ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 07.06.15 às 18:48link do post | favorito

Um dos teólogos mais polêmicos da Igreja, e um forte aliado do Papa Francisco, recebeu uma boa notícia sábado pela Santa Sé.

Num movimento que certamente irá preocupar alguns da guarda tradicional da Igreja, o Papa Francisco nomeouTimothy Radcliffe para ser um dos consultores do Pontifício Conselho “Justiça e Paz”, segundo anúncio do Vaticano publicado neste sábado (16).

Superior da ordem dominicana por quase uma década nos anos 1990 e professor de teologia em Oxford, o inglêsRadcliffe tem repetidamente desafiado as atitudes da Igreja Católica para com as mulheres, os gays, lésbicas e divorciados.

A reportagem é de Michael O’Loughlin, publicada por Crux, 16-05-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

No ano passado, Radcliffe esteve no centro de uma polêmica quando foi convidado para falar no Congresso Internacional da Divina Misericórdia, o maior encontro católico daIrlanda. A rede de televisão americana EWTNdesfez os planos de cobrir o evento por causa da participação de Radcliffe. Um âncora da emissora chamou as opiniões do teólogo de uma “variação acentuada do ensinamento católico”.

A contenda se iniciou após os comentários que Radcliffe fez, em 2013, a respeito da homossexualidade:
“Com certeza, pode-se ser generoso, sensível, não violento. Então, penso que este comportamento pode ser a expressão da autodoação de Cristo”, disse.

Radcliffe ficou surpreso que as suas opiniões causaram tanto rebuliço, afirmando que elas estão “em profunda harmonia com os ensinamentos do Papa Francisco”.

Contudo, Radcliffe vem publicamente apoiando a oposição da Igreja ao casamento homoafetivo, ainda que por razões não geralmente apregoadas pelas autoridades da Igreja.

Por exemplo, em um artigo publicado no jornal The Guardian em dezembro de 2012, Radcliffe escreveu: “É animador ver a onda de apoio ao casamento gay. Ela mostra uma sociedade que aspira uma tolerância aberta a todos os tipos de pessoas, um desejo de vivermos juntos em aceitação mútua”.

Porém, disse ele, uma noção heterossexual do casamento não deveria se impor contra os parceiros gays, embora devam-se abraçar as diferenças.

Tolerância, escreveu o teólogo, “implica uma atenção à particularidade da outra pessoa, um saborear de como ele, ou ela, é diferente de mim, na fé, na etnia, na orientação sexual. Uma sociedade de foge da diferença e finge que todos somos simplesmente o mesmo pode ter proibido a intolerância de alguma forma, e no entanto instituído-a sob outras formas”.

Como consultor do Pontifício Conselho “Justiça e Paz”, Radcliffe é uma das aproximadamente 40 pessoas do mundo inteiro que ajudam a “elaborar as linhas gerais de ação do Conselho, segundo suas percepções e compromissos pastorais e profissionais”.

Radcliffe é autor de mais de meia dúzia de livros e palestrante internacional. O seu livro intitulado “What is the Point of Being a Christian?” recebeu o prêmio Michael Ramsey, edição 2007, concedido pelo arcebispo anglicano deCanterbury pelo “escrito teológico contemporâneo mais promissor da Igreja global”.

Radcliffe, ordenado em 1971, é também um proponente da abertura da Comunhão a católicos divorciados e recasados, atualmente um assunto difícil em debate pelos bispos que participam no Sínodo sobre a família.

Num artigo publicado na revista America em 2013, Radcliffe escreveu que ele “tem duas grandes esperanças. Que se encontre uma maneira de acolher as pessoas divorciadas e recasadas de volta à Comunhão. E, o que é mais importante, que as mulheres recebam autoridade e voz reais na Igreja. O papa expressa o seu desejo de que estas coisas aconteçam, mas quais são as formas concretas que elas podem tomar?”

Quanto ao papel das mulheres na Igreja, Radcliffe está em acordo com o Papa Francisco, que disse não à ordenação feminina, mas que não obstante quer que elas assumam postos de autoridade. Radcliffe lamentou o que considera uma fusão forte entre a ordenação e os departamentos de tomada de decisão na Igreja.

