ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 28.06.07 às 23:56link do post | favorito

Boa noite

 

Para quem ainda não conhece, o site da Igreja Católica oferece a possibilidade de consultar ler e meditar as leituras do dia na secção agenda. Para quem quiser lá dar um pulinho basta clicar em Ecclesia na lista dos links do blog.

 

Um abraço

 

Carlos

 

EVANGELHO Mt 7, 21-29
A casa edificada sobre a rocha
e a casa edificada sobre a areia


A nossa vida é uma construção, como a da Igreja o é também de maneira eminente. Nesta construção, entram Deus e nós. É muito importante observarmos, para tomarmos consciência com que materiais construímos a casa da nossa vida, não vá ela desmoronar-se e cair em derrocada. A solidez da vida não pode ser outra senão a que vem da palavra de Deus, escutada e cumprida. Tudo o mais é ilusão, e não terá continuidade; mas a palavra de Deus oferece o alicerce que permanece firme para a vida eterna.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus:
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Nem todo aquele que Me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus. Muitos Me dirão no dia do Juízo: ‘Senhor, não foi em teu nome que profetizámos e em teu nome que expulsámos demónios e em teu nome que fizemos tantos milagres?’. Então lhes direi bem alto: ‘Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade’. Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína». Quando Jesus acabou de falar, a multidão estava admirada com a sua doutrina, porque a ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.

 

Palavra da salvação.

 


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publicado por Riacho, em 27.06.07 às 22:42link do post | favorito

Caríssimos

 

Esta carta que a seguir apresento é bastante comprimida mas penso que tem muita matéria para reflexão que se calhar podia servir de base para um dos próximos encontros do Riacho e do qual poderiam surgir algumas ideias concretas. Que vos parece?

 

CARTA DA JUVENTUDE CRISTÃ HOMOSSEXUAL BRASILEIRA 
a Sua Santidade Papa Bento XVI, por parte da Confraria de Jesus Adolescente - associação de caráter ecumênico ligada ao Grupo E-Jovem de Adolescentes Gays, Lésbicas e Aliados
 

Reverência. 

Viemos perante Sua Santidade no intuito de expôr nosso pensamento acerca da questão da homossexualidade, em âmbito cristão, e, sobretudo, no que diz respeito à situação da juventude que se insere nesta categoria. Esperamos um ouvido complacente e um coração aberto, de Sua parte, às nossas opiniões e reivindicações. 

Quem somos
Jovens e adolescentes que, tendo despertado sua consciência para sua condição de indivíduos atraídos sexual e afetivamente por outros do mesmo sexo, reconhecemos nesta condição uma vocação especial, dentro do quadro da natureza criada por Deus, jamais consistindo em pecado ou erro, uma vez devidamente realizada dentro de uma ética coerente com os princípios básicos da doutrina cristã. 

Nossos objetivos aqui são: primeiramente, provar a legitimidade moral das relações homossexuais, e, na seqüência, solicitar medidas, por parte da Igreja, em sentido de acolher e respeitar as pessoas sem distinção de orientação sexual, a se iniciar pela reformulação dos procedimentos catequéticos, o que repercutirá amplamente, dentro e fora do contexto católico (considerando o imenso alcance social da Igreja). 

Culminaremos na problemática da juventude, porque entendemos ser ela a base que, uma vez bem edificada, serve de suporte à boa edificação da inteira sociedade. 

Distinções – 

Antes de mais nada, queira desculpar-nos pelo aparente ar de presunção ou pretensão. Não duvidamos de Seu conhecimento e autoridade no que diz respeito a assuntos certamente já estudados aprofundadamente. Mas entendemos que estamos, nós e Sua Santidade, em mundos psicológicos diferentes; em realidades sociais quase diametralmente opostas. Viemos aqui justamente expor esta realidade que, ao que nos parece, é-lhe desconhecida. 

Concordamos, em parte, com a distinção feita pela Igreja entre SER homossexual e PRATICAR atos homossexuais. De fato, há aqui uma diferença conceitual e substancial. É bom saber que a Igreja reconhece o conceito de “indivíduo homossexual” como sendo aquele que se sente atraído sexualmente pelos indivíduos do mesmo sexo, independentemente de praticar ou não relações físicas homossexuais. 

Parte-se da idéia de que o desejo, em si, não chega a causar a “queda” do homem, uma vez que não haja consentimento no desejo (Dizia Abelardo: “O pecado consiste não em desejar uma mulher, mas em consentir no desejo”.), não havendo, assim, por que se sentir culpa pela condição de homossexual. Deus aceitaria plenamente tal pessoa. (Cristo aceita os marginalizados e incompreendidos de todos os matizes.) 

Reconhecemos que isto denota um progresso teológico, como emancipação da tradicional visão tomista – o que é um ótimo sinal. 

Ocorre, entretanto, que nos negamos a conceber igualmente as relações como consistindo ou implicando pecado. E não se trata, certamente, de sancionar um ato objetivo pecaminoso – no que condiz à prática das relações homossexuais, só deixaríamos de sancioná-las se tivéssemos motivos sólidos para crer que sejam prejudiciais. 

A naturalidade da homossexualidade –

Discordamos da inadmissão, por parte da Igreja, da expressão física deste desejo, inadmissão baseada em argumentos que não guardam conexão com a realidade, partindo de uma concepção arcaica e limitada do conceito de “natureza”. 

Não dizemos, com isso, “natureza” em sentido laico. Entendemos ser Deus uma sumidade de criatividade, dinamismo, multiplicidade de expressão... Concebê-lo limitado nesses atributos seria diminuir-lha a honra devida. 

Não no opomos aqui à teleologia aristotélico-tomista (que afirma haver finalidades específicas para todas as coisas dentro do quadro da criação) em si mesma; queremos, isto sim, reinterpretá-la à luz dos fatores biodiversidade e sociodiversidade. Não negamos a teoria que diz ter Deus posto “finalidades” funcionais na natureza; no caso, é inegável a perfeita conjunção masculino-feminino em âmbito biológico. Mas entendemos que a sexualidade humana seja um fenômeno bem mais amplo do que isso; não se restringindo à reprodução da espécie. Os muitos outros benefícios advindos da conjunção íntima entre as pessoas não podem ser sumariamente descartados, sem prejuízo da realização plena e integral do ser humano. Uma realização espiritual, certamente. 

Mesmo quanto ao corpo, em se tratando das disposições finalísticas dos ditos órgãos sexuais, vemos que não fogem à mesma natural versatilidade (ou disponibilidade) dos demais órgãos - as mãos e a boca são grandes exemplos disso. Sabemos o quanto que dançarinos e atletas se empenham na superação dos limites ordinários de expressão corpórea... 

Os exemplos e as provas são abundantes a favor da múltipla funcionalidade das partes do corpo humano. O que importa é sempre o fim visado - e reivindicamos aqui uma união afetiva legítima, fraterna e bela, à qual não se poderá sensatamente opor restrições. 

A questão social – 

Tampouco em âmbito macrossocial haverá algo de alarmante na ocorrência da homossexualidade: como também constatamos a sempre imensa superioridade numérica dos indivíduos heterossexuais, ao longo da história, e, ainda, o fato haver igualmente homossexuais que desejam deixar uma prole (a vontade de procriação é muito natural), tampouco procede alegar que a admissão das relações homoafetivas levaria à extinção da espécie humana, ou que seria um passo para sua efetivação. Trata-se, em verdade, de um argumento de cunho fascista e xenófobo, que acarreta rejeição pública aos indivíduos homossexuais, por considerá-los um risco à sociedade e à humanidade. 

