A Igreja Católica não exclui ninguém, mas, para incluir os homossexuais sob a sua asa protectora, a hierarquia exige-lhes castidade. Pede-lhes o mesmo que aos sacerdotes: um degrau acima do que reclama aos restantes fiéis. Ao homossexual católico não lhe basta - à luz da doutrina católica - que mantenha uma relação casta com um companheiro ou companheira do mesmo sexo; para ser incluído na congregação de Cristo, o homossexual católico deve reprimir o desejo.

O paradoxo, desta igreja de homens, emerge quando os párocos fecham os olhos aos católicos homossexuais, com prática assumida em confissão, e esses mesmos padres aceitam que os fiéis homossexuais continuem a desempenhar funções pastorais relevantes; basta que omitam a assumpção da sua sexualidade.

A este silenciamento oportuno poderemos chamar, sem margem para grandes dúvidas, hipocrisia.

Se um catequista homossexual decide revelar-se, o mesmo padre, que o acolhia em silêncio, afasta-o da função, sentindo-se, o padre, refém dos efeitos que tal revelação provoca nas restantes ovelhas do rebanho, sobretudo junto dos pais das crianças que frequentam a catequese.

A igreja inclui, mas inclui reprimindo.

A Grande Reportagem ("A Confissão") de domingo, 29 de Março, reflecte sobre os efeitos dessa repressão; questiona a hipocrisia; e coloca, frente a frente, duas interpretações diferentes, dentro da mesma igreja, sobre a mesma questão: a homossexualidade e a união entre pessoas do mesmo sexo.

A balouçar, como pêndulo sem norte na doutrina dos homens que fazem a igreja, impõe-se a simples pergunta: e Cristo - excluiria?