ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 27.10.15 às 20:46link do post | favorito

A Rede Global de Católicos do Arco-Íris (1) comenta o Relatório Final do Sínodo dos Bispos de 2015 sobre A Vocação e a Missão da Família na Igreja e no Mundo Contemporâneo.

A tradução é de Lula Ramires, do Grupo de Ação Pastoral da Diversidade de São Paulo. O texto nos foi remetido porFrancis McDonagh.

Eis o texto.

Reconhecemos que a apresentação pelos Bispos aos Papa Francisco não é mais do que um passo no processo do Sínodo e aguardará uma resposta e reflexão mais abrangentes por parte dele da maneira que ele irá determinar.

Sentimo-nos encorajados pelo Discurso de Encerramento do Papa ao Sínodo, sobretudo pelos seus comentários de que "também se tratava de se por a nu aqueles corações fechados, que frequentemente se escondem por detrás dos ensinamentos da Igreja ou das boas intenções, a fim de sentar-se na cadeira de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, situações difíceis e famílias feridas... Tratava-se de tentar abrir horizontes mais amplos, colocar-se acima das teorias conspiratórias e pontos de vista cegos e inflexíveis, para defender e estender a liberdade dos filhos de Deus e para transmitir a beleza da Boa Nova cristã, por vezes incrustadas numa linguagem que é arcaica ou simplesmente incompreensível."

É claro que os Bispos não conseguiram chegar a um consenso mais positivo quanto à inadequação da terminologia utilizada anteriormente para descrever as variações da orientação sexual. Contudo, notamos nitidamente no Relatório Final do Sínodo (Parágrafo 76) o início de uma nova era de cuidado pastoral inclusivo para e com as pessoas LGBT, e suas família, algo que se espera será implementado pelas Dioceses no mundo inteiro. Uma vez que é explicitamente mencionado que `se deve dar atenção específica às famílias que tenham um membro com tendências homossexuais', não há, portanto, mais qualquer razão para não se incluir os próprios casais do mesmo sexo, bem como os filhos e filhas de pais ou mães do mesmo sexo neste enfoque pastoral.

Lamentamos que tenha ficado subentendido que o interesse maior de uma criança, em situação de adoção, necessariamente exige que a mesma seja criada por casais de sexos opostos. Tal afirmação está em franca contradição com consideráveis pesquisas nas ciências sociais e rebaixa a generosidade de casais de lésbicas e gays, bem a de pais e mães solteiros, no cuidado de crianças indesejadas (Parágrafo 65).

Também é infeliz que o Relatório Final conceda grande credibilidade ao termo 'ideologia de gênero', criado até mesmo sem qualquer comprovação científica, por pessoas que buscam uma desculpa para não ouvir e responder pastoralmente às realidades das vidas de LGBTs, bem como de seus pais e familiares (Parágrafo 8).

Rejeitamos firmemente a acusação sem base de que o socorro financeiro a países pobres esteja condicionado à introdução de leis que instituam o casamento entre pessoas do mesmo sexo (Parágrafo 76) e estamos alarmados com a não rejeição da criminalização, tortura e pena de morte infligida às pessoas LGBT em muitos países.

Embora o Sínodo de 2015 não tenha conseguido produzir uma declaração mais sólida quanto à aceitação de LGBTs, valorizamos os pedidos de desculpas ocorridos durante o encontro. Havia frases que se desculpavam pela linguagem anterior que era imprecisa e nociva ao se dirigir às pessoas LGBT e seus pais juntamente com um desejo de prosseguir com um estudo e reflexão mais intensivos sobre as realidades dos relacionamentos de casais do mesmo sexo e sua vida familiar. Foi aberta uma porta para uma escuta mais atenta e sensível às questões LGBT na Igreja através dos processos sinodais de 2014-2015 as quais, apesar da oposição, não pode mais ser fechada.

Nota:

1.- Uma rede internacional de 13 organizações de/com Católicos LGBT Catholics reuniu-se pela primeira vez durante o Sínodo de 2014 em Roma. Foi substituída pela Rede Global de Católicos do Arco-Íris (RGCAI) que foi formalmente lançada em sua Assembleia de Fundação, de 1 a 4 de outubro de 2015, com representantes de 30 países de todos os continentes.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/548329-quma-nova-era-de-cuidado-pastoral-inclusive-as-pessoas-lgbt-vai-se-iniciar-apos-o-sinodoq-afirma-rede-global-de-catolicos-do-arco-iris


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publicado por Riacho, em 05.10.15 às 20:25link do post | favorito

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Um padre polonês, Krysztof Olaf Charamsa, membro da Congregação para a Doutrina da Fé, revelou sua homossexualidade neste sábado, 03-10-2015,  nos jornais, um dia antes do Sínodo sobre a família, para sacudir a uma Igreja ‘paranoica’ sobre este tema.

