez que não haja consentimento no desejo (Dizia Abelardo: “O pecado consiste não em desejar uma mulher, mas em consentir no desejo”.), não havendo, assim, por que se sentir culpa pela condição de homossexual. Deus aceitaria plenamente tal pessoa. (Cristo aceita os marginalizados e incompreendidos de todos os matizes.) 

Reconhecemos que isto denota um progresso teológico, como emancipação da tradicional visão tomista – o que é um ótimo sinal. 

Ocorre, entretanto, que nos negamos a conceber igualmente as relações como consistindo ou implicando pecado. E não se trata, certamente, de sancionar um ato objetivo pecaminoso – no que condiz à prática das relações homossexuais, só deixaríamos de sancioná-las se tivéssemos motivos sólidos para crer que sejam prejudiciais. 

A naturalidade da homossexualidade –

Discordamos da inadmissão, por parte da Igreja, da expressão física deste desejo, inadmissão baseada em argumentos que não guardam conexão com a realidade, partindo de uma concepção arcaica e limitada do conceito de “natureza”. 

Não dizemos, com isso, “natureza” em sentido laico. Entendemos ser Deus uma sumidade de criatividade, dinamismo, multiplicidade de expressão... Concebê-lo limitado nesses atributos seria diminuir-lha a honra devida. 

Não no opomos aqui à teleologia aristotélico-tomista (que afirma haver finalidades específicas para todas as coisas dentro do quadro da criação) em si mesma; queremos, isto sim, reinterpretá-la à luz dos fatores biodiversidade e sociodiversidade. Não negamos a teoria que diz ter Deus posto “finalidades” funcionais na natureza; no caso, é inegável a perfeita conjunção masculino-feminino em âmbito biológico. Mas entendemos que a sexualidade humana seja um fenômeno bem mais amplo do que isso; não se restringindo à reprodução da espécie. Os muitos outros benefícios advindos da conjunção íntima entre as pessoas não podem ser sumariamente descartados, sem prejuízo da realização plena e integral do ser humano. Uma realização espiritual, certamente. 

Mesmo quanto ao corpo, em se tratando das disposições finalísticas dos ditos órgãos sexuais, vemos que não fogem à mesma natural versatilidade (ou disponibilidade) dos demais órgãos - as mãos e a boca são grandes exemplos disso. Sabemos o quanto que dançarinos e atletas se empenham na superação dos limites ordinários de expressão corpórea... 

Os exemplos e as provas são abundantes a favor da múltipla funcionalidade das partes do corpo humano. O que importa é sempre o fim visado - e reivindicamos aqui uma união afetiva legítima, fraterna e bela, à qual não se poderá sensatamente opor restrições. 

A questão social – 

Tampouco em âmbito macrossocial haverá algo de alarmante na ocorrência da homossexualidade: como também constatamos a sempre imensa superioridade numérica dos indivíduos heterossexuais, ao longo da história, e, ainda, o fato haver igualmente homossexuais que desejam deixar uma prole (a vontade de procriação é muito natural), tampouco procede alegar que a admissão das relações homoafetivas levaria à extinção da espécie humana, ou que seria um passo para sua efetivação. Trata-se, em verdade, de um argumento de cunho fascista e xenófobo, que acarreta rejeição pública aos indivíduos homossexuais, por considerá-los um risco à sociedade e à humanidade. 

Visto serem estes argumentos proferidos pela própria Igreja, e muito amiúde, jamais poderemos deixar de enfatizar o nosso repúdio e indignação para com este fato, em vista de suas pérfidas conseqüências: reforço da marginalização, exclusão social e opressão, que pesam como estigmas sobre esta parcela da população. Nada pode ser mais anticristão que isso. 

Vendo-se vítimas da instituição que deveria acolhê-los, muitos dos então excluídos da Comunhão partem para a descrença, outros decaem para o mundo do vício - conseqüências diretas da deficiência do discurso religioso acerca da sexualidade. E este fato vale para toda a população. Produz-se, assim, um quadro considerável de desamparados e desorientados, sujeitos a riscos e vulnerabilidades (destacando aqui, com urgência, a propagação da AIDS) que poderiam ser eficientemente prevenidas caso houvesse uma ação pastoral mais comunicativa, compreensiva, de amplo alcance, condizente com as expectativas sexuais da coletividade. Mas a pura e simples repressão sexual constitui um reforço das referidas mazelas sociais.

