ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 26.06.15 às 21:43link do post | favorito

Supremo Tribunal legaliza casamento gay em todos os estados dos EUA

Supremo determina que a Constituição americana garante a todos os cidadãos o direito de contrair casamento.

Numa decisão histórica, o juiz conservador Anthony Kennedy juntou-se aos quatro juízes escolhidos pelos Democratas e votou a favor do casamento gayem todos os estados norte-americanos, moção que saiu vencedora através de cinco votos favoráveis contra quatro.

“Nenhuma união é mais profunda que o casamento, porque incorpora os mais altos ideais do amor, da fidelidade, da devoção, do sacrifício e da família”, escreveu Kennedy em nome do tribunal, referindo que os casais homossexuais “não podem ser excluídos de uma das mais antigas instituições da civilização” e que a Constituição garante a “igualdade de todos os cidadãos aos olhos da lei”.

Antonin Scalia, um dos juízes do tribunal que votou contra, também divulgou a sua posição, escrevendo que esta decisão é uma “ameaça à democracia americana”. John Roberts, presidente do Supremo, mostrou-se igualmente decepcionado com o resultado da votação.

A decisão do Supremo Tribunal é “um grande passo para a igualdade” e uma “vitória para a América”, afirmou o Presidente Barack Obama, a partir da Casa Branca. A decisão reflecte o ideal norte-americano de que “todos os cidadãos estão igualmente protegidos pela lei, independentemente de quem amam”, afirmou. O Presidente realçou ainda a “rapidez da mudança de mentalidade” no país e agradeceu a todos os que contribuíram, “durante décadas”, com “pequenos actos de coragem”, para esta decisão “histórica”.

A Casa Branca mudou mesmo a fotografia de perfil das suas contas oficiais do Twitter e do Facebook, apresentando o histórico edifício com as várias cores do arco-íris, associando-se aos festejos dos milhões de cidadãos e activistas dos direitos LGBT, um pouco por todo o mundo.

Para além de Obama, outras personalidades reagiram de forma positiva à decisão do Supremo Tribunal. A candidata presidencial Hillary Clinton partilhou no Twitter uma mensagem, afirmando-se “orgulhosa por celebrar uma vitória histórica para a igualdade no casamento”. Através da conta deemail da sua campanha, Hillary disse que hoje é “um daqueles dias de que iremos falar aos nossos netos”. Bernie Sanders, também candidato à nomeação presidencial pelo Partido Democrata, disse no Twitter que a decisão é uma “vitória para os casais do mesmo sexo”, “marginalizadas durante muito tempo” pelo sistema judicial norte-americano.

Mas as reacções não foram todas favoráveis. No site oficial da sua campanha para a presidência, o republicano Jeb Bush, que partilhou acreditar no “casamento tradicional”, escreveu que o “Supremo Tribunal devia deixar os estados tomarem esta decisão [de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo]”. Também Marco Rubio, senador e candidato presidencial republicano, criticou o tribunal. Citado pela Reuters, afirmou que acredita no casamento entre “um homem e uma mulher” e que são as pessoas que discordam desta ideia que “têm o direito de mudar as leis do Estado”, “não os juízes do Supremo Tribunal”.

O jornal The New York Times refere que a decisão é o culminar de várias décadas de litigação e activismo, e que a actuação “cautelosa e metódica” do Supremo contribuiu decisivamente para o crescente número de legalizações do casamento entre pessoas no mesmo sexo, fixado, actualmente, em 36 dos 50 estados norte-americanos. A actuação pouco assertiva do tribunal contribuiu também para que crescesse o apoio ao casamento gay na opinião pública dos EUA .

Texto editado por Clara Barata 

Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/supremo-tribunal-norteamericano-aprova-casamento-gay-1700221

 


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publicado por Riacho, em 07.04.15 às 23:00link do post | favorito

Publicamos um excerto da entrevista ao Público do bispo de Beja que não é de 05/04/1915 mas de 05/04/2015. Esta entrevista é digna de ser comentada pelo papa. O que acham?

