ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 27.06.13 às 23:29link do post | favorito

Artigo de Pierre-Israël Trigano

Longe de condenar a homossexualidade, o Levítico convida a humanizar a relação do masculino e do feminino no casal.

A análise é do filósofo e psicanalista francês Pierre-Israël Trigano, autor de L'inconscient de la Bible [O inconsciente da Bíblia] (Edições Réel, 7 volumes). O artigo foi publicado no sítio da revista Témoignage Chrétien, 20-06-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

A perseguição multissecular dos homossexuais em nome da Bíblia até à rejeição violenta da lei que lhes autoriza ao casamento hoje se construiu essencialmente em torno da leitura de um mandamento do Levítico (Lv 18, 22): "Não te deites com um homem, como se fosse com mulher: é uma abominação".

Lida assim, a proibição não tem apelação. E é nesse sentido que o judaísmo e o cristianismo excomungam os homossexuais, com toda sã consciência. Mas o texto hebraico desse versículo, em sua constituição, é um dos mais obscuros da Bíblia. É o sinal indubitável que está cheio de um inconsciente portador de um sentido inédito.

Considerado na sua literalidade, podemos traduzi-lo assim: "Com um macho [zékher] tu não coabitarás [verbo no masculino] os estados de estar deitado [as "coabitações", os "leitos"] de mulher [ishah]".

Poder-se-ia muito bem dizer que esse versículo, em grande parte, é incompreensível, e que o modo pela qual as Igrejas o traduzem é uma extrapolação da versão grega da Septuaginta, não traduzida do original hebraico. Se a Torátivesse querido ter como alvo diretamente a homossexualidade, ela o faria de maneira mais clara, em termos mais diretos. Além disso, não se vê por que ela ignoraria a homossexualidade feminina.

Voltar à literalidade do texto

Constatamos, em primeiro lugar, que em nenhuma parte do texto se encontra a palavra "como" que estabeleceria uma comparação entre uma relação sexual com um homem e uma relação sexual com uma mulher.

Literalmente, nesse versículo, a questão é o homem "coabitar" os "leitos" de mulher. Como ver aí qualquer referência à homossexualidade? Ao contrário, essa estranha fórmula poderia evocar relações sexuais do homem com as mulheres.

Em segundo lugar, a palavra traduzida como "mulher", ishah, aparece pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 2, no relato da Criação da mulher. O seu contrário, designando "o homem", é ish. Seria de se esperar encontrar essa palavra no versículo para designar o oposto da mulher. Ao invés, é a palavra zékher, o "macho", que encontramos no texto, que tem como polo oposto a palavra néqévah, a "fêmea". Essas duas palavras fazem sua aparição em Gênesis 1, no relato da Criação do ser humano.

Pelo fato de o Levítico se referir a zékher, o "macho", logicamente deveríamos encontrar no versículo néqévah, "a fêmea", em vez de ishah, "a mulher". Como compreender essa diferença?

"Macho" e "fêmea" são categorias pelas quais a Bíblia (Gn 1, 27) qualifica o ser humano que acaba de ser criado por Deus: "Macho e fêmea os criou". Além disso, a Igreja se serve igualmente desse versículo para afirmar sem apelo que só o matrimônio "de um pai e de uma mãe" é a norma divina para fundar a família humana.

Ora, é preciso ver que "macho" e "fêmea" são categorias animais e não humanas. Elas caracterizam uma humanidade primitiva que sai ainda com dificuldade da animalidade.

É precisamente a emergência de tal humanidade, arcaica, original, ainda não totalmente realizada, que Gênesis 1descreve. Certamente lá está escrito que ela foi criada "à imagem e semelhança de Deus", mas se trata de um potencial divino de humanização que ainda não está ativo na origem e que está em jogo em toda a evolução humana.

Masculino e feminino arcaicos

As categorias animais zékher e néqévah expressam o estado de violência que caracteriza a humanidade arcaica da qual será difícil sair por parte dos seres humanos, homens e mulheres.

O surpreendente poder significante do hebraico bíblico nos ajuda a compreender isso, em particular pelas possibilidades de releitura que ele oferece. Com efeito, essa língua é puramente consonântica, e as vogais não estão fixadas nos manuscritos originais. A mesma palavra, associada a vogais diferentes, assume significados insuspeitos à primeira leitura e manifesta assim, sutilmente, um "inconsciente" da experiência humana que ela simboliza.

Há, por exemplo, o caso, muito impressionante, da palavra néqévah, "fêmea", que nós podemos reler comonéqouvah, portadora de um significado terrível para a condição feminina: a "perfurada", a "maldita"! Essa palavra nos revela, assim, sem dúvida alguma, que, na humanidade mais arcaica, ainda animal e "primata", a mulher é reduzida à condição de "fêmea" dominada, esmagada pelos "machos", como é ainda hoje nos clãs dos chimpanzés, os nossos primos animais mais próximos.

A psicologia do zékher

Mesmo que nas tribos primitivas chamadas "matriarcais" as mães tivessem um certo poder, certamente não era o caso das filhas, reduzidas a objetos de troca entre clãs, em benefício dos "machos".