Sendo a homossexualidade expressão da natural versatilidade criativa divina, partindo deste vínculo íntimo entre Deus e natureza constatamos a natural flexibilidade ou dinamismo biológico e social (biodiversidade implicando sociodiversidade), entre os conceitos contemporâneos que se opõem à noção de “ordem imutável” da natureza (uma vez que a imutabilidade da essência de Deus não leva diretamente à rigidez criativa da parte d’Ele - vide o evolucionismo no contexto de Teilhard De Chardin, grande marco progressista da renovação teológica), por conseguinte invalidando por completo a arcaica concepção fascistóide de uma “ordem social” sem espaço para nuances ou eventuais dissonâncias, salutares e enriquecedoras do quadro geral. 

Pensar e agir contrariamente a isso é ferir os princípios da democracia e dos direitos humanos, ignorando e rechaçando as maiores conquistas sociais do mundo moderno. 

Questões exegéticas e doutrinárias – 

Quanto à moral sexual, percebemos também o considerável prejuízo psicológico de se crer que uma relação física não-reprodutiva seja algo pecaminoso. Isso não vale apenas para a homossexualidade, mas também para a masturbação, o uso de métodos contraceptivos e a prática de atos sexuais antes do Matrimônio. Está-se negando aí todo o benefício da integração corpo-mente (fator de saúde), tanto a nível individual como social. Não há bases bíblicas e sequer argumentos plausíveis para sustentar tal reprimenda. 

Os conceitos de “mundo”, segundo Jesus, e o de “carne”, segundo São Paulo, jamais guardam relação com “natureza” ou “universo material”. Serviram eles tão-somente para denunciar o “mundo” da realidade social injusta e corrupta e a tendência ao materialismo. Ora, se o “mundo” corrupto do qual o cristão deve manter-se fora coincidir com a própria natureza, ou o planeta, ou o universo material, faz-se aqui um contra-senso conceitual com o qual a sanidade humana só poderá sair perdendo... 

O “servir à carne” não coincide com o moderno conceito de sensualidade, uma sensualidade natural empregada como instrumento e não como um fim, de modo hedonista. Cabe tão-somente distinguir os fins visados. O fim, sendo nobre - realizar o amor, seja em sentido interpessoal ou amor-próprio justo e comedido -, a tudo santificará e validará. 

Ainda, mesmo quanto aos meios, em hipótese alguma reivindicamos uma contravenção da natureza, uma vez esta sendo emanação direta da Divindade. Reivindicamos, isto sim, uma compreensão mais profunda desta natureza, baseada na observação mais acurada de seus fenômenos. 

É claro que o “apóstolo dos gentios” desconhecia muitos dos modernos conceitos: ele também cometia o mesmo equívoco. Mas, se tal equívoco podia ser desculpado pelo primitivismo de conhecimento da época (sendo que o Santo Espírito não manipula seus apóstolos como fantoches, chegando a permitir-lhes o erro pelo livre-arbítrio), hoje em dia não o pode mais, quando temos toda uma avançada psicologia e ciências sociais completamente desconhecidas pelos autores humanos das Escrituras. 

Se a flagrante degradação machista da figura da mulher expressa em certas passagens das epístolas (ICor:11,6-10 e ITm:2,11-14, entre outras) não recebe mais o endosso da Igreja (sabiamente), tampouco a alegada reprovação bíblica à homossexualidade (mesmo na possibilidade de se tratar apenas do caso de más traduções e interpretações) mereceria maior consideração. Pede-se aqui um mínimo de coerência. 

