1ª PARTE
2ª PARTE
3ª PARTE
4ª PARTE
O principal motivo para que a discriminação contra estudantes homossexuais faça parte do cotidiano das escolas brasileiras é a falta de preparo do professor para lidar com a questão. Esse é o diagnóstico dos especialistas consultados pela Agência Brasil.
A reportagem de Amanda Cieglinski, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 27-07-2009.
A formação continuada dos profissionais que trabalham na escola tem sido a principal estratégia do Ministério da Educação (MEC) e de outras esferas de governo para atacar o problema.
Na avaliação da coordenadora-geral de Diretos Humanos do MEC, Rosiléa Wille, o professor reproduz comportamentos discriminatórios porque não foi educado para a diversidade. Ela defende que, além de capacitar quem já leciona, é necessário modificar a formação inicial desses profissionais.
“Claramente os professores têm dificuldade para lidar com isso, mas não podemos culpá-los. Eles estão saindo da universidade sem estarem preparados para lidar com a diversidade que existe na escola. Se a gente não muda isso, temos que estar sempre trabalhando na consequência.”
De acordo com o MEC, desde 2005 cerca de 20 mil docentes participaram de cursos de formação sobre a temática. “Você tem uma forma de interferir no cotidiano da escola por meio do professor, que é um ator fundamental dentro do processo educacional”, avaliaRosiléa.
A religião de professores ou da equipe pedagógica da escola também costuma interferir no tratamento dispensado a alunos homossexuais. O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, diz que muitos educadores levam para a escola “seus conceitos religiosos e fundamentalistas”. Ele defende que uma capacitação para a educação sexual, em seu sentido mais amplo, facilitaria a compreensão.
O jovem André*, homossexual, cursa o 3° ano do ensino médio e diz que o argumento religioso já foi utilizado por uma coordenadora da escola em que estuda para condenar o relacionamento entre alunos do mesmo sexo. “Ela falou que o Deus dela dizia na Bíblia que isso era errado. Nós sofremos discriminação por parte de quem deveria nos orientar. A escola é um ambiente onde deveríamos aprender a respeitar todos e não nos sentir segregados”, desabafa.
Para o educador Beto de Jesus, o problema está relacionado ao próprio modelo de aprendizagem, muito ligado aos parâmetros curriculares. “Muitas vezes o professor não se dá conta de que o aprendizado está além do conhecimento acumulado, ele faz parte do cotidiano das pessoas. Se um adolescente é excluído, seja por homofobia ou racismo, o docente não interrompe a aula para discutir o problema porque acha que o conteúdo que ele precisa transmitir é mais importante”, afirma.
Representante na América Latina da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (ILGA), o educador avalia que o trabalho de capacitação dos professores é uma grande passo, mas precisa ser ampliado e consolidado. “Foi a primeira vez que os grupos [LGBTs] puderam entrar na salas de aula e ajudar na capacitação dessas temáticas”, afirma. Já o presidente da ABGLT, Toni Reis, classifica esse esforço de “tímido”.
A psicóloga especialista em sexualidade da Universidade Católica de Brasília (UCB)Claudiene Santos, que trabalha com formação de professores para a temática da diversidade sexual, diz que os resultados dos cursos são muitos positivos. Alguns abandonam a capacitação porque têm dificuldade de lidar com o tema.
“Tivemos alguns depoimentos no nosso curso de professores dizendo que não imaginavam o prejuízo que podia ter causado a algum aluno, porque, mesmo sem a agressão, quando você toma a posição de não defesa, você está sendo conivente. Todos temos algum preconceito em algum nível. Esse exercício de reconhecer nosso preconceito e trabalhar contra ele precisa ser feito todo dia.”
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=24283
Olá
Em 09-12-2008 publicamos um vídeo sobre educação homossexual lamentado o fato de não estar legendado em português. Pois bem, a Clarissa, leitora atenta do nosso blog, informou-nos que já existe uma versão legendadada em português que agora publicamos. Obrigado. Vale a pena rever o vídeo.
Abraços
Olá
A notícia que agora publicamos parece indiciar, depois desta crispação à volta dos ataques aos direitos dos homossexuais, o retomar do diálogo que a Igreja sempre soube manter com os homossexuais apesar da oposição do Vaticano. Mas também para nós sempre foi claro que o Vaticano não é a Igreja mas apenas uma parte dela. A Igreja somos todos nós alimentados pelo Espírito numa caminhada de construção e de vivência do mandamento que resume todos os outros: amar Deus e amar o próximo com a nós mesmos. Registamos com agrado a notícia que se segue.
Abraço
Carlos
4/4/2009 | |
Arcebispo francês acena para um diálogo com homossexuais | |
Após uma manifestação em frente à Basílica de Fourvière, no domingo, 29 de março, o cardeal Philippe Barbarin teve um encontro com membros das associações homossexuais e de luta contra a Aids. A reportagem é de Anne-Bénédicte Hoffner e publicada no jornal francês La Croix, 30-03-2009. A tradução é do Cepat. Um início de diálogo? No domingo de manhã, depois da missa que presidiu na Basílica de Fourvière, o cardeal Barbarin, arcebispo de Lyon, recebeu no arcebispado alguns representantes desse movimento para uma conversa – longe das câmeras – sobre as posições da Igreja católica sobre a sexualidade. “Se o diálogo (...) não dirimiu todos os desacordos, algumas incompreensões foram progressivamente contornadas ao longo da reunião”, afirma a diocese em sua página na internet num texto “lido e aprovado pelos protagonistas do encontro”. Portanto, o intercâmbio não se anunciava sob os melhores auspícios. Cerca de 60 membros de associações homossexuais e de militantes de luta contra a Aids – estavam presentes, entre outras, a Lesbian & Gay Pride, o Forum Gai et Lesbien ou ainda a Aides Rhône – se encontraram na praça da Basílica para “denunciar a irresponsabilidade do Papa Bento XVI em relação à Aids”. Acordo sobre “a necessidade de educação sexual” Eles fizeram alusão às declarações do Papa sobre os preservativos feitas no avião que o levava à África. As palavras de ordem “Bento assassino”, “Barbarin cúmplice” acolhiam os féis que vinham participar da missa dominical. Na frente, um pequeno grupo de católicos ostentava um cartaz com os seguintes dizeres: “Tirem as mãos do meu Papa”. Uma delegação dos manifestantes aceitou o convite do cardeal para depois da missa e o intercâmbio parece ter acontecido num espírito construtivo. Após ter “escutado suas posições”, “o cardeal pôde explicar a posição da Igreja que apresenta o amor humano à luz da Aliança entre Deus e os homens”, afirma o sítio da diocese. E acrescentou: “Se não estamos de acordo sobre o caminho proposto por Deus, que não o matemos e que não o matemos nos outros”. Todos concordaram sobre “a necessidade de educação sexual”. Após a conversa, os manifestantes convidaram o arcebispo de Lyon para uma formação oferecida pela Associação Estudantil contra a Aids. E um encontro-debate deve ser realizado na rádio RCF-Fouvière. |
in: http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=21132