E eis precisamente o que nos sugere a palavra zékher, que designa estes últimos: pronunciada zakhor, ela expressa a ação de lembrar. Ao fazê-lo, o espírito da língua hebraica parece nos ensinar que é o poder dos "machos" que organiza a "lembrança" da origem, a fidelidade às linhagens arcaicas da humanidade e, portanto, a repetição dos maus-tratos feitos às mulheres de geração em geração.

É a psicologia do zékher, o masculino arcaico e violento, que deseja manter e perpetuar na cultura humana as mulheres e a feminilidade na condição maldita de "fêmea" inferiorizada, violentada e humilhada.

Outra caracterização dos gêneros surge em Gênesis 2 com as palavras ish e ishah, "homem" e "mulher". Seria necessário dissipar muitas contradições que a tradição (investida pelo zékher) acumulou com relação a essas palavras. Algo impossível de estudar dentro dos limites deste artigo.

Constatamos simplesmente que elas significam "esposo" e "esposa", e são, portanto, categorias eminentemente relacionais. Elas designam uma humanidade finalmente humanizada, que saiu do arcaísmo "animal", na qual, portanto, a relação de amor pode desabrochar. É revelador o fato de que a palavra ishah, "mulher", pronunciadaéshéh, significa: "Eu esquecerei...".

Maus tratos às mulheres

O "macho" no ser humano quer organizar a lembrança do arcaísmo violento e desumano da origem animal, enquanto a "mulher" no ser humano "esquecerá"! É uma promessa profética trazida pela ishah. Virá um tempo de cumprimento em que os maus-tratos feitos às mulheres e à feminilidade serão esquecidos.

Nesse ponto, o sentido do versículo se esclarece. Ele ordena ao homem que acima de tudo não entre na coabitação (sexual, mas também em todos os domínios da vida de casal) com ishah, a mulher, com o (com base no) espírito dozékher, o masculino arcaico sem amor e violento.

Ishah é a mulher, mas também, no plano arquetípica, é a feminilidade, a capacidade de abertura ao outro e de amor, presente no homem assim como na mulher.

Assim, esse versículo, bem longe de proibir formalmente a homossexualidade, é, ao contrário, a injunção divina a cuidar de toda relação de coabitação e de casal, qualquer que seja o/a parceiro/a que se tenha, de fundá-la no amor, na ternura e, portanto, de cultivar o desabrochar da feminilidade em si e no outro, em vez de feri-la sob os golpes do egocentrismo masculino arcaico de onipotência.

Como se vê, essa injunção pode interpelar tanto os casais homossexuais quanto os heterossexuais, sem lançar o anátema sobre qualquer categoria de seres humanos.

Questionamento ético

O seu questionamento não é legalista, mas sim ético. Ele não se contenta com uma aplicação "técnica" que seria aqui a recusa ou a repressão da homossexualidade, como a tradução habitual levaria a pensar. Mas ele abre uma busca ética sobre o fundamento da relação que cada um, quem quer que seja, enlaça com um outro, quem quer que seja, como ser humano.

E essa busca é, em si mesma, um caminho de vida que visa a favorecer cada vez mais o amor, a enfatizar a feminilidade (dos homens assim como das mulheres) ferida pelo zékher. Seguramente não se pode utilizar a Bíblia hebraica, portanto, para condenar a homossexualidade.

Toda a minha pesquisa demonstra que ela veicula no seu texto hebraico um "inconsciente" que espera ser redescoberto, portador de um sentido que revoluciona as interpretações da tradição judaico-cristã e que subverte a redução despótica e moralista da religião. Esse versículo é um testemunho característico disso.

PARA LER MAIS:


Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/521416-a-biblia-hebraica-nao-e-homofobica-artigo-de-pierre-israel-trigano


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publicado por Riacho, em 08.09.12 às 21:23link do post | favorito

A segunda leitura que a Igreja católica medita na missa de amanhã faz-nos lembrar como há muitos cristãos muito pouco cristãos.


LEITURA II Tg 2, 1-5
Deus não faz acepção de pessoas. Assim também o cristão não a há-de fazer; pelo contrário, o amor de Deus, mostra-se mais benevolente para com os mais pobres e os mais desprezados. O cristão há-de dar maior atenção aos que dela mais precisarem.


Leitura da Epístola de São Tiago

 

Irmãos: A fé em Nosso Senhor Jesus Cristo não deve admitir acepção de pessoas. Pode acontecer que na vossa assembleia entre um homem bem vestido e com anéis de ouro e entre também um pobre e mal vestido; talvez olheis para o homem bem vestido e lhe digais: «Tu, senta-te aqui em bom lugar», e ao pobre: «Tu, fica aí de pé», ou então: «Senta-te aí, abaixo do estrado dos meus pés». Não estareis a estabelecer distinções entre vós e a tornar-vos juízes com maus critérios? Escutai, meus caríssimos irmãos: Não escolheu Deus os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do reino que Ele prometeu àqueles que O amam?

 

Palavra do Senhor.


