ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 13.06.13 às 14:14link do post | favorito

"A mensagem mais importante contida nas palavras do papa sobre o lobby gay refere-se à sua determinação a reformar a Cúria e a Igreja. Ele não queria criticar os homossexuais, mas sim todos aqueles que se organizam em grupos ou correntes para influenciar a vida e as escolhas do Vaticano".

A reportagem é de Paolo Mastrolilli, publicada no sítio Vatican Insider, 12-06- 2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Michael Sean Winters, jornalista e escritor do National Catholic Reporter, acompanha esses eventos com os olhos dos Estados Unidos, talvez o país mais afetado pelos escândalos de fundo sexual que, nos últimos anos, abalaram a Igreja.

Eis a entrevista.

Que impressão você teve das palavras de Francisco no encontro com a Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos?

A primeira coisa que me chamou a atenção foi o lugar e o modo em que ele falou. Uma verdadeira conversa, em círculo, em que ele se colocou no mesmo plano dos interlocutores para escutá-los. É uma confirmação de como ele é acessível e está determinado a ouvir o parecer de todos para levar adiante a reforma.

Ele queria responder ao escândalo dos abusos sexuais nos Estados Unidos?

Não acredito, ao menos não diretamente. Eu não acho que ele faça uma associação entre homossexualidade e abusos. As pessoas que cometem abusos, na Igreja e fora dela, são adultos de várias tendências sexuais, que não deveriam ter acesso às crianças. O problema não é exclusivamente dos gays.

O papa, no entanto, teria falado especificamente de lobby gay.

Certamente, porque é um problema que existe dentro do Vaticano. Sabemos que ele existe, porque estava presente no famoso relatório dos três cardeais. No entanto, não existe uma distinção ideológica dentro da Igreja entre heterossexuais e gays. Ao contrário, no mínimo o oposto é verdadeiro: os prelados homossexuais muitas vezes são os mais conservadores e tradicionalistas, decididamente contrários a qualquer abertura com relação a temas como o casamento gay ou a igualdade de direitos. O problema é que, às vezes, eles se unem em grupos para defender seus próprios interesses, e isso é inaceitável para o Papa. Francisco quer reformar a Cúria, para libertá-la de todos os lobbies e as correntes que a impedem de funcionar como deveria. Portanto, ele critica o grupo dos gays assim como criticaria qualquer outra formação interna que vise a condicionar o trabalho do Vaticano.

Como serão recebidas essas suas declarações nos Estados Unidos?

Muito bem, eu acho, porque nos Estados Unidos existe a clara percepção de que a Igreja precisa fazer limpeza. Esse sentimento nasceu com os abusos sexuais, mas não apenas, e agora se ampliou para o funcionamento e para a missão geral do Vaticano. É um problema que diz respeito à reforma da Cúria, mas também aos processos internos para a gestão da Igreja.

A que você se refere?

Eis um exemplo prático. Nós temos um bispo em Kansas CityRobert Finn, condenado por ter encoberto padres pedófilos. Ele mesmo admite que, nas suas condições atuais, não poderia se apresentar nem para ensinar o catecismo aos domingos, porque lhe seriam pedidas informações básicas sobre os antecedentes penais que o excluiriam desse trabalho. No entanto, ele ainda é bispo e permanece no seu posto. A razão? Porque não existe um processo claro e padrões com os quais se possa enfrentar e resolver essas situações de conflito. Portanto, o que vale são as conexões, as relações, os apoios que uma pessoa pode obter. Finn é apoiado na Cúria pelos cardeaisRigali e Burke, e por isso ainda está no cargo. No entanto, se a Igreja não consegue remover nem mesmo os bispos que demonstraram que não podem mais desempenhar a sua função, toda a credibilidade e a eficácia da instituição sofre com isso. Eu acredito que o papa está determinado a enfrentar esses problemas e a reformar a Cúria. Por isso ele falou assim do lobby gay ou de qualquer outra corrente, e por isso ele é estimado pelos fiéis.


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publicado por Riacho, em 07.02.13 às 22:43link do post | favorito

O presidente do Pontifício Conselho para a Família, o arcebispo Vincenzo Paglia, reconhece direitos para os casais de fato, homossexuais ou não.

A reportagem é de Juan G. Bedoya e está publicada no jornal espanhol El País, 05-02-2013. A tradução é do Cepat.