Visto serem estes argumentos proferidos pela própria Igreja, e muito amiúde, jamais poderemos deixar de enfatizar o nosso repúdio e indignação para com este fato, em vista de suas pérfidas conseqüências: reforço da marginalização, exclusão social e opressão, que pesam como estigmas sobre esta parcela da população. Nada pode ser mais anticristão que isso. 

Vendo-se vítimas da instituição que deveria acolhê-los, muitos dos então excluídos da Comunhão partem para a descrença, outros decaem para o mundo do vício - conseqüências diretas da deficiência do discurso religioso acerca da sexualidade. E este fato vale para toda a população. Produz-se, assim, um quadro considerável de desamparados e desorientados, sujeitos a riscos e vulnerabilidades (destacando aqui, com urgência, a propagação da AIDS) que poderiam ser eficientemente prevenidas caso houvesse uma ação pastoral mais comunicativa, compreensiva, de amplo alcance, condizente com as expectativas sexuais da coletividade. Mas a pura e simples repressão sexual constitui um reforço das referidas mazelas sociais.

Sendo a homossexualidade expressão da natural versatilidade criativa divina, partindo deste vínculo íntimo entre Deus e natureza constatamos a natural flexibilidade ou dinamismo biológico e social (biodiversidade implicando sociodiversidade), entre os conceitos contemporâneos que se opõem à noção de “ordem imutável” da natureza (uma vez que a imutabilidade da essência de Deus não leva diretamente à rigidez criativa da parte d’Ele - vide o evolucionismo no contexto de Teilhard De Chardin, grande marco progressista da renovação teológica), por conseguinte invalidando por completo a arcaica concepção fascistóide de uma “ordem social” sem espaço para nuances ou eventuais dissonâncias, salutares e enriquecedoras do quadro geral. 

Pensar e agir contrariamente a isso é ferir os princípios da democracia e dos direitos humanos, ignorando e rechaçando as maiores conquistas sociais do mundo moderno. 

Questões exegéticas e doutrinárias – 

Quanto à moral sexual, percebemos também o considerável prejuízo psicológico de se crer que uma relação física não-reprodutiva seja algo pecaminoso. Isso não vale apenas para a homossexualidade, mas também para a masturbação, o uso de métodos contraceptivos e a prática de atos sexuais antes do Matrimônio. Está-se negando aí todo o benefício da integração corpo-mente (fator de saúde), tanto a nível individual como social. Não há bases bíblicas e sequer argumentos plausíveis para sustentar tal reprimenda. 

Os conceitos de “mundo”, segundo Jesus, e o de “carne”, segundo São Paulo, jamais guardam relação com “natureza” ou “universo material”. Serviram eles tão-somente para denunciar o “mundo” da realidade social injusta e corrupta e a tendência ao materialismo. Ora, se o “mundo” corrupto do qual o cristão deve manter-se fora coincidir com a própria natureza, ou o planeta, ou o universo material, faz-se aqui um contra-senso conceitual com o qual a sanidade humana só poderá sair perdendo... 

O “servir à carne” não coincide com o moderno conceito de sensualidade, uma sensualidade natural empregada como instrumento e não como um fim, de modo hedonista. Cabe tão-somente distinguir os fins visados. O fim, sendo nobre - realizar o amor, seja em sentido interpessoal ou amor-próprio justo e comedido -, a tudo santificará e validará. 

Ainda, mesmo quanto aos meios, em hipótese alguma reivindicamos uma contravenção da natureza, uma vez esta sendo emanação direta da Divindade. Reivindicamos, isto sim, uma compreensão mais profunda desta natureza, baseada na observação mais acurada de seus fenômenos. 

É claro que o “apóstolo dos gentios” desconhecia muitos dos modernos conceitos: ele também cometia o mesmo equívoco. Mas, se tal equívoco podia ser desculpado pelo primitivismo de conhecimento da época (sendo que o Santo Espírito não manipula seus apóstolos como fantoches, chegando a permitir-lhes o erro pelo livre-arbítrio), hoje em dia não o pode mais, quando temos toda uma avançada psicologia e ciências sociais completamente desconhecidas pelos autores humanos das Escrituras. 

Se a flagrante degradação machista da figura da mulher expressa em certas passagens das epístolas (ICor:11,6-10 e ITm:2,11-14, entre outras) não recebe mais o endosso da Igreja (sabiamente), tampouco a alegada reprovação bíblica à homossexualidade (mesmo na possibilidade de se tratar apenas do caso de más traduções e interpretações) mereceria maior consideração. Pede-se aqui um mínimo de coerência. 

A homossexualidade, num contexto amplo e atual, não guarda relação direta com o que se alega ter sido dito sobre ela nas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Quando os escritores bíblicos empregam termos como “sodomitas”, “efeminados” ou “praticando torpeza, homens com homens” (Rom:1,27), isso imediatamente exclui o que hoje entendemos por homossexualidade. Como partimos do princípio de que as relações homossexuais podem ser feitas de modo natural e não-torpe (e é o que aqui viemos provar), logo vemos que as admoestações bíblicas não nos dizem respeito, diretamente. Na Bíblia, estão ligadas aos contextos de estupro, prostituição, promiscuidade, idolatria – e nada disso é “natural”, não podendo, evidentemente, realizar o amor. Nenhum homossexual cristão dos dias atuais suportaria os hábitos de Sodoma e Gomorra... 

É importante, pois, não confundir as expressões decadentes e repulsivas da homossexualidade com esta em si mesma. 

A questão da família - 

Veremos agora o que, advindo das constatações anteriores, podemos dizer sobre a família. 

“Família” é o termo geralmente usado para designar um núcleo social de mútuo sustento entre as pessoas, geralmente unidas por laços consangüíneos, notável por sua tarefa de formação psico-pedagógica, o que lhe confere o status de “formadora da sociedade”.

Dentro deste contexto, poderemos verificar muitas formas, até contraditórias em termos de método, de se organizar tais núcleos. Nada temos contra a família sexualmente dicotômica (homem + mulher = prole). Trata-se de uma lógica básica, de grande simplicidade e praticidade. Apenas entendemos que esta é apenas uma das múltiplas formas de se realizar as funções sociais alegadas – e o que importará, como sempre, serão os fins

Quererão agora os “apologistas da ordem” acabar com todos os orfanatos, sob pretexto de que seus métodos fogem da dicotomia clássica? Quererão impedir que crianças sejam criadas por “mães solteiras” ou separadas de seus maridos, uma vez tendo tais mães condições para isso (havendo ainda o caso de serem viúvas)? Reivindicarão o fim das instituições de ensino, alegando que toda instrução e amparo devem prover apenas do ambiente doméstico? Reprovarão, ainda, a formação tão natural de núcleos domésticos entre amigos, parceiros de atividade, colegas de estudo, repúblicas de estudantes; comunidades, em geral? 

Diz-se que um ambiente familiar acolhedor evitará que suas “ovelhas” se desgarrem ou sejam abandonadas à própria sorte. A família “cristã” seria, assim, a instituição feita para evitar o surgimento deste desamparo. 

É evidente que deve haver uma perfeita concordância entre os membros de uma família, sem dissensões; uma verdadeira conciliação entre pais e filhos e entre cônjuges. Mas não há o menor sinal de que a ocorrência da homossexualidade possa vir a abalar ou prejudicar tal harmonia. Essa alegação advém da ignorância para com os fatos da homossexualidade; no caso, ignorar que tais indivíduos não trazem vocação natural para constituir uma família biologicamente dicotômica, e que não é apenas inútil induzi-los a contrariar esta vocação (ainda mais quando se sabe que a homossexualidade do tipo “exclusiva” – que perfaz cerca de 4 ou 5% da população mundial – é um estado inalterável), como também uma violação ao caráter próprio da pessoa. 