Fonte: http://www.portal.ecclesia.pt/ecclesiaout/liturgia/liturgia_site/lit_dia/ano_b/ld_anob_ver.asp?cod_ano_b=54

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publicado por Riacho, em 20.03.12 às 23:16link do post | favorito

Este puto de 21 anos sabe de teologia e homossexualidade à séria. Vale a pena ouvir esta conferência até ao fim e discuti-la nas igrejas, nas paróquias, com os padres, com os leigos. Não há que ter medo da bíblia e muito menos da homossexualidade. Se as legendas do video não aparecerem por defeito selecionem o português no ícone CC. Boas reflexões!

 


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publicado por Riacho, em 13.11.10 às 12:05link do post | favorito

"E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!" (João, 8:32)


1) Não há, na Bíblia, nenhuma só vez as palavras homossexual, lésbica ou homossexualidade. Todas as Bíblias que empregam estas expressões estão erradas e mal traduzidas. A palavra homossexual só foi criada em 1869, reunindo duas raízes lingüísticas: Homo (do Grego, significando "igual") e Sexual (do latim). Portanto, como a Bíblia foi escrita entre 2 e 4 mil anos atrás, não poderiam os escritores sagrados terem usado uma palavra inventada só no século passado. Elementar, irmão!

2) A prática do amor entre pessoas do mesmo gênero, porém, é muito mais antiga que a própria Bíblia. Há documentos egípcios de 500 anos antes de Abraão, que revelam práticas homossexuais não somente entre os homens, mas também entre Deuses Horus e Seth. Segundo o poeta e escritor Goethe, "a homossexualidade é tão antiga quanto a humanidade". Certamente, cada tempo com sua experiência singular, mas com o mesmo direcionar de desejo: o igual.

3) No antigo Oriente, a homossexualidade foi muito praticada. Entre os Hititas, povo vizinho e inimigo de Israel, havia mesmo uma lei autorizando o casamento entre homens (1.400 antes de Cristo). Como explicar, então, que, entre as abominações do Levítico, apareça esta condenação: "O homem que dormir com outro homem como se fosse mulher, comete uma abominação, ambos serão réus de morte" (Levítico, 18:22 e 20:12). Segundo os Exegetas (estudiosos das escrituras sagradas), fazia parte da tradição de inúmeras religiões de localidades circunvizinhas à Israel, a prática de rituais homoeróticos, de modo que esta condenação visa fundamentalmente afastar a ameaça daqueles rituais idolátricos e não a homossexualidade em si. Prova disto é que estes versículos condenam apenas a homossexualidade masculina: teria Deus Todo Poderoso se esquecido das lésbicas ou, para Javé, a homossexualidade feminina não era pecado? Considerando que, do imenso número de leis do Pentateuco, apenas duas vezes há referência à homossexualidade (e só à masculina), concluem os exegetas que a supervalorização que os cristãos conferem a este versículos é sintoma claro e evidente de intolerância machista de nossa sociedade, um entulho histórico, e não um desígnio eterno de Javé, do mesmo modo que inúmeras outras abominações do Levítico, como os tabus alimentares (por exemplo, comer carne de porco) e os tabus relativos ao esperma e ao sangue menstrual, hoje completamente abandonadas e esquecidas. Por que católicos e protestantes conservam somente a negação contra a homossexualidade, enquanto abandonaram dezenas de outras proibições decretadas pelo mesmo Senhor?. Intolerância machista e ignorância que Freud explica!

4) Se a homossexualidade fosse prática tão condenável, como justificar a indiscutível relação homossexual existente entre David e Jônatas?! Eis a declaração do salmista para seu bem-amado: "Tua amizade me era mais maravilhosa do que o amor das mulheres. Tu me eras deliciosamente querido!" (II Samuel, 1:26). Alguns crentes argumentarão que se tratava apenas de um amor espiritual, ágape. Preconceito primário, pois só as coisas materiais são referidas com a expressão "delicioso", e não resta a sobra da menor dúvida que David, em sua juventude, foi adepto do "amor que não ousava dizer o nome". Não foi gratuitamente que o maior escultor de nossa civilização, Miguel Ângelo, ele próprio, também homossexual, escolheu o jovem Davi, nu, como modelo de sua famosa escultura de Florença, na Itália. Negar o amor homossexual entre estes dois importantes personagens bíblicos ("amizade mais maravilhosa que o amor (Eros) das mulheres") é negar a própria evidência dos fatos. "Tendo olhos, não vedes? E tendo ouvido, não ouvis?!" (Marcos, 8:18).