O padre nasceu em Gdymia, Polônia, e tem 43 anos. Ele reconhece que tem um parceiro. “Sei que terei que renunciar ao meu ministério, ainda que é toda minha vida”, afirma em entrevista concedida ao jornal Corriere della Sera.

Sei que a Igreja me verá como alguém que não soube cumprir com o seu dever (de castidade), que se extraviou e, como se não fosse pouco, não como uma mulher, mas com um homem”, exclama.
Mas “não faço isto para viver com meu parceiro. Faço-o por mim, por minha comunidade, para a Igreja. É uma decisão muito mais profunda que nasce da minha reflexão sobre o que prega a Igreja”.

Sobre o tema da homossexualidade, “a Igreja está atrasada em relação aos conhecimentos que alcançou a humanidade”, opina, e assegura que “não se pode esperar por outros 50 anos”.

“Está na hora da Igreja abrir os olhos frente aos homossexuais crentes e entenda que a solução que propõe, ou seja, a abstinência total e uma vida sem amor, não é humana”, declara.

“O clero é amplamente homossexual e também, infelizmente, homófobo até a paranoia, porque está paralisado pela falta de aceitação para sua própria orientação sexual”, acrescenta na edição polaca da revista Newsweek.

“Desperta, Igreja, deixa de perseguir os inocentes. Não quero destruir a Igreja, quero ajuda-la e, sobretudo, quero ajudar a quem ela persegue. Minha saída do armário deve ser um chamado ao sínodo para que a Igreja cesse suas ações paranoicas contra as minorias sexuais”, afirma.

“Gostaria de dizer ao sínodo que o amor homossexual é um amor familiar, que necessita da família. Todos, incluídos os gays, as lésbicas e os transexuais, levam no coração um desejo de amor e de família”, disse ao jornal italiano, numa mensagem dirigida aos 360 participantes do sínodo que se reunirá a partir do domingo, 04-10-2015, no Vaticano.

O padre polaco confessa que sempre se sentiu homossexual mas que, no princípio, não o aceitava e repetia o que a Igreja impunha, “o princípio segundo o qual ‘a homossexualidade não existe’”.
 Depois de conhecer o seu parceiro, teve “o sentimento de se converter num padre melhor, de fazer homilias melhores, de ajudar melhor os outros e de ser cada vez mais feliz”, narra para a revista Newsweek.

Ao tomar conhecimento das suas declarações, o porta-voz do Vaticano, segundo nota divulgada pela Sala de Imprensa do Vaticano, afirmou na manhã de hoje:

“Acerca das declarações e entrevistas concedidas por Mons. Krzystof Charamsa cabe assinalar que  - apesar do respeito que merecem os fatos e as circunstâncias pessoais e as reflexões sobre elas – a decisão de declarar algo tão clamoroso na véspera da abertura do Sínodo resulta muito grave e não responsável, já que aponta na direção de submeter a Assembleia sinodal a uma pressão midiática injustificada. Certamente Mons. Charamsa não poderá mais desempenhar as tarefas precedentes na Congregação para a Doutrina da Fé e nas universidades pontifícias, enquanto que outros aspectos da sua situação competem ao seu Ordinário diocesano”.

Charamsa trabalha na Congregação para a Doutrina da Fé desde 2003,  é secretário adjunto da Comissão Teológica Internacional do Vaticano e leciona teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana e no Pontifício Ateneu Regina Apostolorum, em Roma.

Nunca até hoje, segundo o jornal Corriere della Sera, um religioso com uma função tão ativa no Vaticano tinha feito uma declaração do gênero.

Hoje Charamsa participa em Roma da primeira assembleia internacional dos católicos LGBT organizada por Global Network of Rainbow Catholics, na véspera do Sínodo sobre a família, na busca de aprofundar o diálogo com os gays católicos.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/547604-um-teologo-do-vaticano-revela-sou-gay

 


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