Quanto à identificação dos reais causadores da dissensão familiar, o que observamos, na realidade, é que são justamente os indivíduos homossexuais que dificilmente encontram o devido acolhimento e respeito por parte dos demais membros de sua família - e este drama quase sempre se intensifica mais ainda em famílias que se dizem “cristãs”. 

Quanta incongruência, então, dizer que hábitos homossexuais podem trazer “prejuízo à família”, quando o real prejuízo é justamente a desunião causada pela falta de compreensão entre seus membros! No caso, a não-compreensão para com os indivíduos tidos como “desviantes” dos padrões de conduta arbitrariamente estabelecidos por uma rígida tradição. 

Como já sabemos, por experiência, que a homossexualidade não pode ser provocada ou produzida deliberadamente de uma hora para outra, e também que sua ocorrência é deveras isolada para se “massificar”, também nunca se poderá alegar que a defesa pública e a ampla exposição da homossexualidade possa vir a ameaçar a instituição familiar. 

Assim, descontada a ameaça da falta de amor entre os membros de uma família, nada, além de imposições autoritárias de certos modelos de governo, pode ameaçar a instituição. 

Disso tudo, concluímos que a homossexualidade, mais uma vez, é totalmente inocente daquilo pelo qual a criticam. 

Passaremos, na seqüência, a analisar a situação dos jovens homossexuais, ainda reivindicando uma acolhida humana e respeitosa para com os mesmos, que sabemos não estar sendo efetuada pela Igreja, apesar de ser um de seus óbvios deveres. 

A situação dos jovens homossexuais – 

A inclinação à homossexualidade na infância e na adolescência nada tem de espantoso ou excepcional. É um fato que deve ser encarado e estudado calmamente, sem alarmismos e provocação de “dramas” vãos, que costumam causar, estes sim, um grande transtorno à harmonia da família. 

Tais inclinações, por si mesmas, não implicariam risco algum ao indivíduo, uma vez conduzidas a um nobre fim - o amor, entendido dentro de uma natureza versátil, múltipla de expressões. Cabe-nos somente orientar a juventude para que este amor possa vir a ser realizado, segundo os vários meios com os quais a natureza nos dotou e disponibilizou, sem olvidar precipitadamente os meios mal-compreendidos. 

A juventude homossexual, infelizmente, não está recebendo a devida orientação por parte da Igreja. Aliás, a juventude inteira não a recebe – a realidade da sexualidade humana parece escapar do trato psico-pedagógico católico com os jovens. 

Nem ao menos a masturbação, comprovadamente saudável e tão necessária, tanto no processo de desenvolvimento do jovem como no sustento psicológico do indivíduo adulto, recebe o endosso por parte da moral católica oficial. 

E não podemos fechar os olhos para a realidade de que os jovens fazer sexo, mesmo na adolescência (ou estão naturalmente inclinados a isso), sendo um fato nada extraordinário ou alarmante. É algo que ultrapassa o mero condicionamento social – considerando as disposições biológicas da fase púbere; nada haverá de mais lógico. Nada pode, sem danos à saúde psicológica, deter este impulso natural; seria inútil qualquer reprimenda à própria Força da Vida. A menos que partamos do princípio que a “vontade divina” reprove seus próprios mecanismos, contradizendo-se – nada mais absurdo... 

A tortura psicológica que pesa, tanto sobre os jovens homossexuais como sobre os pais envolvidos nesse drama (drama deliberadamente produzido pelo catecismo errôneo) advém das seguintes falsas concepções: Deus sem versatilidade e família em “risco”. 

Já apontamos tais erros anteriormente, e fornecemos as soluções teóricas. 

Pensemos no quadro dos jovens que sofrem – pelo preconceito público, pela desinformação por parte dos pais e deles próprios. Some-se a isto a deficiência no diálogo, diferenças entre as gerações e ainda o peso do “estigma social” da homossexualidade. Tudo leva, inevitavelmente, ao reforço do sentimento de CULPA, da parte de todos os envolvidos. Caberia agora verificar até que ponto tal sentimento poderia ser útil para o progresso moral do indivíduo. A partir do ponto em que chegar a ser não apenas inútil, mas danoso (sendo a meta do Cristianismo a redenção dos pecados, esta deveria ser o limite da necessidade da culpa, se é que se trata de uma necessidade), não teria mais sentido de ser; seria então um entrave à plena realização pessoal, pela restrição da auto-aceitação, o que acarreta óbvios transtornos psicológicos. 

Não será de cidadãos auto-restringidos e reprimidos que a humanidade redimida se constituirá. 

Seja como for, a ocorrência da homossexualidade na adolescência não é nenhum fruto de “rebeldia juvenil”, e muito menos de desamparo ou descaso dos pais - suas origens ou pré-disposições se evidenciam majoritariamente congênitas, em todas as pesquisas sérias sobre o tema (vide os trabalhos de Glenn Wilson e Qazi Rahman). Nem é o caso de se apontar culpados ou responsáveis, portanto.

Pelo mesmo motivo, e comprovado por nossa experiência, nenhuma boa família cristã, das mais solidamente estruturadas, está livre de gerar homossexuais. Estes surgem à revelia de quaisquer tentativas morais de prevenção. O dever da família cristã será, assim, o justo acolhimento de tais indivíduos, que são parte inseparável dela.

Isso valendo para a família, valerá também para as instituições de ensino mantidas pela Igreja. É dever das escolas e catequeses católicas efetuar a formação de pessoas integrais, o que não se realiza sem consideração pelas suas compreensíveis necessidades sexuais.

Ainda mais, quando constatamos que o processo de exclusão tende a se agravar no ambiente escolar - grande parte do fenômeno dito “bullying” atinge diretamente os jovens homossexuais. Caso algum dentre estes não consiga contar igualmente com o apoio dos próprios pais, e nem mesmo da Igreja, forma-se um conflito íntimo intolerável que, em casos extremos - mas não isolados - pode levar ao suicídio.

O Grupo E-jovem estima que, no Brasil, 3 adolescentes gays cometam suicídio por dia. É alarmante este dado permanecer não-divulgado ao grande público. Não caberia à Igreja tomar providências urgentes quanto a isso?

Trata-se de uma questão de identidade social e auto-aceitação, não se restringindo à expressão sexual em sentido meramente “genital”.

Que medidas está se tomando para incremento da auto-estima da população adolescente desta categoria social?

O jovem, consciente a autoconfiante, é a maior força motriz para a construção de um mundo novo, à imagem do Reino dos Céus. Sobretudo, o jovem desprovido de sentimentos de culpa e angústia. Livre, criativo, ousado, pioneiro – eis a imagem do jovem plenamente aceito por sua família, amado pelos seus pais e companheiros de religião do jeito que ele naturalmente é (no contexto em pauta, naturalmente homossexual); um amor não oriundo da simples compaixão ou piedade (uma vez que a homossexualidade não é de modo algum um estado lastimável), mas da franca aceitação e espírito de total integração fraterna. 

Últimas considerações – 

Nossa proposta surge em um momento-limite em que o destino da Igreja se decide pelo resgate de sua honra, aviltada pelas sucessivas contradições temporais. 

Tem-se agora uma oportunidade de romper a infeliz tradição do dito “atraso social” provocado pela própria instituição, ao longo da história, seja pela infame restrição ao progresso das ciências, seja pelo patrocínio do preconceito e favorecimentos injustos de certos setores sociais, momentos que, sem dúvida, macularam sua reputação, ao ponto de ofuscar a opinião pública para o que tange a seus aspectos realmente divinos e a consideração pelas boas ações dos seus legítimos representantes. 

