ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 13.06.12 às 11:53link do post | favorito

Proclamado pelo papa Pio XI, em 1934, patrono da cidade de Lisboa, Santo António, celebrado a 13 de Junho, é considerado um santo padroeiro contra todos os males.

 

Nascido em Lisboa, junto da Sé, ou Igreja de Santa Maria Maior, no seio de uma família de pequena nobreza, no ano de 1189, 1191, 1192 ou 1195, supostamente no dia 15 de Agosto, de seu nome Fernando de Bulhões, Santo António de Lisboa, ou Santo António de Pádua, por ter vivido e pregado nesta cidade de Itália, terá iniciado a sua instrução na escola capitular que funcionava nas dependências da catedral.

 

Aos quinze anos entra para o Mosteiro de São Vicente de Fora, dos frades Agostinhos, transitando depois para o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, onde se entregou, fervorosamente, ao estudo e à mística. Ordenado padre aos vinte e cinco anos, troca o hábito branco dos Agostinhos pelo castanho dos Franciscanos e entra no Convento de Santo Antão nos Olivais, altura em que muda de nome, passando a chamar-se António.

 

Adquiridos em Portugal os conhecimentos intelectuais possíveis para a época, parte para Marrocos com a intenção de poder levar a cabo a missão que mais ambicionava desenvolver – a de evangelizar. Pouco tempo depois, devido ao clima, adoece gravemente e embarca de regresso a Portugal. O navio, porém, apanhado por uma tempestade, aporta na Sicília, onde se encontra, então, São Francisco de Assis, pelo qual nutria devotada admiração e de quem se torna amigo.

 

Corria o ano de 1221 e António radica-se no Convento de Arcella, em Pádua, cidade que pouco a pouco se rende aos seus dotes de grande pregador, extasiando-se perante a simplicidade, a força e a fé dos seus sermões – por vezes a denunciarem lúcida e corajosamente os males sociais do seu tempo. A fama da sua santidade, caridade para com os pobres, sabedoria e eloquência depressa se espalhou pelo Mundo, não havendo templo que albergasse as multidões que acorriam a ouvi-lo, facto que levava a que as suas pregações fossem feitas ao ar livre.

 

Célebre ficou o seu sermão aos peixes, que proferiu, de acordo com a tradição, na costa do Adriático, região onde imperavam os hereges cátaros e patarinos: «Ouvi a palavra de Deus, vós, peixes do mar e do rio, já que não a querem escutar os infiéis hereges», logo acudindo à tona milhares de peixes, mostrando a cabeça fora da água. Vários foram também os templos que se construíram em seu louvor por todo o país, entre eles o sumptuoso Convento de Mafra, que lhe foi consagrado na altura do nascimento de D. José I, em cumprimento da promessa de D. João V, que desejava um herdeiro.

 

Denominado pelo povo cristão como «o Santo de Todo o Mundo» (conforme a famosa frase de Leão XIII), Santo António, consumido pelo esforço e pela doença, morre a 13 de Junho de 1231, no Convento de Arcella, em Camposampiero. É canonizado a 30 de Maio do ano seguinte, constituindo a sua canonização a mais rápida da história da Igreja, por bula do papa Gregório IX, que, segundo dizia, se orgulhava de o ter conhecido e escutado e a quem chamou «Arca das Escrituras».

 

Santo António deixou os Sermões, que lhe valeram a inclusão do seu nome entre o reduzido número dos Doutores da Igreja, distinção que lhe foi atribuída pelo papa Pio XII, a 16 de Janeiro de 1946. Devido aos seus inúmeros milagres, fizeram-se peregrinações ao seu sepúlcro, em Pádua, à semelhança das que foram feitas a Jerusalém, a Roma e a outros importantes santuários. Teve ainda a honra, reservada a poucos santos, de possuir uma liturgia particular, privilégio que na sua Ordem só compartilhou com São Francisco.

 

Iconograficamente, Santo António apresenta-se como um jovem vestido de franciscano, mas também de cónego regrante de Santo Agostinho ou de Menino de Coro, segurando um livro na mão esquerda, sobre o qual se senta o Menino Jesus (a partir do século XVI elemento inseparável da imagem do santo), e com a direita uma cruz e um lírio, símbolo da pureza, que aparece como seu atributo em meados do século XV.