A homossexualidade, num contexto amplo e atual, não guarda relação direta com o que se alega ter sido dito sobre ela nas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Quando os escritores bíblicos empregam termos como “sodomitas”, “efeminados” ou “praticando torpeza, homens com homens” (Rom:1,27), isso imediatamente exclui o que hoje entendemos por homossexualidade. Como partimos do princípio de que as relações homossexuais podem ser feitas de modo natural e não-torpe (e é o que aqui viemos provar), logo vemos que as admoestações bíblicas não nos dizem respeito, diretamente. Na Bíblia, estão ligadas aos contextos de estupro, prostituição, promiscuidade, idolatria – e nada disso é “natural”, não podendo, evidentemente, realizar o amor. Nenhum homossexual cristão dos dias atuais suportaria os hábitos de Sodoma e Gomorra... 

É importante, pois, não confundir as expressões decadentes e repulsivas da homossexualidade com esta em si mesma. 

A questão da família - 

Veremos agora o que, advindo das constatações anteriores, podemos dizer sobre a família. 

“Família” é o termo geralmente usado para designar um núcleo social de mútuo sustento entre as pessoas, geralmente unidas por laços consangüíneos, notável por sua tarefa de formação psico-pedagógica, o que lhe confere o status de “formadora da sociedade”.

Dentro deste contexto, poderemos verificar muitas formas, até contraditórias em termos de método, de se organizar tais núcleos. Nada temos contra a família sexualmente dicotômica (homem + mulher = prole). Trata-se de uma lógica básica, de grande simplicidade e praticidade. Apenas entendemos que esta é apenas uma das múltiplas formas de se realizar as funções sociais alegadas – e o que importará, como sempre, serão os fins

Quererão agora os “apologistas da ordem” acabar com todos os orfanatos, sob pretexto de que seus métodos fogem da dicotomia clássica? Quererão impedir que crianças sejam criadas por “mães solteiras” ou separadas de seus maridos, uma vez tendo tais mães condições para isso (havendo ainda o caso de serem viúvas)? Reivindicarão o fim das instituições de ensino, alegando que toda instrução e amparo devem prover apenas do ambiente doméstico? Reprovarão, ainda, a formação tão natural de núcleos domésticos entre amigos, parceiros de atividade, colegas de estudo, repúblicas de estudantes; comunidades, em geral? 

Diz-se que um ambiente familiar acolhedor evitará que suas “ovelhas” se desgarrem ou sejam abandonadas à própria sorte. A família “cristã” seria, assim, a instituição feita para evitar o surgimento deste desamparo. 

É evidente que deve haver uma perfeita concordância entre os membros de uma família, sem dissensões; uma verdadeira conciliação entre pais e filhos e entre cônjuges. Mas não há o menor sinal de que a ocorrência da homossexualidade possa vir a abalar ou prejudicar tal harmonia. Essa alegação advém da ignorância para com os fatos da homossexualidade; no caso, ignorar que tais indivíduos não trazem vocação natural para constituir uma família biologicamente dicotômica, e que não é apenas inútil induzi-los a contrariar esta vocação (ainda mais quando se sabe que a homossexualidade do tipo “exclusiva” – que perfaz cerca de 4 ou 5% da população mundial – é um estado inalterável), como também uma violação ao caráter próprio da pessoa. 

Quanto à identificação dos reais causadores da dissensão familiar, o que observamos, na realidade, é que são justamente os indivíduos homossexuais que dificilmente encontram o devido acolhimento e respeito por parte dos demais membros de sua família - e este drama quase sempre se intensifica mais ainda em famílias que se dizem “cristãs”. 

Quanta incongruência, então, dizer que hábitos homossexuais podem trazer “prejuízo à família”, quando o real prejuízo é justamente a desunião causada pela falta de compreensão entre seus membros! No caso, a não-compreensão para com os indivíduos tidos como “desviantes” dos padrões de conduta arbitrariamente estabelecidos por uma rígida tradição. 

Como já sabemos, por experiência, que a homossexualidade não pode ser provocada ou produzida deliberadamente de uma hora para outra, e também que sua ocorrência é deveras isolada para se “massificar”, também nunca se poderá alegar que a defesa pública e a ampla exposição da homossexualidade possa vir a ameaçar a instituição familiar. 

