ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
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publicado por Riacho, em 07.04.15 às 23:00link do post | favorito

Publicamos um excerto da entrevista ao Público do bispo de Beja que não é de 05/04/1915 mas de 05/04/2015. Esta entrevista é digna de ser comentada pelo papa. O que acham?

 

Disse que os homossexuais eram um dos “lobbies anti-Igreja”. Mantém-no, depois de o Papa Francisco ter dito não ser ninguém para julgar os gays?
Nunca ostracizei quem tem outra tendência em relação à afectividade, à sexualidade. Não a podem é impor, em relação ao que é a maneira normal de viver a sexualidade. Há que respeitar e integrar na sociedade essas pessoas, mas não há que pôr toda a sociedade a funcionar como eles querem. Isso mantenho. Sou radicalmente contra a ideologia de género. Sou a favor de algumas coisas que a ideologia de género trouxe. O homem não tem mais direitos do que a mulher, tem igual dignidade.

Os homossexuais não querem impor a sua sexualidade.
O que critiquei é que havia um lobby muito forte, que levou a quase se impor a ideologia de género a toda a humanidade.

De que forma o sentiu?
Na própria educação e na linguagem. Respeito a afectividade, mas não quero impor a minha afectividade aos outros. Eu sou macho, não sou mulher. Respeito a mulher como mulher e o homem como homem.

Falou de uma sexualidade normal. O que considera normal é a união entre um homem e uma mulher e as outras não?
Considero que a antropologia normal entre homem e mulher não é o mesmo que a antropologia entre dois homens - a sua afectividade e realização sexual não é igual.

Usa a palavra normal.
Normal no sentido que é o que a grande maioria vive, que corresponde ao seu género, ao seu ADN. Que tem futuro para a sociedade. De dois homens não nascem crianças. Uma sociedade não tem futuro se não houver propagação da vida.

É contra as uniões de facto, o casamento e a adopção por homossexuais?
Não sou contra. Respeito, mas não é a minha orientação. Não vou fazer a apologia. Uma humanidade que adoptasse esse caminho como normal estava a condenar-se a si mesma. O que disse foi nesse sentido, não no de ostracizar os homossexuais. Nada disso.

Fonte: http://www.publico.pt/politica/noticia/o-mundo-financeiro-tem-os-politicos-todos-na-mao-1691239?page=3#/follow


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publicado por Riacho, em 26.11.14 às 18:43link do post | favorito

Nós não fazemos que reproduzir-nos, nós produzimos a nós mesmos reciprocamente, nós produzimos o novo. Trata-se de colocar no mundo uma pessoa afim de que esta pessoa nasça a si mesma. E isto vai muito além da mera procriação biológica", escreve Claude Besson copresidente da associação Réflexion et partage em artigo publicado pela revista mensal francesa, jesuíta, Études, edição de outubro de 2014. A tradução é de Benno Dischinger.

Segundo ele, "entrar na fecundidade não é mais viver para si mesmos, mas é viver para qualquer outro. Segundo Cristo a fecundidade é o dom de si, é uma morte a si mesmo e uma ressurreição. Esta ultrapassa infinitamente os nossos limites humanos. Realiza-se não segundo uma vontade humana, mas numa livre consagração das nossas ações a Deus, é um dom de Deus".

Eis o artigo.

A acolhida das pessoas homossexuais é hoje realmente uma realidade nas comunidades cristãs? Embora nos últimos anos tenham sido dados passos em frente, a clandestinidade que as pessoas homossexuais se auto-impõem por temor de serem submetidos a juízos negativos é real e dolorosa para eles mesmos e para suas famílias.

A homossexualidade é uma realidade que existe na história de cada sociedade e de cada cultura. É inegável. Este fato, que permaneceu escondido por séculos, tornou-se hoje público na nossa sociedade. Há muitos anos a Igrejacatólica tomou em consideração esta realidade. 

“Um número não transcurável de homens e de mulheres apresenta radicadas tendências homossexuais. Elas não escolhem sua condição homossexual que, ao invés, constitui para a maior parte delas uma difícil prova. Devem, portanto, ser escutadas com respeito, compaixão e delicadeza”.

Todavia, será que é possível viver contemporaneamente a própria homossexualidade e a própria fé cristã sem precisar esconder-se? Recentemente um documento do Conselho Família e Sociedade (francês) exigia esta acolhida incondicionada: “Para as comunidades católicas a acolhida incondicionada de cada pessoa está em primeiro plano. Cada pessoa, independentemente de seu percurso de vida, é em primeiro lugar um irmão ou uma irmã em Cristo, um filho de Deus.

Esta descendência divina transcende todos os elos humanos de família. “Toda pessoa tem direito a uma acolhida amável por aquilo que é, sem que deva esconder um ou outro aspecto de sua personalidade”.

Sabemos que cristãos, católicos e homossexuais estão entre nós, nas nossas famílias, entre os nossos amigos, nas nossas comunidades paroquiais. A diversidade das situações é complexa. A indagação de Martine Gross revela que os gays e as lésbicas cristãs, tendo interiorizado as afirmações da Igreja institucional, frequentemente vivem com desonra e sentimento de culpa a descoberta de sua homossexualidade.

Frequentes testemunhos de sofrimento.

Participando por mais de dez anos da associação “Réflexion et Partage [Reflexão e Partilha], sou testemunha da dificuldade para um bom número de pessoas homossexuais encontrarem seu devido lugar na Igreja. Revelam-no muitos testemunhos e narrações de vida.

O testemunho de Thérèse é um entre tantos: Precisei de tempo para entender-me verdadeiramente! Aos quase 53 anos, noiva, começo finalmente a reconhecer-me como homossexual. (...) Fiquei aprofundada numa longa, longuíssima fase de indecisão, até que a realidade me recuperou de modo extremamente brusco. E há quatro anos iniciei realmente este caminho para mim mesma, e também para os outros, nas lágrimas e no sofrimento, mas também na paz e na alegria que às vezes nasce de encontros fortes e autênticos, seja com alguns dos meus amigos/que, que com outros/e que chegaram/e bem antes de mim neste difícil e íngreme caminho.