A inserção dos homossexuais no Corpo Místico, do modo como eles mesmos são, por sua natureza, sem corrupção herdada, dentro de uma acepção dinâmica e pragmática de virtude (já deixamos claro que o amor metafísico se expressa por atos físicos – práxis da caridade múltipla em meios), será um dos maiores sinais do avanço nas conquistas sociais desta vez indiscutivelmente promovido pela Igreja. 

Concorrendo para a dignificação da humanidade como um todo, da comunidade cristã em geral e do Catolicismo, em especial. 

Reconhecemos o trabalho de vanguarda de vários eminentes eruditos católicos, ou vinculados a instituições católicas, na atualidade. 

Reconhecemos o empenho da Igreja na afronta de muitas das tão graves mazelas sociais que afligem a humanidade. 

Assim, só podemos ficar em ansiosa expectativa, nós, e todos estes renomados cristãos inovadores, espíritos de vanguarda, libertários, construtores do futuro, de, finalmente e após tantas lutas ao longo das épocas, podermos ver uma Igreja totalmente sintonizada com o tempo e o lugar dos homens reais, dentro do espírito de progresso, aberta às descobertas e inovações científicas e culturais, atenta às reais e naturais aspirações humanas – versáteis, múltiplas, diversificadas como expressão da própria criatividade divina – e à evolução dos tempos. 
 

Com amor, 
  
Confraria de Jesus Adolescente

Brasil, 02 de maio de 2007
 

 

 

 

 

 

 

Um abraço

 

Carlos

sinto-me: em diálogo

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publicado por Riacho, em 27.06.07 às 00:25link do post | favorito

 Oração em torno da cruz (Taizé)

Extracto da carta de Calcutá

Para Deus, todo o ser humano é sagrado. Cristo abriu os braços na cruz para juntar em Deus toda a humanidade. Se nos envia para transmitir o amor de Deus até aos confins da terra é antes de mais através de um diálogo de vida. Deus nunca nos pede para medir forças com aqueles que não o conhecem.

 

Muitos jovens através do mundo estão dispostos a tornar mais visível a unidade da família humana. Têm de enfrentar uma questão: como resistir à violência, às discriminações, como ultrapassar muros de ódio ou de indiferença? Esses muros existem entre povos, entre continentes, mas também ao nosso lado e até no interior do coração humano. Então, somos nós mesmos que temos de fazer uma escolha: escolher amar, escolher a esperança.

Os imensos problemas das nossas sociedades podem alimentar o derrotismo. Quando escolhemos amar, descobrimos um espaço de liberdade para criar um futuro para nós mesmos e para aqueles que nos são confiados.

 

Com poucos meios, Deus torna-nos criadores com ele, onde as circunstâncias não são favoráveis. Ir ao encontro do outro, por vezes de mãos vazias, escutar, tentar compreender; e eis que uma situação bloqueada se pode transformar.

 

Deus espera-nos naqueles que são mais pobres do que nós. «O que fizestes a um destes mais pequeninos, foi a mim que o fizestes.» [Mateus 25, 40]

 

No Norte e também no Sul, enormes desigualdades alimentam o medo diante do futuro. Alguns, com coragem, consagram as suas energias a modificar estruturas de injustiça.

 

Interroguemo-nos, todos nós, sobre o nosso modo de vida. Simplifiquemos a nossa existência. E encontraremos disponibilidade e abertura do coração para com os outros.

 

Para conheceres o resto da carta clica no link de Taizé ali no teu lado direito.

 

Boa quarta-feira.

 

Carlos 

sinto-me: meditativo

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publicado por Riacho, em 25.06.07 às 19:44link do post | favorito
Olá a todos
 
Enquanto não aparece um corajoso para fazer um resumo da partilha do último encontro vou postar este artigo muito interessante que encontrei a surfar na net.
 
Espero que tenham uma grande semana vivida intensamente na certeza de que Deus nos ama e de que foi Ele que tomou a iniciativa de vir até nós, sabendo de que massa somos feitos, das nossas imperfeições, dos nossos medos. Ainda assim Ele é a figura do pai que acolhe amorosamente o filho pródigo perdido na vida sempre disposto a dar, a partilhar e a dar a vida em abundância.
 
Abreijos
 
Carlos
 
Cristianismo e Homossexualidade
Regina Soares Jurkewicz
 
 
Cristianismo e Homossexualidade
Regina Soares Jurkewicz (1)
 
Um breve recorrido histórico:
Lançando um rápido olhar para a história, descobrimos que antes mesmo da difusão do cristianismo, já havia uma legislação romana condenatória da homossexualidade, que no entanto era pouco aplicada, a chamada Lex Scantinia(2). Com a expansão do Cristianismo, essa lei, que, ao que os estudos indicam era letra morta, passa a ser aplicada, inicialmente em casos de violação de menores. Posteriormente, os imperadores cristãos, a partir desse substrato da legislação romana, articularão novas legislações que intensificam a condenação da homossexualidade. O rigor da condenação é progressivo, se a princípio restringia-se ao abuso de jovens e prostituição sexual, novos editos passaram a condenar indiscriminadamente todo ato homossexual.
 
À prostituição homossexual chegou-se a aplicar penas máximas, como queimar vivos na fogueira, aqueles que cometiam esse “delito”.
 
Entre os séculos VII e XI, encontra-se na literatura da história da Igreja Católica, os Penitenciais: um guia para os sacerdotes e fiéis, aos que se instruía mediante uma penitência sobre a gravidade dos pecados cometidos. É nos Penitenciais que distingue-se por primeira vez as diferentes formas de atos homossexuais: toques, afetos, masturbação....homossexualidade ativa e passiva, habitual e ocasional. A homossexualidade é sempre julgada como pecado grave e as penas eclesiásticas oscilam entre 3 e 15 anos. As penas impostas são mais duras para clérigos ou monges do que para leigos. Pela primeira vez cita-se a homossexualidade feminina e sua penalidade é inferior à masculina.
Na Idade Média, com Santo Tomás de Aquino, a homossexualidade se inclui entre os pecados contra naturam, junto com a masturbação e a relação sexual com animais. Para Tomás esses pecados sexuais são mais graves do que os pecados secundum naturam, embora estes se oponham gravemente à ordem da caridade, por exemplo: adultério, violação, sedução.
 
Isto porque, para Tomás de Aquino a ordem natural foi fixada por Deus e sua violação constitui uma ofensa ao Criador, o que é mais grave do que uma ofensa feita ao próximo.
 
A influência de Tomás de Aquino é determinante e o que é pensado posteriormente por outros teólogos se faz a partir das bases colocadas por Tomás. Históricamente, o comportamento homossexual, parece ser avaliado como uma atividade contrária à ordem natural disposta pelo Criador, já que a relação sexual está orientada somente para a procriação (3). Há no entanto, estudos que sugerem que os homossexuais encontravam um ambiente mais tolerante na Idade Média do que o evidenciado na atualidade (4).
 
O que dizem hoje as Igrejas Cristãs?
Nos tempos atuais o debate sobre a homossexualidade nas igrejas, frequentemente vai buscar no texto bíblico prescrições comportamentais, mais do que matizes para o discernimento. A bem da verdade esse é um dos temas que para muitos cristãos ainda é considerado um tabú, sobre o qual não cabe discussão. Textos bíblicos foram referidos – e ainda o são por alguns autores – buscando-se neles uma resposta simples e direta. Não se considerou que os autores bíblicos escreveram originalmente para sua época e que as suposições sobre a sexualidade variam muito de uma cultura a outra e de uma época a outra.
 
