ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 29.06.11 às 19:47link do post | favorito

Para viver bem e verdadeiramente em andamento, Jean-Michel Dunand escolheu escrever e contar o seu itinerário, que resultou no livro De la honte à la lumière. (Presses de la Renaissance). Atualmente, animador de pastoral em um grande liceu católico de Montpellier, passou “da vergonha à luz”...

A entrevista é de Elisabeth Marshall e está publicada no sítio da revista francesa La Vie, 31-05-2011. A tradução é do Cepat.

Eis a entrevista.

Desde muito cedo você sentiu que não era “semelhante aos outros”. Quando e como você descobriu sua homossexualidade?

Desde quando possa me lembrar eu era sensível ao corpo dos homens. Quando eu tinha seis anos, indo com meus pais para a festa popular, eu descobri que a beleza dos corpos masculinos me fascinava. Eu realmente não entendia e pensava que era o único no mundo a fazer esta experiência. Na minha pequena cidade de Albertville, na Sabóia, eu não tinha nenhum modelo homossexual com quem me identificar. Em almoços de família, às vezes se fazia menção a um primo, com mais de dez anos, exilado em outra cidade e que, segundo eles, tinha “costumes estranhos”, mas eu não sabia que ele e eu compartilhávamos talvez a mesma experiência.

Não se escolhe, você escreve, ser homossexual, assim como não se escolhe ser heterossexual. Isso não está no domínio da liberdade?

Levei um tempo para perceber que eu não tinha feito uma escolha, que eu não podia mudar. Minha homossexualidade se impôs a mim da mesma maneira que a minha estatura ou o meu porte físico. Eu nunca fui afeminado, refinado, mas quando eu jogava, era natural que eu exibisse os trejeitos de uma garota. Atraído pela vida religiosa, eu me imaginava como carmelita seguindo os passos de Teresa. Eu pensava: "Se fosse uma mulher, entraria na ordem." Não estou dizendo que a homossexualidade é inata, mas que ela se inscreve na singularidade de uma história. No entanto, nas mentes e nas igrejas, ainda perdura a ideia de que se pode mudar, de que é uma questão de vontade... Mas quem se exporia voluntariamente à diferença?

É com a escola, como adolescente, que o olhar dos outros começou a pesar.

Eu não disse nada, mas os outros meninos perceberam porque eu não gostava de esportes, futebol, jogos violentos. Eu sempre escondi, com medo de ser descoberto. Mais tarde, muitas vezes pensei que, se nos reconhecemos entre homossexuais é porque podemos ler no olhar do outro esta fadiga de perpetuamente ter que esconder quem se é. E depois houve aquele dia, na quinta, quando cheguei atrasado, eu tive que passar diante de toda a fila e enfrentar os insultos, “bicha”, “marica”... Eu fiz a experiência da vergonha, aquela que joga você vivo em um túmulo.

E depois, outro apelo, o da vida religiosa...

Sim, aos 8-9 anos, eu fui como que tomado por Cristo, eu chorei na Paixão de Jesus, lendo uma vida de santo oferecida por uma catequista. Mais tarde, aos 14 anos, sozinho na Abadia de Tamié, eu experimentei uma presença de amor, uma profunda paz. Eu guardei secretamente este encontro no meu coração e, ao mesmo tempo, eu me construí um personagem, aquele do perfeito cristão, futuro sacerdote que servia a missa, tinha a confiança do padre e ostentava uma grande cruz de madeira bem visível. Era mais fácil ser o aprendiz de santo do que o pequeno homem. Eu preferia que rissem da minha fé do que da minha homossexualidade. Eu levantei, com a religião, uma muralha ao redor de mim para me proteger do olhar dos outros e, principalmente, de mim mesmo, das minhas próprias divagações...

Estas são as páginas mais terríveis de seu livro. Você conta como, aos 14 anos, em Lourdes, você aceita as carícias de um estranho. A sexualidade sem o amor, você diz...