(...) Na pastoral dos divorciados e dos divorciados/redesposados tem havido progressos notáveis. Quando poderemos ver estes progressos também na pastoral da homossexualidade? Quando se cessará de acrescentar sofrimento a sofrimento?

(...) Ouso, como Martin Luther King, ter um sonho: que nas nossas Igrejas, finalmente de portas abertas a toda a humanidade dos homens e das mulheres de hoje, cada um/uma seja acolhido/a como Filho e Filha de Deus, com suas riquezas e suas faltas, na Alegria e na Fraternidade... e que ninguém se deva jamais sentir um passageiro clandestino!”

E ainda o testemunho de Aurélia: “Nós somos inexistentes”: expressão de uma responsável pelas manifestações de“La Manif pour tous” [A Manifestação para todos] contra “O Matrimônio para todos”. Sim, vós sois milhares. Sim, vós não tendes sido entendidos. Perdoai!

Mas nós (pessoas homossexuais) somos milhões, há séculos, a não ser entendidos, a ser insistentes, invisíveis, estigmatizados, psiquiatrizados, exorcizados, torturados, humilhados, escondidos, e em alguns países até sepultados vivos!”.

E da mesma forma, quando um casal de homens (Julien e Bruno) que vivem junto há mais de dez anos, procura inserir-se num grupo de reflexão paroquial para os casais (hétero, certamente) tendo dez anos de vida em comum, por que excluí-los? São constringidos a marginalizar-se e a criar eles mesmos, fora de suas paróquias, o seu próprio grupo de reflexão junto com outros casais homossexuais católicos?

Evidentemente, os testemunhos não pretendem, por certo, dar uma imagem exaustiva do que vivenciam os cristãos homossexuais, mas têm o mérito de rejeitar toda concepção simplista. Se o testemunho não pode substituir-se ao debate e não pertence somente a ele a verdade, não se pode jogá-lo fora com um gesto da mão, como talvez se ouve: “Sim, mas contigo não é a mesma coisa, nós te conhecemos”.

A Igreja não pode hoje deixar de ir ao encontro das pessoas homossexuais e prosseguir o diálogo com eles e com suas famílias: “(...) o testemunho não pode substituir-se ao debate e não compete somente a ele a “verdade”. É evidente. Mas este debate e esta busca da verdade não podem regatear com este tipo de palavra. Sobretudo em nossa sociedade chamada de comunicação, na época do reino da informação, da imagem e da interatividade...

... Aceitando esta nova realidade (social e também política) através de um retorno ao testemunho, a Igreja pode beneficiar-se de uma nova oportunidade para o anúncio do evangelho nesta sociedade moderna ou mesmo pós-moderna. Para ela é a ocasião de demonstrar:

Que considera o homem de hoje como um interlocutor inteligente, de bom senso, capaz de refletir, e que ela respeita sua liberdade...

Que confia neles a priori (existe uma margem de diferença entre a ingenuidade e a paranóia, que condena de modo preconcebido o interlocutor), que confia nele. Em todos os encontros que teve Jesus não reduz jamais o outro à sua complexidade. Jamais o encerra na sua contingência...

Que aceita que o homem de hoje queira confrontar as idéias com a realidade através do filtro de suas experiências, que necessita entender e ter o seu próprio parecer. (...)

“Para ela (isto é, para a Igreja, ndr) seria o modo de atingir o homem de boa vontade lá onde ele se encontra, de dirigir-se a ele e de reconhecê-lo como alguém que faz parte de um mundo a inventar juntos.”

Significativos progressos pastorais.

Também se ainda resta um caminho a percorrer até que as pessoas homossexuais e suas famílias encontrem o seu justo lugar nas nossas comunidades cristãs, em muitas dioceses ocorrem hoje progressos fundamentais.

O objetivo não é tanto o de realizar uma pastoral distinta para favorecer a acolhida das pessoas homossexuais, que constituiria uma forma de estigmatização positiva, mas antes o de reconhecer e dar consideração ao que é vivenciado por cada um, “afim de que estas pessoas possam viver uma vida cristã normal e empenhada e ter o seu lugar na Igreja como toda pessoa batizada”.

A primeira iniciativa a realizar é a de incentivar os lugares de acolhida e de escuta, os grupos de palavra, tornando-os visíveis através de um “dépliant” [folheto] que registre o telefone, o email, o nome da pessoa a contatar.

Há muitíssimos anos algumas associações, como David e Jonathan, Devenir un em Christ [Tornar-se um em Cristo] já fizeram esta experiência. Mas, este tipo de iniciativa deve ter origem da responsabilidade das igrejas diocesanas, evidentemente com a colaboração das associações que as mantêm. Com efeito, muitas pessoas homossexuais e seus pais se sentem privados de recursos.

Sendo católicos, frequentemente se dirigem aos padres de suas paróquias ou à diocese: “Quando tomamos conhecimento da homossexualidade de nossa filha de 18 anos, encontramo-nos desarmados: por que ela era assim? O seu grandíssimo mal-estar e seu não querer viver nos impeliram a procurar entender. Sendo católicos, procuramos um padre para saber se ele conheceria uma associação que pudesse ajudar-nos.

Ele estava despreparado exatamente como nós. Nossa fé nos levou a perguntar-nos como viver esta situação serenamente e no amor atento por nossa filha e nossa família (temos quatro filhos, e esta é a última). Fizemos um percurso numa associação, encontrando outros pais e outros homossexuais.

Encontramos pessoas que escutam sem julgar e que compartilham das nossas dúvidas e das nossas preocupações. Abrimo-nos de um modo que não conhecíamos. Dez anos depois, podemos constatar que enriquecemos o nosso coração e o nosso modo de ver.
Deus é amor. Somente Ele sabe o que é a homossexualidade. Neste caminho que percorremos, confiamo-nos ao Seu Espírito que nos acompanha (...)”.

