ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 28.05.09 às 23:24link do post | favorito

 

28/5/2009
 
''O amor, um direito 'divino'. Também para os gays'', afirma arcebispo norte-americano
 

 


Dom Rembert Weakland
"Se dizemos que Deus é amor", como se explica que "as religiões do mundo, como o catolicismo, podem dizer a milhões de gays que devem viver por toda a vida sem nenhuma expressão do amor físico, genital, desse amor?". A interrogação provém de uma das figuras mais significativas do catolicismo norte-americano, Dom Rembert Weakland, 82 anos, abade primaz da confederação beneditina de 1967 a 1977 e arcebispo de Milwaukee de 1977 al 2002, líder da ala mais progressista da Igreja católica dosEUA.

A reportagem é de Ludovica Eugenio, publicada pela agência Adista, nº 58, 30-05-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Provavelmente, foi o primeiro bispo a se pronunciar sobre a própria homossexualidade. Na primavera de 2002, foi obrigado a apresentar sua própria renúncia quando, durante o programa Good Morning America do canal ABC, um homem, com o qual tivera uma ligação 23 anos antes, havia afirmado que a arquidiocese de Milwaukee havia comprado o seu silêncio com relação àquela relação, que agora definia como "abuso sexual", por 450 mil dólares. 

Daquele momento em diante, o arcebispo emérito – que foi sucedido, na liderança da arquidiocese, por
 Dom Timothy M. Dolan, promovido há poucos meses a arcebispo deNova Iorque – interveio muito pouco em nível público, mas agora sai a público realmente com um livro de memórias: "A Pilgrim in a Pilgrim Church: Memoirs of a Catholic Archbishop" [Um peregrino em uma Igreja peregrina: Memórias de um arcebispo católico, em tradução livre], cuja publicação está prevista para junho, como afirmou em uma entrevista ao jornal New York Times (15-05). Uma entrevista muito cristalina, publicada não para se desculpar das suas ações, mas para oferecer um relato honesto sobre os motivos pelos quais tudo aconteceu e para levantar interrogações com relação à doutrina da Igreja sobre a homossexualidade, segundo a qual esta é "objetivamente desordenada". "Palavras feias – afirma – porque são pejorativas".

Uma entrevista em que também explica como o Vaticano se interessou mais vivamente pelos direitos do clero responsável de abusos com relação aos das vítimas.

O "estilo romano"

Weakland era consciente da sua orientação sexual desde a adolescência, afirmou, e a reprimiu até se tornar arcebispo, quando teve relações com alguns homens "por causa da solidão que se tornou muito forte". Esteve entre aqueles que colocaram em séria discussão o sacerdócio masculino celibatário e estava na liderança dos bispos no processo, de dois anos, de elaboração de uma carta pastoral sobre a justiça econômica. Foi por causa de suas relações tensas com João Paulo II, explicou, que não comunicou às autoridades vaticanas, em 1997, que havia sofrido ameaças de Paul J. Marcoux, o homem com o qual havia tido relações muitos anos antes.

Deveria ter explicado como estavam as coisas em Roma, mas um amigo do alto escalão da Cúria lhe disse que as autoridades vaticanas preferiam silenciar esse tipo de coisas, segundo o "estilo romano". "Vou ser sincero, naquele momento não queria ser etiquetado, em Roma, como gay", explica agora Weakland. "Roma é uma cidade pequena".

Na manhã em que foi ao ar o programa com Paul MarcouxWeakland telefonou para o núncio apostólico em Washington, o arcebispo Gabriel Montalvo, que lhe disse laconicamente: "Obviamente, tu negarás tudo". Clara foi a réplica de Weakland: podia negar, certamente – respondeu –, que se tratava de um abuso, mas "não que algo havia ocorrido entre nós".

Um dos aspectos que mais atormentam o arcebispo é que o seu "escândalo" que envolvia um homem adulto – Marcoux tinha cerca de 30 anos na época dos fatos – tenha explodido no momento culminante do escândalo mais amplo dos padres pedófilos. Ele sempre negou ter abusado alguém, mas pediu desculpas por ter escondido o pagamento efetuado a Marcoux.

Com relação a isso, o arcebispo emérito agora aponta o dedo contra os psicólogos, que tranquilizaram os bispos sobre o fato de que os membros do clero responsáveis por abusos podem ser tratados e restituídos ao seu trabalho, e contra os tribunais vaticanos, que passam anos debatendo sobre a eventual remoção do réu do ministério sacerdotal. Às vezes, afirma na entrevista, o padre morre antes que uma decisão seja tomada: "Preocupavam-se mais com os padres do que com as vítimas".

Um cobertor sempre curto

A história da qual Weakland foi protagonista, porém, não o introduz, infelizmente, no império dos bispos cuja conduta com relação ao escândalo dos padres pedófilos foi impecável. O Snap, a associação das vítimas dos padres pedófilos, o acusou de ter permitido que alguns padres da sua diocese responsáveis pelos abusos continuassem o seu ministério sem informar os paroquianos sobre o seu passado. "Todos nós considerávamos o abuso sexual de menores um mal moral, mas não tínhamos consciência da sua natureza criminal", afirma Weakland no seu livro.

"É incrível. Ou ele mente ou engana a si mesmo de tal modo que inventa histórias falsas" é o duríssimo comentário de Peter Isely, diretor da região do meio oeste do Snap. "Sempre se tratou de crimes". O Snap publicou depois uma carta aberta em que pede que Weakland se encontre com as vítimas. O arcebispo respondeu positivamente ao pedido. "São 15 anos que buscamos obter isso dele", comentou Isely.

O dedo na ferida

Weakland afirmou ter levado em séria consideração a potencial dor que o livro, com a sua renovada atenção ao escândalo, pode levar consigo para a arquidiocese deMilwaukee, e meditou sobre a oportunidade de esperar "até a morte" para publicá-lo. Mas depois decidiu o contrário: "Sentia que as pessoas que ali me amaram como bispo deveriam continuar me amando depois de ler o livro. Aqueles que achavam isso difícil, espero que sejam um pouco ajudados pelo livro".

E fica evidente que as emoções ainda se escondem sob as cinzas a partir de um comunicado emitido pela própria arquidiocese, que, depois de ter informado que o arcebispo emérito "preferiu" escreveu as suas memórias, adverte que "o livro certamente suscitará uma grande variedade de emoções nos católicos de todo o Wisconsin do sul. Alguns ficarão irritados, outros o defenderão". E conclui assegurando a "oração pelas necessidades e pelas intenções de todos aqueles que viveram esse momento difícil".

 

Para ler mais:

in: http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=22652


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