ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 30.06.13 às 00:32link do post | favorito

Uma reportagem com muitos gestos proféticos do novo papa de que destacamos o diálogo inter-religioso e o combate ao fundamentalismo em todas as religiões. Obrigado papa Francisco por tanta clareza e tanta simplicidade!

 


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publicado por Riacho, em 16.02.13 às 11:40link do post | favorito

Que tipo de Papa? As tensões internas da Igreja atual

 

12/02/2013, texto de Leonardo Boff

 

Não me proponho apresentar um balanço do pontificado de Bento XVI que acaba de renunciar, coisa que foi feito com competência por outros. Para os leitores talvez seja mais interessante conhecer melhor uma tensão sempre viva dentro da Igreja e que marca o perfil de cada Papa. A questão central é esta: qual a posição e a missão da Igreja no mundo?

Antecipando dizemos que uma concepção equilibrada deve assentar-se sobre duas pilastras fundamentais: o Reino e o mundo. O Reino é a mensagem central de Jesus, sua utopia de uma revolução absoluta que reconcilia a criação consigo mesma e com Deus. O mundo é o lugar onde a Igreja realiza seu serviço ao Reino e onde ela mesma se constrói. Se pensarmos  a Igreja demasiadamente ligada ao Reino, corre-se o risco da espiritualização e do idealismo. Se demasiadamente próxima do mudo, incorre-se na tentação da mundanização e  da politização. Importa saber articular Reino-Mundo-Igreja. Ela pertence ao Reino e também ao mundo. Possui uma dimensão histórica com suas contradições e outra transcendente.

Como viver esta tensão dentro do mundo e da história? Apresentam-se dois modelos diferentes e, por vezes, conflitantes: o do testemunho e o do diálogo.

O modelo do testemunho afirma com convicção: temos o depósito da fé, dentro do qual estão todas as verdades necessárias para a salvação; temos o sacramentos que comunicam graça; temos uma moral bem definida; temos a certeza de que a Igreja Católica é a Igreja de Cristo, a única verdadeira; temos o Papa que goza de infalibilidade em questões de fé e moral; temos uma hierarquia que governa o povo fiel; e temos a promessa de assistência permanente do Espírito Santo. Isto tem que ser testemunhado face a um mundo que não sabe para onde vai e que por si mesmo jamais alcançará a salvação. Ele terá que passar pela mediação da Igreja, sem a qual não há salvação.

Os cristãos deste modelo, desde Papas até simples fiéis, se sentem imbuídos de uma missão salvadora única. Nisso são fundamentalistas e pouco dados ao diálogo. Para que dialogar? Já temos tudo. O diálogo é para facilitar a conversão.

O modelo do diálogo parte de outros pressupostos: O Reino é maior que a Igreja e conhece também uma realização secular, sempre onde há verdade, amor e justiça; o Cristo ressuscitado possui dimensões cósmicas e empurra a evolução para um fim bom; o Espírito está sempre presente na história e nas pessoas de bem; Ele chega  antes do missionário, pois estava nos povos na forma de solidariedade, amor e compaixão. Deus nunca abandonou os seus e a todos oferece chance de salvação, pois os tirou de seu coração para um dia viverem felizes no Reino dos libertos. A missão da Igreja é ser sinal desta história de Deus dentro da história humana e também um instrumento de sua implementação junto com outros caminhos espirituais. Se a realidade tanto religiosa quanto secular está empapada de Deus devemos todos dialogar: trocar, aprender uns dos outros e tornar a caminhada humana rumo à promessa feliz, mais fácil e mais segura.

O primeiro modelo do testemunho é da Igreja da tradição, que promoveu as missões na África, Ásia e América latina, sendo até cúmplice em nome do testemunho da dizimação e dominação de milhares de povos originários, africanos e asiáticos. Era o modelo do Papa João Paulo II que corria o mundo, empunhando a cruz como testemunho de que ai vinha a salvação. Era o modelo, mais radicalizado ainda, de Bento XVI que negou o título de “Igreja” às igrejas evangélicas, ofendendo-as duramente; atacou diretamente a modernidade pois a via negativamente como relativista e secularista. Logicamente não lhe negou todos os valores mas via neles como fonte a fé cristã. Reduziu a Igreja a uma ilha isolada ou a uma fortaleza, cercada de inimigos por todos os lados  dos quais temos que nos defender.