O ‘ministro’ do Vaticano que se ocupa de zelar pelo matrimônio católico e indissolúvel, o arcebispo Vincenzo Paglia, presidente do Pontifício Conselho para a Família, defende a família tradicional, mas reconhece direitos para os casais de fato, homossexuais ou não. Ele expressou essa opinião na segunda-feira diante de numerosos jornalistas, causando grande alvoroço, pois se trata de um giro radical nas rígidas posições da Igreja católica. “Infelizmente, não sou um especialista em direito, mas pelo que sei, me parece que é o caminho que se deve trilhar”, acrescentou. Pouco depois, o prelado recebeu o apoio de um de seus colegas da cúria da Santa Sé, o também arcebispo Rino Fisichella, responsável pelo ‘ministério’ papal recentemente criado com o nome de Nova Evangelização. “O legislador deve responder às exigências que antes não existiam”, disse este.

Apenas há um mês o papa Bento XVI admitiu que os ataques que, segundo ele, a família católica sofre em numerosos países europeus são um perigo para a humanidade e geram violência e pobreza. Da mesma opinião são seus hierarcas na França, que aplaudiram as massivas manifestações contra a iminente legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexoPaglia, ao contrário, reconhece agora que se trata de situações que o Estado deve resolver para impedir injustiças e discriminações, não sem antes abrir debates mais prolongados.

“É preciso encontrar soluções no âmbito do código civil para garantir questões patrimoniais e facilitar condições de vida para impedir injustiças com os mais fracos. É um assunto que deve ser debatido mais amplamente e não imposto pelos governos”, disse, em clara referência à França e à Espanha.

Paglia é um dos fundadores da Comunidade de Santo Egídio, uma organização nada conservadora em comparação com outras de grande poder no Vaticano, como se demonstra por sua mediação em conflitos internacionais, entre eles em El Salvador, ou por sua postura a favor da causa da beatificação do bispo salvadorenho Arnulfo Romero, assassinado por forças ultracatólicas desse país por sua defesa dos mais pobres.

O destacado religioso italiano foi escolhido por Bento XVI há um ano para presidir um dos ‘ministérios’ chaves do Vaticano, até então nas mãos do cardeal provavelmente mais conservador da cúria, o colombiano Alfonso López Trujillo, no cargo durante muitos anos.

Acostumado com o debate e avisado por seus irmãos da Comunidade, muito comprometidos com os trabalhos de ação social, Paglia dá uma guinada nas posições mais intransigentes de sua Igreja por causa do escândalo que representa o fato de que, ainda hoje, haja países que condenam à morte os homossexuais ou os castigam como réus de um dos mais graves crimes que podem ser cometidos. “Em vários países a homossexualidade é considerada um crime. É preciso combater isso. É claro que é preciso garantir os direitos individuais”, disse na entrevista coletiva, antes de expressar sua “total oposição” a essas formas de discriminação em países do Oriente Médio e da África.


PARA LER MAIS:



Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/517466-presidente-de-dicasterio-vaticano-reconhece-direitos-para-casais-de-fato


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publicado por Riacho, em 05.02.13 às 22:29link do post | favorito

O ministro do Vaticano para a família, Vicenzo Paglia, presidente do Pontifício Conselho da Família, defendeu que os Estados devem impedir injustiças e discriminações nos casais "de facto", incluindo os constituídos por homossexuais .Esta é a primeira vez que um alto responsável do Vaticano defende soluções jurídicas para uniões fora do casamento.

 Fonte: http://www.dezanove.pt/467123.html


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publicado por Riacho, em 17.12.12 às 00:22link do post | favorito
Defensores dos homossexuais protestam junto ao Vaticano
Fotografia © Reuters

Defensores dos direitos dos homossexuais manifestaram-se hoje, nos arredores da praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano, durante a homilia do papa Bento XVI, que afirmou que a legalização do casamento homossexual ameaça a instituição do casamento.

Cerca de quinze militantes gritaram palavras de ordem, como "casamento gay", "o amor não tem barreiras", "ama o próximo", entre outras.

Os manifestantes foram impedidos de aceder à praça de São Pedro, onde dezenas de milhares de fiéis estiveram reunidos para a tradicional oração do "Angelus".

Esta manifestação de hoje no Vaticano acontece no momento em que milhares de manifestantes em França se preparam para desfilar pelas ruas de Paris para apoiar o projeto de lei que visa legalizar o casamento homossexual.

 

Fonte: http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=2950325&seccao=Europa

 


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publicado por Riacho, em 26.07.10 às 00:26link do post | favorito

Será por esta amostra de padres da diocese de Roma que o Vaticano julga que todos os homossexuais são promíscuos? Há milhares de exemplos de casais do mesmo sexo  que levam uma vida digna cujas experiência o Vaticano se devia esforçar mais por conhecer e por se deixar surpreender.