Muitas dioceses (St. Etienne, Lyon, Grenoble, Angouleme, Aix em Provence...) há um par de anos organizaram grupos de reflexão e/ou grupos de acolhida, de escuta, de discussão aberta. Assim em Angouleme: “Há dois anos, com o apoio e o encorajamento de Mons. Dagens criamos dois grupos de compartilhamento: um para pessoas homossexuais, e o outro para pais de pessoas homossexuais. Temos dado andamento a estes grupos em colaboração com a associação Devenir Un En Christ. Mas, havia também uma convergente vontade do Padre Dagens e dos dois grupos para uma conexão direta com a diocese, através da pastoral da família. Neste momento estamos começando a difundir um pequeno volante: “Acolhida e palavra”, para tornar conhecidos os dois grupos nas paróquias e também no site da diocese. De outra parte, queríamos ir mais longe na reflexão sobre o lugar na Igreja e nas nossas comunidades cristãs para as pessoas homossexuais.”

Em muitas dioceses vizinhas está sendo posta em marcha a mesma reflexão. Seria preciso dar evidência também a outros grupos de palavra para progenitores que estão coligados com a associação Réflexion et Partage [Reflexão e Partilha]. Mas, estes grupos ainda não têm verdadeira legitimidade diocesana. Numa diocese da periferia de Paris há cinco anos existe um grupo de discussão formado por pais que têm um filho homossexual.

“Somos cinco famílias. Este pequeno grupo é muito importante para trocar, comunicar e sustentar-nos uns com os outros. Há aproximadamente um mês contatamos com o pároco de St. Germain em Laye. Foi muito acolhedor e conectou um inserto no boletim paroquial. Pessoalmente, sinto-me sempre mais assegurado, e hoje não tenho mais medo de responder a pessoas que têm uma visão negativa. Um fato recente: Uma mãe de família, chegando ao conhecimento que eu tinha um filho homossexual, me disse: “Rezarei por ele”. Eu lhe respondi: “Não, sou-lhe grato, mas antes serei eu a rezar por você, para que seu visual se torne mais aberto”. Não posso mais calar. Creio que os nossos filhos dêem um valor adjunto às nossas famílias”. (Marie-Pierre, mãe de família).

Guilherme e Elisabete acrescentam: “É uma fórmula excepcional, que responde bem às expectativas dos genitores. Uma fórmula a promover por toda parte possa ser realizada. Tivemos ocasião de falar a respeito com certo número de amigos e muitos deles nos disseram que também eles estavam envolvidos com esta realidade.

O compartilhamento da nossa experiência teve uma acolhida positiva e tem sido iluminadora para outras famílias, mas com frequência essas famílias nos dizem que ninguém sabe (da homossexualidade de um componente) e que não se deve falar disso.”

Assim em Ardèche: “Somos um grupo de pais ativo há nove anos e nos encontramos 2 vezes ao ano com a presença do vigário geral. Atualmente fazem parte 9 casais. Dado que o vigário geral nos acompanha, o bispo tem conhecimento das nossas reuniões”. Os temas enfrentados no ano passado foram o matrimônio e a homogenitorialidade. Escrevemos um artigo em jornais paroquiais, mas obteve eco escasso”.

Em Paris existe um grupo de pessoas homossexuais que vivem como casais e se reúnem regularmente. Julien atesta: “Criamos o nosso grupo de casais católicos (que se encontram também como casais formados por pessoas do mesmo sexo). Este grupo de 6 casais se reúne aproximadamente cada 6 semanas para refletir sobre a questão da fecundidade do casal, em sentido geral.

Existe um aspecto espiritual e ele é compartilhado também por meio de um texto de meditação. De vez em quando convidamos uma pessoa externa ao grupo. Este grupo tem sido para nós e para a nossa fé uma âncora de salvação indispensável durante este último ano, no qual a Igreja da França foi convulsionada pela questão do matrimônio para todos.

Temos compartilhado momentos de rara fraternidade. Mas gostaríamos que tudo isso pudesse ser vivenciado em nível das paróquias. E nos agradaria fazer esta reflexão junto a casais homossexuais, estar dentro da Igreja e não esconder uma parte essencial do nosso ser”.

Devem ser vistos positivamente também os seis seminários tidos junto ao colégio dos Bernardinos em Paris sobre “Fé cristã e homossexualidade”, com a presença de representantes de várias associações (David e Jonathan, Devenir Un En Christ [Tornar-se um em Cristo], Communion Béthanie, Réflexion et Partage [Reflexão e Partilha]).

O último seminário, sobre o tema de “fare coppia” [fazer casal] permitiu cruzar as experiências de casais homossexuais e heterossexuais na escuta, no diálogo, na construção de um viver juntos e de uma fraternidade, destinados a dar os seus frutos.

Outras dioceses assumiram iniciativas para favorecer o diálogo e o encontro, como “O caminho de Emaús” (Nanterre,Orléans), peregrinação de um dia, aberto a todos e em particular às pessoas direta ou indiretamente envoltas com a homossexualidade. Por ter participado, posso assegurar-vos que tudo isso fez caírem muitos preconceitos sobre ahomossexualidade.

Muitos dos preconceitos de fato ainda estão ligados a representações mentais, frequentemente por causa da falta de conhecimento e informação sobre a vivência das pessoas, e também por causa da rejeição da diversidade, que provoca perturbação. Creio que esta falta de conhecimento, esta ignorância, traga o medo e o medo gere a exclusão, o desprezo, as confusões, talvez os conflitos, o relegar a gueto e, enfim, o desejo de desembaraçar-se do outro.

A alteridade em questão

O encontro do outro em sua alteridade é uma questão fundamental. Quantos discursos ouvimos da boca de certos ambientes católicos para estigmatizar as pessoas homossexuais: “Os homossexuais recusam a diversidade”; esta afirmação, nas palavras de certos intelectuais se torna “A homossexualidade é a negação da alteridade”.

Se as diferenças, que sejam sexuais, geracionais ou culturais preexistam sem que nós estejamos em condições de geri-las, elas não garantem que se realize a acolhida do outro. O saber reconhecer a alteridade nasce de uma aprendizagem que jamais termina, e permite a cada um ser, na relação com o outro, o que é, conduzir a própria vida, jamais sentir-se absorvido pelo outro, quem quer que ele seja (conjugado, amigo, genitor, professor, colega...).