 

Soledade Martinho Costa

Do livro «Festas e Tradições Portuguesas», Vol. V

Ed. Círculo de Leitores


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publicado por Riacho, em 27.11.09 às 19:54link do post | favorito

27/11/2009
 
Rowan Williams dá uma severa lição de catolicismo a Bento XVI
 

Nas fotos, a tensão é quase palpável. Com o busto estendido para a frente, Rowan Williams, arcebispo de Canterbury, tem os cotovelos decididamente apoiados na escrivaninha do Papa. Ao contrário, Bento XVI parece encolhido em sua cadeira, como em posição de curvatura defensiva.

A reportagem é de Jean Mercier, publicada no sítio La Vie, 24-11-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Exatamente um mês após o anúncio das disposições especiais da Igreja Católica em favor dos decepcionados com o anglicanismo, Rowan Williams encontrou-se com Bento XVI, em Roma, no dia 21 de novembro. A conversa, dizem, foi "cordial". Isto é, seguramente glacial. Jamais, com efeito, as relações entre Roma e Canterbury foram tão tensas. A Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus, que visa agregar ao Sólio de Pedro grandes porções do rebanho anglicano, foi só o catalizador de uma crise mais profunda.

No dia anterior, o arcebispo de Canterbury buscou retomar nas mãos a situação durante uma conferência em que abriu seu coração. Com honestidade, Rowan Williams reconheceu que a operação de sedução de Bento XVI não foi um golpe baixo ecumênico, mas se tratava de uma "resposta pastoral imaginativa" e que não criava "nada de novo de um ponto de vista eclesiológico". Uma forma de responder àqueles que acusam Bento XVI de destruir o ecumenismo, como Hans Küng.

Mas o teólogo anglicano conseguiu dar uma lição de catolicismo ao Papa. Criticou-lhe principalmente o fato de não distinguir, em matéria de ecumenismo, entre os temas de primeira ordem – sobre os quais os cristãos estão de acordo (dogmas como a encarnação de Deus, sacramentos como o batismo) – e os de segunda ordem (ordenação das mulheres), sobre os quais as Igrejas se dividem, sem razão. Em uma análise minuciosa, lê-se aqui uma crítica lançada ao Papa, que teria esquecido um dos pontos chaves do Vaticano II, isto é, a introdução da "hierarquia das verdades".

Para o primaz anglicano, não ordenar mulheres como sacerdotisas e bispas implica em "criar uma diferença entre batizados homens e mulheres, o que coloca novamente em discussão a coerência da eclesiologia". Modificar o uso sobre pontos de segunda ordem não afeta as realidades de primeira ordem. Por exemplo, segundo ele, a introdução dos ministérios femininos não mudou o modo em que os anglicanos consideram as realidade de "primeira ordem" (a salvação).

Rowan Williams lança também, em palavras veladas, uma crítica pungente sobre o modo em que a Igreja Católica considera e gere a autoridade. Posiciona-se contra aqueles que querem "reafirmar a linguagem da regra e da hierarquia estabelecida por decreto, com oposições formais entre docentes e discentes, diretores e dirigidos". Opõe a essa realidade a ação do Espírito Santo. Lembra que o Vaticano II havia superado a ideia de uma Igreja piramidal e jurídica. Enfim, parece acusar Bento XVI de ser infiel ao Concílio. Convida a uma nova visão eclesiológica em que a autoridade conferida pela ordenação e pela colaboração colegial sejam equilibradas.

Sobre o primado do bispo de Roma, Rowan Williams se pergunta se isso é tão importante para a unidade dos cristãos e coloca em discussão a sua dimensão jurisdicional. Para ele, os cristãos devem ser capazes de comungar na mesma mesa sem que esse problema seja resolvido anteriormente.

Para encerrar, Rowan Williams cita como exemplo o modo em que os anglicanos buscam a verdade por meio dos conflitos, buscando a unidade sobre temas essenciais e concordando sobre temas "secundários". Porém, o problema é que hoje a sua Comunhão está em situação de cisma, porque os anglicanos não conseguem colocar-se de acordo sobre quais são os problemas de primeira ordem e quais são os de segunda ordem.