 

Consternadas, autoridades católicas dizem que sacerdotes homossexuais devem abrir mão dos benefícios da vida na Igreja


Capa da revista italiana "Panorama" com a reportagem "As Noitadas dos Padres Gays"

Capa da revista italiana "Panorama" com a reportagem "As Noitadas dos Padres Gays"

A edição desta semana da revista italiana Panorama, de propriedade do primeiro ministro Silvio Berlusconi,  leva mais um escândalo às portas do Vaticano. Baseada em um mês de investigação com câmeras escondidas, uma longa reportagem expõe três religiosos sob o título As Noitadas dos Padres Gays. Há fotos dos padres em clubes e a capa da revista mostra um homem de batina, segurando um rosário, com as unhas pintadas de rosa.

Depois que a revista chegou às bancas, autoridades “consternadas” da Igreja Católica divulgaram uma nota oficial dizendo que padres homossexuais deveriam revelar-se e deixar a vida monástica. “Aqueles que levam uma vida dupla, que não compreendem o que significa ser um padre católico, não deveriam abraçar o sacerdócio”, afirma o comunicado da Diocese de Roma, a maior da Itália. “A honestidade exige que eles se revelem.”

Recentemente, o Cardeal Tarcisio Bertone, número dois do Vaticano, causou furor ao sugerir que a homossexualidade, e não o celibato, estaria na origem dos diversos casos de pedofilia que macularam a imagem da Igreja Católica em diversos países. O Papa Benedito XVI já condenou, em diversas oportunidades, o casamento gay, qualificando-o de “ameaça insidiosa e grave ao bem comum.”

 

http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/revista-italiana-expoe-noitadas-de-padres-gays

 


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publicado por Riacho, em 04.04.10 às 23:30link do post | favorito

Aqui está um artigo do António Marujo no jornal Público, muito equilibrado, sobre a crise que a Igreja Católica vive presentemente. Leitura recomendada:

 

A Igreja Católica atravessa a mais profunda crise do último século. Para encontrar algo de dimensão semelhante, devemos recuar até ao início do século XX, com o anti-modernismo do Papa Pio X. Ou antes, a 1870 e ao Concílio Vaticano I, com o dogma da infalibilidade papal, o cisma dos velho-católicos e o fim dos Estados Pontifícios. Há uma diferença: esta crise atinge um catolicismo universal, ao contrário do de há um século, quando ainda era uma realidade pouco mais que europeia.

Será um Papa ferido o que vem a Portugal Será um Papa ferido o que vem a Portugal (Tony Gentile/Reuters)

Há várias questões à volta deste tema que, de repente, coloca um Papa académico perante um dos mais graves problemas pastorais da Igreja. Será ele capaz de afrontar o problema com a coragem necessária?

Ratzinger é um teólogo notável no diálogo cultural, mesmo com filósofos não-crentes como Jürgen Habermas ou Paolo Flores d’Arcais (como se pode perceber em Existe Deus?, editado na Pedra Angular). Eleito para um pontificado de transição, cuja marca seria afirmar a importância do facto cristão no diálogo multicultural contemporâneo, Bento XVI tem o desafio de “limpar a Igreja” da sua sujidade, como ele próprio afirmou na Via-Sacra de Sexta-Feira Santa de 2005, poucos dias antes da morte de João Paulo II.

1. Esta crise, como diz o étimo da palavra, pode ser uma oportunidade de mudança. A começar pela relação entre catolicismo e sexualidade – que o teólogo Hans Küng definiu como uma “relação crispada”. Não para dizer que o celibato é a causa da pedofilia. O celibato como opção voluntária pode ser dedicação extraordinária a uma comunidade. Como disciplina obrigatória (com excepções nas Igrejas Católicas orientais ligadas a Roma e, agora, com os anglicanos que decidiram aderir ao catolicismo), poderá ser revisto.

É certo que a esmagadora maioria de casos de abusos acontece com pais e familiares próximos das crianças. Como escrevia o Papa na carta aos católicos irlandeses, a pedofilia não é um problema que se restringe aquele país nem à Igreja Católica. Bem pelo contrário. Mas encarar a questão da sexualidade significa afrontar, desde logo, a formação nos seminários, tantas vezes castradora de afectos. E que é uma das causas profundas da pedofilia entre membros do clero.

A Igreja tem, na sua base bíblica e evangélica, uma fonte harmónica e integral que séculos de moralismo esconderam. Ao contrário do que diz Saramago, a Bíblia não é um manual de maus costumes. Mas, ao contrário do que pensam e dizem muitos católicos, ela tão pouco é um manual de bons costumes. A Bíblia é sobretudo uma proposta de relação – do ser humano com Deus e entre os seres humanos como imagem de Deus.

