ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 15.02.12 às 19:09link do post | favorito

Uma notícia para reflectir....

 

Dois padres católicos contrataram uma gangue de criminosos para que fossem mortos por ela, quando descobriram que pelo menos um dos dois tinha o vírus HIV, informou nesta terça-feira (14) a promotoria de Bogotá. Os sacerdotes Rafael Reátiga, de 36 anos, e Richard Píffano, de 37 anos, pagaram 15 milhões de pesos (cerca de US$ 8.430) para que fossem mortos a tiros em janeiro de 2011, disse em entrevista à Associated Press a diretora do Corpo Técnico de Investigação (CTI) da promotoria, Maritza González.  

González precisou que após exames nos cadáveres foi comprovado que Reátiga era portador do HIV. O monsenhor Juan Vicente Córdoba, secretário da Conferência Episcopal da Colômbia, disse estar "aterrorizado" com o caso e afirmou que ele abala a Igreja Católica na Colômbia, não apenas porque envolveu seus membros, mas também por causa da decisão que eles tomaram.  

Maritza González disse que a decisão da dupla foi tomada, aparentemente, após a descoberta de que Reátiga tinha o HIV. Segundo ela, os dois padres buscaram os quatro delinquentes - dois dos quais estão detidos - e disseram que precisavam de "um trabalho, se eles podiam assassinar umas pessoas". A gangue aceitou e na hora de acertar os detalhes os sacerdotes revelaram que eles é que deveriam ser assassinados.  

Também ficou claro, disse González, que três semanas antes de autorizar a própria morte, Reátiga passou seus bens para sua mãe. Já o padre Píffano sacou todo o dinheiro da sua conta bancária, 6,5 milhões de pesos (US$ 3,6 mil) no dia da própria morte.  

Os corpos dos dois sacerdotes foram encontrados crivados de balas em um automóvel na manhã de 27 de janeiro de 2011 no bairro de El Triunfo, no sul de Bogotá, onde tinham suas paróquias. Ambos foram baleados na noite anterior. A promotoria não precisou o calibre das armas e nem os projéteis usados. A polícia colombiana procura os dois outros acusados que teriam matado os padres. Para a Justiça, disse González, se trata de dois casos de homicídio e não de suicídio assistido.  

Os dois acusados, Gildardo Peñate e Isidro Castiblanco, compareceram nesta terça-feira a um tribunal de Bogotá onde foram formalmente citados. Os dois podem ser condenados a até 40 anos de prisão.  

A promotora do caso, Ana Patricia Larrota, disse que o padre Reátiga era frequentador de bares e discotecas da comunidade gay e de transexuais no centro de Bogotá. Segundo ela, os exames feitos no corpo do padre mostraram que ele tinha sífilis.  

As famílias dos dois padres disseram não acreditar nas investigações da promotoria, enquanto o monsenhor Córdoba se disse aterrorizado com os fatos. "Ninguém imagina que duas pessoas jovens, sacerdotes ou não, paguem assassinos para serem mortos".

 

Fonte: http://ultimasnoticias.inf.br/?pg=8&id_busca=19164&tag=Padres+contrataram+assassinos+para+serem+mortos+na+Col%F4mbia


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publicado por Riacho, em 30.01.11 às 18:00link do post | favorito

Este homicídio (de Carlos Castro) vai ao encontro de Freud e de Jung para o analisarem, mas passa por Sade e por René Girard ("A Violência e o Sagrado"). O seu primitivismo recua o tempo, regressado a um rito sanguinário e sacrificial.

Artigo de José Manuel dos Santos, jornal Expresso.

Nos ecrãs dos computadores e das televisões como aquela que serviu para matar, os comentários não param, mostrando que toda a gente participa neste crime - uns como assassinados, outros como assassinos. Abominável, hediondo, inumano são palavras poucas e pequenas para descrever o que parece um plágio de "O Pecado de João Agonia", de Bernardo Santareno. Mas, em vez destas palavras, há muitas outras, escritas onde agora toda a gente as escreve - essa parede luminosa de um mundo apagado. Ao lê-las, tememos que o século XXI seja tão bárbaro como o século XX. Afinal, Portugal está cheio de terroristas prontos a matar, ao menos simbolicamente, os fiéis de outra fé sexual. E a sentença do "caso Gisberta" deu-lhes uma iníqua e antipedagógica sugestão de impunidade...

Este homicídio vai ao encontro de Freud e de Jung para o analisarem, mas passa por Sade e por René Girard ("A Violência e o Sagrado"). O seu primitivismo recua o tempo, regressado a um rito sanguinário e sacrificial. Num hotel de Times Square, próximo dos teatros da Broadway onde a vida dança a sua música leve, aconteceu aquilo que lembra o terror, a violência, a alucinação, a merda, o sémen, o sangue que habitam os homens.

Pense-se o que se pensar das causas e das circunstâncias deste crime, ele leva-nos a suspender todo o juízo sobre a vítima e a sua vida, que esta morte transforma em destino. Não importa o que era, como era e se gostávamos ou não disso. Tentar arranjar aí razões para este ato é fazer o que fazem aqueles que explicam com a "cupidez judaica" o antissemitismo e o extermínio nazi.