Para os conservadores anglicanos, que se inclinam ao protestantismo evangélico ou ao catolicismo, temas como o acesso das mulheres ou dos homossexuais ao presbiterado e ao episcopado não pertencem à categoria das coisas secundárias, mas vão contra a coerência da Igreja e são do domínio do não negociável.

Para ler mais:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=27883


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publicado por Riacho, em 04.07.09 às 01:38link do post | favorito

 Eva, naturalmente. A primeira mulher. Bispa, lésbica, com um filho que brinca na sacristia, enquanto ela reza a missa. Eva Brunne cruza as pernas debaixo da túnica branca e fica séria. "As polêmicas eram previsíveis. Existem pastores que seguem os desenvolvimentos democráticos e que querem que a Igreja faça parte deles. Outros, ao invés, se opõem a eles". Levanta os ombros e joga uma das mãos para trás, como dizendo: homens atrasados, é preciso perdoá-los.


Ela tem 55 anos, uma companheira mais jovem, Gunilla Linden, que há três anos deu a luz ao filho delas. Tudo normal, ou quase. Não fosse pelo fato de que essa sacerdotisa foi recém eleita "bispa" de Estocolmo. E também na progressista Suécia – onde o clero feminino existe há meio século – criou-se um escândalo que a Igreja luterana não consegue mais superar. Eva Brunne obteve 412 votos contra os 365 do principal concorrente, o reverendo Hans Ulfvebrand. Mas os seus adversários apresentaram seis recursos para invalidar a votação.

A reportagem é de Anais Ginori, publicada no jornal La Repubblica, 01-07-2009. A tradução é de MoisésSbardelotto.

Oficialmente, a guerra para o bispado de Estocolmo é combatida em torno a argumentos jurídicos e recontagens de votos. O verdadeiro objetivo, porém, é ela, o símbolo que representa. Recém eleita, concedeu entrevista à revista gay mais conhecida do país,QX, e ao homólogo francês Tetu.

"Gunilla é pastora como eu, e acho que isso facilita a nossa relação", confessou. O casal foi registrado no cartório e "abençoado" pela Igreja. No outono [europeu] o Sínodo luterano será chamado a se pronunciar sobre a celebração de casamentos para gays e lésbicas. "Martinho Lutero nos ensinou que qualquer pessoa pode assumir uma posição de mérito na fé e na Bíblia", argumenta ela, respondendo aos que defendem que não há registros de casamentos entre pessoas do mesmo sexo nos textos antigos.

O sacerdócio feminino foi autorizado na Suécia no fim dos anos 50. Em 1971, Margit Sahlin foi a primeira mulher a se tornar pároca. Desde então, houve muitos bispados "rosa", incluindo o de Estocolmo, entregue há 10 anos a Caroline Krook, agora prestes a se aposentar.

Mas a eleição de Eva Brunne, com o seu "lesbo-pride", teve um efeito devastador, revelando uma ambiguidade que atravessa toda a Igreja. Entre os noviços, o número de mulheres já superou os de homens (588 contra 331 na última década), porém, ainda há muitas discriminações. O observatório para a igualdade de oportunidades do governo descobriu que as pastoras ganham cerca de 400 euros menos do que os seus colegas homens e que existe um "teto de vidro" na alta hierarquia: dentre 14 bispos, 12 são homens.

"Desde que o parlamento sueco mudou a lei sobre o casamento e depois sobre os filhos dos casais homossexuais, há um 'gay baby-boom'. A Igreja não pode se permitir negar os sacramentos a essas famílias", defende Lars Gardfeldt, pastor de Goteborg, que há anos se ocupa da homofobia e da religião, convive com um outro pastor e é pai de dois gêmeos.

Porém, enquanto isso, chegaram mensagens agressivas na página eletrônica da diocese de Estocolmo. "A nova bispa é muito pia, sábia e atenta aos mais fracos", escreveKelvin, da região de Flemingsberg, ex-paróquia di Eva Brunne. "É uma pastora que sabe cuidar do seu rebanho. Infelizmente, isso não conta para quem enche a boca de raiva indignada. Rezemos por Eva e pela diocese de Estocolmo que fez uma escolha justa e corajosa".

 

in: http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=23614

 


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