Alguns teólogos partem do relato do Gênesis 2:24 “Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e eles dois se tornam uma só carne” e interpretam esta passagem dizendo que Deus, ao criar-nos também criou um só modelo de moral sexual para todas as pessoas: o modelo da monogamia heterossexual. Afirmam que este modelo é parte da ordem criada e não está sujeito à mudanças culturais ou históricas. É a chamada visão criacionista que entende o sexo como motivo do companheirismo e da reprodução, existindo só em virtude de certa complementariedade entre o homem e a mulher. Sustentam que nenhum outro modelo de vivência sexual pode ser natural ou moralmente aceitável. O modelo é uma lei, portanto as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são vistas como imorais.
 
No entanto, esta não é a única visão entre teólogos cristãos, o discurso religioso em relação à homossexualidade, não é, no cristianismo, um discurso monolítico. Entre aqueles que provocam esse dissenso, encontramos o Rev. Dr. William Coyuntryman que trata de evidenciar que o relato bíblico referido não pretende estabelecer um imperativo ético, pois se assim fosse os versículos seguintes e anteriores teriam o mesmo propósito. Um desses versículos, a título de exemplo, o Gn 2,3 “Deus então abençoou e santificou o sétimo dia, porque foi nesse dia que Deus descansou de todo o seu trabalho como criador”, estaria colocando o imperativo da observação do sábado para todo o sempre, no entanto, a maioria dos cristãos ignoram a instituição do sábado. Ou seja, não é pela autoridade das Escrituras, mas sim, pela tradição, que os cristãos deixaram de observar o sábado. Então, por que outros elementos do relato da criação devem permanecer como regras morais, absolutas e inalteráveis?
 
Para o Rev. William (5), Gênesis 2 não está afirmando que a heterossexualidade é essencial ao ser humano, mas sim que a sexualidade é essencial. Não é uma lei e sim demonstração da generosidade de Deus na criação.
 
Este é apenas um exemplo para demonstrar que a Bíblia é passível de interpretações e que o fato de encontrarmos nela, trechos indicando que o modelo usual do relacionamento entre duas pessoas, se dê pelo vínculo heterossexual, não significa um rechaço a outras possibilidades. No entanto, boa parte da discussão religiosa sobre a homossexualidade coloca seus esforços em averiguar o que a Bíblia tem a dizer sobre o tema. Recorrer ao relato bíblico fazendo uma leitura fundamentalista, parece-nos que não é o melhor caminho para encontrar pautas éticas que orientem a vivência da sexualidade.
 
Provavelmente, a maioria de nós cresceu aprendendo e assumindo que a orientação homossexual é uma coisa má e que os atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo são pecaminosos. Hoje há um número considerável de pessoas que questionam essa visão.
 
A homossexualidade já não é mais vista como uma doença, as pessoas homossexuais não são menos saudáveis do que as heterossexuais, apenas eroticamente têm outra orientação sexual, diferente da hegemônica. Os estudos do comportamento humano documentam práticas hetero e homossexuais em diferentes espécies. Isso evidencia que a homossexualidade é um aspecto normal no mundo natural. A antropologia cultural mostrou que as sociedades humanas compreendem a homossexualidade de diferentes maneiras. Ou seja, as ciências indicam que a homossexualidade é simplesmente parte do mundo que conhecemos, nem boa, nem má, em si mesma. Esse caminho percorrido pela ciência questiona as definições religiosas que se apresentam de forma dogmática.
 
Entre os/as fiéis cristãos/as observa-se que ainda há muito preconceito contra os/as homossexuais, mas, com a visibilidade que este grupo social tem conseguido, cresce também a tolerância dos/as fiéis. No Catolicismo especificamente, embora o Vaticano continue com sua posição condenatória à prática da homossexualidade, cada vez mais faz-se necessário abordar essa temática. O escândalo da chamada pedofilia de batina, que veio a público no primeiro semestre de 2002, em diferentes partes do mundo, têm provocado entre os/as católicos/as, discussões sobre a homossexualidade, embora trate-se de questões inteiramente distintas.
 
O Vaticano editou nos primeiros dias de abril/2003 um polêmico glossário de termos sexuais. Trata-se do “Léxico para termos ambíguos e coloquiais sobre vida familiar e questões éticas”. O capítulo sobre homossexualidade e homofobia afirma que a homossexualidade deriva de um conflito psicológico não resolvido, afirma ainda que os homossexuais não são normais e que os países que permitem os casamentos unissexuais são habitados por pessoas com mentes profundamente perturbadas(6). Oficialmente, portanto, a posição da Igreja Católica, continua sendo homofóbica e gerando polêmica. Mas, como já afirmamos, isto não significa que este pensamento seja único na vida da Igreja Católica ou do Cristianismo. Convivem posições diferenciadas entre os/as cristãos/as e até mesmo entre membros da hierarquia.
 
Diversidade de posicionamentos entre os/as cristãos/ãs frente à homossexualidade:
Apresentaremos três reações diferentes entre os/as cristão, quando se referem à homossexualidade:
Há aqueles/as que pensam que a homossexualidade deve ser rechaçada, uma vez que trata-se de uma conduta antinatural e pecaminosa. Os que sustentam essa posição, vão referir-se à Gn 1:28 “...sejam fecundos e multipliquem-se”, como sendo a manifestação da vontade de Deus com respeito às relações sexuais. Embora entendam a homossexualidade como uma perversão, não querem o castigo dos homossexuais e pensam que as Igrejas devem acolher os/as homossexuais, desde que eles/elas reconheçam que precisam de ajuda para mudar seu comportamento.
Um outro pensamento encontrado entre os/as cristãos/as é o de que a conduta homossexual é aceitável, ainda que considerada como uma opção inferior. Um representante deste pensamento é o teólogo luterano Helmut Thielicke.(7)  Ele
 
“considera a homossexualidade como o resultado de mudanças
patológicas ocasionadas pela queda, e deduz que as pessoas de
orientação homossexual são em grande parte incapazes de mudar sua
orientação. Thielicke exorta o homossexual para que se ajuste a um
estilo de vida heterossexual tanto quanto seja possível, mas se for
impossível ‘converter-se’ à heterossexualidade e para quem a
abstinência é demasiadamente difícil, ele dá este conselho: canalize
sua atividade sexual em uma relação de casal estável eticamente
responsável.” (8)
 
Há ainda quem defenda, como o teólogo anglicano Norman Pittenger, que a homossexualidade é tão digna de honra como a heterossexualidade. Os que sustentam esta posição enfatizam a convicção de que a Bíblia nunca foi pensada como lei para todos os tempos e que mesmo na Bíblia existem evidências que sugerem que a homossexualidade era às vezes tolerada sem crítica. Afirmam que o que é pecaminoso não é a homossexualidade como tal, mas sim a exploração de outra pessoa, o que pode ocorrer também em relações heterossexuais.
Sendo assim, as mesmas regras morais, valem para as atividades e condutas homo e heterossexuais. O importante é que as relações sejam de responsabilidade, respeito e ternura e promovam o bem para ambas as partes. Como afirma o teólogo católico John McNeill:
 
“Me inclino a pensar como Norman Pittenger cuando dice que, entre
adultos de común acuerdo, existen solamente tres clases de relaciones
sexuales: ‘buena, mejor y excelente (la mejor relación sexual)” (9)
 
Também o rev. Willian Countryman pergunta-se:
 
“Pero si la homosexualidad no es necesariamente pecaminosa,
significa esto que es necesariamente buena? En cierto sentido sí. Dios
dijo que toda la creación era buena, incluyendo su aspecto sexual. La
homosexualidad es en realidad buena en el mismo sentido en que toda
sexualidad es buena. Es uno de los profundos dones com que Dios nos
dotó desde el principio. Es el don de deleitarnos, de maravillarnos, de
conectarnos uno com outro, el don de trascender, el don de
humanidad...” (10)
 