 

Disse que os homossexuais eram um dos “lobbies anti-Igreja”. Mantém-no, depois de o Papa Francisco ter dito não ser ninguém para julgar os gays?
Nunca ostracizei quem tem outra tendência em relação à afectividade, à sexualidade. Não a podem é impor, em relação ao que é a maneira normal de viver a sexualidade. Há que respeitar e integrar na sociedade essas pessoas, mas não há que pôr toda a sociedade a funcionar como eles querem. Isso mantenho. Sou radicalmente contra a ideologia de género. Sou a favor de algumas coisas que a ideologia de género trouxe. O homem não tem mais direitos do que a mulher, tem igual dignidade.

Os homossexuais não querem impor a sua sexualidade.
O que critiquei é que havia um lobby muito forte, que levou a quase se impor a ideologia de género a toda a humanidade.

De que forma o sentiu?
Na própria educação e na linguagem. Respeito a afectividade, mas não quero impor a minha afectividade aos outros. Eu sou macho, não sou mulher. Respeito a mulher como mulher e o homem como homem.

Falou de uma sexualidade normal. O que considera normal é a união entre um homem e uma mulher e as outras não?
Considero que a antropologia normal entre homem e mulher não é o mesmo que a antropologia entre dois homens - a sua afectividade e realização sexual não é igual.

Usa a palavra normal.
Normal no sentido que é o que a grande maioria vive, que corresponde ao seu género, ao seu ADN. Que tem futuro para a sociedade. De dois homens não nascem crianças. Uma sociedade não tem futuro se não houver propagação da vida.

É contra as uniões de facto, o casamento e a adopção por homossexuais?
Não sou contra. Respeito, mas não é a minha orientação. Não vou fazer a apologia. Uma humanidade que adoptasse esse caminho como normal estava a condenar-se a si mesma. O que disse foi nesse sentido, não no de ostracizar os homossexuais. Nada disso.

Fonte: http://www.publico.pt/politica/noticia/o-mundo-financeiro-tem-os-politicos-todos-na-mao-1691239?page=3#/follow


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publicado por Riacho, em 20.03.14 às 23:24link do post | favorito

É preciso tempo, diálogo, encontro, reflexão, implementação de iniciativas para mudar o olhar de certos católicos sobre a vivência das pessoas homossexuais através de uma melhor compreensão da realidade.

A opinião é de Claude Besson, copresidente da associação Réflexion et partage e autor de Homosexuels catholiques. Sortir de l'impasse (Ed. De l'Atelier). O artigo foi publicado no jornal La Croix, 08-03-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Depois das ruidosas manifestações do ano passado e das últimas semanas, muitas pessoas homossexuais e suas famílias pensam, talvez, que não há muito a esperar por parte de uma certa faixa da Igreja Católica. Com efeito, pode-se acreditar que nada mudou, ou que até mesmo o modo de considerar as pessoas homossexuais deu passos para trás.

Há desânimo, o que é absolutamente legítimo e compreensível. No último encontro da nossa associação Réflexion et partage (Reflexão e partilha), uma mãe de família nos confidenciava: "Eu me acordo à noite e me pergunto por que tanto desprezo pelas pessoas homossexuais".

Apesar de tudo isso, não posso deixar de pensar naqueles que desejam continuar vivendo a sua fé na Igreja, mas que não encontram o lugar da palavra para eles, que estão isolados, que são desconhecidos, às vezes culpabilizados, que não vivem nas grandes cidades e que se escondem. Pessoalmente, não posso me desinteressar por ele, e é principalmente por essas pessoas que eu quero continuar agindo e acreditando que situações possíveis podem nascer.

Vai ser preciso tempo, diálogo, encontro, reflexão, implementação de iniciativas que poderão, pouco a pouco, mudar o olhar de certos católicos sobre a vivência das pessoas homossexuais através de uma melhor compreensão da realidade. Alguns poderão se surpreender, não faltam documentos, livros, artigos sobre esse tema. Mas, como eu pude constatar dando palestras em algumas dioceses francesas, tal ignorância traz medo. E o medo gera a exclusão, o desprezo, a confusão, os conflitos às vezes, os guetos e, no fim, o desejo de se livrar do outro. O medo é um mau conselheiro.

Ao invés, diversas dioceses organizam iniciativas para acolher melhor as pessoas homossexuais e as suas famílias. Por exemplo, na diocese de Grenoble, constituiu-se um "grupo da palavra" entre pessoas homossexuais, pais e responsáveis eclesiais. Em uma dezena de dioceses, ao menos, foram constituídas equipes, cujos primeiros encontros foram ricos em intercâmbios, partilha e diálogo.

