ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 29.12.09 às 22:38link do post | favorito
"A orientação sexual não é imutável e existe espaço para a intervenção de psiquiatras no sentido da sua clarificação, lê-se no parecer técnico aprovado hoje pela Ordem dos Médicos (OM), que pretende pôr fim a uma polémica que começou em Maio.

PÚBLICO (arquivo)

"Um tratamento da homossexualidade implicaria a violação de direitos humanos”, advoga o parecer


 

Tudo começou com declarações ao PÚBLICO do presidente do colégio da especialidade de psiquiatria da OM, João Marques Teixeira. O médico defendeu, na altura, que nalguns casos pode ser possível dar resposta a alguém que sente atracção por pessoas do mesmo sexo e pede ajuda para ser diferente. “Se um indivíduo tiver uma homossexualidade primária (isto é, com um cunho biológico muito marcado, traduzido em tendências homossexuais desde muito novo e tendo tido sempre este tipo de orientação ao longo da vida)”, a ajuda “será no sentido de o ajudar a aceitar-se como é.” Já “se for uma homossexualidade secundária”, então há a possibilidade “de se reenquadrar a identidade de género”.

Mais de duas dezenas de associações, como a Médicos pela Escolha e a Panteras Rosa, indignaram-se com esta posição. A homossexualidade deixou de ser considerada doença em 1973, lembrou o psiquiatra Daniel Sampaio, que, com outro colega, lançou na Internet uma petição na qual recorda que a Associação Americana de Psiquiatria reprova qualquer intervenção a este nível. O documento recebeu centenas de assinaturas.

O parecer agora aprovado prova “que foi muito útil ter organizado a petição, pois permitiu este esclarecimento que deixa implícita uma crítica às declarações anteriores de psiquiatras que defenderam terapias de reconversão”, disse Daniel Sampaio ontem ao PÚBLICO.

Para o professor catedrático de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Lisboa, quando João Marques Teixeira se referiu a uma homossexualidade com “cunho biológico” estava implícito que a entendia como “uma doença”, “um conceito que surge como errado à luz do próprio parecer”, donde se conclui que não há indicação para tratamentos “de reconversão”. “O dr. Marques Teixeira disse o contrário do que aqui está.”

O doente que queira mudar deve ser informado “de que não existe evidência científica que suporte uma intervenção que resulte na completa mudança de orientação sexual”, continua o documento. O parecer foi pedido pelo bastonário da OM ao próprio colégio da especialidade de psiquiatria e foi ontem aprovado pelo conselho nacional executivo da Ordem, constituído pelo bastonário e nove médicos dos conselhos regionais. Passa assim a ser a posição técnica oficial que deve servir de orientação aos médicos portugueses.

Momentos de indefinição

“Ainda ontem recebi uma queixa de um rapaz de 21 anos que foi obrigado pelos pais a ir uma psicóloga homofóbica, depois de ter dito aos pais que era homossexual”, conta António Serzedelo, presidente da organização Opus Gay. O activista concorda que existe espaço de intervenção dos médicos que agem “de forma correcta, e que sabem enquadrar a situação em termos humanos e culturais”, mas que recebe regularmente queixas de homossexuais que são acompanhados por médicos que tentam “torcer personalidades”.

Pedro Afonso, psiquiatra do Hospital Júlio de Matos, diz que são sobretudo adolescentes e jovens adultos que lhe batem à porta em busca de ajuda. “Pode haver momentos de ambiguidade em que o jovem, afinal, chega à conclusão de que não é homossexual. Há momentos de indefinição.” E é aqui que o psiquiatra pode ajudar “a clarificar a orientação sexual”.

O parecer refere que é na adolescência que muitas vezes se concentram “incertezas sobre identidade de género ou orientação sexual”. Pedro Afonso nota que “a homossexualidade não é uma doença mas a sua vivência, para alguns, pode configurar uma doença”. “Eu não trato homossexuais mas acedo a pedidos de clarificação. Não podemos deixar de ajudar as pessoas.”

A mesma opinião tem o psiquiatra António Leuchner, presidente do conselho de administração do Hospital Magalhães Lemos, que diz que “não se deve recusar ajuda, se a pessoa se sente menos bem com uma atracção por pessoas do mesmo sexo”.
 