Este trabalho ético é o mesmo para todos: “Cada casal é convidado a perguntar-se em que medida sua relação de amor gera confusão ou cria unidade, seja no interior ou no exterior do casal.

Há casais heterossexuais que de fato não respeitam estas relações da alteridade, como aquelas construídas sobre excessivas semelhanças entre o cônjuge e o pai ou a mãe, ou também aquelas nas quais os genitores consideram os seus filhos como objetos...” 

A semelhança genital não tira nada do “ser estranho” do outro. Ou seja, não é possível reduzir o outro ao que conheço de mim mesmo, dos meus desejos, dos meus comportamentos.

As pessoas homossexuais insistem no fato que sua busca sexual não deriva somente, como muitos crêem, de uma busca de prazer erótico. Costumeiramente as pessoas esperam encontrar um/uma amigo/amiga com o/a qual possam vivenciar experiências de ternura, fidelidade, ajuda recíproca, compartilhamento de preocupações e interesses diversos... e prazer sexual.

Procuram, deste modo, ter unidos “o desejo e a ternura” fazendo a experiência que amar “não é uma coisa óbvia”.

“Os psicanalistas menos sérios interpretaram erroneamente a conexão amorosa e sexual de um indivíduo com uma pessoa do mesmo sexo como uma conexão narcisista. Como se duas pessoas do mesmo sexo fossem a mesma pessoa! Como se somente a diferença sexual designasse a alteridade entre os seres! Como se, da mesma forma, entre homens e mulheres houvesse mais diferenças do que semelhanças.

A alteridade existe entre dois gêmeos, e com maior razão existe entre dois homens ou duas mulheres saídas de famílias diferentes. A alteridade é um dos determinantes do desejo sexual. Para desejar-nos reciprocamente, temos necessidade de muito de semelhante (o que temos em comum como seres humanos) e de um pouco de não semelhante, como confirma a neurobiologia.

Este “não semelhante” pode ser a diferença dos sexos, mas nem sempre e não somente. Nos humanos a alteridade, fonte de desejo sexual, pode encontrar-se na diferença física, na diferença cultural e social ou na diferença de personalidade.” 

Enfim, afirmar que o casal homossexual negue a alteridade significa voltar a reconduzir o conceito de “mesmo” ao aspecto sexual e este último ao sexo. Portanto, não é que, porque dois seres são semelhantes de um ponto de vista biológico que eles são “o mesmo”: dois homens, duas mulheres têm personalidades diversas e únicas que fazem deles seres singulares.

As pesquisas no campo da neurobiologia confirmam que as diferenças entre os indivíduos de um mesmo sexo são tão importantes que superam as diferenças entre os dois sexos. Esta variabilidade se explica com a plasticidade do cérebro. No nascimento, dos nossos 100 bilhões de neurônios, somente 10% são conectados entre si.

90% das restantes conexões se realizarão progressivamente em consequência das influências da família, da educação, da cultura, da sociedade, afirma Catherine Vidal, neurobióloga.
É na capacidade de amar que são postos à prova, para os homossexuais como para os heterossexuais, a aceitação ou a recusa da alteridade, não no valor diferencial e impessoal de um objeto de pulsão.

A relação homossexual, além da semelhança dos sexos, pode abrir à diferença e à alteridade, dado que é o encontro de duas pessoas, cada uma das quais é única. 

Os casais homossexuais têm um desejo duradouro e favorável de viver juntos. Tudo o que favorece os empenhos mais duradouros deve ser aprovado plenamente.

Uma pessoa homossexual que vive com um parceiro poderá ser fonte de fecundidade social para o ambiente circunstante.

Fecundidade

Na linguagem corrente temos limitado o sentido do termo “fecundidade” ao conceito de “dar a vida” ou “procriar”. Isto significa reduzir o ser humano ao seu nível animal.
Antropologicamente, a fecundidade recobre um significado mais amplo: a capacidade de dar uma vida humana.

Nós não fazemos que reproduzir-nos, nós produzimos a nós mesmos reciprocamente, nós produzimos o novo. Trata-se de colocar no mundo uma pessoa afim de que esta pessoa nasça a si mesma. E isto vai muito além da mera procriação biológica.

Dar a vida humana é o que a teóloga Marie-Christine Bernard, especializada em epistemologia das ciências humanas, chama a “genitoralidade espiritual”. É a responsabilidade que diz respeito a todos nós de fazer nascer alguém a si mesmo, de alguém gerar a própria vocação, de fazer que ele possa entrar em sua própria vida: "Pôr no mundo naquele sentido mais amplo que recém descrevemos, portanto, não só em sentido físico, se apresenta como o caminho por excelência que a bênção de Deus, destinada a todos, pode realizar. A bênção de Deus é ao mesmo tempo a promessa que Ele faz, o seu mais caro auspício de uma vida boa, rica de significado e de frutos e sua realização através do nosso livre consenso. A pessoa humana nasce a si mesma quando entende que esta promessa é destinada pessoalmente a ela, e segue este caminho".

Então, por que rejeitar os casais homossexuais, apelando à sua não fecundidade? Também eles são fecundos ou criativos, mas de modo diverso. Jesus revolucionou a ordem biológica da fecundidade: o homem não é fecundo porque gera, é fecundo porque se reconhece como pertencente ao Cristo.

A passagem do Evangelho segundo João (151-4.12.16) indica que a fecundidade reside no cumprimento do mandamento do amor de Jesus, isto é, de entrar na comunhão de amor de Jesus e do Pai, de deixar-se aproximar deDeus, entrar na intimidade com Ele, tornar-se seu amigo. Este amor chega realmente a desapropriar-se de si próprio.Jesus impeliu este despossuir-se de si ao morrer sobre a Cruz, e é precisamente a Cruz que garante “ao extremo” sua fecundidade: “Se o pequeno grão que cai por terra não morre, permanece só; ao invés, se morre produz fruto in abundância”.

Portanto, entrar na fecundidade não é mais viver para si mesmos, mas é viver para qualquer outro. Segundo Cristo a fecundidade é o dom de si, é uma morte a si mesmo e uma ressurreição. Esta ultrapassa infinitamente os nossos limites humanos. Realiza-se não segundo uma vontade humana, mas numa livre consagração das nossas ações a Deus, é um dom de Deus.