5) Pelo visto, embora o Levítico fosse extremamente severo contra a prática da cópula anal (determinando igualmente a pena de morte contra o adultério e o bestialismo), outros livros sagrados revelam maior tolerância face ao homoerotismo. O Eclesiastes ensina: "É melhor viverem dois homens juntos do que separados. Se os dois dormirem juntos na mesma cama se aquecerão melhor" (4:11). Num país quente como a Judéia, o interesse em dormir junto só podia ser mesmo erótico. Portanto, na teoria o Levítico era uma coisa e a prática, desde os tempos bíblicos, parece ter sido outra. "Deus nos fez ministros da nova aliança, não a da letra e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica." (II Coríntios, 3:6)

6) A destruição de Sodoma e Gomorra? Indagarão alguns. Oferecemos três informações fundamentais e cientificamente comprovadas que, em geral, são propositadamente escondidas e desconhecidas pelos cristãos: 1) não há evidência histórica ou arqueológica que confirme a real existência dessas cidades; 2) este relato é obra dos "Javistas" (escritores bíblicos do século X a.C.), que se apropriaram de relatos mitológicos de outros povos anteriores aos judeus; 3) a própria destruição da suposta intenção homoerótica dos habitantes de Sodoma em relação aos três visitantes de Abraão (anjos ou homens?) apresenta dificuldades sérias de interpretação, pois quando os habitantes de Sodoma declararam desejar conhecer os visitantes, maliciosamente se interpretou o verbo "conhecer" como sinônimo  de "ato sexual". Segundo os exegetas, das 943 vezes que aparece esta palavra no Antigo Testamento ("yadac" em hebraico), em apenas 10 ela tem significado heterossexual - nenhuma vez o sentido homossexual. A associação do pecado dos "sodomitas e gorromitas" com a homossexualidade é um grave erro histórico, que tem sua oficialização pela igreja católica apenas na Idade Média, a "idade das trevas".

7) A própria Bíblia e o filho de Deus nos dão a chave para corrigir esta maliciosa identificação de Sodoma e Gomorra com a homossexualidade. Segundo os mais respeitados estudiosos das Sagradas Escrituras, o pecado de  Sodoma é a injustiça e a anti-hospitalidade, nunca a violação homossexual. Prova disto, é que todos os textos que aludem à Sodoma no Antigo Testamento atribuem sua destruição a outros pecados e não ao "homossexualismo": falta de justiça (Isaías, 1:10 e 3:9), adultério, mentira e falta de arrependimento (Jeremias, 23:14); orgulho, intemperança na comida, ociosidade e "por não ajudar o pobre e indigente" (Ezequiel, 16:49); insensatez, insolência e falta de hospitalidade (Sabedoria, 10:8; 19;14; Eclesiástico, 16:8). No Novo Testamento, não há qualquer ligação da destruição de Sodoma com a sexualidade e, muito menos, com a homossexualidade (Mateus,10:14; Lucas, 10:12 e 17:29). Só nos livros neotestamentários tardios de Judas e Pedro, é que aparece em toda a Bíblia alguma conexão entre Sodoma e a sexualidade (Judas, 6:7, Pedro, 2:4 e 6;10). Mesmo aí, inexiste relação com o "homoerotismo".

8) Dirão, agora, os crentes mais intolerantes: e as condenações de São Paulo aos homossexuais? Autoridades exegetas protestantes e católicas - como Mcneill, Thevenot, Noth, Kosnik, e muitos outros -, ao examinarem, cuidadosamente, na língua original, os textos das Epístolas aos Romanos 1:2, I Coríntios 6:9, Colosences 3:5 e I Timóteo 1:10, concluíram que, até agora, os cristãos têm dado uma interpretação errada a estas passagens. Quando Paulo diz que certas categorias de pecadores não entrarão no Reino dos Céus - ao lado dos adúlteros, bêbados, ladrões etc... - muitas Bíblias incluem nesta lista os "efeminados" e "homossexuais". Logo de início, há uma condenação injusta, pois muitos efeminados (como muitas mulheres masculinizadas no comportamento) não são necessariamente homossexuais. As mais modernas e abalizadas pesquisas exegéticas concluem que, se Paulo de Tarso quisesse condenar especificamente os praticantes do homoerotismo, teria empregado o termo corrente em sua época e de seu perfeito conhecimento, "pederastas". Em vez desta palavra, Paulo usou as expressões gregas "malakoi", "arsenokoitai" e "pornoi" - que as melhores edições da Bíblia em português traduzem por "pervetores", "pervertidos" e "imorais". Portanto, foram estes pecadores que Paulo incluiu na lista dos afastados do Reino dos Céus, e não os "pederastas", e muito menos os "homossexuais", palavra desconhecida na Antigüidade. Segundo os historiadores, vivendo São Paulo numa época de grande licenciosidade sexual - tempo de Calígula, Nero e de Satiricon -, esperando o próximo retorno do Cristo e o fim do mundo, ele condenou, sim, os excessos e abusos sexuais dos povos vizinhos, mas nunca o amor inocente e recíproco, tal qual o de David e Jônatas. Há teólogos protestantes que chegam a diagnosticar Paulo de Tarso como homossexual latente (alusão feita por ele próprio ao misterioso "espinho na carne" que tanto o preocupava, além de sua manifesta e cruel "misoginia" ou ódio às mulheres). E, se a condenação paulina inclui também os bêbados, corruptos, caluniadores, por que atirar tanta pedra somente nos homossexuais? Também aqui, Freud explica! E tem mais: o próprio Filho de Deus disse que "há eunucos que assim nasceram desde o seio de suas mães" (Mateus 19:12), ensinando, num sentido figurado, que faz parte dos planos do Criador que alguns homens tenham uma sexualidade não reprodutora biologicamente. Todos somos imagem de Deus!

