ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 13.10.09 às 19:56link do post | favorito

Olá

 

Para quem ainda tem dúvidas de que a Igreja Católica é um espaço plural e que nem toda a gente segue cegamente a doutrina da Igreja aqui está um prova, publicada na unisinos, de que isso não é verdade.

 

Abraço

 

"Tudo começou como uma daquelas piadas sem graça que só fazem rir aqueles que as contaram. E continua um ano depois, nas praças de Paris e na província francesa, onde os fiéis católicos participaram de uma marcha, no sábado, dia 10, e no domingo, dia 11 de outubro, para testemunhar o seu desconforto diante das orientações atuais da Igreja.

A reportagem é de Stéphanie Le Bars, publicada no jornal francês Le Monde, 11-10-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Voltemos aos últimos meses em que vimos católicos que, "de dentro" da Igreja, manifestaram sinais de irritação e contestação. Em novembro de 2008, o cardeal André Vingt-Trois, presidente da Conferência Episcopal da França e arcebispo de Paris, questionado sobre o lugar das mulheres na Igreja, respondeu nestes termos: "O importante não é ter uma saia, mas sim ter alguma coisa na cabeça".

Foi demais para Anne Soupa e Christine Pedotti, duas católicas "centristas", comprometidas com a Igreja há muito tempo. Decididas a "não deixar uma coisa dessas passar", mas profundamente alimentadas pela cultura católica, apresentaram denúncias diante... do tribunal eclesiástico, em nome da associação criada para a ocasião, o "Comité de la jupe" [Comitê da saia].

O processo não teve sequência, pois o arcebispo esclareceu as suas afirmações. Mas causou muitíssimas reações, que se inseriram na confusão manifestada pelos católicos franceses no começo de 2009. Foram profundamente desorientados pela decisão doPapa Bento XVI de estender a mão aos integralistas e pela excomunhão, decidida por um bispo brasileiro, dos médicos que haviam praticado um aborto em uma menina violentada.

Com os seus 500 simpatizantes, o "Comité de la jupe" tem a ambição de representar aqueles que não querem "nem ir embora, nem calar", com o objetivo de impedir o "cisma silencioso" que percorre a Igreja. "Não somos militantes feministas", defendem-se as suas intelectuais, uma de 52 e a outra de 62 anos. "Mas é verdade que o lugar das mulheres na Igreja é emblemático de muitos problemas atuais: a falta de representatividade dos leigos, a discriminação com relação a certos grupos, a impossibilidade de fazer ouvir a própria voz"

Em nome desses "sem voz", Anne Soupa e Christine Pedotti não hesitam em falar muito claramente. "A palavra está aprisionada. Os fiéis não ousam falar por medo de serem acusados de 'atirar contra uma ambulância'. Os religiosos são obrigados a utilizar uma linguagem dupla, e os leigos que fazem a Igreja ir adiante são considerados suplementos...". Falando sobre uma objeção recorrente em certas paróquias, elas também contestam a mudança "clerical" da instituição, em que os padres têm a supremacia. "Para enfrentar a crise de vocações, a Igreja considera que é preciso dar aos padres novamente uma posição de autoridade, fazer do presbiterado um trabalho gratificante, pronta a marginalizar os leigos comprometidos, que de fato são principalmente mulheres".

Nesse contexto, elas defendem "naturalmente" o acesso ao presbiterado para os homens casados e para as mulheres, mesmo reconhecendo que "o problema não está maduro". "Vemos que, na sua obsessão de 'pureza', certos padres proíbem totalmente que as meninas sejam coroinhas como os meninos...", enraivece Christine Pedotti.

"O risco atual é de que a Igreja não seja mais católica, isto é, aberta e universal, mas que pareça fechada ao sofrimento humano, moralizante, marcada pelo conservadorismo", avalia Anne Soupa, que estudou teologia durante sete anos. O pontificado de Bento XVI se inscreve nessa evolução "reacionária", que "corre o risco de transformar a Igreja em uma seita, em um agrupamento de clones", é a análise das duas mulheres. "Com João Paulo II, também existia essa tendência, mas estava escondida pelo seu carisma".

"Comité de la jupe" apresenta "problemas verdadeiros", reconhece um bispo, que destaca que a próxima assembleia dos bispos, em novembro, deve iniciar "justamente" uma reflexão sobre a "missão dos leigos na Igreja". Mas, globalmente, a instituição não gosta de uma crítica interna que quer ser mais reformadora do que revolucionária.

Dentro do clero, ainda há vozes individuais que compartilham desse diagnóstico. No livro recém publicado "J'aimerais vous dire" (Ed. Bayard, 2009), uma das grandes figuras do episcopado francês, o arcebispo de PoitiersAlbert Rouet, reconhece: "Não se pode fazer dos cristãos menores de idade irresponsáveis da Igreja. Penso profundamente que o modo de viver da Igreja não está adaptado ao mundo em que vivemos". E convida a instituição a "repensar o seu modo de ser".