Alguns elaboraram novas propostas, como o Chemin d'Emmaüs (uma iniciativa da diocese de Nanterre), um dia de peregrinação aberto a todos e particularmente às pessoas direta ou indiretamente envolvidas na homossexualidade. Tendo participado dele, posso assegurar que isso derrubou muitos preconceitos contra a homossexualidade. Também fui testemunha de um "grupo da palavra" constituído recentemente em uma paróquia da diocese de Lyonpor iniciativa dos pais.

Também foi apreciável a organização de seis seminários no Collège des Bernardins, em Paris, sobre "Fé cristã e homossexualidade" com representantes de associações (David et JonathanDevenir Un an ChristCommunion BéthanieRéflexion et Partage). O último seminário, sobre o tema "Fazer casal", permitiu apresentar as experiências de casais homossexuais e heterossexuais na escuta, no diálogo, na construção do viver-juntos e da fraternidade que trarão os seus frutos.

Eu acredito na possibilidade de avançar a pequenos passos, no trabalho de porosidade, como o fato de se inserir em uma equipe de animação pastoral, em uma equipe de partilha bíblica, em uma reflexão sobre o casal etc. Isso não é possível em toda a parte, certamente, mas eu conheço muitas pessoas homossexuais que, inserindo-se nas comunidades cristãs, fizeram avançar o modo de pensar de muitos católicos sobre a homossexualidade. Como um casal de homens com mais de dez anos de vida em comum que busca se inserir em uma reflexão paroquial para os casais (heterossexuais, é claro) que tem dez anos de vida em comum. Essas experiências de porosidade parecem particularmente frutíferas.

Poder-se-ia acrescentar a todas essas experiências in loco os recentes documentos do Conselho Família e Sociedade da Conferência Episcopal Francesa, que permitem entrever aberturas: "Não é pelo fato de que a Igreja concede um estatuto especial para a relação amorosa entre um homem e uma mulher que ela não concede valor a outras relações amorosas... Podemos estimar o desejo de um compromisso com a fidelidade de um afeto, de um apego sincero, da preocupação pelo outro e de uma solidariedade que vai além da redução da relação homossexual a um simples compromisso erótico" [1]. Em outro documento do mesmo conselho, lê-se: "Toda pessoa tem direito a uma acolhida amorosa, assim como ela é, sem ter que esconder um aspecto ou outro da sua personalidade" [2].

O verdadeiro diálogo, no sentido de deixar se atravessar pela palavra do outro (dia = atravessar; logos = palavra) é uma riqueza que é preciso começar e continuar sempre que possível. Penso que muitos cristãos e responsáveis eclesiais são pessoas de boa vontade e buscam refletir e compreender melhor.

"Para restaurar a comunhão, já se poderia começar com encontros entre pessoas homossexuais e simpatizantes da'manif pour tous'", declarava recentemente Dom Descubes, arcebispo de Rouen (no La Croix do dia 3 de fevereiro). As pessoas homossexuais nas associações cristãs estão disponíveis e desejam esses encontros...

"Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce", diz o ditado. Não podemos prever o porvir, mas cabe a nós fazê-lo "advir", lá onde estamos, cada uma e cada um de nós.

Notas:

1. Élargir le mariage aux personnes de même sexe ? Ouvrons le débat !, setembro de 2012.

2. Poursuivons le dialogue !, maio de 2013. 

 

PARA LER MAIS:


Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/529402-reconstruir-o-dialogo-com-as-pessoas-homossexuais-artigo-de-claude-besson

 


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publicado por Riacho, em 01.02.14 às 23:20link do post | favorito

Obrigado pela sugestão y-hohnan!

 


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publicado por Riacho, em 14.01.14 às 21:53link do post | favorito

A lei entrou em vigor a 18 de Maio e as uniões homossexuais representaram 4% do total na segunda metade do ano.

Tem havido mais casamentos homossexuais entre homens do que entre mulheres BERTRAND GUAY/AFP

 

Já foram registados sete mil casamentos entre pessoas do mesmo sexo em França desde que a lei do “casamento para todos” entrou em vigor, a 18 de Maio de 2013, revelam dados do Instituto Nacional de Estatística Francês (INSEE).