“Acho que a questão da ordenação das mulheres se tornou mais aguda agora porque a Igreja se tornou mais clerical do que em minha infância”, disse Radcliffe em uma entrevista de 2010 à revista US Catholic.

Radcliffe tem trabalhado por uma Igreja mais aberta, na esteira do desejo do Papa Francisco de que a Igreja esteja disposta a “fazer bagunça”.

“Jesus ofertou uma ampla hospitalidade, e comeu e bebeu com todos os tipos de pessoa. Precisamos encarnar esta sua atitude em vez de nos retirarmos para dentro de um gueto católico”, disse Radcliffe em entrevista em 2013.

Bispos católicos do mundo inteiro estarão reunidos em Roma no próximo mês de outubro para a segunda parte de um debate difícil sobre questão de família na Igreja.

Nota: A fonte da foto é http://bit.ly/1kf2jHR

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/542682-teologo-polemico-timothy-radcliffe-e-nomeado-para-comissao-justica-e-paz-do-vaticano

 


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publicado por Riacho, em 24.04.12 às 22:00link do post | favorito

"Nós abraçamos o nosso tempo como um tempo santo": esse é o programa da Leadership Conference of Women Religious, em destaque em seu site. Entidade de direito canônico, a Conferência reúne mais de 1.500 superioras de institutos de vida consagrada, representando 80% das 57 mil religiosas católicas norte-americanas. Depois de cinco anos de investigações, na quinta-feira passada, a Santa Sé denunciou formalmente a Conferência e encarregou o bispo de Seattle para orientar a sua limpeza.

A reportagem é de Marco Ventura, publicada no jornal Corriere della Sera, 22-04-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Em nome do papa, a Congregação para a Doutrina da Fé se levantou contra a "cultura secularizada contemporânea", que está corrompendo as religiosas norte-americanas. A acusação é duríssima: a lógica do mundo, acusa a Congregação, impregnou "a própria identidade das religiosas enquanto cristãs e membros da Igreja" e já infectou "a prática religiosa, a vida comunitária, a autêntica espiritualidade cristã, a vida moral e a prática litúrgica".

Na sua "confusão doutrinal", as madres superiores traem a verdadeira doutrina católica: desobedecem aos bispos e ao papa, estão embebidas de um "feminismo radical", criticam a Igreja de Roma por ser "patriarcal", experimentam liturgias e instituições inspiradas na paridade entre os sexos e preferem a justiça social à luta contra o aborto e a eutanásia.

Os manuais da Conferência "carecem de um suficiente fundamento doutrinal", as professoras não se submetem à censura prévia, grupos de irmãs atacam a Congregação acerca do sacerdócio feminino e da homossexualidade. Acima de tudo, acusa Roma, as religiosas se esquecem de que, na Igreja, não existe profecia que não seja "regulada e verificada" pelas autoridades.

O jornal New York Times defendeu a "preciosa obra" e a "voz corajosa" das irmãs, remetendo o confronto às tensões entre direita e esquerda cristãs nos EUA. Mas o conflito é mais profundo. O retorno da Conferência à doutrina e à obediência serve, para Roma, para "derrotar mais rapidamente" a cultura secularizada do nosso tempo. Para as irmãs norte-americanas, no entanto, o nosso tempo não deve ser derrotado: deve ser abraçado "como um tempo santo".

 

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/508790-a-igreja-patriarcal-de-roma-em-conflito-com-as-irmas-dos-eua