Aqui reside uma primeira dificuldade no exercício que a Igreja terá de fazer: muitos responsáveis católicos insistem numa abordagem dualista, legalista e pecaminosa (numa perspectiva greco-romana) da sexualidade. E que tem sido geradora de hipocrisias.

2. A crispada relação com a sexualidade reflecte-se também no modo como a doutrina católica olha a contracepção – e o preservativo, nomeadamente. Há quatro décadas, a encíclica Humanae Vitae interditou os métodos “artificiais” de planeamento familiar, apenas porque alguns cardeais da Cúria Romana não aceitavam a mudança doutrinal proposta por uma vasta comissão de médicos, teólogos e casais.

Se o Papa Paulo VI (que encarava a possibilidade de mudar a posição oficial) não tivesse cedido à pressão da Cúria, o preservativo não seria hoje um tabu doutrinal (mesmo se distribuído aos milhares por freiras e padres comprometidos na luta contra a sida, por exemplo). E o catolicismo das últimas décadas teria sido bem diferente.

Esta relação difícil do catolicismo oficial com a sexualidade tem manifestações visíveis como os abusos sexuais cometidos por padres sobre religiosas, em África, conhecidos há uma década; ou o padre mexicano Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, de quem se sabe que teve filhos de várias mulheres às quais ocultava a sua identidade, foi pedófilo, incestuoso e toxicodependente.

A instituição por ele fundada é exemplo dos grupos católicos que hoje, na Igreja, insistem na perspectiva moralista e para os quais a vida só importa quando se fala de aborto, preservativo ou homossexualidade.

Não é de estranhar que mais se condene quem mais moralismo apregoa e acaba por ter tantos pecados (ou crimes) no seu interior. Com uma agravante: as pessoas que confiavam os seus filhos a responsáveis da Igreja eram, em grande parte, membros da própria comunidade cristã. Para elas, o sentimento de terem sido traídas por aqueles em quem confiavam é esmagador.

3. A acusação de encobrimento atinge agora o próprio Papa. Na carta que escreveu aos irlandeses, há oito dias, Bento XVI acusa vários bispos de terem falhado “por vezes gravemente”. Seria estranho que o Papa tivesse escrito o que escreveu, se tivesse telhados de vidro. De outra forma, estaria agora sob escrutínio e sem autoridade perante os seus “irmãos bispos”.

Pode haver aqui duas coisas diferentes. Como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), Joseph Ratzinger conhecia, obviamente, vários casos. Mas pode ser forçado dizer que os encobriu. O mais emblemático, noticiado pelo “New York Times” esta semana, revela que nem os poderes públicos agiram sobre o padre que abusou de 200 crianças – tal como aconteceu na Irlanda. E que Ratzinger só conheceu duas décadas depois dos factos.

O célebre documento de 1962 (que Ratzinger, então um padre com 35 anos, não escreveu, ao contrário do que muita ignorância afirma por aí), que defendia o secretismo, foi depois substituído em 2001, não para prosseguir a mesma orientação, mas para dar um passo em frente: o de obrigar os bispos a comunicar os casos de pedofilia ao Vaticano. Só nessa ocasião Ratzinger e a CDF passam a tomar conta destes casos, quando a questão já era um escândalo nos Estados Unidos (dois anos depois, João Paulo II chamaria vários bispos dos EUA para enfrentar a crise, pela primeira vez, de forma dramática). Só o total esclarecimento do papel do Papa em cada caso poderá aclarar de vez a sua quota-parte de responsabilidade – isso mesmo já foi pedido há dias pelo “National Catholic Repórter”.

4. O encobrimento e a tolerância social da pedofilia era a atitude normal até há três ou quatro décadas – o caso Polanski reapareceu a recordá-lo.

Durante séculos, a Igreja Católica entendeu-se como sociedade perfeita, sem necessidade de instâncias civis: tinha os seus tribunais, as suas penas, chegou a ter as suas prisões.

Também sabemos que a comunicação social é mais severa com a Igreja Católica do que com outros. E desproporcional: dá-se sempre mais dimensão aos escândalos do que aos caminhos de solução ou aos resultados, omite-se que o fenómeno atinge uma pequeníssima minoria do clero (embora bastasse um caso para que fosse grave). Sabe-se que os números aparecidos na Alemanha nas últimas semanas são resultado do trabalho iniciado pela Conferência Episcopal quando surgiram os casos nos Estados Unidos – mas isto também quase não é dito.

Mas desde 1990 há uma avalanche de casos. O que se passou na Irlanda, que durou até há poucos anos, mostra que não se atalhou o problema logo que ele começou. Em 1993, os bispos do Canadá publicaram um extenso documento com uma reflexão profunda sobre o tema e propostas de solução – que tiveram sucesso. O caminho deveria ter sido seguido em outros países.