O primeiro casamento foi realizado no dia 29 de Maio em Montpellier, mas durante a segunda metade do ano, as uniões homossexuais “representaram 4% do total dos casamentos realizados em França", disse Pascale Breuil, responsável pelos estudos demográficos e sociais do INSEE, citado pelo jornalLe Figaro.

“Este é um valor que é maior do que temos visto noutros países no momento em que o casamento gay foi permitido, por exemplo, na Holanda, Bélgica e Espanha”, adiantou Breuil, numa conferência de imprensa. França foi o 14.º país do mundo a permitir o casamento homossexual e o nono da Europa – embora tenha havido uma contestação nas ruas de movimentos conservadores e ligados à Igreja Católica.

De acordo com os dados do INSEE, a média de idades dos casais homossexuais é superior à dos restantes. Os homens casam-se por volta dos 50 anos e, as mulheres, em média, com 43 anos, contra os 37 e 34 anos, respectivamente, em casamentos com pessoas do sexo oposto.

O Instituto Nacional de Estatística Francês registou ainda que três em cada cinco casais do mesmo sexo são do sexo masculino e um quarto dos casamentos é realizado em cidades com mais de 200 mil habitantes.

O número de casamentos entre pessoas de sexo oposto em 2013 foi aproximadamente 231 mil, o que se traduz numa diminuição face ao ano de 2012 (245 mil casamentos).

 

Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/houve-7000-casamentos-gay-em-franca-em-2013-1619619


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publicado por Riacho, em 29.12.13 às 18:05link do post | favorito

Pela primeira vez a respeitada revista britânica “The Economist” elegeu uma nação como a mais destacada do ano e o feito ficou com o Uruguai. “Modesto, mas corajoso, liberal e amante de diversão, o Uruguai é nosso país do ano. Parabéns!”, diz a publicação.

casamento gay, aprovado no país em abril, foi um dos responsáveis pelos elogios que nosso país vizinho recebeu. “Uma medida que ultrapassa fronteiras, capaz de aumentar níveis mundiais de felicidade sem custo financeiro algum”, explica a revista.

Outros motivos foram a recente legalização da maconha e a figura do presidente José “Pepe” Mujica. “Com uma franqueza incomum para um político, ele se refere à nova lei com um experimento. Ele mora numa humilde cabana, dirige o próprio Fusca até o trabalho e voa de classe econômica.”

 

Fonte: http://paroutudo.com/2013/12/26/casamento-gay-faz-uruguai-ser-pais-do-ano/


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publicado por Riacho, em 29.11.13 às 19:17link do post | favorito

Aqui está um político cristão bem esclarecido. Parabéns pela sua abertura e frontalidade!

 

O ex-Primeiro-Ministro da Austrália explicou publicamente por que razões passou a defender afincandamente o casamento entre homossexuais. 

Kevin Rudd, que terá mudado a sua opinião sobre este assunto, considera que não está a ofender, de forma nenhuma, a posição cristã.

Durante um debate, Kevin foi questionado por um pastor sobre a sua mudança de opinião, alegando que isso teria desapontado os cristãos, uma vez que a «Bíblia» defende o casamento entre homens e mulheres. Mas o ex-primeiro ministro continuou a argumentar, defendendo que na «Bíblia» também diz que a escravidão é uma condição natural e que nós também não seguimos esse princípio.

Veja o vídeo:

 

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico


Fonte: http://www.lux.iol.pt/internacionais/politico-defende-gay-australiano-casamento-homossexualidade/1514692-4997.html


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publicado por Riacho, em 22.11.13 às 12:04link do post | favorito

Publicamos aqui Declaração de intelectuais católicos sobre o casamento e a família, editada e composta porJoseph Selling, professor da Universidade Católica de Lovaina, após consulta a vários teólogos católicos romanos. A tradução é de Isaque Correa

Eis a declaração.

Em preparação para o Sínodo de 2014 e 2015.

Quando o Concílio Vaticano II elaborou seu documento “Da Dignidade do Casamento e da Família” (Gaudium et Spes, Parte II, capítulo 1, §§ 47-52), os bispos ouviram as vozes de pessoas casadas assim como estiveram atentos às suas experiências pessoais. O resultado foi um ensino renovado e mais realista. No entanto, quando o Sínodo dos Bispos sobre os Direitos da Família, de 1980, foi preparado e realizado, apenas alguns leigos, escolhidos cuidadosamente, foram convidados. Eles não apresentaram uma voz crítica e ignoraram provas evidentes de que o ensino da Igreja sobre casamento e sexualidade não estava servindo às necessidades dos fiéis. Isso resultou num Sínodo que não produziu nada útil em termos pastorais.

