O Riacho congratula-se com o “Documento Preparatório” do próximo Sínodo dos Bispos, que o Vaticano enviou à Conferência Episcopal Portuguesa, com as 38 questões sobre “Os desafios pastorais da família, no contexto da evangelização”.
Deixamos aqui as questões recolhidas no blog http://caldas-sao-jorge.blogspot.pt/2013/11/as-38-perguntas-do-inquerito-da.html para que a reflexão possa começar desde já.
Inquérito inédito mostra que Francisco quer ouvir as bases, diz Carreira das Neves. Conferência Episcopal reconhece "coragem" da iniciativa.
Questionário
Se há muita gente a viver junto antes do casamento ou qual é a atitude dos fiéis perante os casais do mesmo sexo são algumas das perguntas preparadas pela Santa Sé. O questionário de nove temas está a ser distribuído em todo o mundo. Cada conferência episcopal deverá fazer chegar o resumo das respostas nacionais ao Vaticano até ao final de Janeiro do próximo ano.
GRUPO 1
Sobre a difusão da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja a propósito da família
4. Em que medida – e em particular sob que aspectos – este ensinamento é realmente conhecido, aceite, rejeitado e/ou criticado nos ambientes extraeclesiais?
GRUPO 2
Sobre o matrimónio segundo a lei natural
5. Que lugar ocupa o conceito de lei natural na cultura civil, quer nos planos institucional, educativo e académico, quer a nível popular?
6. O conceito de lei natural em relação à união entre o homem e a mulher é geralmente aceite por parte dos baptizados?
7. Como é contestada, na prática e na teoria, a lei natural sobre a união entre o homem e a mulher, em vista da formação de uma família?
8. Quando a celebração do matrimónio é pedida por baptizados não praticantes, ou que se declaram não-crentes, como enfrentar os desafios pastorais que daí derivam?
GRUPO 3
A pastoral da família no contexto da evangelização
9. Que experiências surgiram nas últimas décadas na preparação para o matrimónio?
Como se procurou estimular a tarefa de evangelização dos esposos e da família?
De que modo se pode promover a consciência da família como “Igreja doméstica”?
10. Conseguiu-se propor estilos de oração em família, capazes de resistir à complexidade da vida e cultura contemporânea?
11. Perante a actual crise geracional, como são as famílias cristãs capazes de cumprir a sua vocação de transmitir a fé?
12. De que modo as Igrejas locais e os movimentos de espiritualidade familiar souberam criar percursos exemplares?
13. Qual é a contribuição específica que casais e famílias conseguiram oferecer para difusão de uma visão integral do casal e da família cristã credível nos dias de hoje?
14. Que atenção pastoral a Igreja mostrou para sustentar o caminho dos casais em formação e dos casais em crise?
GRUPO 4
Sobre a pastoral para enfrentar algumas situações matrimoniais difíceis
15. A convivência ad experimentum [coabitação antes do matrimónio] é uma realidade pastoral na sua igreja particular?
16. Existem uniões livres de facto, sem o reconhecimento religioso nem civil? Há dados estatísticos confiáveis?
Como se enfrenta esta realidade, através de programas pastorais adequados?
Simplesmente manifestam indiferença?
Sentem-se marginalizados e vivem com sofrimento a impossibilidade de receber os sacramentos?
19. Quais são os pedidos que as pessoas separadas e divorciadas dirigem à Igreja, a propósito dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação?
20. A simplificação da práxis canónica em ordem ao reconhecimento da declaração de nulidade do vínculo matrimonial poderia oferecer uma contribuição positiva real para a solução das problemáticas das pessoas interessadas? Se sim, de que forma? Existe uma pastoral para ir ao encontro destes casos? Como se realiza esta actividade pastoral?
GRUPO 5
Sobre as uniões de pessoas do mesmo sexo
21. O vosso país tem uma lei civil de reconhecimento das uniões de pessoas do mesmo sexo, equiparada de alguma forma ao matrimónio?
22. – Qual é a atitude das Igrejas locais, quer diante do Estado civil promotor de uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, quer perante as pessoas envolvidas neste tipo de união?
23. – Que atenção pastoral é possível prestar às pessoas que escolheram viver em conformidade com este tipo de união?
24. No caso de uniões de pessoas do mesmo sexo que adoptaram crianças, como é necessário comportar-se pastoralmente, em vista da transmissão da fé?
GRUPO 6
Sobre a educação dos filhos no contexto das situações de matrimónios irregulares
25. Qual é nestes casos a proporção aproximativa de crianças e adolescentes, em relação às crianças nascidas e educadas em famílias regularmente constituídas?
26. Com que atitude os pais se dirigem à Igreja? O que pedem? Somente os sacramentos, ou inclusive a catequese e o ensino da religião em geral?
28. Como se realiza a prática sacramental em tais casos: preparação, a administração do sacramento e o acompanhamento?
GRUPO 7
Sobre a abertura dos esposos à vida
29. Qual é o conhecimento real que os cristãos têm da doutrina da encíclica Humanae vitae a respeito da paternidade responsável? Que consciência têm da avaliação moral dos diferentes métodos de regulação dos nascimentos?
30. Esta doutrina moral é aceite? Quais são os aspectos mais problemáticos que tornam difícil a sua aceitação para a grande maioria dos casais?
32. Qual é a experiência relativa a este tema na prática do sacramento da penitência e na participação na Eucaristia?
33. Quais são, a este propósito, os contrastes que se salientam entre a doutrina da Igreja e a educação civil?
34. Como promover uma mentalidade mais aberta à natalidade? Como favorecer o aumento dos nascimentos?
GRUPO 8
Sobre a relação entre a família e a pessoa
35. – Jesus Cristo revela o mistério e a vocação do homem: a família é um lugar privilegiado para que isto aconteça?
36. Que situações críticas da família no mundo contemporâneo podem tornar-se um obstáculo para o encontro da pessoa com Cristo?
37. Em que medida as crises de fé incidem sobre a vida familiar?
GRUPO 9
38. Existem outros desafios e propostas a respeito dos temas abordados neste questionário, sentidos como urgentes ou úteis?
Da última vez que houve um encontro oficial de bispos dedicado à família, em 1980, nenhum país tinha aprovado o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Trinta anos depois, o tema da família volta a ser o mote para um sínodo. E há, desde já, a garantia que nenhum assunto será esquecido. Não só se vai discutir as dificuldades e desejos dos divorciados e recasados, mas também a situação dos casais em união de facto ou do mesmo sexo, assim como situações em que adoptaram, e o que procuram para os filhos junto da Igreja.
O Vaticano já tinha anunciado, no mês passado, que o Papa Francisco convocou para Outubro de 2014 um sínodo de bispos, que será o terceiro de carácter extraordinário desde que estes encontros foram reinstituídos nos anos 60.
De acordo com a lei canónica, estes concílios só podem ser convocados quando em causa estão "assuntos que exijam resolução rápida." Agora, e a um ano do encontro, os pontos da agenda tornaram-se públicos . E, numa decisão inédita, o Vaticano em vez de consultar apenas padres e movimentos da Igreja sobre os temas que vão ser debatidos, preparou um inquérito que deverá ser colocado à disposição de todos.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) confirmou a recepção do questionário em Outubro, que já enviou para as dioceses para ser distribuído.
O questionário, igual para todo o mundo, já está traduzido para português.
Se o tema do casamento entre pessoas do mesmo sexo é inédito, com o Vaticano a querer saber qual a atitude nas paróquias em relação ao reconhecimento de uniões civis mas também aos casais nestas circunstâncias, há temas retomados onde parece haver uma abertura para a mudança.