Naquele dia, o chão se abriu sob os meus pés. Senti-me indecente, mas também descobri que fui atraído. Entre 18 e 25 anos, eu vivi um verdadeiro aquartelamento, uma vida dupla, eu era o Dr. Jekyll e o Sr. Hyde. De um lado, no convento das carmelitas, nos grupos de oração e de evangelização, depois no seminário durante alguns anos, eu me apresentei como um modelo de fé, vestido de branco com um manto preto, sandálias nos pés... Do outro, eu me encontrei com homens às escondidas. Recusei-me a me instalar em qualquer relacionamento. Eu pensei que era menos grave, que era a minha única fragilidade e que à base de oração, de confissão, de vida sacramental, eu sairia dessa situação. As poucas vezes que eu me confessei, me falaram de “desvio”. Que me curaria pela oração de libertação. Nesse período, só Cristo não me abandonou.

O que você queria ouvir neste momento?

Olhando para trás, aos 46 anos, eu gostaria de ter sido compreendido em profundidade. Que me levasse de volta à realidade para não mais fugir, mas descobrir a minha humanidade mais profunda, minha afetividade, minha sexualidade, em vez de enterrar tudo sob uma pseudo-espiritualidade. Após ter ouvido muito, constato que não é incomum que as pessoas homossexuais comecem suas relações em ambientes sórdidos. Talvez porque seja proibido viver o amor e a ternura à luz do dia.

O que ajudou você?

Tentaram me curar, me exorcizar de qualquer maneira, queriam me internar para fazer uma sessão de regressão. Eu estava ficando cada vez pior, pensei em suicídio. E eu disse para mim mesmo "basta!". Foi a amizade que me ajudou. A de Patrick, um amigo que me abriu um outro caminho. Comecei a trabalhar como agente de um hospital que me permitiu retomar uma vida normal, uma apreciação adequada de mim mesmo e viver mais verdadeiramente a minha homossexualidade. Eu também encontrei o amor e agora vivo uma relação estável que já dura 20 anos. Finalmente, as pessoas confiam em mim. Sou animador de pastoral em uma escola católica há quase 16 anos graças à confiança que tive, com todo o conhecimento de causa, de um diretor de escola.

O que você está pedindo à Igreja hoje?

Eu não reivindico nada, exceto o direito de viver sem ser amputado de uma parte perdida de mim mesmo. Como católico, eu quero poder viver a minha fé e o desenvolvimento da minha sexualidade e da minha ternura partilhadas com alguém do mesmo sexo. Eu não sou um ativista que lança a bandeira da causa gay. Mas eu não posso aderir a estas certezas segundo as quais "a homossexualidade é contra a natureza e fora do plano de Deus". Isto leva a um impasse. Se eu reivindico algo é uma mudança e uma humildade do olhar. Com as pessoas “homossensíveis” – prefiro falar assim, pois não nos reduz à sexualidade – estamos muitas vezes diante de percursos fraturados, de vidas acidentadas. Mas também de verdadeiras sensibilidades em relação à beleza, à arte, à espiritualidade. Veja o número de homossexuais entre os grandes artistas, designers de moda... Estes são, em todos os casos, vidas singulares que não se pode julgar sem conhecer, nem vasculhar sua intimidade. Diante da mulher adúltera do Evangelho, o que Jesus faz? Ele não a questiona, mas afasta os olhos, inclinando-se ao chão para escrever; ele afasta também os acusadores, pois todos vão se retirando na medida em que ele os faz perceber seu próprio pecado. Não encerremos as pessoas em nossas normas e em nossos olhares inflexíveis.

Você criou, em 2000, em conjunto com mosteiros, a Comunhão Betânia, a serviço de pessoas homossensíveis e transgêneros.

Sim, é uma comunhão contemplativa. Nós nos encontramos duas vezes por ano para um retiro num mosteiro, às vezes na Abadia de Tamié. Mas nós estamos, diariamente, em união de oração através de um pequeno ofício composto de salmos, das bem-aventuranças e de uma oração de intercessão, como uma ponte entre nós. Além do círculo de amigos engajados, há amigos que rezam todas as quintas-feiras em nossa intenção, pais de filhos homossexuais, contemplativos como o carmelo de Mazille, inclusive bispos que se juntam a nós nesta fraternidade espiritual. Nosso objetivo é mudar os olhares, propor também gestos simbólicos como, por exemplo, durante eventos do orgulho gay, propondo uma oração nas igrejas para erguer espiritualmente o caminho das pessoas homossensíveis. Eu acredito que a evolução dos cristãos em relação aos homossexuais se fará pela oração. A militância assusta, os monges não! Ao convidar para a oração, nós convidamos pacificamente a acolher este olhar de Cristo que desloca. A Igreja precisa, em relação a essa questão, de uma cura de silêncio. Eu não peço que reconheça a homossexualidade no mesmo nível da heterossexualidade, mas que olhe as pessoas e proporcione instâncias de encontro e de escuta.