Outra contribuição no mesmo sentido, vem da teóloga Penelope J. Ryan,11 Em seu livro “Católico Praticante – A busca de um catolicismo para o terceiro milênio”, ela nos oferece relatos de padres e bispos solidários aos/às homossexuais, e interpela a hierarquia católica para que suspeite de suas certezas morais sobre este tema:
 
“... com a descoberta de que muitos padres são homossexuais, virá à
tona a consciência de que esta é uma questão sobre gente, compaixão
e justiça. Os diversos modos pelos quais a comunidade homossexual
tem elevado a comunidade humana por meio de sua arte, ciência e
liderança dão testemunho dos poderes criativos que existem neste
grupo de pessoas...” (Ryan1999,180)
 
Nós, Católicas pelo Direito de Decidir, afirmamos a partir do próprio pensamento cristão a validade moral do exercício da sexualidade, em suas diferentes expressões, queremos uma Igreja que respeite o ser humano integralmente, independente de sua orientação sexual. O discurso oficial da Igreja da qual somos parte, tem se negado a ouvir as contribuições que vêm de seus teólogos, de seus/as fiéis e das ciências. Esta atitude apenas distancia as comunidades de fé, sem proporcionar nenhuma interlocução. É por essa razão que nós, mulheres católicas, força da vida da Igreja e das pastorais, muitas vezes também discriminadas pela hierarquia católica, fazemos nossas as palavras de Fernando Pessoa:
 
“O amor é que é importante,
o sexo, um acidente
pode ser igual, pode ser diferente”
 
Notas:
(1) Professora da disciplina Fenômeno Religioso no Instituto Superior da Diocese de Santo André, SP, doutoranda do Programa Pós-Graduados em Ciências da Religião na PUC-SP, membro da coordenação de Católicas pelo Direito de Decidir – Brasil.
(2) E. Westermack, Cristianity and Morals, Londres, 1939, pp.371-372
(3) As idéias acima expostas são encontradas no livro Homosexualidad - Ciencia e Conciência, de autores vários: Marciano Vidal, Javier Gafo, José Maria Fernandez-Martos, Pablo Lasso, Gregório Ruiz e Gonzalo Higuera, Editorial Sal Terrae, Santander, Espanha, 1981.
(4) Segundo John Boswell, que publicou suas descobertas em 1980, em Christianity, Social Tolerance, and Momosexuality, referido por Penelope J. Ryan em seu livro Católico Praticante, 1999, Ed. Loyola, SP.
(5) Professor de Novo Testamento na Church Divinity School of the Pacific, Berkeley, Califórnia, EUA,
(6) Jornal Zero Hora de 01.04.2003 anuncia a edição desse glossário, cuja produção foi coordenada pelo Cardeal colombiano Afonso López Trujillo, um dos mais conservadores do Vaticano.
(7) Helmut Thielicke, The Ethics of Sex traduzido ao inglês por John Doberstein (New York: Harper and Row, 1964, rep. Grand Rapids, Mich: Baker, 1975.
(8) El Coraje de Amar – seis estudios sobre homosexualidad, Pastoral Ecuménica y Solidaria com las personas viviendo com VIH-SIDA del Movimiento Ecuménico por los Derechos Humanos, 1997.
(9) Esses temas estão amplamente desenvolvidos no livro de John Mcneill: Taking a change on God: liberating theology for gays, lesbians, and their lovers, families, and friends (Aventurandose en Dios: Teologia libertadora para gente gay y lesbiana, sus parejas, familias y amigos; Boston: Beacon Press, 1988).Quando McNeill publicou seu primeiro livro: “The Church and the Homosexual”, pedindo à Igreja para reconsiderar sua posição sobre a homossexualidade, ele foi proibido de falar no assunto e, finalmente expulso da Companhia de
Jesus en 1987.
(10) Extraído do Tratado escrito pelo Ver. Dr. William Countryman, Publicado originalmente por INTEGRITY, P.O. Box. 19561, Washington, D.C. 20036-0561 – EUA.
(11) Penélope J. Ryan, Ph.D, é católica, professora na Fordham University, onde seus cursos de religião são muito frequentados, fazendo com que ela merecesse o prêmio de Professora do Ano duas vezes. Ela também supervisiona o curriculum religioso da School of the Holy Child, em Rye, NY
 
 
Bibliografia:
COUNTRYMAN, William, Que nos dice el relato bíblico de la creación acerca de la homossexualidad? Tratado publicado originalmente por Integrity. Distribuido em México, por Otras Ovejas – Ministerios Multiculturales com Minorías Sexuales.
LINGS, Renato, Las Traducciones Biblicas y la Homofobia, Bruselas, 1996.
McNEILL, John. La Iglesia ante la homosexualidad, Barcelona: Grijalbo, 1979.
McNEILL, John. Aventurandose en Dios: Teologia libertadora para gente gay y lesbiana, sus parejas, familias y amigos, Boston: Beacon Press, 1988.
MOTT, Luiz A Igreja e a Questão homossexual no Brasil in Religião e Homossexualidade,
Mandrágora, UMESP, SP, 1999
RYAN, Penelope J., Católico Praticante – A busca de um catolicismo para o terceiro milênio, Edições Loyola, S.Paulo, 1999.
TAKATSU, Sumio Dom, Homossexualidade no Anglicanismo in Religião e
Homossexualidade – Mandrágora, UMESP, SP, 1999.
Homossexualidad – ciencia y conciencia – vários autores – Editorial Sal Terrae, Santander, Espanha, 1981.
El Coraje de amar – seis estudios sobre homosexualidad, Pastoral Ecumenica y Solidaria com las personas viviendo com VIH-SIDA del Movimiento Ecumênico por los Derechos Humanos – Buenos Aires, 1997.
 
sinto-me: bem como sou!

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publicado por Riacho, em 23.06.07 às 08:40link do post | favorito

DE: António Lobo Antunes

 

Pachos na testa, terço na mão
Uma botija, chá de limão
Zaragatoas, vinho com mel
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher, ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela
Cala os miúdos, fecha a janela
Não quero canja, nem a salada, ai Lurdes, Lurdes, não vales nada
Se tu sonhasses como me sinto, já vejo a morte nunca te minto
Já vejo o inferno, chamas, diabos, anjos estranhos, cornos e rabos
Vejo demónios nas suas danças, tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira, põe-me a Santinha à cabeceira
Compõe-me a colcha, fala ao prior, pousa o Jesus no cobertor.
Chama o doutor, passa a chamada, ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisanas e pão de ló, não te levantes que fico só,
Aqui sózinho a apodrecer, ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

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publicado por Riacho, em 17.06.07 às 01:19link do post | favorito

Caros amigos,

 

Aqui deixo um artigo sobre a temática do próximo encontro, que poderá ser encontrado no website da APHM, seguindo o link: http://aphm.no.sapo.pt/senior/senior.html
"Nos dias que correm os homossexuais saiem do armário cada vez mais cedo. Já deixou de ser um escândalo ouvir falar de um homossexual com 14 ou 16 anos e mesmo os bares e discotecas estão apinhados de jovens homossexuais de idades entre os 18 e os 21 anos, deixando os homossexuais mais velhos para segundo plano. A atenção recente e a maior aceitação das uniões entre homossexuais contribuiu também para aumentar a pressão para que os homossexuais encontrem alguém "antes que seja tarde demais".

Claro que esta situação não transforma os homossexuais maduros em casos de caridade. Somente aumenta a pressão à medida que os homossexuais a envelhecer começam a pensar mais no seu futuro. Sendo que, em vez disso, alguns deles continuam preocupados com a superficialidade e em busca da fonte da juventude eterna através de cirurgias plásticas, desordens alimentares, horas excessivas em ginásios e uma obsessão pela imagem do corpo.