9) O maior argumento para se comprovar que as Escrituras Sagradas não condenam o amor entre pessoas do mesmo gênero, é o fato de Jesus Cristo nunca ter falado nenhuma palavra contra os homossexuais! Se o "homossexualismo" fosse uma coisa tão abominável, certamente o Filho de Deus teria incluído esse tema em sua mensagem. O que Jesus condenou, sim, foi a dureza de coração, a intolerância dos fariseus hipócritas, a crueldade daqueles que dizem Senhor, Senhor!, mas esquecem da caridade e do respeito aos outros (Mateus, 7:21). E foi o próprio Messias quem deu o exemplo de tolerância em relação aos "desviados", andando e comendo com prostitutas, pecadores e publicanos. E tem mais: Jesus Cristo mostrou-se particularmente aberto à homossexualidade, revelando carinhosa predileção por João Evangelista, "o discípulo que Jesus amava", o qual, na última Ceia, esteve delicadamente recostado no peito do Divino Mestre. Há teólogos que chegam a sugerir que Jesus era homossexual, pois além de nunca ter condenado o homoerotismo, conviveu predominantemente com companheiros do seu próprio gênero, manifestou particular predileção pelo adolescente João e nunca se casou, além de revelar muita sensibilidade com as crianças e com os lírios do campo, comportamentos muito mais comuns entre homossexuais do que entre machões. O ensinamento do discípulo que Jesus amava não podia ser mais claro: "Filhinhos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e tudo o que é amor é nascido de Deus e conhece a Deus" (I João, 4:4).

10) A Bíblia é um livro muito antigo, repleto de imagens simbólicas, parábolas e figurações. Interpretar as Escrituras ao pé da letra é ignorância, fanatismo e até pecado, pois o próprio Filho de Deus garantiu: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora.
Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á a verdade" (João, 16:12). Do mesmo modo como Galileu ensinou-nos a verdade a respeito da Astronomia, corrigindo a Bíblia e opondo-se à crença dos cristãos de sua época, assim também hoje todos os ramos da Ciência garantem que a homossexualidade é um comportamento normal, saudável e tão digno moralmente como a orientação sexual da maioria das pessoas. Negar esta evidência científica é repetir a mesma ignorância intolerante do Papa que condenou Galileu. Não devemos temer a verdade que liberta, pois o próprio Jesus nos mandou imitar "o escriba instruído nas coisas do Reino dos Céus, que como um pai de família, tira de seu tesouro coisas novas e velhas" (Mateus, 13:52). Mesmo que o Papa ou os pastores continuem a negar os direitos humanos dos gays e lésbicas, mesmo que cristãos ignorantes continuem a repetir as ultrapassadas abominações do Velho Testamento, para os verdadeiros crentes o que vale é o exemplo do Filho de Deus, Jesus Cristo, que nunca condenou a prática da homossexualidade. "E conhecereis a verdade, a verdade vos libertará!" (João, 8:32).


INDICAÇÕES DE LEITURA:
 
1. Homossexualidade: Ciência e Consciência, de Marciano Vidal (Edições Loyola, SP, 1985).
2. A sexualidade humana: novos rumos do pensamento católico americano, de Anthony Kosnik (Editora Vozes de Petrópolis, RJ, 1982).
3. Pastoral com homossexuais, do Padre José Transferetti (Editora Vozes de Petrópolis, RJ, 1999).

 

Fonte: http://www.ggb.org.br/cristao.html


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publicado por Riacho, em 08.02.10 às 21:40link do post | favorito

Uma perspectiva científica e cristã da homossexualidade um bocadinho diferente daquela que o Vaticano proclama. Graças a Deus que o Espírito Santo não se deixa acorrentar dentro das paredes do Vaticano e sopra onde lhe aprouver.

 

 


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publicado por Riacho, em 19.11.09 às 23:23link do post | favorito

O artigo com a entrevista ao padre jesuíta Luís Correia Lima é da Unisinos. Vale a pena ler...

 

"A condição homossexual em si nunca é pecado", afirma Luís Corrêa Lima, padre jesuíta, teólogo e doutor em História pela Universidade de Brasília, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio, onde coordena um projeto de pesquisa sobre homossexualidade e religião.

Corrêa Lima concedeu uma entrevista ao jornal Crítica de la Argentina, 15-11-2009. 

Tradução de Vanessa Alves.

 

Eis a entrevista.

Numa entrevista publicada por este jornal, um representante da Igreja chilena disse que “a homossexualidade não está no plano de Deus” e que “é consequência do pecado original”. Qual sua opinião?

Para conhecer o plano de Deus, precisamos ouvir a linguagem da criação. Conforme o Papa, a fé no criador leva ao dever de escutar essa linguagem. Na natureza, a homossexualidade já foi documentada em mais de 450 espécies animais, e, no ser humano, existe em todas as culturas conhecidas. Buscar no pecado original a origem da homossexualidade é um erro.

 

A homossexualidade é pecado?

A condição homossexual em si nunca é pecado, porque não se trata de uma escolha livre da pessoa. Com relação ao comportamento ou as escolhas, aí sim entra a liberdade.

 

E qual comportamento deve ter um cristão homossexual?