Que mensagem gostaria de deixar aos cristãos?

Antes de arriscar uma palavra, ter tempo para ouvir as pessoas homossexuais. Antes de discutir sobre ideias, conhecer vidas. Foi poder falar e ser ouvido que, pessoalmente, me salvou. No meu trabalho eu sou discreto sobre a minha vida pessoal, mas eu sei que eu tenho a confiança do meu bispo, do meu diretor diocesano, do meu diretor da escola, eu sou franco com eles. Foi Freud quem disse: “Quando alguém fala, é dia!” É talvez justamente por que faça dia que eu escrevi e publiquei este livro.

Para ler mais:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=44785


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publicado por Riacho, em 27.06.11 às 19:04link do post | favorito
27/6/2011
 
O Vaticano e os casamento gays de Nova York
 

A história prossegue. A Igreja Católica permanece imóvel. Ciro e Guido, juntos há sete anos, receberam nesta manhã a bênção do pastor Giuseppe Platone no templo valdense de Milão. Não é um casamento, mas é o reconhecimento, por parte da mais antiga confissão protestante italiana, de que a sua união e o seu compromisso de amor merece ser acompanhado pela comunidade religiosa.

A reportagem é de Marco Politi, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 26-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Andrew Cuomo, o governador ítalo-americano do Estado de Nova York, católico declarado, festeja há 48 horas a vitória trazida pela aprovação dos casamentos gays. Sexta-feira à noite, com 33 votos contra 29, o Senado do Estado de Nova York aprovou a lei que autoriza o matrimônio dos casais do mesmo sexo, apesar da oposição extenuante do arcebispo da cidade, Timothy Michael Dolan, que também é presidente da Conferência Episcopal norte-americana.

Devido ao choque, o L'Osservatore Romano, relatando a notícia, escreveu o nome do arcebispo ao contrário: "Donal". Nova York é o sexto Estado norte-americano que reconhece o matrimônio gay e é um campo politicamente importante – não só pelas características da cidade, mas também pela presença de um compacto eleitorado católicos de origens italianas, polonesas e irlandesas.

E a Igreja Católica na Itália continua negando a possibilidade de que se aprove uma lei sobre os casais de fato hetero e homossexuais. É compreensível que, com base na sua tradição, a hierarquia católica entenda o matrimônio como a fundação de uma família, em que homem e mulher dão vida a uma prole.

Incompreensível e inaceitável é que o Vaticano continue pretendendo impor um veto à legislação civil. Do outro lado do Tibre, já se sabe, a doutrina dos "princípios inegociáveis", aprovada no Santo Ofício pelo então cardeal Ratzinger no final de 2002, tornou-se uma Bíblia. Pretender-se-ia impor que governantes e parlamentares nunca façam uso – laicamente e no respeito ao pluralismo social – da legítima autonomia do político, quando se trata de matérias que o magistério vaticano declarou como irrenunciáveis: divórcio, aborto, uniões civis, testamento biológico (e – veja bem – financiamento para as escolas católicas).

Mas a História se vinga quando uma posição se fossiliza. O muro ratzingeriano está desmoronando ano após ano. Justamente nos países catolicíssimos. Em abril de 2007, o Distrito Federal do México descriminalizou o aborto. Em 2009, o mesmo distrito legalizou os matrimônios gays. Em maio de 2010, o presidente de Portugal ratificou uma lei sobre os matrimônios gays, e o mesmo ocorreu dois meses depois na Argentina. Finalmente, no dia 29 de maio passado, em Malta, os cidadãos também introduziram o divórcio por referendo. Embora durante a sua visita em 2010 Bento XVI tenha instado os jovens malteses a se orgulharem porque seu próprio país rejeitava uma norma desse tipo.