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publicado por Riacho, em 03.03.12 às 22:52link do post | favorito
Frédéric Lenoir, director da Revista Le Monde des Réligions, é autor de uma obra muito vasta, de vários géneros literários, mas sempre em torno do fenómeno religioso. A sua obra mais recente e mais abrangente tem o título mais rápido: Dieu[1]. É um percurso de entrevistas com Marie Drucker, jornalista da RTL e France 2.
O tema da penúltima das entrevistas, Violência, Misoginia, Sexualidade Reprimida, introduz a pergunta: será Deus fanático?
Começa por dizer que as religiões, apesar das suas mensagens de amor, misericórdia e fraternidade, têm todas sangue nas mãos. É sobretudo verdade no caso dos monoteísmos, religiões fundadas sobre uma revelação e cada uma persuadida de ser a detentora da única verdade que Deus concedida por Deus. Cada uma tem um sentimento de superioridade sobre as outras, cada uma julga que é a única que brota da verdadeira revelação divina. Tornam-se intolerantes e têm, muitas vezes, legitimado a violência “em nome de Deus”. Além disso, a intolerância ligada à revelação é um desejo de dominação. É a atracção do poder que torna as religiões violentas.
Repassa, depois, o olhar sobre a situação e as evoluções das mulheres nas religiões, sobretudo nas monoteístas: Judaísmo, Islão e Cristianismo. Não diz muitas novidades em relação ao que já tinha escrito noutras obras, mas responde à pergunta de Marie Drucker: E se Deus fosse Mulher? , com uma história preciosa:
- O efémero Papa João Paulo I tinha dito, no começo do seu pontificado, que Deus podia muito bem ser representado como uma mulher, pois Ele não tem sexo! Tínha-se igualmente expresso a favor da contracepção. Morreu de maneira não elucidada, algumas semanas mais tarde.
Conhece a seguinte história judaica? No Paraíso, Deus criou em primeiro lugar a mulher e não o Adão. Eva aborrece-se. Pede então a Deus companheiros. Deus criou os animais. Eva continua insatisfeita e pede a Deus um companheiro que lhe seja semelhante com quem ela pudesse ser mais cúmplice. Deus criou Adão, mas pôs uma só condição a Eva: que ela nunca revelasse ao homem que tinha sido criada antes dele para não irritar a sua susceptibilidade. E Deus concluiu: “que isso fique um segredo entre nós…, entre mulheres!»

[1] Frédéric Lenoir, Dieu, Robert Laffond , 2011


Frei Bento Domingues, O.P.
01.03.2012

Fonte: http://nsi-pt.blogspot.com/2012/03/e-se-deus-fosse-mulher.html#comment-form


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publicado por Riacho, em 08.02.11 às 20:01link do post | favorito
8/2/2011
 
Os bispos alemães avaliam o manifesto dos teólogos como positivo
 

A Conferência Episcopal Alemã considera que o manifesto crítico à Igreja católica, subscrito por um grupo de professores de Teologia, é uma contribuição para a discussão sobre o futuro da fé e da Igreja neste país e reagiu positivamente a essa iniciativa.

A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 04-02-2011. A tradução é do Cepat.

Cento e quarenta e quatro professores de Teologia católica da Alemanha, Áustria e Suíça subscreveram um manifesto no qual exigem profundas reformas da Igreja católica, que incluem, entre outras, o fim do celibato, o sacerdócio feminino e a participação popular na escolha de bispos.

Um comunicado tornado público na sexta-feira passada, dia 4, pelo secretário da Conferência, Peter Hans Langendördf, destaca que o memorando resume em princípio ideias frequentemente discutidas e “não representa mais que um primeiro passo” no debate aberto neste país após os escândalos de pederastia no interior da Igreja no ano passado.

Uma série de questões do memorando dos teólogos “se encontra em tensão” com as convicções teológicas e os princípios eclesiásticos de elevado compromisso, reconhece Langendördf.

“Os diferentes temas necessitam de um urgente esclarecimento”, assinala o porta-voz da Conferência Episcopal, que destaca que falta mais que uma aproximação dos bispos para enfrentar os difíceis desafios da Igreja.

Os erros e fracassos do passado devem ser tratados e reconhecidos, assim como os déficits e exigências de reformas da atualidade, admite Langendördf, que reconhece que “não se pode evitar os temas conflitivos” e anuncia que a Conferência Episcopal fará suas propostas durante a sua próxima reunião plenária.

Para ler mais:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40452


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publicado por Riacho, em 07.02.11 às 20:28link do post | favorito
7/2/2011
 
 
Um terço dos teólogos de língua alemã exige o fim do celibato, o sacerdócio da mulher e apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
 

Revolução na pátria de Ratzinger. Um terço dos teólogos católicos de fala alemã residentes na Alemanha, Suíça e Áustria (144 professores de Teologia católica), subscreveu um manifesto em que exigem profundas reformas da Igreja católica, que incluam, entre outras, o fim do celibato, o sacerdócio feminino e a participação popular na escolha de bispos.

A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 04-02-2011. A tradução é do Cepat.

