Olá
A Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual foi criada para promover o amor incondicional entre pais e filhos. Margarida, presidente da AMPLOS, aceitou falar sobre o momento em que descobriu que a filha era gay. A edição desta semana da revista VISÃO traz mais informações sobre esta instituição.
Para ouvir o depoimento audio segue o link: http://aeiou.visao.pt/audio-quando-soube-fiquei-um-pouco-perplexa=f539529
Olá
A AMPLOS fez ontem a sua apresentação publica. O endereço do blog está na nossa lista de links. Segue a notícia sobre o acontecimento publicada na edição de hoje do Público.
"Apoiar jovens homossexuais que tenham dificuldade na sua relação com os pais, é um dos principais objectivos de uma nova associação que foi apresentada, hoje, na Livraria “Ler Devagar”, em Lisboa. Chama-se AMPLOS (Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual) e foi criada por um grupo de pais que se propõem combater todas as “formas de discriminação relacionadas com a orientação sexual”.
No seu site, na internet (amplos.bo@gmail.com), explicam que se dispõem a lutar para que “os homossexuais sejam aceites, possam assumir abertamente a sua identidade, exprimir os seus afectos, casar, ter igualdade de tratamento jurídico; em suma serem pessoas de pleno direito, serem cidadãos de plena cidadania”.
E referem o momento intenso e, na “maioria das vezes sofrido”, da aceitação, pelos pais, da orientação homossexual dos filhos. “Sabemos que muitos pais reagem de forma brutal a essa situação pelas expectativas que criaram em relação aos filhos, pelos preconceitos que circulam, e abundam, na sociedade (...)” lê-se, no texto de apresentação.”Também sabemos que os pais estão muito sozinhos”, acrescentam, notando como “andam eles próprios a aprender a ser pais, a como sair do seu “armário”. Por isso, explicam, querem “constituir um grupo de acção cívica” ao lado dos filhos e de “todas as organizações que defendem os seus direitos”.
Fonte: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1404547
Olá
É com o maior prazer que publicamos esta entrevista da AMPLOS ao DN.
Abraços
MARGARIDA LIMA DE FARIA
Ajudar as famílias a sair do armário
por FERNANDA CÂNCIO08 Agosto 2009
"Estamos do lado do preconceito contra os nossos filhos ou do lado dos nossos filhos contra o preconceito?" A pergunta levou à criação da AMPLOS, Associação de Mães e Pais pela Liberdade da Orientação Sexual. Pelos filhos, pelos pais, "pelos valores mais fortes da família" - por amor
"Não reagimos da forma mais correcta possível. De certeza que fiz coisas erradas ou menos certas." Margarida Lima Faria, 51 anos, socióloga, casada há trinta, mãe de duas filhas, descobriu há cinco anos que uma delas, a mais nova, é homossexual. Descobriu é uma forma de dizer: foi informada pela própria. "Não foi uma conversa nada fácil, sobretudo para ela. Sinto orgulho por ela nos ter dito, por isso corresponder a uma relação de confiança e à noção que teria da nossa capacidade de a aceitar como ela é. E por corresponder a uma ética da verdade, algo que tentámos sempre construir na nossa família."
A hipótese, confessa, "nunca se tinha colocado". E a reacção foi "mais de confusão que de desilusão". Sorri. "Uma coisa que queria dizer aos outros pais é que no dia seguinte ao da revelação está tudo igual, o mundo não acabou - até está melhor, porque se tem um filho mais feliz." Mas nem toda a gente, é sabido, vê as coisas assim. "Tenho uma amiga médica que me contou que uns amigos lhe ligaram para falar do grande drama que acontecera à filha. E ele achou que era algo tão grave que perguntou 'Não me digam,é um cancro?'E eles responderam: 'Pior que isso' ."
No sossego da esplanada do Centro Cultural de Belém, local perto do seu emprego onde Margarida marcou o encontro, a brutalidade irredimível da frase suspende os gestos. "Aquilo que as pessoas são depende muito das relações primárias que se constroem no seio da família. Se os pais não aceitam os filhos é um golpe terrível na sua auto-estima. E as pessoas que não gostam de si próprias não são bons cidadãos."
A fobia que leva pais a renegar filhos por causa da sua orientação sexual também se vira contra os pais que não os renegam. "É absurdo. Temos dificuldade de falar dos filhos homossexuais, pedem-nos que façamos de conta que não existem. Durante muito tempo quando me perguntavam pelas minhas filhas elidi a vida relacional de uma delas. Mas a partir de uma certa altura senti que devia começar a lidar com a coisa de forma completamente natural, porque de outra forma estava a discriminar uma filha em relação à outra. E as reacções começaram a ser muito estranhas. Quando dizia 'A minha filha tem uma namorada', havia quem me dissesse 'Estás a dizer isso para me provocar' e quem me falasse de doenças, a ponto de eu ficar numa tristeza..."
Foi em grande parte devido a essas reacções que começou a formar-se na cabeça de Margarida a ideia de uma associação. De fazer qualquer coisa mais estruturada, mais organizada, para mudar as coisas. De partilhar o que sentiu e decidiu e pensou durante os últimos cinco anos , desde que sucedeu aquilo que passou a ver "como uma boa oportunidade que a vida me deu".