Por isso não se entende a lamentável e infeliz declaração do cardeal Saraiva Martins: a Igreja é pela “tolerância zero”, mas não lava a “roupa suja” em público. Há mais de 60 anos, o Papa Pio XII dizia que a opinião pública é “vital” para a Igreja. Entenda-se, portanto, que a lavagem de “roupa suja” em público mais não é que uma desafortunada expressão para referir o debate interno, que está na matriz genética do cristianismo. E foi pela falta de tolerância zero que se chegou aqui.

5. A mês e meio da viagem de Bento XVI a Portugal, percebe-se que a crise continuará a revelar mais casos. Como em todas as histórias, percebe-se que também há interessados em atingir a credibilidade da Igreja. Mas esta tem que ser a primeira a reflectir o porquê dessa aversão e a procurar razões no seu interior – uma atitude própria desta Semana Santa que os cristãos hoje começam a viver. O cerco à volta de Ratzinger também continuará. Será, por isso, um Papa ferido aquele que virá a Portugal. Talvez rodeado por grupos interessados prioritariamente em defender a instituição dos “ataques” – já correm textos nesse sentido na Internet, em blogues, em mails…

Convém não esquecer que foi a preocupação pela defesa da honra da instituição que levou ao actual estado de coisas. Só uma atitude purificadora e aberta à mudança permitirá à Igreja recuperar a credibilidade perdida nesta crise. Os cristãos chamam a esse acontecimento ressurreição. E celebram-na no próximo domingo.

Fonte: http://www.publico.pt/Sociedade/a-maior-crise-da-igreja-catolica-dos-ultimos-100-anos_1429760

 

 


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publicado por Riacho, em 05.03.10 às 23:58link do post | favorito

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Um cantor de coro do Vaticano é acusado de envolvimento num escândalo homossexual por ter organizado encontros para um alto responsável italiano, homem da confiança do Papa, acusado de corrupção e actualmente a cumprir pena de prisão. Ambos foram já afastados das suas funções.
Mike integrava o Coro Giulia, que canta em São Pedro quando o Papa não celebra Mike integrava o Coro Giulia, que canta em São Pedro quando o Papa não celebra (Dylan Martinez/Reuters)


 

O caso foi detectado em escutas telefónicas no quadro de um inquérito por corrupção a Ângelo Balducci, antigo presidente do Conselho Superior de Obras Públicas, na cadeia desde o passado dia 10 de Fevereiro.

O cantor “Mike”, forma como é referido o nigeriano Chinedu Thomas Ehiem, seria o elo de ligação para os encontros sexuais com Balducci, o que o implica numa “rede” de prostituição masculina que incluiria também um italiano.

“Mike” foi, segundo a Reuters, afastado do Coro Giulia, que canta em São Pedro quando o Papa não celebra missa. O membro do coro disse ao semanário "Panorama" que “canta no coro de São Pedro” mas “não [é] religioso” e que foi “um amigo italiano que o apresentou a Balducci há mais de dez anos”.

Nas escutas, segundo a imprensa italiana, Balducci daria instruções ao seu interlocutor sobre as características físicas dos homens com que pretenderia encontrar-se. Pelo menos um deles seria um seminarista. O cantor diz que aceitou o papel devido a dificuldades financeiras da família e que o cliente lhe dava “uma vez por outra 50 ou 100 euros, nunca mais de 1000 ou 1500 euros por ano”.

As revelações embaraçaram o Vaticano, que ainda não comentou a situação. Mas uma fonte citada pela Reuters disse que o nome de Balducci já não aparece na próxima edição do “directório” da instituição.

Balducci, que ostenta desde 1995 o título de “gentil-homem de Sua Santidade”, uma espécie de assistente especial do pontífice, tinha como funções, entre outras, servir de cicerone de chefes de Estado que visitam o Vaticano, e nega as acusações.
 

 

Fonte: http://www.publico.clix.pt/Mundo/assistente-do-papa-implicado-em-rede-de-prostituicao-homossexual_1425777


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publicado por Riacho, em 06.02.10 às 01:39link do post | favorito

O comentário que merece o texto que a seguir publicamos é o seguinte: quem atenta contra a comunhão? Os homossexuais católicos ou os bispos que fazem estas declarações homofóbicas e discriminatórias?