O modelo do diálogo é do Concílio Vaticano II e  de Medellin e de Puebla na América Latina. Viam o cristianismo não um depósito, sistema fechado com o risco de ficar fossilizado, mas como uma fonte de águas vivas e cristalinas que podem ser canalizadas por muitos condutos culturais, um lugar de  aprendizado mútuo porque todos são portadores do Espírito Criador e  da essência do  sonho de Jesus.

O primeiro modelo, do testemunho, assustou a muitos cristãos que se sentiam infantilizados e desvalorizados em seus saberes profissionais; não sentiam mais a Igreja como um lar espiritual e, desconsolados, se afastavam da instituição mas não do Cristianismo como valor e utopia generosa de Jesus.

O segundo modelo, do diálogo, aproximou a muitos pois se sentiam em casa, ajudando a construir uma Igreja-aprendiz e aberta ao diálogo com todos. O efeito era o sentimento de liberdade e de criatividade. Assim vale a pena ser cristão.

Esse modelo do diálogo se faz urgente caso a instituição-Igreja quiser sair da crise em que se meteu e que atingiu seu ponto de honra: a moralidade (os pedófilos) e a espiritualidade (roubo de documentos secretos e problemas graves de transparência no Banco do Vaticano).

Devemos discernir com inteligência o que atualmente melhor serve a mensagem cristã  no contexto de uma crise social e ecológica de gravíssimas consequências. O problema central não é a Igreja mas o  futuro da Mãe Terra, da vida e da nossa civilização. Como a Igreja ajuda nessa travessia? Só  dialogando e somando forças com todos.

 

Leonardo Boff é autor de Igreja: carisma e poder, livro ajuizado pelo então Cardeal Joseph Ratzinger.

 

Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com/2013/02/12/que-tipo-de-papa-as-tensoes-internas-da-igreja-atual/

 


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publicado por Riacho, em 23.08.10 às 19:31link do post | favorito

Uma revolução "pode já ter começado" na Igreja Católica da Irlanda. Essa foi uma afirmação ouvida na Humbert Summer School, em Castlebar, no condado de Mayo, na Irlanda, na noite da última quinta-feira.

A reportagem é de Patsy McGarry, publicada no jornal Irish Times, 20-08-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O comentarista religioso norte-americano Robert Blair Kaiser (foto) disse em um discurso que as notícias da última semana sobre a convocatória de Jennifer Sleeman, 80 anos, a um boicote da missa dominical do dia 26 de setembro em protesto contra o tratamento do Vaticano para com as mulheres sugere que "essa avó de Cork" pode "já ter começado uma revolução".

"Ela obviamente acredita no que eu acredito, que vocês podem ter voz e voto em sua própria Igreja e ainda serem católicos e, ao mesmo tempo, irlandeses", disse.

Autor de 13 livros, muitos sobre a reforma da Igreja Católica, Kaiser foi homenageado com um um prêmio Overseas Press Club pela sua cobertura do Concílio Vaticano II como correspondente da revista Time.

Ao falar na noite dessa quinta-feira sobre o tema "Reforma da Igreja Católica: Tronos nunca mais", ele disse que, "até a revolução copernicana, os monarcas exerceram o controle absoluto sobre seus súditos por direito divino. Mas quando os povos do mundo, informados sobre uma nova cosmologia, colocaram o direito divino dos reis na lixeira da história, eles se esqueceram de também jogar no lixo o direito divino dos papas".

E enfatizou: "Não estou atacando a nossa fé católica. Estou falando sobre a tirania especial e corrosiva que os papas têm exercido sobre os católicos em todos os lugares".

O primeiro cardeal da Irlanda, Paul Cullen, no século XIX, e o arcebispo de Dublin, John Charles McQuaid, no século XX, "estabeleceram a cultura clerical na Irlanda, que a juíza Yvonne Murphy identificou como a causa central dos escândalos irlandeses que fizeram com que vocês e o seu país vacilassem".

Ele disse que "durante mil anos, os papas promoveram uma Igreja clerical em vez de uma Igreja de Jesus. Os Padres do Concílio Vaticano II trabalharam durante sérios quatro anos para dar a Igreja novamente para o povo. E os papas João Paulo II e Bento XVI passaram os 30 anos seguintes anulando seus trabalhos e permitindo que a corrupção reinasse, um movimento que deixou a nossa Igreja, que é o corpo de Cristo na terra, despedaçada".