Isso serve de estímulo para o "Comité de la jupe", que, independentemente do sucesso ou não das "marchas católico-cidadãs", espera contribuir com o despertar de uma opinião pública na Igreja."

Para ler mais:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=26518

 


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publicado por Riacho, em 22.01.09 às 19:33link do post | favorito

Olá

 

O espírito inquisidor continua. O verdadeiro amor há-se sobreviver a estas intolerâncias.

 

Abraço

 

Carlos

 

22/1/2009
 
Multiplicam-se os apelos em favor do Pe. Roy Bourgeois
 

Ainda nenhuma novidade do Vaticano para o missionário maryknoll e notável ativista pela paz e pela justiça Pe. Roy Bourgeois, em espera pela inelutável – ao que parece – excomunhão por ter participado, no dia 09 de agosto de 2008, da ordenação sacerdotal de uma mulher, Janice Sevre-Duszynka, do movimento Roman Catholic Womenpriests.

A reportagem é de Ludovica Eugenio, publicada no sítio Adista, 13-01-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

E, enquanto o tempo passa, multiplicam-se os apelos e as tomadas de posição a favor de uma das figuras mais significativas do catolicismo norte-americano, e não só. 113 religiosas norte-americanas da National Coalition of American Nuns (NCAN, nascida em 1969 em torno aos grandes temas da justiça na Igreja e na sociedade), entre as quais saltam os nomes de Ir. Maureen Fiedler, Ir. Ivone Gebara, Ir. Jeannine Gramick e Ir. Joan Chittister, escreveram, no dia 12 de dezembro, uma carta aberta ao prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal William J. Levada, em que afirmam que a ameaça de excomunhão ao Pe. Bourgeois “rebaixou a nossa Igreja”. “Esperamos que a excomunhão não esteja definida” – comentou a dominicana Ir. Donna Quinn, uma das coordenadoras da NCAN, no jornal semanal norte-americano National Catholic Reporter (18 de dezembro): “A punição medieval da excomunhão só serve para envergonhar a nossa Igreja aos olhos do mundo e alimentar mais ódio e ressentimento entre os fiéis norte-americanos”.

Enquanto isso, uma petição de defesa de Bourgeois foi difundida na Internet pela Women’s Ordination Conference, organismo feminista sediado em Washington, nascido em 1975, que recolheu, até agora, 1.700 assinaturas (é possível assiná-la no endereço http://www.womensordination.org). No texto, os signatários solicitam que a congregação religiosa de Maryknoll ofereça total apoio ao Pe. Bourgeois e que o Vaticano “escute as vozes dos fiéis católicos e o sopro do Espírito Santo, abrindo a discussão sobre a ordenação feminina”. A recusa de se ordenar as mulheres ao sacerdócio, lê-se, “é apenas uma manifestação de sexismo na Igreja. O Espírito Santo chama as mulheres, assim como os homens, a servir como sacerdotisas em uma Igreja católica renovada e inclusiva”.

Uma defesa aberta e corajosa da obra de Bourgeois e, ao mesmo tempo, um elogio aos numerosos “santos excomungados” na história da Igreja, provém da Ir. Joan Chittister, que dedicou à questão a coluna "From where I stand" (“Do meu ponto de vista”), que mantém semanalmente no National Catholic Reporter (15 de dezembro). “Ninguém se lembra dos ‘pecados’ dos reformadores”, escreve Ir. Joan. “Todos se lembram do pecado de uma Igreja que se recusou a escutar as suas inquietações e que, 400 anos depois, ainda se arrepende disso. E as coisas pelas quais os reformados combateram são, agora, finalmente, parte integrante do próprio catolicismo”.

Enquanto isso, Pe. Bourgeois aguarda o veredito. O seu compromisso com um papel diferente das mulheres na Igreja havia suscitado a ira do arcebispo de St. Paul e Minneapolis, dom John Roach, já em 1990, quando tinha permitido que três mulheres concelebrassem uma missa com ele. Dez anos depois, durante uma entrevista à Rádio do Vaticano sobre a Escola das Américas, fulcro da sua luta, havia levantado o tema da ordenação feminina, afirmando que os homens exerceram o poder na Igreja por meio de dois mil anos, e que era a hora de dar uma oportunidade às mulheres. A entrevista, conta o National Catholic Reporter, foi bruscamente interrompida, substituída por música gravada. Hoje, a tarefa que Bourgeois se propõe é a de encorajar os seus co-irmãos a romper o silêncio sobre a questão das mulheres: “Muitos me dizem que falam em favor da ordenação feminina com os seus amigos mais próximos, mas não publicamente, porque isso colocaria suas posições ou seus ministérios em risco. Mas, em certo ponto, o silêncio se torna cumplicidade”.

Que ele seja excomungado ou não, Bourgeois afirma não ter remorso: “O que eu estou passando ou poderei passar não é nada se comparado ao que as mulheres já passaram. E, no Último Dia, eu não acho que serei julgado pelo modo em que eu segui a lei canônica”.

Para ler mais:

in: http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=19450


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