É hora que os parlamentares italianos tomem coragem novamente e ponham as mãos sobre uma legislação que dê dignidade civil e garantias para os casais do mesmo sexo. A sociedade italiana está muito mais à frente. Dez anos depois do Gay-Pride do ano 2000, que desencadeou trovões e relâmpagos do Vaticano e revelou alguma covardia cultural também na centro-esquerda, a grande marcha se repetiu este ano em Roma com o apoio público de um prefeito de direita como Gianni Alemanno. É a força das coisas. É a força de uma ideia normal de civilização. Mas, se a classe política continuar em silêncio, então caberá à sociedade civil se mexer. Não se obtém nada de graça.

Para ler mais:

Fonte - http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=44731


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publicado por Riacho, em 26.06.11 às 23:19link do post | favorito

NOVA YORK — Milhares de pessoas participaram neste domingo em Manhattan de uma eufórica e emocionante Parada do Orgulho Gay, que serviu para comemorar a histórica lei do casamento homossexual aprovada há apenas dois dias pelo Senado de Nova York.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, participou da marcha, que saiu da 5ª Avenida e seguiu até Greenwich Village. O democrata foi um dos grandes defensores da lei e foi ovacionado durante toda a parada.

"Obrigado Governador Cuomo. Promessa mantida", traziam cartazes levantados por centenas de ativistas que acompanharam o desfile atrás de uma cerca colocada pela polícia.

Cuomo, que usava uma pequena bandeira arco-íris na lapela, estava acompanhado de sua noiva, a famosa chef e apresentadora de televisão Sandra Lee, e do prefeito de Nova York, o conservador Michael Bloomberg.

A parada foi aberta oficialmente, como ocorre há 25 anos, por um grupo de motociclistas formado apenas por lésbicas.

"Estou feliz! Estou muito feliz pela lei, é um dia maravilhoso!", comemorou Amanda Pears, 44 anos, gerente de uma empresa e que esperava com sua moto para abrir o desfile.

"Temos que nos manter em movimento em todo o mundo para garantir que a causa seguirá avançando e não tenhamos retrocessos", acrescentou Pears, que levava na garupa sua companheira. A moça não parava de gritar e compartilhava sua alegria com a multidão.

Após as motociclistas, vinham Cuomo e os "padrinhos" da parada, entre eles o reverendo Pat Bumgardner, da Igreja da Comunidade Metropolitana, pioneiro na defesa dos direitos civis dos homossexuais.

Nova York se tornou na sexta-feira o sexto estado norte-americano a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, após uma histórica votação no Senado que pôs fim à difíceis negociações.

No sábado, milhares de pessoas comemoraram em várias cidades latino-americanas o Dia do Orgulho Gay, exigindo nas ruas a ampliação dos seus direitos.

A marcha gay começou em Nova York em 1970, em celebração ao primeiro aniversário da revolta de Stonewall Inn, ocorrida no bairro de Greenwich Village. Na ocasião, os homossexuais travaram seu primeiro embate na luta pela igualdade dos direitos civis nos Estados Unidos.


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publicado por Riacho, em 21.06.11 às 01:16link do post | favorito

Um jovem de porte atlético despe-se sensualmente numa praia deserta e mergulha nu em águas translúcidas, num momento de puro prazer. Este podia ser o início de um filme erótico, mas não: é a nova promoção da Comissão Europeia, que incentiva à utilização do Cartão Europeu de Seguro de Saúde.

No vídeo, o jovem apanha banhos de sol todo nu à beira-mar, quando é mordido no pénis por uma medusa. Conclusão: "Espere o inesperado", relembra a Comissão Europeia.

"Portanto, se vais de férias, em viagem de negócios, tirar uns dias para descansar ou estudar no estrangeiro, não te esqueças de obter um Cartão Europeu de Seguro de Doença", lê-se no site da Comissão.

Este serviço facilita o acesso aos cuidados de saúde do setor público aos cidadãos dos 27 Estados-Membros da União Europeia - incluindo Islândia, Noruega e Suíça - que estejam em visitas temporárias no estrangeiro.

Já tens o teu?