 

Fonte: http://www.publico.pt/Sociedade/ordem-dos-medicos-recusa-possibilidade-de-tratamento-para-a-homossexualidade_1415718


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publicado por Riacho, em 29.12.09 às 22:15link do post | favorito

A notícia do jornal Sol dá conta do primeiro casamento gay num país católico da América Latina. Até agora ainda não houve notícias de catástrofes sofridas pelas famílias heterossexuais com este casamento civil... 

 

"Alex Freyre e José María Di Bello tornaram-se hoje no primeiro casal homossexual a celebrar um casamento civil na América Latina, a região mais católica do planeta, após longa batalha judicial.

 

Primeiro casamento gay da América Latina une Alex Freyre e José María Di Bello
 
 

«Estamos muito felizes e orgulhosos», afirmou Di Bello por telefone ao canal de televisão Todo Notícias, de Buenos Aires, depois de realizado o casamento num cartório civil em Usuahia, a 3500 quilómetros a sul da capital argentina.

Depois de uma primeira tentativa, a 1 de Dezembro, bloqueada pelo Supremo Tribunal por a lei argentina não prever o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o casamento realizou-se hoje graças a uma autorização especial da governadora da província da Terra do Fogo, Fabiana Ríos."

 

Fonte: http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=158258


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publicado por Riacho, em 28.12.09 às 19:34link do post | favorito

Olá

 

Um nosso assíduo leitor sugeriu-nos a publicação dos dois vídeos do casamento do David Rodrigues e do Ricardo Mealha que se celebrou na discoteca Lux no passado solestício de inverno. As declarações de amor eterno de um ao outro na presença de uma infinidade de amigos e familiares é um exemplo de que os outros tipos de família existem e que o amor também pode unir em casal duas pessoas do mesmo sexo. Exaltamos também o momento de coragem pela divulgação dos videos no youtube. Eles dão força a muita gente que se sente sufocada pelas forças opressoras da sociedade que querem impedir os casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

 

Longa vida e bem vivida aos noivos.

 

Parte 1/2

 

Parte 2/2

 


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publicado por Riacho, em 28.12.09 às 01:16link do post | favorito
"O papa apelou hoje à defesa da família baseada no casamento entre um homem e uma mulher, numa mensagem difundida no encontro das famílias que decorreu em Madrid e onde participaram milhares de pessoas e representantes da Igreja Católica de vários países, incluindo Portugal."

Fonte: http://www.publico.pt/Sociedade/papa-apela-a-familia-formada-por-um-casamento-entre-um-homem-e-uma-mulher_1415420

 

Nós também defendemos a família baseada no casamento entre homem e mulher; aliás, os gays e as lésbicas, numa imensa maioria, nascem de casamentos heterossexuais.

 

O que achamos triste é que o papa se esqueça que já existem muitos outros tipos de famílias entre homens, entre mulheres, entre homens e mulheres que se divorciaram e refizeram novas famílias e até dos muitos que vivem só e que formam família com amigos e comunidades de religiosos. Para estes nem uma palavra de apoio e de conforto. 

 

A notícia vista deste ângulo até parece revelar que a grande preocupação do papa com a família não são os laços de amor que a unem mas a perpetuação no espaço e no tempo da Igreja, aumentando pela reprodução o número de adeptos. A Igreja, se tiver futuro, há-de ser mantida pela força amorosa e unificadora dos diferentes dons do Espírito Santo e não pela vontade do papa ou de qualquer humano.

 

O papa devia preocupar-se não com a forma das famílias mas com a sua substância e sobretudo em reconhecer que também nas outras formas de família o amor de Deus está presente e actuante. 

 

Que o amor de Deus, que se manifesta na diversidade das suas criaturas, possa verdadeiramente interpelar o papa e todas as Igrejas para que a nossa comunhão seja maior e nos possamos reconhecer todos membros da mesma família porque no Deus Pai, todos somos verdadeiramente irmãos.

 

Abraço fraterno

 

Carlos


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publicado por Riacho, em 25.12.09 às 23:27link do post | favorito

 

 

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publicado por Riacho, em 24.12.09 às 01:08link do post | favorito

Um Santo e Feliz Natal

 

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publicado por Riacho, em 20.12.09 às 23:20link do post | favorito

Casamento gay "vence" a Igreja

 

Rui Osório, jornalista e cónego

Governo socialista alega "legitimidade democrática" e confia nos votos do PCP e Bloco de Esquerda para aprovar a sua proposta na Assembleia da República.