A preparar um encontro religioso, acabei de ler neste link: http://www.benedictinescat.com/Montserrat/imatges/misaesgleport.pps#267,8,Diapositivo 8 que "redonda como o mundo, comer  a hóstia compromete-nos. Todos temos direito a alimento, fraternidade, comunhão... e a ser tratados como irmãos". Conseguem os bispos homofóbicos, com o coração carregado de tanto ódio, compreender o alcance desta declaração? Se os bispos pretendem dizer que todos os gays são promíscuos porque não se preocupam eles com os pais das famílias heterossexuais que dão frequentemente facadinhas no matrimónio, mas que ninguém ousa apontar? Porque não se preocupam com a promiscuidade heterossexual? Será que uma é mais santa que a outra? Porque não se preocupam em ver que tanto do lado heterossexual como do homossexual há gente que, embora pecadora tenta construir família porque confiam em Cristo que acalma todas as tempestades e faz aparecer peixe onde menos se espera? Que o coração destes bispos se deixe preencher um só bocadinho pelo amor de Cristo e então sim, carregados de um amor católico (universal), Cristo fará deles verdadeiros pescadores de homens.

 

Fraternalmente

 

Carlos

 

"Simone Scatizzo, de 79 anos, bispo aposentado de Pistoia (centro-norte da Itália) suscitou a ira dos grupos homossexuais italianos nesta sexta-feira (5) ao se declarar contrário a que os gays "declarados e ostensivos" possam comungar, ao considerar a homossexualidade "uma desordem, um pecado que exclui da comunhão".


Scattizo fez essas declarações ao portal de internet italiano "Pontifex.Roma". Ele disse que a homossexualidade "é uma desordem e que praticá-la e fazer ostentação da mesma é um pecado que exclui da comunhão".


No entanto, ele acrescentou que se um homossexual se aproximar dele para comungar não poderia se negar, já que não sabe se essa pessoa "teria se confessado, se arrependido e mudado de vida".

 
As palavras do prelado foram duramente criticadas nas páginas web dos grupos de gays, lésbicas e transexuais da Itália, assim como pelo presidente do maior coletivo gay do país, o Arcigay, Aurelio Mancuso, que denunciou uma "estratégia ofensiva e discriminatória do Vaticano".


Segundo Mancuso, "o Vaticano coloca na boca de bispos idosos aposentados as coisas mais horríveis contra os gays, com o objetivo de atacar a dignidade destas pessoas".


"O Vaticano de maneira hipócrita não tem nem sequer o valor de se expressar diretamente e levar sua guerra contra quem afirma livremente sua identidade. Os gays, lésbicas e transexuais fieis devem de deixar de lado esta igreja fascista, homófoba e cúmplice da violência", afirmou Mancuso em nota.


Da mesma forma que fez Scattizi, no passado outros prelados aposentados também se mostraram contrários a dar a comunhão aos gays, como afirmou o prelado emérito de Grosseto, Giacomo Babini, que qualificou a homossexualidade como "um pecado gravíssimo" e assegurou que ele jamais daria a comunhão "a alguém como Vendola".


Ele se referia a Nicki Vendola, presidente da região sulina de Apúlia, que se define publicamente como comunista e católico, e é homossexual declarado.


Babini também qualificou de "aberrante a prática da homossexualidade", disse que era um "vício contra a natureza" e se mostrou contrário a que as prefeituras financiem casas aos casais homossexuais.


Não foi o único, o bispo aposentado de Lucera-Troia, Francesco Zerrillo, disse há vários dias que "seria preciso convidar" os gays para não se aproximar da comunhão, "para não alimentar o escândalo da comunhão aos gays.


Nesse mesmo portal de internet, o cardeal mexicano e ex-ministro de Saúde vaticano, Javier Lozano Barragán, de 78 anos, afirmou no dia 2 de dezembro do ano passado que os transexuais e os homossexuais "jamais entrarão no Reino dos Céus, já que tudo o que vai contra a natureza ofende a Deus".

 

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1478724-5602,00-BISPO+SE+DIZ+CONTRA+COMUNHAO+DE+GAYS+DECLARADOS+E+OSTENSIVOS+NA+ITALIA.html


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publicado por Riacho, em 27.11.09 às 19:54link do post | favorito

27/11/2009
 
Rowan Williams dá uma severa lição de catolicismo a Bento XVI
 

Nas fotos, a tensão é quase palpável. Com o busto estendido para a frente, Rowan Williams, arcebispo de Canterbury, tem os cotovelos decididamente apoiados na escrivaninha do Papa. Ao contrário, Bento XVI parece encolhido em sua cadeira, como em posição de curvatura defensiva.