Todo ser humano é, antes de tudo, designado para amar e ser amado. O Concílio Vaticano II ensina que a consciência é o sacrário onde Deus se manifesta, e ninguém deve agir contra sua própria consciência nem ser impedido de agir de acordo com ela. As pessoas adultas, muitas vezes, devem tomar decisões em situações complexas, onde as normas da sociedade e as instituições não prevêem de maneira adequada todas as circunstâncias. O cristão adulto deve ser adulto também na sua fé, colocando-se diante de Deus e sua consciência.

 

Por que a hierarquia da Igreja condena a homossexualidade?

Igreja tem seus alicerces na milenária tradição judeu-cristã, mas está espalhada pelo mundo, vivendo na cultura moderna. No judaísmo antigo, acreditava-se que o homem e a mulher haviam sido criados um para o outro, para se unirem e procriarem, e o homoerotismo era considerado uma abominação. Israel devia se diferenciar de outras nações de várias maneiras, entre elas, proibindo. O cristianismo herdou essa visão antropológica com sua interdição. A Doutrina da Igreja corresponde a uma longa sedimentação, de muitos séculos. O consenso sobre a compreensão da Bíblia e da chamada lei natural não é imutável, mas não muda rapidamente.

 

Costuma-se dizer que a Bíblia condena a homossexualidade. É verdade?

A Bíblia expressa a fé do antigo povo de Israel e das primeiras gerações cristãs. Nessa expressão, a palavra de Deus está presente. A revelação divina se reproduz na linguagem e nas categorias humanas e tem um enraizamento sociocultural, mas não deve ser confundida com ele. Na Bíblia, há uma cosmologia que diz que o mundo foi criado em seis dias e a Terra surgiu antes do Sol e das estrelas. Há uma antropologia que diz que o homem vem do barro e a mulher da costela do homem. E nessa antropologia também se proibia a união entre dois homens e duas mulheres. Não se deve seguir tudo ao pé da letra, como se hoje fosse necessário entender assim. Na Bíblia, não há respostas para todas as nossas perguntas.

 

O Levítico diz: “Com homem não te deitarás como se fosse mulher, é abominação”, mas também diz que é “abominação” comer animais do mar ou do rio sem barbatanas ou escamas. Por que a Igreja condena a homossexualidade, mas não a ingestão de mariscos?

Essa parte do Levítico trata do código de santidade, que regulamenta o culto de Israel e estabelece as diferenças que deve haver entre esse povo e os demais. Quando o cristianismo se expandiu entre os povos não judeus, esse código deixou de ser normativo. No entanto, como a proibição do homoerotismo permaneceu, esses versículos continuam sendo citados. Sem dúvida, é uma leitura retrospectiva e seletiva.

 

Como você interpreta a expressão “contra natura” presente na Epístola de São Paulo e assinalada como referência à homossexualidade?

A carta de São Paulo aos Romanos contém uma refutação do politeísmo. Os pagãos não adoravam a um deus único e, como permitiam o homoerotismo, que era abominável para os judeus, isso era visto como castigo divino pela prática religiosa equivocada. No contexto judeu-cristão da antiguidade, este argumento era compreensível, mas não deve ser usado hoje para indivíduos constitutivamente gays, para quem a orientação sexual não tem nada que ver com a crença em um ou vários deuses.

 

Alguns defendem que a relação entre David e Jônatas, assim como a de Rute e Noemi, era homossexual. Diz a Bíblia que David e Jônatas “beijaram-se um ao outro” e em uma passagem David diz a Jônatas: “Teu amor foi para mim mais maravilhoso que o amor das mulheres”. Qual sua opinião?

Nós lemos isso hoje e podemos pensar em homossexualidade. Mas para os primeiros leitores judeus da antiguidade, observadores da lei de Moisés, isso era inadmissível. De qualquer maneira, um texto pode transpassar sua época e contexto e ser lido em outro horizonte de interpretação, gerando novos sentidos em novos leitores.

 

É possível ser homossexual e católico ao mesmo tempo?

Sim. A Igreja nasceu rompendo as fronteiras do judaísmo no primeiro século, incorporando multidões de povos que não eram circuncidados. Hoje, pode também se conceber uma identidade simultaneamente gay e cristã, estimulando as comunidades locais a acolher as diversidades.

 

Na página da agência católica ACI, as notas mais destacadas são declarações contra o matrimônio gay. Por que tanta obsessão contra os homossexuais?

Certa vez, o papa Benedito XVI disse que o cristianismo “não é um conjunto de proibições, e sim uma opção positiva”. Essa consciência hoje desapareceu quase completamente. Há no cristianismo uma tradição de séculos de proibição, medo e culpa. Convém retornar as nossas origens. A palavra evangelho quer dizer “boa notícia” e, para os cristãos, é o amor de Deus e sua salvação, revelados em Jesus Cristo. Hoje é necessário focar a dimensão positiva e alegre da mensagem cristã.

 

Conforme Boswell, a Igreja nem sempre condenou a homossexualidade e chegou a celebrar matrimônios homossexuais no passado. É verdade?