 


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publicado por Riacho, em 18.06.11 às 20:20link do post | favorito

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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publicado por Riacho, em 16.06.11 às 21:31link do post | favorito

Lanna Holder, a ex-lésbica, ex-drogada e ex-alcoólotra pregadora evangélica, era a prova cabal do poder curador de Deus na vida dos que nele creem. Pois foi só se converter ao evangelho, e Lanna, então com 20 anos, deixou para trás um pelotão de namoradas suspirantes e as noitadas movidas a cocaína e hectolitros de
álcool, consumidos diariamente.

"Centenas de ministérios disputavam "a tapas" a presença da carismática Lanna em seus púlpitos. Em pouco tempo, ela se transformou em uma espécie de "avatar da sorte" para quem quisesse manter sua congregação lotada", escreve um pastor, a respeito da hoje desafeta.

A reportagem é de Laura Capriglione e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 16-06-2011.

Lanna subia ao altar e contava com voz de contralto como o milagre ocorrera em sua vida "dissoluta". A apoteose era quando apresentava o maridão emocionado e o filho. O templo vinha abaixo.

Dezesseis anos depois da conversão, a campeã da fé, agora com 36 anos, acaba de abrir uma nova igreja evangélica em São Paulo, a Comunidade Cidade de Refúgio, no centro de São Paulo.

Surpresa: em vez dos testemunhos de como se curou da "praga gay", Lanna Holder rendeu-se à homossexualidade. Ela tem até uma companheira na empreitada, a pastora e cantora gospel Rosania Rocha, 38.

As duas estão juntas há cinco anos, desde que largaram os maridos e oficializaram seus divórcios. No tempo em que era o troféu da fé, Lanna lidou com o que hoje chama de "culpa extrema". "Eu pregava o que desejava que acontecesse comigo", diz.

Para evitar reincidir, mortificou a carne com jejuns e subidas e descidas de montes, em uma espécie de cooper - para cansar mesmo.

Participou de "campanhas de libertação" todas as quartas-feiras, incluindo rituais de quebra de maldição e cura interior. Por fim, submeteu-se a sessões de "regressão ao útero materno", nos moldes preconizados no início do século XX pelo terapeuta Otto Rank (1884-1939). "Não deu certo", ela diz.

Chamada para pregar em Boston, nos EUA, bastou encontrar os olhos claros da mineira Rosania para todo o "trabalho" naufragar. Rosania também se apaixonou.

Elas pediram ajuda aos pastores, oraram muito para evitar. Ficaram quase um ano sem se ver. Mas não deu.

Depois de um acidente de carro que lhe deslocou da bacia o fêmur direito, esmagou-lhe o pulmão, causou trauma cardíaco, fratura em quatro costelas e dilaceração do fígado - hoje, uma grossa cicatriz de 0,6 metro de comprimento cruza todo o tronco de Lanna -, as duas resolveram, enfim, viver juntas.

Sobre os pastores que as acusam de criarem um lugar de culto a Satanás, uma filial de Sodoma e Gomorra, as duas líderes religiosas dizem apenas: "A nossa igreja é de Cristo, não é de lésbicas ou gays. Mas queremos deixar claro que somos um refúgio, acolhemos todos os machucados e feridos, todos os que foram escorraçados pela intolerância".

No primeiro dia, a nova igreja juntou 300 pessoas.

COMUNIDADE CIDADE DE REFÚGIO
ONDE Avenida São João, 1.600, Santa Cecília
QUANDO Quartas, sextas e sábados, às 20h. Domingo, às 18h

 

Fonte - http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=44358


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publicado por Riacho, em 13.06.11 às 19:33link do post | favorito
11/6/2011
 
Gays cristãos escrevem ao Papa: ''Denuncie a homofobia''
 

Gays cristãos escrevem ao Papa: "Santo Padre, apelamos ao senhor para pedir uma condenação dos atos de violência contra Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros e pedimos a colaboração de Vossa Santidade para a descriminalização dos atos homossexuais em nível mundial". Para os grupos cristãos homossexuais, que participam da Europride, é importante que a Santa Sé apoie o apelo da ONU aos Estados do mundo para reconhecer que a orientação sexual não pode ser motivo de condenações penais, prisões e execuções.