A reportagem é de Jean Mercier, publicada no sítio La Vie, 24-11-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Exatamente um mês após o anúncio das disposições especiais da Igreja Católica em favor dos decepcionados com o anglicanismo, Rowan Williams encontrou-se com Bento XVI, em Roma, no dia 21 de novembro. A conversa, dizem, foi "cordial". Isto é, seguramente glacial. Jamais, com efeito, as relações entre Roma e Canterbury foram tão tensas. A Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus, que visa agregar ao Sólio de Pedro grandes porções do rebanho anglicano, foi só o catalizador de uma crise mais profunda.

No dia anterior, o arcebispo de Canterbury buscou retomar nas mãos a situação durante uma conferência em que abriu seu coração. Com honestidade, Rowan Williams reconheceu que a operação de sedução de Bento XVI não foi um golpe baixo ecumênico, mas se tratava de uma "resposta pastoral imaginativa" e que não criava "nada de novo de um ponto de vista eclesiológico". Uma forma de responder àqueles que acusam Bento XVI de destruir o ecumenismo, como Hans Küng.

Mas o teólogo anglicano conseguiu dar uma lição de catolicismo ao Papa. Criticou-lhe principalmente o fato de não distinguir, em matéria de ecumenismo, entre os temas de primeira ordem – sobre os quais os cristãos estão de acordo (dogmas como a encarnação de Deus, sacramentos como o batismo) – e os de segunda ordem (ordenação das mulheres), sobre os quais as Igrejas se dividem, sem razão. Em uma análise minuciosa, lê-se aqui uma crítica lançada ao Papa, que teria esquecido um dos pontos chaves do Vaticano II, isto é, a introdução da "hierarquia das verdades".

Para o primaz anglicano, não ordenar mulheres como sacerdotisas e bispas implica em "criar uma diferença entre batizados homens e mulheres, o que coloca novamente em discussão a coerência da eclesiologia". Modificar o uso sobre pontos de segunda ordem não afeta as realidades de primeira ordem. Por exemplo, segundo ele, a introdução dos ministérios femininos não mudou o modo em que os anglicanos consideram as realidade de "primeira ordem" (a salvação).

Rowan Williams lança também, em palavras veladas, uma crítica pungente sobre o modo em que a Igreja Católica considera e gere a autoridade. Posiciona-se contra aqueles que querem "reafirmar a linguagem da regra e da hierarquia estabelecida por decreto, com oposições formais entre docentes e discentes, diretores e dirigidos". Opõe a essa realidade a ação do Espírito Santo. Lembra que o Vaticano II havia superado a ideia de uma Igreja piramidal e jurídica. Enfim, parece acusar Bento XVI de ser infiel ao Concílio. Convida a uma nova visão eclesiológica em que a autoridade conferida pela ordenação e pela colaboração colegial sejam equilibradas.

Sobre o primado do bispo de Roma, Rowan Williams se pergunta se isso é tão importante para a unidade dos cristãos e coloca em discussão a sua dimensão jurisdicional. Para ele, os cristãos devem ser capazes de comungar na mesma mesa sem que esse problema seja resolvido anteriormente.

Para encerrar, Rowan Williams cita como exemplo o modo em que os anglicanos buscam a verdade por meio dos conflitos, buscando a unidade sobre temas essenciais e concordando sobre temas "secundários". Porém, o problema é que hoje a sua Comunhão está em situação de cisma, porque os anglicanos não conseguem colocar-se de acordo sobre quais são os problemas de primeira ordem e quais são os de segunda ordem.

Para os conservadores anglicanos, que se inclinam ao protestantismo evangélico ou ao catolicismo, temas como o acesso das mulheres ou dos homossexuais ao presbiterado e ao episcopado não pertencem à categoria das coisas secundárias, mas vão contra a coerência da Igreja e são do domínio do não negociável.

Para ler mais:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=27883


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publicado por Riacho, em 23.11.09 às 21:51link do post | favorito

Olá

 

Navegando nas ondas da net fui encontrar uma entrevista feita em 2005 pelo JN a um padre português que falou também da sua homossexualidade. Vale a pena passar-lhe a vista.

 

'Alberto', nome fictício, 30 e tal anos, é padre e tem a seu cargo uma paróquia no centro do país. E é homossexual. Descobriu-o "ainda adolescente" e, consciente da contradição com "o pensamento da Igreja", deu conta disso ao director espiritual. "Conhecia-me. Julgou que não seria óbice à ordenação". Alberto prefere ocultar o nome verdadeiro. Porque quer continuar a ser padre e considera que não poderia fazê-lo se aceitasse tornar pública a sua orientação sexual.

Como vê a "Instrução" rejeitando a ordenação de homossexuais?