Os assinantes representam mais de um terço dos 400 teólogos da região de fala alemã, segundo revela o jornal Süddeutsche Zeitung, em que se afirma que seu número seria maior se muitos não tivessem negado sua rubrica por medo de represálias.

A iniciativa representa, além disso, o mais importante levantamento contra a cúpula da Igreja católica nos últimos 22 anos, quando 220 teólogos subscreveram, em 1989, a chamada Declaração de Colônia, crítica com o governo da Igreja exercido por João Paulo II.

A professora de Teologia de Münster Judith Könemann, uma das oito pessoas que redigiram o manifesto, reconhece que teriam se contentado com 50 assinaturas, mas destaca que o amplo eco demonstra que “tocaram um nervo”, em declarações ao citado jornal.

Entre os que assinam o documento destacam-se prestigiosos professores eméritos como Peter Hünermann e Dietmar Mieth, velhos lutadores pelas reformas como Heinrich Missalla e Friedhelm Hengsbach, progressistas como Otto Hermann Pesch ou Hille Haker, mas também conservadores como Eberhard Schockenhoff.

Redigido com os escândalos de pederastia no interior da Igreja católica como transfundo, o texto é prudente e louva também o chamamento dos bispos a um diálogo aberto.

Após explicar que se veem “na responsabilidade de dar uma contribuição a um novo começo real”, a tese central do memorando destaca que a Igreja católica só “pode anunciar o libertador e amante Deus Jesus Cristo”, quando ela mesma “for um lugar e um testemunho crível da mensagem de libertação do Evangelho”.

Deve reconhecer e fomentar “a liberdade do homem como criatura de Deus”, respeitar a consciência livre, defender o direito e a justiça e criticar as manifestações que “depreciam a dignidade humana”.

Suas exigências, que prudentemente qualificam de “desafios”, incluem “maiores estruturas sinodais em todos os níveis da Igreja” e a participação dos fiéis na escolha de seus bispos e párocos.

O manifesto destaca que a Igreja católica necessita “também de sacerdotes casados e mulheres no ofício eclesiástico”, assinala que a falta de sacerdotes força a exigência de paróquias cada vez maiores e lamenta que os sacerdotes sejam “queimados” diante destas circunstâncias.

Destaca igualmente que “a defesa legal e a cultura do direito” na Igreja devem “melhorar urgentemente” e comenta que a elevada valorização do matrimônio e do celibato supõe “excluir pessoas que vivem o amor, a fidelidade e a preocupação mútua” em uma relação estável de casal do mesmo sexo ou como divorciados casados em segundas núpcias.

O manifesto critica, além disso, o “rigorismo” da Igreja católica e destaca que não se pode pregar a reconciliação com Deus sem criar as condições para uma reconciliação com aqueles “diante dos quais é culpada: por violência, por negar o direito, por converter a mensagem bíblica de liberdade em uma moral rigorosa sem misericórdia”.

“À tempestade do ano passado (em referência aos escândalos de pederastia) não pode seguir tranquilidade nenhuma”, afirma o texto, que considera que “nas circunstâncias atuais só pode ser a tranquilidade da sepultura”.

E depois de exigir diálogo e comentar que o medo não é bom conselheiro, recorda que os cristãos foram “chamados pelo Evangelho a olhar com valor para o futuro e como o chamamento de Jesus a Pedro para caminhar sobre as águas: ‘por que estais com medo? Vossa fé é tão pequena?’”.

Para ler mais:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40422


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publicado por Riacho, em 08.08.10 às 01:32link do post | favorito

Um testemunho para meditar.

 

Anne Rice, a autora de  “Entrevista com o Vampiro”, desistiu de ser cristã devido à  posição hostil  da Igreja para com os direitos das mulheres, homossexuais e uso de métodos contraceptivos.
A escritora foi educada num ambiente católico, mas declarou-se ateia durante vários anos, até que aos 57 anos de idade dedicou a sua escrita inteiramente a Jesus Cristo.  Esta mudança de opinião vem na sequência de declarações feitas por um pastor norte americano que afirmou que os países muçulmanos que executam homossexuais são mais “morais” do que os EUA.

