Celebramos, nesta quinta-feira depois do Domingo da Santíssima Trindade, a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. O povo português, ao designar esta solenidade como a festa do Corpo de Deus, soube colher o significado mais profundo do mistério que hoje celebramos. Na verdade, Jesus Cristo, o Verbo de Deus encarnado, na última ceia instituiu, como nos narra o evangelho deste dia, a eucaristia, sacramento onde nós comungamos o seu corpo e o seu sangue.
A solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo nasceu na Bélgica, no séc XIII, e foi estendida a toda a Igreja, pelo papa Urbano IV, em 1264, como resposta à heresia de Berengário de Tours que negava a transubstanciação, isto é, negava a “conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue” que se realiza “na oração eucarística mediante a eficácia da palavra de Cristo e a acção do Espírito Santo” (Compêndio do catecismo da Igreja católica, 283), ou seja, negava a que Cristo está verdadeiramente presente na eucaristia sob a aparência de pão e vinho. A fé da Igreja professa que: “Cristo está sempre presente … sobretudo sob as espécies eucarísticas.” (Constituição Sacrosanctum Concilium do Vaticano II sobre a Sagrada Liturgia, 7). Acreditamos que Jesus está presente nas espécies do pão e do vinho de uma forma real não porque as outras formas de presença (Palavra de Deus, Igreja, Ministros, Sacramentos, Pobres, …) não sejam reais mas porque a presença eucarística é-a por antonomásia. Assim sendo, estar diante do Sacrário é estar diante de Cristo. Na instituição da eucaristia, Jesus disse, como escutávamos no evangelho de hoje: “Isto é o meu corpo … este é o cálice do meu sangue” e não isto simboliza o meu corpo e o meu sangue. Nas espécies eucarísticas Jesus esta verdadeiramente presente e isto deve levar-nos a um grande respeito e a uma maior intimidade com Ele através da nossa comunhão e oração silenciosa e adorante diante do sacrário.
Neste dia em que somos convidados a contemplar, aprofundar e a professar a nossa fé Eucarística, a liturgia da Palavra apresenta-nos a eucaristia como o memorial da nova e eterna aliança.