Assim dá testemunho Yvon, homossexual e cristão empenhado a mais de quarenta anos em sua paróquia: “Após estes 40 anos de lutas, nos quais houve momentos de alegria e de desespero – e também falências – me admiro que eu ainda queira fazer parte desta Igreja que com tanta frequência me maltratou.

Todavia, se os cristãos (e não somente os seus pastores) soubessem o que a Igreja deve a estes homossexuais (homens e mulheres), que atuam dentro dela, no segredo de sua identidade, se os cristãos reconhecessem todos os tesouros de paciência, de devoção e de atenção aos mais “pobres”, dos quais os homossexuais a cada dia dão prova (ajuda aos doentes de AIDS e aos anciãos, trabalho no âmbito da saúde ou da educação, etc.), os cristãos não estariam tão inclinados a condenar milhares de seus irmãos e irmãs ou de aceitar-lhes somente as palavras”.

A verdadeira fecundidade cristã não está ligada em primeiro lugar ao fato de ter filhos, mas à realização do Reino nas nossas vidas.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/537852-qual-o-lugar-para-as-pessoas-homossexuais-nas-nossas-comunidades-cristas


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publicado por Riacho, em 01.02.14 às 23:20link do post | favorito

Obrigado pela sugestão y-hohnan!

 


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publicado por Riacho, em 11.01.14 às 20:56link do post | favorito

Nimer, um estudante palestiniano, sonha com uma vida melhor no estrangeiro. Uma noite conhece Roy, um advogado Israelita, e apaixonam-se. À medida que a sua relação se aprofunda, Nimer é confrontado com a dura realidade de uma sociedade Palestiniana que se recusa a aceitá-lo pela sua identidade sexual e a sociedade Israelita que o rejeita pela sua nacionalidade. Quando o seu amigo próximo é apanhado ilegalmente em Tel Aviv e enviado de volta para a Cisjordânia, onde é brutalmente assassinado, Nimer tem que escolher entre a vida que julgava querer e o seu amor por Roy.


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publicado por Riacho, em 09.01.14 às 00:09link do post | favorito

A imprensa começou a repercutir uma palestra dada pelo Papa Francisco em novembro no colóquio com os membros da União dos Superiores Gerais - USG - dos institutos religiosos masculinos, publicada em reportagem da revista Civiltà Cattolica no dia 03-01-2014. Temos visto manchetes como a do Globo, "Papa afirma que casamento gay é desafio educativo para a Igreja", ao do G1, "Papa Francisco pede nova atitude da Igreja com os filhos de homossexuais", e a do UOL, "Papa Francisco pede nova atitude da igreja com os filhos de homossexuais". Desde ontem, vi essas matérias despertarem reações positivas e negativas dentro da comunidade LGBT. Contudo, me parece que há um esclarecimento importante a fazer, que coloca o caso sob uma nova perspectiva.

O comentário é de Cristiana Serra e publicado por Diversidade Católica, 5-01-2014.

Um exame do documento revela que o papa não se referiu ao casamento gay em sua palestra em nenhum momento, ao contrário do que essas manchetes podem dar a entender. Provavelmente o mal entendido se deve ao fato de que o papa citou o caso de uma menina que estava triste porque "a namorada da minha mãe não gosta de mim". Esse é o único momento em que ele fala em gays. Acontece que o trecho completo é o seguinte:

"Para o Papa, os pilares da educação são: 'transmitir conhecimentos, transmitir modos de fazer, transmitir valores. Através deles se transmite a fé. O educador deve estar à altura das pessoas que educa, de interrogar-se quanto a como anunciar a Jesus Cristo a uma geração em transformação'. Para tanto, insistiu: 'a tarefa da educação hoje é uma missão chave, chave, chave!', e citou algumas de suas experiências em Buenos Aires sobre a preparação necessária para que se receba, em contextos educativos, crianças, adolescentes e jovens que vivem em situação complexa, especialmente em família: 'lembro-me do caso de uma menina muito triste que acabou confidenciando à professora o motivo de sua tristeza: 'a namorada da minha mãe não gosta de mim'. A porcentagem de crianças que estudam nas escolas e têm pais separados é altíssima. As situações que hoje vivem criam, portanto, novos desafios que, para nós, às vezes são até difíceis de entender. Como anunciar Cristo a esses meninos e meninas? Como anunciar Cristo a uma geração em transformação? É preciso que estejamos atentos, para que não lhes ministremos uma vacina contra a fé." (p. 14)

O curioso, portanto, é que essa frase da menina não é citada para falar sobre casais gays. Não é uma crítica aos gays, como a matéria do G1, por exemplo, pode fazer parecer. Pelo contrário: ele está falando sobre os desafios da educação da nova geração, fala que há situações complexas, dá esse exemplo, da menina que estava triste porque "a namorada da minha mãe não gosta de mim", e segue falando sobre a alta porcentagem de filhos da pais separados nas escolas, que as situações requerem novas estratégias, etc. Quer dizer: ele se refere, no contexto de um colóquio para religiosos, falando sobre a formação de religiosos, a um casal de mulheres com uma filha como um casal separado qualquer.

Vou repetir: o papa se refere a um casal de mulheres como um casal separado qualquer e que usa esse exemplo para refletir sobre como as fórmulas antigas para se lidar com as novas situações familiares não servem mais, estão alienando e afastando as pessoas ("ministrando uma vacina contra a fé"), e, em vez de assumir alguma postura rígida e preestabelecida, pergunta e convida os demais a pensar com ele:

"Como anunciar Cristo a esses meninos e meninas?". Pode parecer sutil, mas o impacto disso, no contexto de uma instituição milenar que não pode mudar por meio de grandes rupturas, é imenso, e vai muito, mas muito além do que a maneira apressada e até equivocada como a imprensa vem repercutindo essas suas palavras.

Que a abertura do papa Francisco para a dúvida, o questionamento das certezas preestabelecidas, o encontro e o diálogo com o outro nos sirvam de exemplo e inspirem, também nós, a partir ao encontro do nosso irmão.