De acordo com vários estudos disponíveis (como sempre, não existem números para Portugal, mas a situação deverá ser idêntica), perto de 20% dos homossexuais seniores não têm ninguém que tome conta deles, contra 2% dos seus pares heterossexuais; 2/3 dos homossexuais seniores vivem sozinhos, contra 1/3 dos seus pares heterossexuais.

Embora muitos aspectos relacionados com o envelhecimento sejam semelhantes entre hetero e homossexuais, existem alguns aspectos específicos, negativos e positivos, referentes aos homossexuais.

Os homossexuais tiveram de lidar com o estigma da homossexualidade, normalmente antes de lidarem com o estigma de serem velhos. Para os indivíduos que lidaram da melhor forma com o estigma de serem homossexuais, parece ser mais fácil lidar com o estigma do envelhecimento. Por outras palavras, muitos heterossexuais passam pela vida sem nunca sentirem na pele qualquer tipo de discriminação. Quando confrontados com o envelhecimento, têm de avaliar quem são face aos estereotipos da sociedade. Contudo, os homossexuais tiveram que ultrapassar o estigma de serem homossexuais e isto parece ter-lhes dado as capacidades de ultrapassarem outros estigmas, isto é, os homossexuais mais velhos tiveram que lidar, ao longo da maioria das suas vidas, com a discriminação e os estereotipos negativos; se o conseguiram fazer de forma bem sucedida, conseguiram também desenvolver uma melhor auto-aceitação e auto-confiança conferindo-lhes as capacidades para lidarem em melhores condições com o estigma do envelhecimento.

Do mesmo modo, os homossexuais mantêm um circulo de relações que vai muito para além da família e dos colegas de trabalho, a integração na comunidade homossexual é também ela um factor na adaptação dos homossexuais mais velhos, o que não os torna exclusivamente dependentes da família. Por outro lado, as interacções ao nível da comunidade homossexual, que permitem contactos entre pessoas de várias idades, dão a oportunidade ao homossexual mais velho de socializar com os seus pares. O estabelecimento de redes de amizade parece agilizar o processo de envelhecimento para os homossexuais, ao contrário do que acontece para os heterossexuais.

Igualmente a reforma para os homossexuais pode constituir um período de alívio, particularmente para aqueles que não tendo «saído do armário», levaram toda uma vida com medo de serem descobertos e despedidos.

Quatro factores parecem ser importantes para os homossexuais mais velhos. Primeiro, o sistema de saúde, que se destina à população heterossexual. Muitos homossexuais seniores receiam dizer que são homossexuais, o que pode adulterar a forma de tratamento. Segundo, os relacionamentos homossexuais não são reconhecidos apesar de as pessoas terem passado juntas toda uma vida. Muitas vezes os companheiros não podem visitar o outro companheiro acamado num hospital, excepto como uma comum visita, nem lhes é permitido tomar decisões sobre cuidados médicos a administrar ao seu companheiro doente; não podem viver como casal em lares para a 3.ª idade e são mesmo excluídos dos preparativos fúnebres. Estas situações podem ter um efeito devastador nos homossexuais envolvidos. Em terceiro lugar, os homossexuais seniores preocupam-se com a habitação. Finalmente o indivíduo que somente sai do armário como um adulto mais velho tem poucos recursos à sua disposição para encontrar pessoas ou ajustar-se à sua orientação.

No entanto, nem tudo são rosas nas relações da comunidade homossexual para com os homossexuais seniores. Numa recente cerimónia de entrega de prémios, realizada nos EUA (na dita comunidade homossexual), um antigo responsável pela defesa dos direitos dos homossexuais, já de idade avançada, caminhou com muita dificuldade, agarrado à sua bengala, para ir receber o prémio. A certa altura deixou-a cair e teve enorme dificuldade em a conseguir apanhar para continuar. Ninguém se levantou para lhe dar uma ajuda! Isto envergonha-nos a todos os que somos homossexuais. Tudo o que, muitas vezes, fazemos é apontar o dedo aos heterossexuais, enquanto deveríamos apontar o dedo a nós próprios e às nossas atitudes e omissões.

Alguns gabam-se muito da nossa «comunidade», da nossa pseudo-«cultura». Esquecem-se que a maturidade cultural exige de nós respeito pelos mais velhos.

O autor Michael Gorman faz eco desta ideia quando afirma: "As culturas ancestrais que reveravam os seus homossexuais como shamans e druídas eram também culturas que honravam os seus idosos como "os sábios".

Que contributo podem os homossexuais seniores dar ao «mundo homossexual»? Aquilo que os mais idosos sempre deram, por todo o mundo e em todas as sociedades: o tipo de perspectiva que só se pode obter por termos vivido 70 ou 80 anos; o tipo de compreensão sobre a própria mortalidade, que ninguém tem aos 20; experiências valiosas e informações que, muitas vezes, só se transmitem verbalmente. Resumindo, existem ALGUNS indivíduos e associações «iluminados» que se importam com os homossexuais seniores. Contudo a chamada "comunidade homossexual" ainda tem um longo caminho a percorrer..."


Um abraço fraterno a todos,
Zé (Évora)


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publicado por Riacho, em 15.06.07 às 21:04link do post | favorito

Malta próximo encontro sábado dia 23, pelas )(NOVE) horas no mesmo local!

Tema sugerido:

Rugas :) - O envelhecimento,

O João disse que ia arranjar uns textos depois bloga-mo-los aqui, também as vossas contribuições

Até lá

Quim

 

 

Aqui ficam uns textos e links (vou pondo mais à medida que encontre!):

 

www.sageusa.org

http://uk.gay.com/article/1044

http://www.penson.supanet.com/ (leiam até ao fim e sigam os links do fundo da página)

 

 

Como só o variações sabe cantar!

Rugas
ja começo a ter as primeiras rugas
Rugas
começam-me a nascer as primeiras rugas
Rugas de chorar
Rugas de sorrir
Rugas de cantar, começo a franzir
Rugas de chorar
Rugas de sorrir
Rugas de cantar
Rugas de sentir
Rugas....

Rugas
ja começo a ter as primeiras rugas
Rugas
começam-me a nascer as algumas rugas
Rugas de chorar
Rugas de sorrir
Rugas de cantar, começo a franzir
Rugas de chorar
Rugas de sorrir
Rugas de cantar
Rugas de sentir
Rugas....


Do Filadélfia mas sempre actual, uma letra que sempre que ouço me arrepia!


I was bruised and battered and I couldnt tell
What I felt
I was unrecognizable to myself
I saw my reflection in a window I didnt know
My own face
Oh brother are you gonna leave me
Wastin´away
On the streets of philadelphia

I walked the avenue till my legs felt like stone
I heard the voices of friends vanished and gone
At night I could hear the blood in my veins
Black and whispering as the rain
On the streets of philadelphia

Aint no angel gonna greet me
Its just you and I my friend
My clothes dont fit me no more
I walked a thousand miles
Just to slip the skin

The night has fallen, Im lyinawake
I can feel myself fading away
So receive me brother with your faithless kiss
Or will we leave each other alone like this
On the streets of philadelphia


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publicado por Riacho, em 10.06.07 às 23:53link do post | favorito

Boa noite

Neste fim de semana fomos ver PARANORMAL com Joaquim Monchique.

Paranormal uma experiência do outro mundo para quem gosta de morrer a rir, e não tem nada que saber… bai no batalha!