Assim, descontada a ameaça da falta de amor entre os membros de uma família, nada, além de imposições autoritárias de certos modelos de governo, pode ameaçar a instituição. 

Disso tudo, concluímos que a homossexualidade, mais uma vez, é totalmente inocente daquilo pelo qual a criticam. 

Passaremos, na seqüência, a analisar a situação dos jovens homossexuais, ainda reivindicando uma acolhida humana e respeitosa para com os mesmos, que sabemos não estar sendo efetuada pela Igreja, apesar de ser um de seus óbvios deveres. 

A situação dos jovens homossexuais – 

A inclinação à homossexualidade na infância e na adolescência nada tem de espantoso ou excepcional. É um fato que deve ser encarado e estudado calmamente, sem alarmismos e provocação de “dramas” vãos, que costumam causar, estes sim, um grande transtorno à harmonia da família. 

Tais inclinações, por si mesmas, não implicariam risco algum ao indivíduo, uma vez conduzidas a um nobre fim - o amor, entendido dentro de uma natureza versátil, múltipla de expressões. Cabe-nos somente orientar a juventude para que este amor possa vir a ser realizado, segundo os vários meios com os quais a natureza nos dotou e disponibilizou, sem olvidar precipitadamente os meios mal-compreendidos. 

A juventude homossexual, infelizmente, não está recebendo a devida orientação por parte da Igreja. Aliás, a juventude inteira não a recebe – a realidade da sexualidade humana parece escapar do trato psico-pedagógico católico com os jovens. 

Nem ao menos a masturbação, comprovadamente saudável e tão necessária, tanto no processo de desenvolvimento do jovem como no sustento psicológico do indivíduo adulto, recebe o endosso por parte da moral católica oficial. 

E não podemos fechar os olhos para a realidade de que os jovens fazer sexo, mesmo na adolescência (ou estão naturalmente inclinados a isso), sendo um fato nada extraordinário ou alarmante. É algo que ultrapassa o mero condicionamento social – considerando as disposições biológicas da fase púbere; nada haverá de mais lógico. Nada pode, sem danos à saúde psicológica, deter este impulso natural; seria inútil qualquer reprimenda à própria Força da Vida. A menos que partamos do princípio que a “vontade divina” reprove seus próprios mecanismos, contradizendo-se – nada mais absurdo... 

A tortura psicológica que pesa, tanto sobre os jovens homossexuais como sobre os pais envolvidos nesse drama (drama deliberadamente produzido pelo catecismo errôneo) advém das seguintes falsas concepções: Deus sem versatilidade e família em “risco”. 

Já apontamos tais erros anteriormente, e fornecemos as soluções teóricas. 

Pensemos no quadro dos jovens que sofrem – pelo preconceito público, pela desinformação por parte dos pais e deles próprios. Some-se a isto a deficiência no diálogo, diferenças entre as gerações e ainda o peso do “estigma social” da homossexualidade. Tudo leva, inevitavelmente, ao reforço do sentimento de CULPA, da parte de todos os envolvidos. Caberia agora verificar até que ponto tal sentimento poderia ser útil para o progresso moral do indivíduo. A partir do ponto em que chegar a ser não apenas inútil, mas danoso (sendo a meta do Cristianismo a redenção dos pecados, esta deveria ser o limite da necessidade da culpa, se é que se trata de uma necessidade), não teria mais sentido de ser; seria então um entrave à plena realização pessoal, pela restrição da auto-aceitação, o que acarreta óbvios transtornos psicológicos. 

Não será de cidadãos auto-restringidos e reprimidos que a humanidade redimida se constituirá. 

Seja como for, a ocorrência da homossexualidade na adolescência não é nenhum fruto de “rebeldia juvenil”, e muito menos de desamparo ou descaso dos pais - suas origens ou pré-disposições se evidenciam majoritariamente congênitas, em todas as pesquisas sérias sobre o tema (vide os trabalhos de Glenn Wilson e Qazi Rahman). Nem é o caso de se apontar culpados ou responsáveis, portanto.