Não me espanta. É conhecido o pensamento da Igreja sobre a homossexualidade e a sua prática. A exigência de padres celibatários compreende um conjunto de critérios que incluem esta atenção à orientação homossexual. Mas espanta-me a oportunidade de publicação desta exigência. Só se entende num quadro de denúncia da pedofilia. E isso sim é grave, uma vez que confunde realidades completamente distintas e não resolve o problema específico na sua raiz.

Vê então nesta publicação uma confusão com a pedofilia...

A Igreja, conscientemente ou não, está a fazer a colagem que só se entenderia como lavagem de imagem. É muito grave, não só porque cola pedofilia à homossexualidade, como esquece que a pedofilia existe no contexto da heterossexualidade. Enfim... tenho de lamentar uma possível confusão deliberada.

Pela sua experiência, acredita que os reitores dos seminários têm preparação para "discernir" os candidatos a "rejeitar?

Devemos atender sempre a uma máxima fundamental a pessoa humana. No caso, havemos de atender a cada pessoa, à sua realidade global e capacidade, a todos os níveis, para o exercício do ministério. Se na aceitação ou exclusão de um candidato pesar apenas um factor, estaremos a ser redutores. Mais ainda, afirmaremos a supremacia da lei face à pessoa. E jamais veria um director espiritual a desempenhar o papel de polícia.

A homossexualidade pesou na sua escolha pelo sacerdócio?

Não, pelo contrário, pesou como sentimento de oposição interior. A minha vocação foi sendo descoberta. Não sei mesmo qual o momento que a definiu. Foi um processo pessoal, familiar, comunitário, que me conduziu ao desejo de ser padre. Nem sempre fácil. Assumi o justo equilíbrio entre o meu desejo pessoal e o chamamento que senti sempre por parte das comunidades com quem convivi. A vocação não é só um desejo pessoal, é também confirmada pela comunidade, sejamos nós homossexuais ou heterossexuais.

Os seus paroquianos sabem de tudo isso?

Não sabem nem têm de saber. Que importa se sou homossexual ou heterossexual? Sou celibatário, ao serviço da comunidade e julgo que isso não assume papel de relevo. Não há, tão pouco, uma atitude hipócrita de esconder o que quer que seja. Sou eu, tal qual sou, responsável por mim e coerente, ao serviço desta Igreja numa Comunidade. Também me parece que Jesus Cristo não me irá perguntar pela minha sexualidade, enquanto elemento ao serviço da Igreja. Perguntar-me-à como me dediquei a "este rebanho" num verdadeiro amor pastoral.

Sem afectar a forma como encara homens e mulheres enquanto fiéis?

Não sei em que é que possa afectar! Olho as pessoas como os demais. Se algum sentimento existisse face a pessoas do mesmo sexo, caso fosse heterossexual não deixaria de sentir o mesmo face a pessoas de outro sexo. Julgo que a Igreja deve é preocupar-se cada vez mais em formar sacerdotes maduros na fé, na vocação. Ainda que a Igreja entenda a homossexualidade como imaturidade, na verdade as vivências de imaturidade encontram-se de um lado e de outro.

E como vive perante essa contradição?

A minha vivência no seio da Igreja tem sido um pouco mais problemática, em conflitualidade comigo próprio. A atitude da Igreja não pode deixar de desgastar-me um pouco interiormente, ainda que olhe com serenidade para estas tomadas de posição. Mas não sei se direi o mesmo da vivência prática. Eu próprio ponderei, em vários momentos, o abandono do exercício do ministério. Não o fiz! Por uma atitude de serviço à Igreja renuncio a um conjunto de vivências que são legítimas ( a expressão do afecto, a comunhão com outra pessoa).

Uma coisa é o Vaticano, outra a Igreja portuguesa. Como é que nesta se encara a homossexualidade?

Não me cabe a mim ser juiz de ninguém. A máxima de Jesus Cristo "não julgueis e não sereis julgados" caberá certamente aqui. Contudo, sejamos honestos, há tanta homossexualidade na Igreja como fora dela, nas mais diversas instituições e áreas de trabalho ou de vivência social. E isto é que eu acho perigoso a Igreja assume uma atitude de definição de doutrina - mais que legitima! - mas não atende à realidade concreta das pessoas que no seu seio estão ao serviço. Receio que esta forma de agir a partir de cima, de pretensos "dogmatismos", façam esquecer a pessoa e a sua situação concreta. E é esta que tem de estar na base da preocupação da Igreja, como esteve sempre na base da preocupação de Jesus Cristo.

Ivete Carneiro

Jesus cristo não me irá perguntar pela minha sexualidade. Perguntar-me-á como me dediquei a 'este rebanho' num amor pastoral."

 

Fonte: http://jn.sapo.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=524848


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