Bento XVI não perde uma ocasião para denunciar a "ditadura do relativismo", que "não reconhece nada como definitivo e deixa como medida última apenas o próprio eu e as suas vontades", banalizando princípios e valores. Cita as leis que atentam contra a "sacralidade da vida humana": a licitude do aborto, da eutanásia e das experiências genéticas, e, ainda, as que desrespeitam a dignidade do matrimónio entre homem e mulher.

No dia seguinte, quinta-feira última, àquelas declarações do Papa, a Igreja Católica em Portugal perdia mais uma batalha. Também se poderá dizer que ganhou, porque não é cúmplice com a decisão do Governo português que aprovou, em Conselho de Ministros, a proposta de lei que legaliza o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. A proposta será entregue, até final do mês corrente, na Assembleia da República, para ser discutida em Janeiro. Prevê-se que a aprovação esteja garantida, contando com os votos do PS, do PCP e, se calhar, do Bloco de Esquerda.

Pedro Silva Pereira, porta-voz do Governo, diz que a intenção é acabar com uma "discriminação social", eliminando as barreiras jurídicas que impedem o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, e falou num "grande avanço na sociedade portuguesa". Considerou ainda que o tema foi já "largamente discutido" e que o Governo tem "legitimidade democrática" para legislar sobre a mesma, excluindo a hipótese de um referendo ou de qualquer "perturbação social".

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Morujão, entende que a decisão governamental se deve a uma "certa engenharia ideológica" para reinventar "uma estrutura milenária que deve ser melhorada e actualizada, mas mantida na sua identidade estrutural". Em declarações à "Ecclesia", considera que a decisão do Governo terá "graves consequências", porque "a família fica afectada quando se tomam decisões que alteram a sua estrutura básica", promovendo "um tipo de casamento que não é autêntico e genuíno".

Os bispos já tinham manifestado a sua "rejeição" face aos "projectos para legalizar as uniões entre pessoas homossexuais, concedendo-lhes o estatuto de casamento". Afirmam respeito pelos homossexuais, mas essa compreensão "não pode reverter na desestruturação da célula base da sociedade, que é a família baseada no verdadeiro casamento".

 

Fonte: http://jn.sapo.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=1452524&dossier=Religi%E3o


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publicado por Riacho, em 19.12.09 às 19:20link do post | favorito

Olá

 

Publicamos hoje um artigo do escritor David Soares sobre os complexos da Igreja com a sexualidade humana e no qual se revela que a Igreja já celebrou uniões de homossexuais no passado citando o livro do historiador John Boswell Same-Sex Unions in Premodern Europe. Vale a pena ler como mais um contributo para a reflexão, como os nossos bispos têm pedido.

 

Abraço

terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009

Casamento civil entre dois homossexuais

 
Sou a favor da celebração do casamento civil entre dois adultos do mesmo sexo e considero que se trata de uma questão cuja aprovação é essencial para tornar a nossa sociedade mais justa e tolerante. Discriminar um indivíduo com base na orientação sexual é errado; não só porque discriminar é, sempre, errado, mas porque a sexualidade, enquanto formadora da personalidade, pertence à esfera privada de quem a pratica.

Nem sempre foi assim: até há poucos séculos, era normal os familiares e os amigos acompanharem os noivos nus até ao leito e darem a bênção à consumação do casamento (e, em outras situações, não seria invulgar a existência de uma intromissão menos superficial de amigos e parentes nas vidas sexuais uns dos outros), mas a aproximação que a sexualidade cumpre com o moderno conceito ocidental de liberdade individual é muito importante e, em última análise, aquele que mais interessa para esta exposição de ideias. Penso que será útil discorrer com um pouco de rigor histórico sobre a questão do próprio acto do casamento, enquanto sacramento eclesiástico, para, em seguida, contextualizar a argumentação subsequente.