Para Margarida, a AMPLOS não deve ser "só uma associação de pais de homossexuais" ,: deve ter lugar para toda a gente que ache esta luta importante. Também não quer que se diga "Ai, agora os pais têm de falar pelos filhos, defendê-los". "Não é nada disso, nem eu gostava que a minha filha estivesse nessa situação. Os nossos filhos são jovens adultos, sabem pensar pela sua cabeça e defender-se. A última vez que falei com uma professora da minha filha para a defender tinha ela dez anos. Não se trata disso... Mas estive com jovens que morriam de medo de contar aos pais. Fui a uma reunião da ILGA e quando lemos a primeira frase do manifesto, 'Somos um grupo de mães e pais', houve um jovem que disse 'Isto não está a acontecer'." Pára, como quem sustém qualquer coisa. "Havia pessoas com as lágrimas a correr pela cara abaixo." Lágrimas de felicidade, desta vez - ou de esperança. "Houve alguns que nos contaram que um dia a mãe ou o pai lhes perguntou 'És homossexual?', e eles responderam 'Não'. E a conversa acabou aí. As pessoas contentam-se com o que querem ouvir..." A esses pais, a todos os pais que acham que os filhos os desiludem com coisas como estas, Margarida gostaria de dizer isto: "Não é um problema, um grande problema. É uma contrariedade. A vida em sociedade faz-se de expectativas, das expectativas que acalentamos em relação aos outros. E se uma expectativa se gorar, há a capacidade de adaptação, em que é muito importante o amor e a inteligência. É tudo uma questão de amor, não é?"
A AMPLOS, nome de lugar grande, coisa que abarca, de abraço, nasceu sobretudo disso - "dos valores mais fortes da família". "Desde que pusemos a circular o nosso manifesto que recebemos imensos mails e contactos de encorajamento. As pessoas dizem 'Até que enfim', 'Força', 'Que bom'... Fiquei muito surpreendida com tantas reacções positivas. Um dos que mais me comoveu foi o da mãe de duas filhas de três e cinco anos que disse querer participar para que elas pudessem crescer num mundo melhor."
Fonte: http://dn.sapo.pt/gente/interior.aspx?content_id=1328905
Atenção mães e pais de homossexuais: está aí a AMPLOS – Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual. Está a arrancar e para já vai estar representada no Arraial Pride, em Lisboa, para trocar impressões com quem queira falar, perguntar, participar.
Saquem lá os papás do armário e toca a levá-los para a festa e ao encontro desta iniciativa, que já fazia falta entre nós.
Para já, aqui fica o manifesto da AMPLOS:
AMPLOS – Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual
“BRING-OUT”
Quem somos:
Somos um grupo de pais que se propõe lutar por uma sociedade mais justa, opondo-nos a todas as formas de discriminação. Pela forma como nos toca enquanto pais, concentrar-nos-emos preferencialmente no combate às formas de discriminação relacionadas com a orientação sexual.
O que sabemos e sentimos:
Sentimos que muito falta fazer para que os homossexuais sejam aceites, possam assumir abertamente a sua identidade, exprimir os seus afectos, casar, ter igualdade de tratamento jurídico; em suma serem pessoas de pleno direito, serem cidadãos de plena cidadania.
Sabemos que a aceitação da sua orientação pelos pais é um dos momentos mais marcantes, e fundamentais, na sua própria aceitação como pessoas. É um momento intenso para ambos. Na maioria das vezes sofrido, por ambos.
Sabemos que muitos pais reagem de forma brutal a essa situação pelas expectativas que criaram em relação aos filhos, pelos preconceitos que circulam, e abundam, na sociedade, pela falta de informação resultante dos tabus que se têm perpetuado em torno da discussão aberta do tema.
Sabemos que para os pais é difícil falar d@ seu filh@ homossexual; falar das suas relações amorosas, dos seus projectos de vida.
Sabemos como são forçados a usar diferentes “histórias” para os seus diferentes filhos e quão dura lhes é essa discriminação. Fazem-no pelas reacções que essa abertura provoca nos outros; fazem-no pelo respeito que os filhos merecem, deixando-os decidir quando e a quem o fazer, dando por vezes um empurrãozinho, na abertura da porta desse tal “armário”. Toda esta situação exige dos pais uma atenção especial, difícil, paciente, cuidadosa.
Também sabemos que os pais estão muito sózinhos, nem sempre sabem como agir da melhor forma. Andam eles próprios a aprender a ser pais, a como sair do seu “armário” de pais reprimindo o desejo de escancarar a porta toda, e celebrar todo o amor que sentem por esses filhos.
O que queremos:
Queremos ser um grupo de pais que se oiçam, esclareçam, acompanhem.
Queremos ser um grupo de apoio a jovens homossexuais que tenham dificuldade na sua relação com os pais.
Queremos constituir um grupo de acção cívica ao lado dos nossos filhos e de todas as organizações que defendem os seus direitos.
Como pensamos fazê-lo:
Procuraremos locais e momentos de encontro periódico, à medida da dimensão e situações que forem surgindo. Destes contactos se seguirão outras formas de acção dependendo das ideias que nascerem no interior do próprio grupo.
Procuraremos marcar de alguma forma presença em todas as formas de encontro que digam respeito a esta causa.
Contacte-nos através de: amplos.bo@gmail.com
in: http://tangaslesbicas.wordpress.com/2009/06/19/pais-tem-associacao/