Veja também:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/527041-o-que-o-papa-disse-e-o-que-ele-nao-disse-sobre-o-casamento-gay-


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publicado por Riacho, em 06.01.14 às 21:38link do post | favorito

Papa Francisco considera que as distintas realidades pessoais que se dão na sociedade atual, como a existência de filhos que convivem com casais homossexuais, supõem um novo desafio educativo para a Igreja Católica, sobretudo na hora de anunciar o Evangelho.

Esta é uma das mensagens que o pontífice argentino deu no mês de novembro, no colóquio com os membros daUnião dos Superiores Gerais - USG - dos institutos religiosos masculinos e publicada na reportagem da revista Civiltà Cattolica, no dia 03-01-2014.

A informação é publicada por Religión Digital, 04-01-2014.

"Lembro do caso de uma menina muito triste que no final confessou para a professora o motivo do seu estado de ânimo: "a noiva da minha mãe não me quer", narrou Francisco aos superiores gerais dos institutos religiosos.

"A porcentagem de crianças que estuda nos colégios e quem têm pais separados é muito alto - acrescentou. As situações que vivemos hoje, portanto, nos colocam novos desafios que para nós, muitas vezes, são difíceis de compreender. Como anunciar Cristo a estes meninos e meninas? Como anunciar Cristo a geração que muda?"

Francisco alertou aos religiosos que é preciso estar atentos para que não se dê a estas novas gerações uma "vacina contra fé". Ele lembrou que os piliares da educação são "transmitir o conhecimento, transmitir formas de fazer e transmitir valores, através dos quais se transmite também a fé".

"O educador deve estar à altura das pessoas que educa, deve se perguntar como anunciar a Jesus Cristo para uma geração que muda. A tarefa educativa hoje é uma missão chave, chave, chave", asseverou o pontífice argentino.

A "Civiltà Cattolica", revista dos jesuítas, ordem donde provém Francisco, narra também que no encontro o PapaBergoglio narrou suas experiências em Buenos Aires.

O tema da familia e sua pastoral é o tema central da Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos que aocntecerá no mês de outubro. Em preparação do evento, a Santa Sé enviou um questionário às Conferências Episcopais de todo o mundo.

"Qual é a atitude das Igrejas locais para com o Estado como promotor de uniões civis entre pessoas do mesmo sexo? Que atenção pastoral se pode dar às pessoas que escolheram viver este tipo de uniões?", pergunta o documento.

No caso de adoções por casais do mesmo sexo, "o que se pode fazer pastoralmente para transmitir a fé?", prossegue o questionário, que também dedica uma seção à educação das crianças nas chamadas "famílias irregulares" e a forma como seus pais se aproximam da Igreja.

Nota da IHU On-Line:

Para ler a initegra, em espanhol, da reportagem sobre a Conversa do Papa Francisco com os Superiores Religiososclique aqui.

 

Veja também:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/526954-realidades-novas-como-os-filhos-de-casais-homossexuias-exigem-sao-um-desafio-educativo-novo-diz-o-papa


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publicado por Riacho, em 29.11.13 às 19:17link do post | favorito

Aqui está um político cristão bem esclarecido. Parabéns pela sua abertura e frontalidade!

 

O ex-Primeiro-Ministro da Austrália explicou publicamente por que razões passou a defender afincandamente o casamento entre homossexuais. 

Kevin Rudd, que terá mudado a sua opinião sobre este assunto, considera que não está a ofender, de forma nenhuma, a posição cristã.

Durante um debate, Kevin foi questionado por um pastor sobre a sua mudança de opinião, alegando que isso teria desapontado os cristãos, uma vez que a «Bíblia» defende o casamento entre homens e mulheres. Mas o ex-primeiro ministro continuou a argumentar, defendendo que na «Bíblia» também diz que a escravidão é uma condição natural e que nós também não seguimos esse princípio.

Veja o vídeo:

 

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico


Fonte: http://www.lux.iol.pt/internacionais/politico-defende-gay-australiano-casamento-homossexualidade/1514692-4997.html


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publicado por Riacho, em 22.11.13 às 22:39link do post | favorito

Apoia este projecto. Apoia a causa e é uma óptima sugestão de prenda de Natal!

 

SOBRE O PROJECTO

Os meus dois Pais” é um romance que escrevi em 4 anos, numa altura em que estava desempregado. A história surgiu de um sonho que tive e, numa dessas noites de insónia, decidi começar a passa-la para o papel. À medida que ia escrevendo esta história, ia sonhando com outras histórias e o encaixe de todos esses sonhos, traduz-se neste livro de quase 400 páginas.

No entanto, para editar um livro, nos dias de hoje, é o próprio autor que tem que financiar uma parte do projecto. Assim, pretendo angariar através do PPL, os 1.500,00€ necessários para cumprir o meu sonho de editar "Os meus dois Pais".

A história de "Os meus dois Pais", a primeira de muitas que quero editar, retrata o percurso de vida de Eduardo e Tiago ao longo de quase vinte anos. Conheceram-se na mais badalada discoteca portuense e o seu amor foi à primeira vista. Quando a vida lhes corria às mil maravilhas, eis que uma mera noite de traição com a ex-namorada deita por terra todos os sonhos previamente idealizados, ao saber-se que Tiago vai ser pai. Obrigado a um casamento contra a sua vontade para não ficar afastado do seu filho, as suas vidas mudam radicalmente de rumo e de sentido.

Anos mais tarde, e depois de uma tragédia, o reencontro de ambos acontece e a chama que havia outrora entre eles, reacende-se. Mas agora, Tiago tem que pensar no seu filho Rodrigo. Serão os dois capazes de cumprir esta missão e educar aquela criança?

Esta é, assim, uma história de amor, contada pelos olhos de uma criança que se tornou Homem cedo demais; também ele, acabou por amar de forma incondicional aqueles dois homens que ele considerava os seus dois pais.

SOBRE O PROMOTOR

Joel Rodrigues Pinto, nasceu em Tourcoing, França, em 1975 e regressou a Portugal com 5 anos de idade.
 