A reportagem é de Marco Politi, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 09-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

É uma carta escrita com tom pacato. "Episódios de violência, torturas e assassinatos contra as pessoas LGBT são verificados frequentemente em diversas partes do mundo, e quem as põe em prática está muitas vezes convicto de sua conformidade à vontade da Igreja Católica. [...] Apelamos à Vossa Santidade para que sejam fornecidas a todos os cristãos informações claras a respeito das passagens da Bíblia que são usadas para justificar esses atos aberrantes. [...] Os versículos que apoiam o assassinato de pessoas que praticam atividades sexuais com pessoas do mesmo sexo não devem ser interpretadas literalmente".

No dia 10 de junho, uma delegação do Fórum Europeu de Grupos Cristãos LGBT vão se dirigir ao Vaticano para entregar a carta endereçada a Bento XVI, na representação de 44 associações homossexuais cristãs. As associações de católicos, protestantes, anglicanos e de outras confissões cristãs vêm de 22 países. Da Armênia à Grã-Bretanha, da Espanha à Rússia, da Suécia à Malta. É interessante a formação de grupos cristãos LGBT nos países da ex-União Soviética, com uma forte presença ortodoxa.

A carta ao papa contém também o pedido de que a Igreja Católica abandone todo tipo de pressão em favor das chamadas "terapias", que deveriam curar a homossexualidade. São experiências às quais certos pais são induzidos e que têm causado graves danos psicológicos em jovens que a elas se submeteram.

O próprio jornal dos bispos italianos, Avvenire, afirmava claramente, em um recente fascículo sobre o tema, que a homossexualidade não deve ser considerada como uma doença a ser tratada. "Como a ciência demonstrou que a homossexualidade é uma variante da sexualidade, apelamos para que essa evidência científica seja incluída nos ensinamentos da Igreja".

O fórum exige, por fim, que Bento XVI "reconsidere a posição da Igreja sobre as relações entre pessoas tanto do mesmo sexo, quanto transexuais, apoiando também a aceitação e a bênção dessas relações no interior da Igreja". Na Itália, o problema é particularmente grave por causa do veto eclesiástico a uma lei sobre as uniões de fato.

A Fare Italia Mag, a associação que está relacionada a Adolfo Urso, julga como "vergonhoso" que o parlamento não aborde um problema que "diz respeito a alguns milhões de pessoas". A esperança é que se deem passos para a frente.

Para a Europride está em curso uma mobilização em massa. Entre militantes e simpatizantes de todas as orientações culturais, prevê-se uma participação maciça. Neste sábado, a marcha da EuroPride vai ir da Piazza dei Cinquecento ao Circo Máximo, e à noite, às 21h, ocorrerá o show de Lady Gaga. No Europride Village, da Praça Vittorio Emanuele, também será realizado um debate sobre "Judaísmo e homofobia".

Nesta sexta-feira, os católicos do fórum organizaram uma conferência sobre a relação entre as Igrejas e os gays na Europa. Participarão o teólogo John McNeil, fundador da célebre associação Dignity, nos Estados Unidos, junto com Franco Barbero. Durante o debate, serão dados testemunhos de como se configura, nas comunidades eclesiais de diversos países, a aceitação da realidade homossexual.

Entre as diversas experiências de um processo de aceitação da realidade gay por parte da hierarquia eclesiástica, será mostrada a história das "missas de Soho", organizadas pelo Catholic Caucus of the Lesbian & Gay Christian Movement e celebradas desde 2007 – com o pleno consentimento do arcebispado católico – na Igreja da Assunção, em Warwick Street, Nova York. Não é uma "missa gay"; é um ritual aberto a todos, celebrado no primeiro e no terceiro domingos do mês.

O novo arcebispo católico de Londres, Dom Vincent Nichols – relata Martin Pendergast, que participará da conferência nesta sexta-feira – tem resistido às pressões dos católicos conservadores para acabar com a experiência.

Além disso, em uma ocasião pública, ele declarou: "É claro que existe uma relação entre procriação e sexualidade humana. Agora, como partir desse princípio, sem perdê-lo, e ter um diálogo aberto e contínuo com aqueles que dizem 'essa não é a minha experiência'? Como unir os princípios escritos no amplo livro da natureza com as experiências individuais? É essa a área (o problema) ao qual devemos ser sensíveis e abertos, e que é preciso querer explorar sinceramente".

Se essa fosse também a linguagem da hierarquia eclesiástica em Roma, os fiéis gays italianos talvez organizariam uma novena.

Para ler mais:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=44199


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