"Vocês podem ajudar a criar uma Igreja do povo?", questionou. "Sim! Vocês podem, se quiserem. Nesse contexto, eu gostaria de citar o Papa João Paulo II. Em 1978, ele viajou para Varsóvia e disse a milhões de poloneses: 'Vocês podem pegar o seu país de volta se exigirem isso'. Vocês poderiam dizer a mesma coisa: 'Nós podemos tomar de volta a nossa Igreja se exigirmos isso'".

"Os poloneses estavam lutando contra todas as possibilidades – o próprio poderio militar da União Soviética. Mas venceram a batalha".

Ele disse que "as notícias da última década sobre a nossa Igreja em ruínas e que abusa de sua autoridade podem querer nos dizer que a mudança já está acontecendo, e acontecendo mais rápido do que se pensa".

Em resposta, o vice-editor do jornal Irish Catholic, Michael Kelly, disse que o clericalismo na Igreja "foi o cerne do escândalo dos abusos sexuais". Por "clericalismo", ele se referia a "uma mentalidade elitista, junto com estruturas e padrões de comportamento correspondentes a ela, que consideram como dado que os clérigos são intrinsecamente superiores aos outros membros da Igreja e merecem deferência automática. A passividade e a dependência são a sina dos leigos".

Para ler mais:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=35603


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    publicado por Riacho, em 02.08.10 às 22:53link do post | favorito

    Há bastante tempo que não falava com o (nosso) Carlos. Os motivos são sempre os mesmos: é a vida …. (a de costas largas, que serve para todas as culpas e desculpas).

    Mas há umas 2 semanas e até por um desencontro no Arraial Gay, voltamos à fala, o Carlos e eu.

    Duma troca de mail’s acertamos revermo-nos no CNC para a Conferencia do Padre Luís Correia Lima SJ, brasileiro, que ia falar sobre o seu apoio a minorias “excluídas” da Igreja.

    Duas horas, entre conferencia, perguntas e respostas.

    Um dos grupos que o Pd. Luís segue, é de casais “recasados”.

    Esta situação dos casais divorciados é uma das situações que a Igreja gere “ad-hoc”, isto é, consoante o elemento do clero com quem dialoguemos: desde a recusa liminar da comunhão, à sua aceitação sempre e quando não voltem a casar (e portanto não oficializando o casamento no registo civil, não oficializam perante a Igreja a sua situação de pecadores confessos), até aqueles que não julgando nem condenando os aceitam, não recusando nem apoio espiritual nem os sacramentos.

    Sobre esta situação recordo uma amiga que me referiu uma conversa que teve com um monge beneditino e este, relativamente à comunhão, lhe ter dito: “ …. e imagina que Cristo, convidando-a para jantar em Sua casa, lhe recusaria alimento?”. Destes há-os, são é poucos!

    Mas o Pd. Luís referiu também o seu apoio pastoral a grupos de católicos gays, concretamente em S. Paulo. Da sua palestra o que mais retive de substancial foi a forma de abordar todas estas problemáticas, no seio da sua cadeia hierárquica:

    Ele considera que nos últimos anos, em discursos dos mais altos responsáveis da Igreja, inclusive dos últimos Papas, muitas portas que estavam fechadas foram abertas. E sobre muitos temas controversos, para além dos referidos.

    Desta forma todas as intervenções do Pd. Luís se iniciam ou fundamentam explicitamente em palavras ditas, ou doutrinas proclamadas. Ele limita-se a tirar conclusões ou consequências dessas declarações.

    A imagem que me ficou impressa foi a do aproveitamento inteligente das tais novas portas abertas e que nos permitem, pedra a pedra, ir fazendo persistentemente o nosso caminho.

    Num momento fez uma referência especial a Bento XVI, insistindo na força modernizadora da sua palavra. Criticou-nos, àqueles que como muitos de nós, não o lêem e nos deixamos ficar pelos títulos “imparciais” dos jornais.

    Como acusei o toque, lembrei-me que de Bento XVI só tinha lido a sua 1º encíclica “Deus é Caridade” e de como fiquei surpreendido perante os conceitos que defendeu.

     

    Em resumidas palavras, diz o Papa, há duas formas de amor:

    • Ágape, amor oblativo de dedicação ao próximo (amor caridade)
    • Eros, o amor de alguma forma egoísta, (eventualmente, penso eu, sublimável numa exegese religiosa profunda)

    e, concluía Bento XVI, não pode haver uma forma de amor sem a outra, isto é, não se pode dar sem se receber, como recebendo é-se “obrigado” a devolve-lo.

    Assim resolvi ler outra encíclica: “Caridade na Verdade”, esta de 2009, recente portanto.