Para ser o mais breve possível, porque escrever neste formato virtual de apontamentos bloguísticos é hostil à profusão de linhas, e em vez de recuar aos tempos mais primitivos, nos quais o casamento era observado, na maioria das vezes, como sendo um estádio temporário, prefiro avançar de imediato para o período da antiguidade clássica europeia, no qual se encontra a matriz da vulgar cerimónia de casamento que, mais tarde, foi apropriada pela igreja católica.
Na alvorada da idade cristã do Império Romano, o casamento corriqueiro era, mais que um contrato, um encontro privado de vontades entre dois indivíduos; encontro esse que não necessitava de nenhuma bênção eclesiástica, de espécie alguma. Por vezes, a presença do sacerdote podia ser requerida, somente como testemunha, mas, no próprio cânone, não existia nenhum rito especializado para se celebrar um casamento eclesiástico. A presença de uma ou mais testemunhas era desejável para evitar futuras confusões desagradáveis, caso marido e mulher se viessem a desentender, mas nem todos os noivos, em especial os mais confiantes, achavam necessário a presença delas. Em suma: para duas pessoas se casarem, bastava que dissessem uma à outra que se recebiam como marido e mulher; esta noção era tão sólida – e aceite – que mesmo depois da igreja ter ordenado que um casamento deveria ser celebrado por um sacerdote para ser legal (isso durante a contra-reforma), os casamentos ilegais (os chamados esposais) continuavam a ser legítimos: encorajava-se era a sua legalização, mas não a legitimação… Só no século XVI se tornou obrigatório que a cerimónia do casamento decorresse dentro de uma igreja.

Um dos efeitos que teve a reforma operada pela igreja, no século XI, foi o controlo insistente sobre todas as áreas seculares da vida dos indivíduos. Muitos senhores feudais olhavam para o casamento como sua prerrogativa: era uma política essencial para garantir que os seus bens não eram alienados depois da morte; nessa perspectiva, se uma mulher provava ser infértil (nessa altura era impensável conceber o conceito de infertilidade masculina…), o senhor podia mandá-la embora e casar com outra. Ora, a igreja veio retirar ao senhor feudal o direito de repudiar a mulher, se a consumação do casamento deles não frutificasse. Mais que se tratar de uma medida progressista, no sentido da defesa das mulheres ditas inférteis, consistiu na oficialização do privilégio eclesiástico em decidir sobre quem poderia estar casado com quem. Basta olhar para tantos exemplos de casamentos que continuaram a ser desfeitos depois dessa aplicação, mas desta vez pela igreja (dos quais o mais célebre será, talvez, o de Luís VII de França com Leonor de Aquitânia), para compreendermos que o que esteve em causa não foi a sacralidade do casamento, mas a regalia do poder da igreja em decidir sobre ele.

Durante o século seguinte, o debate sobre aquilo que consistia um casamento legítimo ou ilegítimo acalentou opiniões violentas. Para resumir, pode-se dizer que existiram duas facções principais: uma dizia que o casamento só era legítimo quando consumado; a outra defendia que o consentimento dos noivos bastava, apoiando-se na, hipotética, virgindade de Maria. Contudo, mesmo um casamento legal, e legítimo, não se encontrava liberto de pecado. Tanto que a igreja advogou que um homem que amasse demasiado a mulher estava a pecar. Nem me vou dar ao trabalho de enumerar os dias nos quais o coito era proibido pela igreja porque são, mesmo, demasiados. As relações sexuais dentro do casamento estavam, obrigadas pela igreja, a cingir-se ao objectivo da procriação; e até nesses momentos, os indivíduos deveriam usar do estoicismo e renunciar ao prazer. É aqui que chegamos a um dos tópicos que mais nos interessa.

O problema da igreja com o sexo homossexual é o mesmo que ela tem com o sexo heterossexual quando este se encontra apartado da função reprodutora: o facto do sexo se transformar, em exclusivo, num acto de prazer. É ingénuo pensar-se que a igreja tem o desiderato de proteger a santidade do casamento heterossexual (que, como já vimos, não tem santidade nenhuma, a não ser aquela que lhe quiseram imprimir à força). A igreja não está, de todo, interessada no amor; seja ele heterossexual ou homossexual. O móbil continua a ser a subtracção do prazer, à luz que o carnal é mau e o espiritual é bom. Quase que dava para rir se não fosse trágico: é que a maioria das seitas heréticas, como a dos Cátaros, por exemplo, foi perseguida e exterminada por dizer o mesmo (na verdade, a razão verdadeira da perseguição foi a igualdade entre os sexos, mas isso é outra história…). Ainda mais risível é perceber que a maioria dos textos e códigos escritos sobre o casamento e os seus problemas foi escrita por indivíduos que 1) não foram casados, 2) desconfiavam de pessoas casadas e 3) não gostavam de sexo. A igreja não é tanto pró-vida como é “pró-vida vivida sem interferência humana”. Ora, a sexualidade humana é um assunto que nos diz muito respeito.
Gostava de terminar com a lembrança que existiram cerimónias eclesiásticas de união entre duas pessoas do mesmo sexo: uma delas, a chamada adelphopoiia.