Anne Rice escreveu na sua página pessoal “Desisto de ser cristã. Não contem comigo.  Recuso ser anti-gay em nome de Cristo. Recuso ser anti-feminista em nome de Cristo. Recuso ser anti-contraceptivos em nome de Cristo. Recuso ser anti-democracia. Recuso ser anti-humanismo secular. Recuso ser anti-ciência. Recuso ser anti-vida. Em nome de Cristo, desisto da cristandade e de ser cristã. Amen.” A autora acrescentou que a sua fé em Cristo era “crucial”, mas “seguir Cristo não significa seguir os seus seguidores.”
O filho de Anne Rice, Christopher é homossexual e escreve para a revista americana “Advocate.”


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publicado por Riacho, em 29.03.10 às 23:56link do post | favorito

Deus criou pessoas e para elas não definiu orientação sexual. Portanto, todas devem poder casar-se, se assim o desejarem, diz a teóloga feminista Myra Poole que, porém, vai mais longe. «Acredito que Cristo era gay», revela.

Em entrevista à agência Lusa, por ocasião de uma conferência em Lisboa, para a qual foi convidada pelo grupo português do movimento internacional Nós Somos Igreja, a católica inglesa vinca: «se as pessoas são homossexuais, é porque Deus as fez assim, está certo. Quem sou eu para dizer que Deus fez toda a gente hetero? Deus pode fazer o que quiser».

«Concordo com [o músico] Elton John. Penso que Cristo era gay. Porque era da natureza de Cristo escolher aquilo que seria mais difícil quando se tornou humano. E ser gay é, para um homem, uma das orientações mais difíceis de assumir», explica Myra Poole, conhecida pelas críticas ao Papado e à hierarquia eclesiástica.

 

Ativista pela ordenação de mulheres há mais de 20 anos e há mais de 50 integrada na congregação de irmãs Notre Dame de Namur, fundada em França, Myra Poole diz que a avançada idade lhe permite dizer o que pensa. «Já não me podem tocar, no passado já me queimaram na fogueira. É preciso pessoas na linha da frente, para dar coragem a todas as outras», contestou.

Myra Poole começou por ser anglicana, devotando-se ao catolicismo já na universidade, e dedicou-se à educação de jovens mulheres gerindo duas escolas. Chegou a ser ameaçada de expulsão durante a Conferência Mundial de Ordenação das Mulheres, em 2001 (Dublin). Foi, recorda, um momento «catalisador« para «todas as mulheres da Igreja Católica», porque revelou que «é possível contornar o poder do Vaticano».

 

«Há coisas tão boas na Igreja que têm sido destruídas pela forma como a liderança tem agido», sustenta. «Quanto mais olho para o atual Papa, mais sinto pena dele. Está preso numa cultura que não lhe fez bem, nem a ninguém no Vaticano, e também não fez bem às mulheres e aos homens», considera.

Defensora da ordenação de mulheres - «enquanto as mulheres forem cidadãs de segunda classe, podemos tratá-las como objetos, violá-las, violentá-las e mantê-las na pobreza» -, Myra Poole sublinha que não se pode falar em teologia «sem dois adjetivos»: «Masculina e patriarca». Assume-se como teóloga feminista cristã e o 'feminista' não está no centro por acaso: "Sou uma teóloga feminista - não se pode ser uma coisa sem a outra, porque o feminismo inclui mulheres e homens. O que o feminismo defende é que as mulheres têm o direito de ser consideradas totalmente humanas e não de segunda classe".

 

Nesse sentido, embora defenda que os padres se possam casar, opõe-se a que tal aconteça antes da ordenação de mulheres. "Ao longo da História, do Império Romano à atualidade, as mulheres nunca foram incluídas na liturgia e por isso praticaram-na na periferia", lembra, referindo que nada mudou muito: "No século XXI, eles ainda pensam que somos bruxas! E além disso as bruxas podem ser boas ou más. É extraordinário!"

Mas, reconhece, as mulheres "são mais fracas" no "entendimento da obediência". "As mulheres têm sido demasiado obedientes aos homens da Igreja, quando a obediência matura é ao Espírito Santo. Temos de discernir o que é bom e mau em qualquer autoridade. Os homens têm dominado as congregações por demasiado tempo. E o prelado. As mulheres precisam de ser libertar, mas vai levar muito tempo", antecipa.