Pelo mesmo motivo, e comprovado por nossa experiência, nenhuma boa família cristã, das mais solidamente estruturadas, está livre de gerar homossexuais. Estes surgem à revelia de quaisquer tentativas morais de prevenção. O dever da família cristã será, assim, o justo acolhimento de tais indivíduos, que são parte inseparável dela.

Isso valendo para a família, valerá também para as instituições de ensino mantidas pela Igreja. É dever das escolas e catequeses católicas efetuar a formação de pessoas integrais, o que não se realiza sem consideração pelas suas compreensíveis necessidades sexuais.

Ainda mais, quando constatamos que o processo de exclusão tende a se agravar no ambiente escolar - grande parte do fenômeno dito “bullying” atinge diretamente os jovens homossexuais. Caso algum dentre estes não consiga contar igualmente com o apoio dos próprios pais, e nem mesmo da Igreja, forma-se um conflito íntimo intolerável que, em casos extremos - mas não isolados - pode levar ao suicídio.

O Grupo E-jovem estima que, no Brasil, 3 adolescentes gays cometam suicídio por dia. É alarmante este dado permanecer não-divulgado ao grande público. Não caberia à Igreja tomar providências urgentes quanto a isso?

Trata-se de uma questão de identidade social e auto-aceitação, não se restringindo à expressão sexual em sentido meramente “genital”.

Que medidas está se tomando para incremento da auto-estima da população adolescente desta categoria social?

O jovem, consciente a autoconfiante, é a maior força motriz para a construção de um mundo novo, à imagem do Reino dos Céus. Sobretudo, o jovem desprovido de sentimentos de culpa e angústia. Livre, criativo, ousado, pioneiro – eis a imagem do jovem plenamente aceito por sua família, amado pelos seus pais e companheiros de religião do jeito que ele naturalmente é (no contexto em pauta, naturalmente homossexual); um amor não oriundo da simples compaixão ou piedade (uma vez que a homossexualidade não é de modo algum um estado lastimável), mas da franca aceitação e espírito de total integração fraterna. 

Últimas considerações – 

Nossa proposta surge em um momento-limite em que o destino da Igreja se decide pelo resgate de sua honra, aviltada pelas sucessivas contradições temporais. 

Tem-se agora uma oportunidade de romper a infeliz tradição do dito “atraso social” provocado pela própria instituição, ao longo da história, seja pela infame restrição ao progresso das ciências, seja pelo patrocínio do preconceito e favorecimentos injustos de certos setores sociais, momentos que, sem dúvida, macularam sua reputação, ao ponto de ofuscar a opinião pública para o que tange a seus aspectos realmente divinos e a consideração pelas boas ações dos seus legítimos representantes. 

A inserção dos homossexuais no Corpo Místico, do modo como eles mesmos são, por sua natureza, sem corrupção herdada, dentro de uma acepção dinâmica e pragmática de virtude (já deixamos claro que o amor metafísico se expressa por atos físicos – práxis da caridade múltipla em meios), será um dos maiores sinais do avanço nas conquistas sociais desta vez indiscutivelmente promovido pela Igreja. 

Concorrendo para a dignificação da humanidade como um todo, da comunidade cristã em geral e do Catolicismo, em especial. 

Reconhecemos o trabalho de vanguarda de vários eminentes eruditos católicos, ou vinculados a instituições católicas, na atualidade. 

Reconhecemos o empenho da Igreja na afronta de muitas das tão graves mazelas sociais que afligem a humanidade. 

Assim, só podemos ficar em ansiosa expectativa, nós, e todos estes renomados cristãos inovadores, espíritos de vanguarda, libertários, construtores do futuro, de, finalmente e após tantas lutas ao longo das épocas, podermos ver uma Igreja totalmente sintonizada com o tempo e o lugar dos homens reais, dentro do espírito de progresso, aberta às descobertas e inovações científicas e culturais, atenta às reais e naturais aspirações humanas – versáteis, múltiplas, diversificadas como expressão da própria criatividade divina – e à evolução dos tempos. 
 

Com amor, 
  
Confraria de Jesus Adolescente

Brasil, 02 de maio de 2007
 

 

 

 

 

 

 

Um abraço

 

Carlos

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