A adelphopoiia (costume da igreja ortodoxa que apenas os mais curiosos em história da sexualidade devem conhecer) consiste na união, supostamente fraternal, de dois homens, ministrada por um sacerdote. O historiador John Boswell escreveu sobre ela, ao pormenor, no livro Same-Sex Unions in Premodern Europe (Vintage Books, 1995). Na página 301 desse livro pode ler-se a oração ritual para unir dois homens e ela diz, a certa altura: «For their joining together in union of love and life, we pray to the Lord. / For these servants of God,_____ and _____, and for their union in Christ we pray to the Lord.» As páginas seguintes contém as orações e os ritos integrais, assim como esclarecimento da etimologia de algumas das palavras usadas, como por exemplo as já citadas joining together que, explica Boswell, no antigo texto eslavo significam copular, quando usadas reflexivamete.

Ainda vale a pena dar a conhecer as figuras de Sérgio e Bacchus, dois soldados romanos, amantes, que foram martirizados e tornados santos: Sérgio foi decapitado enquanto Bacchus observava; em seguida, este foi espancado até à morte. Os dois haviam sido cristãos e unidos pelo amor homossexual. Acabaram por provocar a ira do Imperador, não por serem homossexuais, mas por serem cristãos (podem ler a história destes santos no livro de Boswell, págs. 145-161).

Espanta-me que ainda ninguém se tenha lembrado desta matéria, durante a discussão pública sobre o casamento civil homossexual: é uma indicação que a igreja ortodoxa, em última análise, já praticava este género de uniões há muito tempo, existindo, ainda, uma iconografia reconhecida.
 

 

Fonte: http://cadernosdedaath.blogspot.com/search/label/adelphopoiia

 

 


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publicado por Riacho, em 19.12.09 às 16:14link do post | favorito

O Presidente da República escusou-se hoje a comentar o diploma que vai permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, salientando que a sua atenção está noutros problemas e que nada fará que provoque facturas na sociedade, escreve o DN.

 

Será que este senhor é mesmo o presidente de todos os portugueses? Ou será apenas presidente dos heterossexuais? É que assim só será presidente de alguns portugueses. E um presidente de 90% dos portugueses (heterossexuais) não faz falta a Portugal. Para combater a crise também é preciso um presidente que se preocupe com todos os portugueses.


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publicado por Riacho, em 19.12.09 às 16:08link do post | favorito

17/12/2009
 
O silêncio dos católicos diante do projeto de lei antigay na Uganda
 
Há duas semanas, eu escrevi a respeito de um projeto de lei do parlamento da Uganda que decreta a pena de morte para homossexuais sob certas circunstâncias e também estabelece termos de prisão para qualquer pessoa que não denuncie homossexuais às autoridades. Esses procedimentos levantaram uma grande crítica internacional, mesmo de líderes cristãos muito conservadores que claramente simpatizam com o objetivo de promover o fiel casamento heterossexual, como Rick Warren e diversos signatários da recente "Declaração Manhattan".

A análise é de John L. Allen Jr., publicada no sítio National Catholic Reporter, 16-12-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O último desenvolvimento é que na metade de dezembro o Conselho Inter-Religioso da Uganda, o maior órgão inter-religioso do país – que inclui a Igreja Católica – se manifestou favorável ao projeto.

Em um encontro em Entebbe, o órgão de mais de 200 líderes religiosos, representando os principais grupos cristãos e muçulmanos, pediu que o parlamento ugandês resista à pressão estrangeira de abandonar a legislação.

"Esses países devem respeitar nossos valores espirituais. Eles não devem interferir", disse Joshua Kitakule, secretário-geral do Conselho Inter-Religioso da Uganda. "Todos os antigos líderes religiosos têm entregado cópias do projeto para serem lidos e para educar as pessoas nas Igrejas e nas mesquitas".

A Uganda é 40% católica, e os sentimentos expressados pela declaração do Conselho Inter-Religioso parecem ter algumas bases de apoio católicas. Eu recentemente entrei em contato com Deo Rubumba Nkunzingoma, procurador católico muito conhecido que detém posições na Comitê de Legislação da Sociedade de Direito da Uganda, assim como na Associação Católica dos Profissionais da Uganda.