Estudou nas cidades de Trancoso, Viseu e Porto, onde se licenciou  em Relações Internacionais – ramo Político-Económico. Seguiu-se uma Pós-Especialização em Comunicação, Jornalismo e Internet. Trabalhou no ramo das telecomunicações e, depois, como jornalista, em vários jornais regionais e nacionais.
 
Desempenhou funções de Formador em várias áreas ligadas à Comunicação e neste momento é Supervisor num call center de uma multinacional francesa instalada na cidade do Porto.

Como apoiar o projecto?

É só aceder ao site e fazer o registo: o link é http://ppl.com.pt/pt/prj/os-meus-dois-pais e depois só é necessário escolher a opção e montante pretendido e efectuar o pagamento em qualquer ATM.

Para aguçar o apetite, o Prólogo do livro já está disponível para leitura na página da plataforma e também é possível acompanhar todas as novidades no Facebook no endereço https://www.facebook.com/osmeusdoispais

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publicado por Riacho, em 06.11.13 às 23:09link do post | favorito

O Riacho congratula-se com o “Documento Preparatório” do próximo Sínodo dos Bispos, que o Vaticano enviou à Conferência Episcopal Portuguesa, com as 38 questões sobre “Os desafios pastorais da família, no contexto da evangelização”.


Deixamos aqui as questões recolhidas no blog http://caldas-sao-jorge.blogspot.pt/2013/11/as-38-perguntas-do-inquerito-da.html para que a reflexão possa começar desde já.

 

Como prévios necessários são o conhecimento da Sagrada Escritura ( Biblia), do Magistério da Igreja: [da constituição pastoral] “Gaudium et spes”, [da exortação apostólica] “Familiaris consortio”, a encíclica “Humanae vitae”, Sacramentos e Liturgia, outros documentos do Magistério pósconciliar.

Inquérito inédito mostra que Francisco quer ouvir as bases, diz Carreira das Neves. Conferência Episcopal reconhece "coragem" da iniciativa.

Questionário
Se há muita gente a viver junto antes do casamento ou qual é a atitude dos fiéis perante os casais do mesmo sexo são algumas das perguntas preparadas pela Santa Sé. O questionário de nove temas está a ser distribuído em todo o mundo. Cada conferência episcopal deverá fazer chegar o resumo das respostas nacionais ao Vaticano até ao final de Janeiro do próximo ano.

GRUPO 1
Sobre a difusão da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja a propósito da família
1. Qual é o conhecimento real dos ensinamentos da Bíblia, [da constituição pastoral] “Gaudium et spes”, [da exortação apostólica] “Familiaris consortio” e de outros documentos do Magistério pósconciliar sobre o valor da família segundo a Igreja católica?
Como são os fiéis formados para a vida familiar em conformidade?
2. Onde é conhecido, o ensinamento da Igreja é aceite integralmente? Há dificuldades de o pôr em prática? Quais?
3. Como é difundido no contexto dos programas pastorais nos planos nacional, diocesano e paroquial o ensinamento da Igreja? Que tipo de catequese sobre a família é promovida?

4. Em que medida – e em particular sob que aspectos – este ensinamento é realmente conhecido, aceite, rejeitado e/ou criticado nos ambientes extraeclesiais?
Quais são os factores culturais que impedem a plena aceitação do ensinamento da Igreja sobre a família?

GRUPO 2
Sobre o matrimónio segundo a lei natural

5. Que lugar ocupa o conceito de lei natural na cultura civil, quer nos planos institucional, educativo e académico, quer a nível popular?
Que visões da antropologia estão subjacentes a este debate sobre o fundamento natural da família?

6. O conceito de lei natural em relação à união entre o homem e a mulher é geralmente aceite por parte dos baptizados?

7. Como é contestada, na prática e na teoria, a lei natural sobre a união entre o homem e a mulher, em vista da formação de uma família?
Como é proposta e aprofundada nos organismos civis e eclesiais?

8. Quando a celebração do matrimónio é pedida por baptizados não praticantes, ou que se declaram não-crentes, como enfrentar os desafios pastorais que daí derivam?

GRUPO 3
A pastoral da família no contexto da evangelização

9. Que experiências surgiram nas últimas décadas na preparação para o matrimónio? 
Como se procurou estimular a tarefa de evangelização dos esposos e da família? 
De que modo se pode promover a consciência da família como “Igreja doméstica”?

10. Conseguiu-se propor estilos de oração em família, capazes de resistir à complexidade da vida e cultura contemporânea?

11. Perante a actual crise geracional, como são as famílias cristãs capazes de cumprir a sua vocação de transmitir a fé?

12. De que modo as Igrejas locais e os movimentos de espiritualidade familiar souberam criar percursos exemplares?

13. Qual é a contribuição específica que casais e famílias conseguiram oferecer para difusão de uma visão integral do casal e da família cristã credível nos dias de hoje?

14. Que atenção pastoral a Igreja mostrou para sustentar o caminho dos casais em formação e dos casais em crise?

GRUPO 4
Sobre a pastoral para enfrentar algumas situações matrimoniais difíceis

15. A convivência ad experimentum [coabitação antes do matrimónio] é uma realidade pastoral na sua igreja particular? 
Em que percentagem a calcula?

16. Existem uniões livres de facto, sem o reconhecimento religioso nem civil? Há dados estatísticos confiáveis?
17. Os separados e os divorciados recasados constituem uma realidade pastoral relevante na sua Igreja particular? 
Em que percentagem se poderiam calcular? 
Como se enfrenta esta realidade, através de programas pastorais adequados?
18. Em todos estes casos: como vivem os baptizados a sua irregularidade?
Estão conscientes da mesma? 
Simplesmente manifestam indiferença? 
Sentem-se marginalizados e vivem com sofrimento a impossibilidade de receber os sacramentos?

19. Quais são os pedidos que as pessoas separadas e divorciadas dirigem à Igreja, a propósito dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação?
Entre as pessoas em tais situações, quantas pedem estes sacramentos?

20. A simplificação da práxis canónica em ordem ao reconhecimento da declaração de nulidade do vínculo matrimonial poderia oferecer uma contribuição positiva real para a solução das problemáticas das pessoas interessadas? Se sim, de que forma? Existe uma pastoral para ir ao encontro destes casos? Como se realiza esta actividade pastoral?