A ser o que parece, este crime e quem o cometeu estão descritos nas palavras que Alberto Moravia escreveu ao saber que o seu amigo Pasolini fora assassinado: "A morte de Pasolini, na realidade psicológica, que é a única que conta, foi certamente provocada pelo ódio do assassino para consigo próprio e pela sua identificação com Pasolini no momento do crime. Matando Pasolini, o assassino quis punir-se; o homicídio foi portanto uma espécie de suicídio dissociado e objetivo." Isto é: o assassino destrói o espelho para destruir a sua imagem nele. Mata o mensageiro que lhe revela a parte de si que recusa. A chamada "homofobia internalizada" pode estar na raiz dos piores crimes homofóbicos. Ao gritar "Já não sou gay" (confissão retroativa de que o fora e tinha medo de o continuar a ser), dizendo que tinha feito o que fez para libertar "demónios e vírus", revela que este sinistro exorcismo foi praticado sobre o outro para chegar a si. Mas o nome que ele quis expulsar da sua memória ficará para sempre preso ao seu como se fossem um só.

Os amigos do acusado gritam, com uma ilusão que desconhece a vida e como se isso fosse o mais importante, que ele é heterossexual ("como nós"), porque teve namorada. Nunca ouviram falar de bissexualidade? E de dissimulação? Yourcenar diz: "Por cada gay que se assume, há dez que se escondem e cem que nem a si próprios confessam que o são." Os amigos começaram também por gritar que não podia ser ele o criminoso deste crime. O que negam tem sido, afinal, confessado por aquele sobre o qual fazem incidir a negação.

Olhando as imagens do acusado, é-nos difícil ver ali o rosto de quem comete um assassínio com uma crueldade próxima de "O Silêncio dos Inocentes". Por isso, a terra nos foge debaixo dos pés. Achamos que os assassinos têm cara disso - e que as vítimas também. O mundo é mais complexo e trágico que a mente dos que o dividem entre "nós" - e "eles".

Há quem conte a história assim: um rapaz elegante e atlético quer ser modelo e serve-se de um homem mais velho, que ele supõe influente, para o ajudar. O homem aceita e serve-se da ambição do rapaz para se aproximar do seu corpo e do seu prazer. Começa um jogo que acabou como se sabe. Mas esse é um jogo jogado por homossexuais, bissexuais e heterossexuais. Do empresário de teatro que dorme com a atriz ou o ator à secretária que se deita com o patrão e à velha milionária que namora o personal trainer, todos os dias isto acontece, aqui ou além, ao nosso lado, à nossa frente, nas nossas costas. Destas histórias, está o mundo cheio e com elas se fazem filmes e romances. Poucas terminam num crime. Umas acabam em casamento, com o divórcio que o permite. Outras duram em encontros apaixonados às quatro da tarde em prédios de bairros discretos. Algumas findam em vinganças e denúncias. Outras prosseguem em jantares à luz de velas com as mãos a tocarem-se para dar e receber presentes...

Ao contrário do que alguns dizem, este crime não era inevitável. Na sua sordidez selvática, nomeia-se a si mesmo: abjeto, asqueroso, abominável. Olhando-o, tomamos parte nele. Ou do lado do assassino, ou do lado do assassinado. Mesmo sabendo que na morte do que foi morto começa a morte do que o matou.

 

José Manuel dos Santos

colaborador regular do "Atual"

Texto publicado na revista Atual de 21 de janeiro de 2011

 

Fonte: http://aeiou.expresso.pt/o-crime=f627805


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publicado por Riacho, em 13.01.11 às 22:56link do post | favorito

In memoriam

 

 

É importante rezar pelo assassinos, mas é fundamental lembrar sempre as vítimas!


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publicado por Riacho, em 13.01.11 às 22:50link do post | favorito

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publicado por Riacho, em 10.12.10 às 21:05link do post | favorito

A homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.

Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência à existência de mulheres e homens homossexuais. Apesar dessa constatação, ainda hoje esse tipo de comportamento é chamado de antinatural.

Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (ou Deus) criou órgãos sexuais para que os seres humanos procriassem; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).

Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?

 

Se a homossexualidade fosse apenas perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de espécies de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.

Em virtualmente todas as espécies de pássaros, em alguma fase da vida, ocorrem interações homossexuais que envolvem contato genital, que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.

Comportamento homossexual envolvendo fêmeas e machos foi documentado em pelo menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.

 

Relacionamento homossexual entre primatas não humanos está fartamente documentado na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no Journal of Animal Behaviour um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.

 

Masturbação mútua e penetração anal fazem parte do repertório sexual de todos os primatas não humanos já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.

Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas rigorosas.

Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela simples existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por capricho individual. Quer dizer, num belo dia pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas como sou sem vergonha prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.

Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.

A sexualidade não admite opções, simplesmente é. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.

 

Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países fazem com o racismo.

Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais na vizinhança, que procurem dentro das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal costumam aceitar a alheia com respeito e naturalidade.

 

Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.

Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser fascistas a ponto de pretender impor sua vontade aos que não pensam como eles.

Afinal, caro leitor, a menos que seus dias sejam atormentados por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu trinta anos?

 

Fonte: http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/6375/violencia-contra-homossexuais


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