ARTISTAS E RESPONSÁVEIS:
ACTOR/ES: Joaquim Monchique
AUTOR/ES: Maria Carmen Barbosa, Miguel Falabella
ENCENADOR/ES: António Pires

 

O Paranormal Professor Adamastor (Joaquim Monchique) é um esotérico que entra em cena naquilo que não pode catalogar-se como monólogo, porque estas personagens materializam-se no corpo, na cara, na voz e nas expressões do actor! É uma peça que fala de gente que procura gente, pessoas que não querem ser encontradas que sem querer são descobertas!

O Paranormal recebe desde uma mulher que procura o marido desaparecido, ao próprio marido que se encontra, mas espelhado debaixo de uma bola de espelhos ao som de YMCA, mas nos braços do seu novo amor: um homem de bigode. 

Chocada com esta revelação, ela arremessa um sapato (objecto pertencente à pessoa perdida) à cabeça do professor, e, é este incidente que vai desencadear a frenética e alucinante acção. 

O dom do professor, potenciado pela sapatada, gera uma série de linhas cruzadas, trocadas, que vão ser mote para a grande insanidade de pessoas perdidas que baixam e sobem neste palco, ou antes, na cabeça do Paranormal. 

16 personagens encarnam toda acção Paranormal, e, na minha opinião, acção é a palavra que vamos poder testemunhar em palco. É como assistir a uma sala que começa vazia e logo se transforma num palco cheio de Joaquim, que já nos habituou a milhares de personagens brilhantes, cheios de humor e de autenticidade. 

Um cenário surpreendente em luz, banda sonora surround, um texto fantástico e hilariante de Miguel Falabella - actor, escritor, produtor e realizador consagrado na América Latina - e Joaquim Monchique, encenador e actor surpreendente
a dispensar comentários, que cumpre aqui a sua promessa de sempre: fazer rir até cair para o lado!
Recomendo vivamente a peça

 

Boa noite e bom inicio de semana

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publicado por Riacho, em 10.06.07 às 20:49link do post | favorito

Por: Laura Ieraci
Catholic News Service

Os Bispos do Quebec afirmaram que pretendem manter um espírito de unidade ao entrarem em diálogo com 19 padres do Quebec que publicaram uma carta de divergência com as posições da Igreja sobre a homossexualidade.

 

A carta dos padres «coloca o dedo numa ferida da nossa sociedade, um problema complexo, que requer a nossa atenção. É um amplo apelo a um diálogo acerca do fenómeno da homossexualidade e, nesta altura, acolhemos de bom modo este convite à reflexão e ao diálogo», afirmou o Cardeal Marc Ouellet da cidade do Quebec.

Os Cardeais Ouellet, Jean-Claude Turcotte de Montreal e o Bispo Gilles Cazabon de Saint-Jerome, presidente da Assembleia dos Bispos Católicos do Quebec, falou na conferência de imprensa do dia 9 de Março, em Trois-Rivieres, durante o encontro semi-anual de quatro dias dos Bispos do Quebec, ocorrido nos arredores de Cap-de-la-Madeleine.

A carta dos padres, que suscitou a atenção internacional, apareceu a 26 de Fevereiro, no maior jornal de Montreal, La Presse. Criticava de forma acutilante a Igreja Católica no respeitante aos seus ensinamentos acerca da homossexualidade.

Particularmente, a carta critica a afirmação dos bispos canadianos sobre os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e o recente documento do Vaticano que aborda a admissão de candidatos homossexuais nos seminários. Questiona igualmente os ensinamentos da Igreja de que os actos homossexuais são imorais e afirma que a Igreja tem de evoluir na sua posição acerca destas questões.

 

Os signatários são originários de cinco dioceses da província do Quebec. Encontrar-se-ão com os seus bispos nas próximas semanas.


O Cardeal Turcotte, disse aos jornalistas que as divergências dentro da Igreja não são novidade. Muitos dos temas abordados na carta, tinham já sido levantados no encontro de dois dias que ele própria tinha mantido com os seus padres, há cerca de dois anos, afirmou, acrescentando que planos para outro encontro estavam já em marcha.
 
Desvalorizou igualmente o sensacionalismo que se gerou nos media, destacando que este criou uma «dinâmica de confrontação».

«A divergência de opiniões na Igreja é muito comum», afirmou. «Portanto não julgo que devamos atribuir uma importância exagerada a este acontecimento, como se estivéssemos a enfrentar um cisma».
 
«Desejo poder falar com estes padres», afirmou.

Mais tarde, disse aos jornalista: «Tenho amigos naquela lista de padres. Se quiserem contactar-me, tudo o que têm de fazer é telefonar-me e teremos um encontro. Mas prepararam algo e dirigiram-no aos media. Agora torna-se uma troca mais difícil."

Durante a conferência de imprensa, o Cardeal Turcotte defendeu veementemente os ensinamentos da Igreja e o seu papel de proclamação do Evangelho na sociedade. A Igreja acolhe e ministra a homossexuais, mas não pode abençoar comportamentos que contraditam o Evangelho, afirmou.

 

«O mesmo se aplica aos heterossexuais», afirmou.

As pessoas devem ser aceites incondicionalmente, afirmou.

«Contudo, a homossexualidade tem comportamentos, bem como a heterossexualidade, que parecem não estar em conformidade com o Evangelho e a nossa missão de O pregar», afirmou.

«Mesmo assim aceitamos as pessoas e acolhe-mo-as, mas nem todas as suas acções podem ser acolhidas», afirmou. «De certo modo, é um pouco ingénuo pensar que somente porque acolhemos a pessoa, não iremos questionar o que essa pessoa faz».

«O Evangelho é formado por ensinamentos maravilhosos, mas também exigentes. É o papel da Igreja e dos Bispos, realçarem estes ensinamentos, ainda que estes nem sempre sejam agradáveis», afirmou.

O Cardeal Ouellet defendeu os ensinamentos da Igreja acerca dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, afirmando que estes derivam das Escrituras. Afirmou que a Igreja deve permanecer fiel à mensagem do Evangelho e não pode abençoar casamentos entre pessoas do mesmo sexo». «Ao mesmo tempo», afirmou, «isto não significa que a Igreja seja contra os homossexuais».

 

Afirmou que compreende que os homossexuais podem ter dificuldades com o modelo da família nuclear.

Os Bispos do Quebec estarão em Roma, em visita regular, entre 1 e 15 de Maio. O Cardeal Turcotte afirmou que os Bispos relatarão, durante a sua visita,  os temas levantados na carta.

 

 


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publicado por Riacho, em 03.06.07 às 23:58link do post | favorito

Boa noite a todos os amigos do Riacho

 

Neste fim de semana decidimos fugir do reboliço da vida de stress em que vivemos todos os dias.

Por sugestão de alguém, fomos até à Comporta.

O dia estava mesmo convidativo e, apesar de não estarmos preparados para a praia lá arranjamos uns calções, umas toalhas e uns protectores solares e... splash!!!. Aí estamos nós a penetrar as profundezas do oceano. Que sensação de libertação!

Mas o sol alentejano estava a tornar-se abrasador e toca de fugir até um restaurantezinho no meio da Comporta de Alcácer do Sal.

Aqui, espontaneamente, falamos do que sentimos. Do passado e do futuro do Riacho. Que significado tem ele nas nossas vidas.

Entre as várias ideias e sugestões decidiu criar-se um blog que tornasse a comunicação mais fácil entre nós, já que para muitos o forum que temos no site não é funcional.

Pois cá está o nosso blog no sapo.

Fica o convite para experiementar esta forma de comunicação entre nós.

Sugiro a quem foi que nos descreva os momentos tranquilos do porto palafita da Carrasqueira. 

A todos os que quiserem escrever, é só clicar em comentar e já está.

 

Bom início de semana!

 


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