Exortamos, pois, os fiéis católicos e quaisquer outras partes interessadas a partilhar suas experiencias e conhecimentos com os líderes da Igreja e os fazerem saber de seus pensamentos e preocupações.

Algumas das questoes seguintes parecem mecerer especial atenção.

Os líderes carecem de experiência da vida de casados

O fato é que a grande maioria do ensino oficial da Igreja sobre o casamento e a família foi feito e promulgada por homens que não tiveram experiência direta, pessoal, da vida de casado no mundo contemporâneo. Fizeram votos de vida celibatária que excluem qualquer forma de relacionamento sexual. Como resultado tem-se que pouco se fala, de forma clara, a pessoas que estão tentando entrar em acordo com a sua sexualidade, a fim de encontrar e vivenciar relacionamentos significativos, assim como para se prepararem para uma vida comprometida, de amor mútuo que possa envolver os desafios da paternidade.

O casamento existe em múltiplas formas

O documento divulgado para a preparação relativa ao Sínodo, intitulado Lineamenta, fala do casamento como se houvesse apenas uma forma de relacionamento. Nele está implicado que todas as famílias são iguais. No entanto, a experiência dos fiéis mostra que este não é nem histórica tampouco geograficamente o caso. Pois, mesmo dentro de uma mesma cultura e num mesmo tempo histórico, há uma multiplicidade nas formas de relacionamentos conjugais e de estrutura familiar. Além disso, em muitos casos o matrimônio e a familia não formam a base da estrutura social, tal como muitos documentos da Igreja dão a entender. Na verdade, estes são frequentemente as vítmas da pobreza, da guerra, do materialismo, do abuso de poder, e de uma Igreja que parece não compreender os desafios que as pessoas casadas enfrentam.

A vida de casado é realmente complexa

Enquanto o documento referido deixa a impressão de que o ensino atual da Igreja tem sido o mesmo desde os tempos de Cristo, ele não consegue reconhecer que foi somente no século XII que o casamento foi tomado como sacramento e que a noção de vínculo indissolúvel, feito por consenso e pela consumação do sexual, foi criação de forma canônica feita por volta da mesma época. Enquanto a Igreja sempre ensinou que “o que Deus uniu o homem não separa” (Mateus 19:6; Marcos 10:9), ela não ofereceu nenhum critério para determinar o que Deus, de fato, uniu. A experiência tem demonstrado que simplesmente cumprir o que a forma canônica de casamento afirma não é garantia de que foi realizado um compromisso genuíno, informado e sincero.

Quando se torna evidente que nenhum compromisso conjugal existe verdadeiramente, o que pode levar muitos anos, ou pior: quando um compromisso conjugal e sincero é desfeito por um parceiro infiel, muitas vezes as pessoas que sofrem com isso são tidas como culpadas ou tratadas como pecadores permanentes, em vez de serem confortadas com perdão e compreensão. Se as pessoas divorciadas no civil tentassem construir um relacionamento posterior, não raro para oferecer um ambiente familiar para as filhos, a Igreja institucional, em lugar de trabalhar no sentido de reconciliação tal como tem feito a maior parte de nossos irmãos cristãos, responde banindo-os da Eucaristia. Esperar que estas pessoas vivam vidas celibatárias expõe uma visão severa e desconfiada quanto à sexualidade humana.

As orientações da Igreja carecem de sensibilidade

Normalmente, para queles que buscam ter relações conjugais pouca orientação é dada sobre a forma de proceder nesta importante tarefa de amadurecimento. A preparação para o casamento resume-se, frequentemente, a evitar qualquer encontro sexual antes das trocas públicas de compromisso e a evitar o uso de contraceptivo, não importando quais sejam as consequências que o casal possa vir a ter. As pessoas que se aventuram em relacionamentos e que podem, até, coabitar junto de um parceiro (ou parceira) em potencial são, unilateralmente, julgados como imaturas, egoístas, que não estão dispostos a compromissos sérios e sem respeito para com as autoridades. Em vez de ajudá-los no que pode ser uma jornada em vista de um relacionamento duradouro, a Igreja condena-os como se estivessem vivendo de forma imoral.