A história da Igreja é vasta; abrange um terço da humanidade por vinte séculos. Boswell é bastante documentado e é provável que o que diz tenha acontecido, mas essas práticas não viraram hegemônicas. No entanto, podem ajudar a pensar essa questão no presente e no futuro.

 

Acredita que chegará o dia em que a Igreja católica aceitará casar homossexuais, como fazem algumas igrejas protestantes?

O futuro é imprevisível, mas a Igreja católica sempre está inserida num contexto mais amplo, que é a sociedade. Quando a sociedade muda, a Igreja acaba mudando. A modernidade vem desencadeando grandes mudanças na Igreja nos últimos séculos, e esse processo continua.

 

Suponhamos, num exercício de ficção, que essa mudança se produzisse. Como padre, gostaria de casar um casal gay?

Se a Igreja algum dia aceitar, não negarei.

 

Você coordena um grupo de pesquisa sobre homossexualidade e religião na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Como surgiu e que trabalho realiza?

Meu interesse pelo tema nasceu do meu trabalho como sacerdote, encontrando pessoas nascidas e criadas na Igreja que se descobriam gays e viviam conflitos. O foco do projeto é a complexa relação entre religião e homossexualidade e suas repercussões no espaço público e no exercício da cidadania. Temos grupos de estudos, trabalhos e teses concluídas ou em curso, publicações e atividades dentro da agenda universitária.

 

Alguma vez se sentiu pressionado pela hierarquia da Igreja para não se expressar sobre esses assuntos?

A Companhia de Jesus realiza um trabalho apostólico de fronteira, nas encruzilhadas ideológicas onde há conflito entre as aspirações humanas legítimas e a mensagem evangélica. Isso inclui fazer pontes com os que estão fora da igreja e têm dificuldades com suas posições. Como jesuíta, sinto-me muito comprometido com este trabalho. Mas, como membro da Igreja, eu não posso ignorar minha pertença e certas tradições. É um equilíbrio delicado e trato de ser cuidadoso para evitar problemas maiores.

Para ler mais:
 

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=27645


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publicado por Riacho, em 08.11.09 às 16:06link do post | favorito

Ainda a propósito do livro com este título da autoria do padre católico Daniel Helminiak (Edições GLS, S. Paulo, Brasil) que refere entre outros que Jesus ter-se-á deparado com um relacionamento homossexual durante o seu ministério (Mt 8, 5-13 e Lucas 7, 1-10), o que para mim é uma novidade, tendo ressaltado a fé do centurião e tendo-lhe devolvido o seu companheiro em boa saúde, gostaria de partilhar o resumo e conclusão da obra:

 

"(...) O pecado de Sodoma foi o da falta de hospitalidade, e não o da homossexualidade. Judas condenou o sexo com os anjos, mas não o sexo entre dois homens. Não há um único texto da bíblia que faça uma referência clara ao sexo entre lésbicas. E a partir dos ensinamentos positivos da bíblia sobre a heterossexualidade não se segue nenhuma conclusão válida acerca da homossexualidade. Há apenas cinco textos que com certeza fazem referência ao sexo entre homens: Levítico 18, 22 e 20, 13, Romanos I, 27, I Coríntios 6,9 e I Timóteo 1, 10. Todos estes textos tratam de temas outros que não a própria actividade homogenital, e os cinco se resumem a apenas três diferentes questões.

Primeiro, o Levítico proíbe a homogenitalidade como uma traição à identidade judaica, pois supostamente o sexo entre homens era uma prática canaanita. A questão tratada pelo Levítico com relação ao sexo entre homens era a da impureza, uma ofensa contra a religião judaica e não uma violação da natureza intrínseca do sexo.

Segundo, a Epístola aos Romanos pressupõe o ensinamento das leis judaicas no Levítico, e em Romanos o sexo entre homens é mencionado como um exemplo de impureza. Entretanto, a sua inclusão em Romanos tem a finalidade precisa de demonstrar que as questões de pureza não tinham importância em Cristo.

Finalmente, através do obscuro termo arsenokoitai, I Coríntios e I Timóteo condenam os abusos associados à atividade homogenital no século I: exploração e libertinagem.

Portanto, a Bíblia não assume diretamente nenhuma  posição definida sobre a moralidade dos actos homogenitais enquanto tais, e nem sobre a moralidade dos relacionamentos de gays e lésbicas. De facto, o mais extenso tratamento que a Bíblia concede ao assunto - em Romanos - sugere que em si os actos homogenitais não têm qualquer significado ético. Entretanto, compreendidos em seu contexto histórico, os ensinamentos  de I Coríntios e I Timóteo deixam claro o seguinte: as formas abusivas de sexo entre homossexuais e entre heteossexuais devem ser evitadas.

Embora a Bíblia não faça qualquer condenação generalizada dos actos homogenitais e muito menos da homossexualidade, isso não significa que, para as lésbicas e para os gays, tudo seja válido. Se eles se utilizarem da Bíblia para encontrar orientação e inspiração, as lésbicas e os gays seguramente serão guiados pelos ensinamentos morais da tradição judaico-cristã a: ser uma pessoa de fé, reverenciar a Deus, respeitar os outros, ser delicado e gentil, ter compaixão e saber perdoar, ser honesto e justo. Trabalhar pela harmonia e pela paz. Erguer a voz em defesa da verdade. Dar de si mesmo a tudo o que é bom, e evitar tudo aquilo que se sabe ser ruim. Fazer isso é seguir o caminho de Deus. Fazer isso é amar a Deus de todo o coração e alma. Fazer isso é ser um verdadeiro discípulo de Jesus.