Nkunzingoma me disse que o projeto "está sendo muito bem recebido, com muito apoio de todos os tipos de pessoas com quem eu falei". A homossexualidade, disse, "é amplamente considerada como uma anormalidade em nosso entorno".

De fora, a falta de qualquer reação católica crítica aos elementos mais punitivos do projeto pode parecer quase inexplicável. Pelo menos a cláusula sobre pena de morte e a perspectiva de criminalizar até mesmo o contato pastoral de rotina com os homossexuais pareceriam óbvios para um protesto católico.

O Vaticano tem oferecido um pouco de "cobertura" para que os católicos na Uganda se pronunciem.

No dia 10 de dezembro, um diplomata do Vaticano falou em um painel das Nações Unidas sobre violência antigay, afirmando que "a Santa Sé continua se opondo a todas as graves violações dos direitos humanos contra pessoas homossexuais, como o uso da pena de morte e legislações penais discriminatórias". Embora não tenha havido nenhuma referência direta à Uganda, o contexto pareceu claro o suficiente, especialmente quando a legislação ugandesa foi o foco principal das deliberações do painel.

Por que essa reticência dos líderes católicos ugandeses?

Mesmo não sendo uma resposta completa, uma questão parece ser especialmente relevante: é impossível entender como tantos ugandeses se posicionam diante desse debate sem uma apreciação da profundidade de seu ressentimento à interferência externa – um legado, obviamente, da sua experiência colonial.

Em muitas partes da África, é quase dado por óbvio que os "direitos dos gays" são parte de uma ofensiva ocidental – na qual a ponta da lança são as ONGs e os ativistas dos direitos humanos – para obrigar os africanos a abandonar seus padrões morais tradicionais em favor de uma agenda socialmente liberal. Como resultado disso, o projeto agora diante do parlamento ugandês deve ser entendido não simplesmente (ou talvez nem mesmo fundamentalmente) como uma expressão de sentimentos antigay, mas, pelo contrário, como uma rejeição ao domínio ocidental.

Nkunzingoma reforça justamente esse ponto: "É desnecessário mencionar", disse ele, "que há medos ou, talvez seja melhor dizer assim, suspeitas de que todo o debate sobre homossexualidade está sendo mais estimulado por ativistas dos direitos humanos estrangeiros do que por ativistas locais".

Ao lado disso, está a percepção de que os ocidentais gastam uma quantidade desproporcional de tempo criticando o tratamento da África aos homossexuais e não se engajando o suficiente com o que muitos africanos consideram como desafios mais urgentes. De novo, Nkunzingoma exemplifica: "Temos mais questões urgentes para tratar, como o desenvolvimento, o meio ambiente, a população e a pobreza, em vez da questão dos homossexuais, que são uma parcela muito pequena na nossa sociedade", disse.

A afirmação não dita parece ser esta: nós só iremos ouvir o Ocidente sobre os direitos dos gays quando vocês nos ouvirem sobre outras questões de justiça que afetam uma parte muito maior do nosso povo.

Tudo isso revela um dilema agudo para os católicos de outros lugares que podem estar querendo encorajar os ugandeses a se pronunciar: quanto mais estrangeiros tentarem influenciar o debate, provavelmente menos ugandeses, incluindo os bispos do país, se submeterão ao Ocidente.

Nos últimos dias, conversei com líderes católicos dos EUA e de outros lugares que estão lidando justamente com esse problema. Meu pressentimento é de que o Vaticano e as conferências nacionais dos bispos em todo o mundo estariam ansiosos para oferecer seu apoio para que os bispos ugandeses digam alguma coisa, mas eles também se dão conta de que qualquer esforço para forçar uma declaração pode facilmente sair pela culatra.

As autoridades católicas da África têm uma oportunidade de forjar uma atitude diferente diante do que o Ocidente conhece como as "guerras culturais", que misturam posições tradicionais sobre ética sexual com uma abrangência holística das preocupações de justiça social mais amplas da Igreja. Isso pode, de fato, exigir que se resista contra a sabedoria convencional do Ocidente – mas também pode exigir que se desafiem algumas convenções sociais dentro de casa, além disso.

Para ler mais:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=28438


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