Diário Digital / Lusa


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publicado por Riacho, em 14.01.09 às 19:24link do post | favorito

Olá

 

A Igreja Anglicana prepara-se para discutir e decidr sobre o assunto. Eis a notícia publicada na Unisinos.

 

Abraço

 

Carlos

14/1/2009
 
A Igreja Anglicana dá um passo à frente rumo às mulheres bispas
 

Nicolas Senèze, do jornal La Croix, 31-12-2008, analisa os últimos avanços da Igreja da Inglaterra com relação ao papel da mulher no seu clero. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Os anglicanos irão ordenar sacerdotisas?

Em 2005, o Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra, o órgão de decisão mais importante da igreja anglicana na Inglaterra, havia pedido que fossem retirados os impedimentos legais ao acesso das mulheres ao episcopado. Reunidos no começo de julho em York, os 467 bispos, pastores e leigos membros do Sínodo Geral se pronunciaram novamente a favor das mulheres bispas.Mesmo que 14 das 38 províncias da Comunhão Anglicana (entre as quais a Escócia) já admitam esse princípio, a Igreja da Inglaterra está muito dividida quanto ao assunto: de fato, os “anglo-católicos” (anglicanos cujas práticas são muito próximas do catolicismo) e uma parte dos evangélicos rejeitam categoricamente os ministérios femininos (no anglicanismo, as mulheres podem ser pastoras desde 1992). O Sínodo Geral, recusando-se a criar, ao lado das duas províncias históricas de Canterbury e de York, uma terceira província extraterritorial sem ministérios femininos, havia pedido a um grupo de trabalho, presidido pelo Dr. Nigel Mcculloch, bispo de Manchester, que “permitisse acordos especiais no quadro das estruturas existentes na Igreja da Inglaterra, para aqueles que não são capazes de receber as mulheres como bispas ou pastoras”. O grupo de trabalhou apresentou o seu relatório na última semana de dezembro.

O que o grupo de trabalho prevê?

A solução que os 15 membros do grupo de trabalho optaram é criar “bispos complementares”, que seriam delegados junto às comunidades que recusam os ministérios femininos. Eles assegurariam os sacramentos nessas paróquias, que permaneceriam ainda sob a responsabilidade do bispo diocesano, seja homem ou mulher. Os bispos deverão publicar um “Código Prático” para gerir as relações entre os bispos diocesanos e os “bispos complementares”.

Os defensores da ordenação das mulheres se alegram por aquilo que consideram um passo adiante (mesmo que lamentem que nem todas as suas propostas tenham sido aceitas e não tenha sido proclamada uma absoluta igualdade entre ministérios masculinos e femininos). Aqueles que se opõem lamentam que os bispos diocesanos tenham, no futuro, a possibilidade de recusar que os bispos complementares atuem em uma paróquia da sua diocese. Alguns já preveem processos infinitos, ainda mais, destacam, que o “Código Prático” não terá nenhuma base legal e poderá ser atacado frente à justiça.

O que acontecerá?

O próximo Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra, que se reunirá nos dias 9 a 13 de fevereiro, em Londres, deverá aprovar ou não o relatório apresentado em dezembro pelo grupo de trabalho. Se aceitar, o processo de revisão dos cânones da Igreja da Inglaterra iniciará em fevereiro de 2010. Segundo a BBC, as primeiras bispas poderão ser ordenadas dentro de três anos. “Não antes de 2014”, relativizou o porta-voz da Igreja da Inglaterra. De fato, as tensões entre as tendências liberais e as anglo-católicas são muito fortes.

Até julho, 1,3 mil dos 20 mil eclesiásticos ingleses – entre os quais 11 bispos! – haviam escrito aos arcebispos de Canterbury e de York ameaçando deixar a Igreja da Inglaterra se ela ordenasse mulheres bispas. Muitos pastores se aproximariam, portanto, da Igreja católica e, no começo de julho, o cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, tinha escrito ao primaz da Traditional Anglican Communion, uma jurisdição já separada da Comunhão Anglicana, para assegurar-lhes que a Santa Sé estava dando uma “séria atenção” ao seu pedido de anexação à Igreja Católica.

Para ler mais:

in: http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=19297


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