Ao viver conforme a Bíblia, os gays e as lésbicas se submeterão a estes severos mandamentos morais, mandamentos esses que também se aplicam ao sexo e às relações íntimas.

Isto é tudo o que pode ser dito honestamente acerca dos ensinamentos bíblicos sobre a homossexualidade. Se as pessoas ainda quiserem saber com certeza se o sexo entre gays ou lésbicas em si é bom ou ruim, se os actos homogenitais enquanto tais são certos ou errados, eles terão de procurar a resposta em algum outro lugar. Sim, porque o simples facto é que a Bíblia nunca aborda essa questão. E mais: a Bíblia parece deliberadamente não estar preocupada com este assunto"

 

Esta conclusão está fabulosa. Mais uma vez, este é um livro imprescíndivel para ter lá em casa, diria mesmo obrigatório.

 

Abraço

 

Carlos  


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publicado por Riacho, em 06.11.09 às 19:49link do post | favorito

Olá

 

Acabei de receber o livro de Daniel A. Helminiak: "O que a bíblia realmente diz sobre a homossexualidade". É um livro que recomendamos desde já e que pode ser adquirido em www.wook.pt  

 

Nesta época em que tanto se tem falado de uma visão da bíblia lida em sentido literal, a propósito do novo livro do Saramago, vem a propósito recomendar esta obra que traz uma nova leitura de alguns factos da bíblia relacionados com a homossexualidade e que nem sempre convém à teologia oficial do Vaticano que se conheça. Porque será, por exemplo, que não existe uma tradução deste livro em português de Portugal?

 

Nesta obra, o autor, sacerdote ordenado pela Igreja católica com doutoramento em teologia pelo Boston College, cita fielmente todos os trechos da bíblia em que há menção da homossexualidade e analisa o seu significado de acordo com os mais recentes estudos históricos. A mensagem que revela é muito diferente da que é normalmente apregoada.

 

A propósito deste livro, o Reverendo John Spong, bispo da diocese de Newark da Igreja episcopal diz o seguinte: "As palavras do padre Helminiak irão trazer esperança a muitos que se sentem rejeitados por Deus, e seu livro irá ajudar a Igreja a conscientizar-se de que não pode afirmar ser o Corpo de Cristo se deixar de aceitar todos aqueles que seriam bem-vindos pelo Cristo".

 

Prometemos partilhar algumas das passagens mais chocantes. No entanto recomendamos mais uma vez a compra da obra que não é muito cara (13,62 euros) e pode ajudar a despertar consciências lá em casa ou onde quer que o livro fique "esquecido".

 

Abraço

 

Carlos


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publicado por Riacho, em 28.10.09 às 20:50link do post | favorito

Olá

 

O papa vem relembrar uma coisa muito importante: que a bíblia se deve entender como um todo tendo especial atenção aos géneros literários, ao estudo do contexto histórico e ao contexto vital. Talvez a esta luz os teólogos do Vaticano refaçam uma leitura das relações estáveis entre pessoas do mesmo sexo que em lado nenhum são condenadas pela bíblia.

 

A notícia é da Lusa e publicada pela SIC.

 

"O Sumo Pontífice, que se dirigia a professores, alunos e funcionários do Pontifício Instituto Bíblico, por ocasião do centésimo aniversário da sua fundação, referiu que nestes últimos cem anos aumentou o interesse pela Bíblia. 

Graças ao Concílio Vaticano II e à Constituição Dogmática Dei Verbum, em cuja elaboração participou, a importância da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja tem sido mais compreendida, disse. 

A Dei Verbum, acrescentou, veio sublinhar a legitimidade e a necessidade do método histórico-crítico na análise da Bíblia, reconhecendo três eixos essenciais: "a atenção aos géneros literários, o estudo do contexto histórico e o exame do que habitualmente se designa por Sitz im Leben (contexto vital)".

As declarações de Bento XVI surgem uma semana depois da controvérsia em Portugal em torno de declarações do escritor José Saramago, a propósito do lançamento do seu mais recente livro "Caim", nas quais o Nobel da Literatura português classificou a Bíblia como um "manual de maus costumes". 

Nas várias reacções a estas declarações foi sublinhado que Saramago fez uma leitura literal de parte do Antigo Testamento, esquecendo que a Bíblia é formada por dezenas de livros. 

Lusa


Fonte: http://sic.sapo.pt/online/noticias/vida/Papa+diz+que+Biblia+deve+ser+entendida+como+um+todo.htm


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publicado por Riacho, em 15.09.09 às 15:03link do post | favorito

Olá

 

Sobre este tema o simpático Tiago sugere um vídeo sobre o assunto que postamos de seguida, e do qual encontramos uma versão com legendas em português.

 

 

Abraço


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