O apoio pastoral para os jovens está aquém

Enfrentamos uma comercialização e exploração da sexualidade humana sem precedentes, especialmente através da comunicação global. Enquanto que a Igreja foi rápida em condenar o que considera imoral, ela oferece pouca ajuda positiva para milhões de pessoas – em particular, os jovens – no que diz respeito a lidar com tais pressões e a desenvolver um entendimento sadio, amoroso, apreciativo e alegre da sexualidade. Enquanto que existem muitas regras para ditar às pessoas quanto ao que (não) fazer, não há praticamente nenhuma ferramenta sendo oferecida que possa ajudar estas pessoas a navegar nas complexas e turbulentas águas de se chegar a um acordo com a própria sexualidade.

A discriminação contra homossexuais continua

Embora a Igreja tenha feito algum progresso em aceitar o fato de que nem todas as pessoas encontram-se chamadas a uma união estável e heterossexual, ela ainda tem feito muito pouco para promover a aceitação de indivíduos com orientações sexuais alternativas como membros dignos, da Igreja e da sociedade. A tarefa de educar os fiéis para o respeito a todas as pessoas humanas que não estejam em conformidade com as próprias expectativas pessoais, em particular quando estas pessoas estão vivendo vidas honradas, ainda está para começar na maioria das paróquias católicas.

A contracepção responsável deveria ser permitida

Nos últimos 45 anos, a liderança da Igreja tem se agarrado a um ensinamento sobre a paternidade que exclui praticamente quase todos os meios de regulação da fertilidade. Após a Gaudium et Spes ter tentado superar a perspectiva canônica de ver o casamento como uma instituição, primeiramente, para a procriação e educação dos filhos, o autor do documento Humanae Vitae, ignorando o conselho de seu próprio comitê consultivo para avançar com o ensino sobre o controle de natalidade, reafirmou a noção de que uma “abertura à procriação” deve ser dada a toda e qualquer ato conjugal, sexual. Os líderes da Igreja precisam perceber que chegou a hora de reformar este ensinamento.

Deveria ser deixada para a consciência de cada casal a possibilidade de eles encontrarem uma maneira responsável de regular a fertilidade, uma regulação que seja apropriada para a situação particular de cada um deles. Enquanto que algumas formas de se evitar a concepção podem ser consideradas abaixo do que seria o ideal, elas não deveriam ser tachadas como “intrinsecamente más”. Tal terminologia confunde mais do que esclarece. O uso de contracepção responsável não deveria ser considerado matéria para o sacramento da reconciliação.

O conselho do laicato sobre a vida de casado é crucial

Por fim, os ensinos oficiais sobre o casamento e a sexualidade, com base em noções abstratas e ultrapassadas de lei natural – ou pelo menos em conceitos de sexualidade humana cientificamente mal-informados –, são, em grande parte, incompreensíveis para a maioria dos fiéis. Os que ensinam precisam não só compreender o assunto, mas também entender aqueles a quem tentam ensinar. Acreditamos que tenha sido feita uma consulta insuficiente com todos aqueles fiéis, representando um amplo espectro de experiência e reflexão, sem mencionar uma quantia considerável de conhecimento entre os que são profissionalmente treinados. Acreditamos ser necessário levar a sério os dados da experiência humana na formação das orientações pastorais.

Professor Dr. Subhash Anand SJ, Filosofia indiana e Religião (Emérito). Pontifical Athenaeum Jnanadeep Vidyapeeth, Pune, Índia.

Doutor Michael D. Anderson, Membro da American Academy of Family Physicians (Emérito), Minneápolis, EUA.

Doutor Luca Badini Confalonieri, Ph.D em Teologia, pesquisador associado da Universidade de Birmingham, Reino Unido.

Professor Dr. Eugene C Bianchi, Religião (Emérito), Universidade de Emory, Atlanta, EUA.

Professor Dr. Juan Barreto Betancort, Novo Testamento e Línguas Clássicas, Universidade de Laguna em Santa Cruz, Tenerife, Ilhas Canárias, Espanha.

Doutor B. Linares, Theology, ex-ministro da Educação, Governo de Gibraltar.