    Nunca imaginei ver tratada toda a problemática moderna que nos assola: desde a globalização, à deslocalização das fábricas para os “low cost countries”, ao turismo sexual, à problemática da manipulação genética, às uniões de facto, à sobrevivência do planeta, ao comércio justo, ao diálogo urgente com as outras confissões e com os não crentes, às distorções da pirâmide etária nas sociedades mais desenvolvidas e suas consequências para os estados sociais, à fome, à miséria, à bipolarização do mundo, à ………………

    Mas Bento XVI não se limita a identificar os problemas. Enumera os factos, analisa-os à luz da razão e da fé e aponta caminhos claros! Abre as tais portas e indica os caminhos de forma inequívoca. Desafia-nos a fazer o caminho para avançar.

    Não há duvida que o Pd. Luís tem toda a razão na sua estratégia de acção.

     

    Mas o título desta nota é: “Há coincidências!”

    É que foi na mesma sala do CNC e há mesma hora, que há muitos anos fui assistir a uma conferência do Bispo Jacques Gaillot. Mas o meu motivo principal era conhecer o Riacho, no qual depois comecei a participar de forma regular.

    Faz-me falta aquela água, agora seca!


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    publicado por Riacho, em 04.04.09 às 16:39link do post | favorito

    Olá

     

    A notícia que agora publicamos parece indiciar, depois desta crispação à volta dos ataques aos direitos dos homossexuais, o retomar do diálogo que a Igreja sempre soube manter com os homossexuais apesar da oposição do Vaticano. Mas também para nós sempre foi claro que o Vaticano não é a Igreja mas apenas uma parte dela. A Igreja somos todos nós alimentados pelo Espírito numa caminhada de construção e de vivência do mandamento que resume todos os outros: amar Deus e amar o próximo com a nós mesmos. Registamos com agrado a notícia que se segue.

     

    Abraço

     

    Carlos

    4/4/2009
     
    Arcebispo francês acena para um diálogo com homossexuais
     

    Após uma manifestação em frente à Basílica de Fourvière, no domingo, 29 de março, o cardeal Philippe Barbarin teve um encontro com membros das associações homossexuais e de luta contra a Aids.

    A reportagem é de Anne-Bénédicte Hoffner e publicada no jornal francês La Croix, 30-03-2009. A tradução é do Cepat.

    Um início de diálogo? No domingo de manhã, depois da missa que presidiu na Basílica de Fourvière, o cardeal Barbarin, arcebispo de Lyon, recebeu no arcebispado alguns representantes desse movimento para uma conversa – longe das câmeras – sobre as posições da Igreja católica sobre a sexualidade.

    “Se o diálogo (...) não dirimiu todos os desacordos, algumas incompreensões foram progressivamente contornadas ao longo da reunião”, afirma a diocese em sua página na internet num texto “lido e aprovado pelos protagonistas do encontro”.

    Portanto, o intercâmbio não se anunciava sob os melhores auspícios. Cerca de 60 membros de associações homossexuais e de militantes de luta contra a Aids – estavam presentes, entre outras, a Lesbian & Gay Pride, o Forum Gai et Lesbien ou ainda a Aides Rhône – se encontraram na praça da Basílica para “denunciar a irresponsabilidade do Papa Bento XVI em relação à Aids”.

    Acordo sobre “a necessidade de educação sexual”

    Eles fizeram alusão às declarações do Papa sobre os preservativos feitas no avião que o levava à África. As palavras de ordem “Bento assassino”, “Barbarin cúmplice” acolhiam os féis que vinham participar da missa dominical. Na frente, um pequeno grupo de católicos ostentava um cartaz com os seguintes dizeres: “Tirem as mãos do meu Papa”.

    Uma delegação dos manifestantes aceitou o convite do cardeal para depois da missa e o intercâmbio parece ter acontecido num espírito construtivo. Após ter “escutado suas posições”, “o cardeal pôde explicar a posição da Igreja que apresenta o amor humano à luz da Aliança entre Deus e os homens”, afirma o sítio da diocese.

    E acrescentou: “Se não estamos de acordo sobre o caminho proposto por Deus, que não o matemos e que não o matemos nos outros”. Todos concordaram sobre “a necessidade de educação sexual”. Após a conversa, os manifestantes convidaram o arcebispo de Lyon para uma formação oferecida pela Associação Estudantil contra a Aids. E um encontro-debate deve ser realizado na rádio RCF-Fouvière.

    in:  http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=21132


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