GRUPO 5
Sobre as uniões de pessoas do mesmo sexo

21. O vosso país tem uma lei civil de reconhecimento das uniões de pessoas do mesmo sexo, equiparada de alguma forma ao matrimónio?

22. – Qual é a atitude das Igrejas locais, quer diante do Estado civil promotor de uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, quer perante as pessoas envolvidas neste tipo de união?

23. – Que atenção pastoral é possível prestar às pessoas que escolheram viver em conformidade com este tipo de união?

24. No caso de uniões de pessoas do mesmo sexo que adoptaram crianças, como é necessário comportar-se pastoralmente, em vista da transmissão da fé?

GRUPO 6
Sobre a educação dos filhos no contexto das situações de matrimónios irregulares

25. Qual é nestes casos a proporção aproximativa de crianças e adolescentes, em relação às crianças nascidas e educadas em famílias regularmente constituídas?

26. Com que atitude os pais se dirigem à Igreja? O que pedem? Somente os sacramentos, ou inclusive a catequese e o ensino da religião em geral?
27. Como as Igrejas particulares vão ao encontro da necessidade dos pais destas crianças, em oferecer uma educação cristã aos próprios filhos?

28. Como se realiza a prática sacramental em tais casos: preparação, a administração do sacramento e o acompanhamento?

GRUPO 7
Sobre a abertura dos esposos à vida

29. Qual é o conhecimento real que os cristãos têm da doutrina da encíclica Humanae vitae a respeito da paternidade responsável? Que consciência têm da avaliação moral dos diferentes métodos de regulação dos nascimentos?
Que aprofundamentos poderiam ser sugeridos a respeito desta matéria, sob o ponto de vista pastoral?

30. Esta doutrina moral é aceite? Quais são os aspectos mais problemáticos que tornam difícil a sua aceitação para a grande maioria dos casais?
31. Que métodos naturais são promovidos por parte das Igrejas particulares, para ajudar os cônjuges a pôr em prática a doutrina da encíclica “Humanae vitae”?

32. Qual é a experiência relativa a este tema na prática do sacramento da penitência e na participação na Eucaristia?

33. Quais são, a este propósito, os contrastes que se salientam entre a doutrina da Igreja e a educação civil?

34. Como promover uma mentalidade mais aberta à natalidade? Como favorecer o aumento dos nascimentos?

GRUPO 8
Sobre a relação entre a família e a pessoa
35. – Jesus Cristo revela o mistério e a vocação do homem: a família é um lugar privilegiado para que isto aconteça?

36. Que situações críticas da família no mundo contemporâneo podem tornar-se um obstáculo para o encontro da pessoa com Cristo?

37. Em que medida as crises de fé incidem sobre a vida familiar?

GRUPO 9
Outros desafios e propostas

38. Existem outros desafios e propostas a respeito dos temas abordados neste questionário, sentidos como urgentes ou úteis?

Da última vez que houve um encontro oficial de bispos dedicado à família, em 1980, nenhum país tinha aprovado o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A exortação apostólica que resultou desse sínodo sobre o papel da família cristã no mundo moderno, e que ainda hoje é um dos documentos orientadores das famílias e das igrejas locais, nada diz sobre casamentos homossexuais.
Mas perante o número crescente de divórcios, João Paulo II, que convocou o encontro e escreveu a exortação, reconhecia o fenómeno.
Mas dizia que, no caso de pessoas que se divorciaram e, mais cientes da "indissolubilidade do matrimónio", não tornaram a casar, não deveria haver obstáculos a receberem sacramentos.
Trinta anos depois, o tema da família volta a ser o mote para um sínodo. E há, desde já, a garantia que nenhum assunto será esquecido. Não só se vai discutir as dificuldades e desejos dos divorciados e recasados, mas também a situação dos casais em união de facto ou do mesmo sexo, assim como situações em que adoptaram, e o que procuram para os filhos junto da Igreja.
O Vaticano já tinha anunciado, no mês passado, que o Papa Francisco convocou para Outubro de 2014 um sínodo de bispos, que será o terceiro de carácter extraordinário desde que estes encontros foram reinstituídos nos anos 60.
De acordo com a lei canónica, estes concílios só podem ser convocados quando em causa estão "assuntos que exijam resolução rápida." Agora, e a um ano do encontro, os pontos da agenda tornaram-se públicos . E, numa decisão inédita, o Vaticano em vez de consultar apenas padres e movimentos da Igreja sobre os temas que vão ser debatidos, preparou um inquérito que deverá ser colocado à disposição de todos.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) confirmou a recepção do questionário em Outubro, que já enviou para as dioceses para ser distribuído.
Em Inglaterra, os bispos optaram por preparar uma sondagem online, disponível desde 31 de Outubro.
Ao jornal i, Manuel Morujão, porta-voz da CEP, admitiu que essa poderá ser uma opção, informando que de 11 e 14 de Novembro terá lugar uma assembleia de bispos em Fátima, onde haverá mais orientações.
O questionário, igual para todo o mundo, já está traduzido para português.
Num total de nove temas, há questões sobre a forma como as famílias são apoiadas para viver de acordo com a doutrina católica mas também sobre dificuldades práticas com que têm de lidar.
Uma das intenções do sínodo, revelada em Outubro, é perceber o que fazem as diferentes paróquias, no sentido de harmonizar práticas.
Se o tema do casamento entre pessoas do mesmo sexo é inédito, com o Vaticano a querer saber qual a atitude nas paróquias em relação ao reconhecimento de uniões civis mas também aos casais nestas circunstâncias, há temas retomados onde parece haver uma abertura para a mudança.
É o caso dos entraves colocados a divorciados e recasados, com o Vaticano a perguntar se simplificar a "declaração de nulidade do vínculo matrimonial" seria positivo.
O Riacho tem dado o seu modesto contributo na reflexão como ser homossexual solteiro, casado ou em união de facto e poder ser/estar integrado na igreja. Sugere-se também sobre este tema o livro do José António de Almeida:
 
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