Professor Dr. Ricardo Chica, Economia de Desenvolvimento, Diretor do Centro para Estudos Asiáticos, Universidade de Bolívar, Colômbia.

Professor Dr. Michael L. Cook SJ, Estudos Religiosos (Emérito), Universidade Gonzaga, Spokane, EUA.

Professor Dr. James Dallen, Estudos Religiosos (Emérito), Universidade Gonzaga, Spokane, EUA.

Professor Dr. Gabriel Daly, OSA, Faculdade Irlandesa de Ecumenismo, Trinity College, Dublin, Irlanda.

Doutora Annette Esser, diretora do Instituto Scivias para Arte e Espiritualidade, Bad Kreuznach, Alemanha.

Sr. Dr. Jeannine Grammick, ex-professor associado de Matemática na Universidade de Notre Dame, Maryland, EUA. Cofundador do New Ways Ministry.

Professora Dra. Christine Gudorf, Ética Cristã, Universidade Internacional da Flórida, Miami, EUA.

Professora Dra. Karin Heller, Teologia, Universidade de Whitworth, Spokane, EUA.

Doutor Bernard Hoose, Teologia Moral (Aposentado), Faculdades Heythrop, Universidade de Londres, Reino Unido.

Professor Dr. Michael Hornsby-Smith, Sociologia (Emérito), Universidade de Surrey, Reino Unido.

Professor Dr. Jan Jans, Professor associado de Ética, Universidade de Tilburg, Países Baixos.

Professor Dr. Erik Jurgens, Direito Constitucional, Universidade de Amsterdã, Países Baixos.

Professor Dr. Othmar Keel, Exegese do Antigo Testamento (Emérito), Fribourg, Suíça.

Professor Paul Lakeland, Diretor do Centro para Estudos Católicos, Universidade de Fairfield, Connecticut, EUA.

Professora associada Dr. Julia Lamm, Teologioa, Universidade de Georgetown, Washington DC, EUA.

Professor Dr. Bernard Lang, Estudos sobre o Antigo Testamento, Universidades de Paderborn, Alemanha, e Aarhus, Dinamarca.

Professor Dr. Michael G Lawler, Teologia (Emérito), Universidade de Creighton, Omaha, NE, EUA.

Professor Dr. Gerard Loughlin, Teologia e Religião, Universidade de Durham, Reino Unido.

Professor Dr. John B Lounibos, Teologia (Emérito) Faculdade Dominicana, Orangeburg, Nova Iorque, EUA.

Professora Dra. Judith G. Martin SSJ, Estudos da Religião (Emérita), Universidade de Dayton, EUA.

Doutora Rosemary McHugh MedDr MBA MSpir, Médica de família, professora assistente de Medicina Familiar, Chicago, Illinóis, EUA.

Doutor David B. McLoughlin, Professor acadêmico, Universidade de Newman, Birmingham, Reino Unido. Ex-president da Associação Católica de Teólogos da Grã-bretanha.

Professor Dr. Norbert Mette, Teologia Prática (Emérito), Universidade de Dortmund, Alemanha.

Veja também:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/525885-declaracao-de-intelectuais-catolicos-sobre-o-casamento-e-a-familia


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publicado por Riacho, em 13.11.13 às 21:15link do post | favorito

AFP - Agence France-Presse

Publicação: 13/11/2013 00:37 Atualização:

O Havaí deu boas-vindas ao casamento gay nesta quinta-feira, e a partir deste mês se tornará o 15º estado americano a permitir o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo.

O Senado havaiano aprovou um projeto de lei sobre a igualdade matrimonial, que deve ser firmado o quanto antes pelo governador Neil Abercrombie.

"Quero felicitar os legisladores do estado do Havaí por aprovar a lei de apoio à igualdade matrimonial", disse o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em um comunicado difundido pela Casa Branca.

Na semana passada, Illinois se tornou 15º estado a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas as cerimônias ocorrerão apenas a partir de junho de 2014.

Até agora, o casamento gay é permitido em 14 estados dos EUA e no distrito federal de Washington. Com Illinois e Havaí, quase um terço dos 50 estados americanos apoiarão a medida.

 

Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2013/11/13/interna_internacional,470035/havai-diz-aloha-ao-casamento-gay.shtml


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