ESPAÇO DE ENCONTRO E REFLEXÃO ENTRE CRISTÃOS HOMOSSEXUAIS em blog desde 03-06-2007
publicado por Riacho, em 31.01.13 às 21:23link do post | favorito

Uma pastoral forte com relação aos homossexuais deve ser elaborada para permitir que essas pessoas sejam ouvidas e apoiadas.

A opinião é de Guy Gilbert, padre e educador francês, jornalista e autor prolífico. Nascido em Rochefort, em 1935, estudou no seminário da Argélia, onde permaneceu até 1970. De volta à França, especializou-se em Paris no trabalho contra a delinquência juvenil. É o fundador do centro Bergerie du Faucon para crianças de rua.

O artigo foi publicado no jornal francês, católico, La Croix, 29-01-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

"O meu filho é homossexual. Eu não posso aceitar isso. O que você acha?", escreveram-me muitos pais. 

"Sou homossexual, os meus pais me botaram para fora de casa assim que completei 18 anos. Estou chocado", disse um jovem.

"Minha filha, homossexual, foi festejar o aniversário em casa. Devo aceitar a sua companheira? Se não, ela não virá a esta festa familiar", perguntava-me uma mãe.

Muitas vezes, os pais são cristãos, mas se recusam a aceitar o que para eles é uma aberração e interrompem deliberadamente a relação com os filhos.

Eu sempre respondi dizendo logo aos pais que não julguem a sexualidade dos filhos e que deixem aberta a porta de casa.

A pior coisa que eu vi foi o comportamento de uma mãe católica cujo filho homossexual morreu velado até o fim pelo seu companheiro, botado para fora do apartamento em que viviam no dia antes do funeral. Eu disse para aquela mulher como a sua prática cristã estava em absoluta contradição com o Evangelho.

O termo "homofobia" é particularmente adequado para essas situações. E a história da Igreja não é um bom exemplo a esse respeito. Eu acrescentaria, no entanto, que o povo cristão está evoluindo lentamente e cada vez mais positivamente com relação a isso.

Eu penso que uma pastoral forte com relação aos homossexuais deve ser elaborada para permitir que essas pessoas sejam ouvidas e apoiadas.

Às vezes, a seu pedido, acontece-me de abençoar um casal de homossexuais. Quando eu vejo um casal solidamente unido, que vive um amor forte e verdadeiro, eu não posso abençoá-lo.

A tarefa e a beleza da missão do padre não é, talvez, de abençoar o amor? Com discrição, é claro, mas sem julgar e, principalmente, sem rejeitar.

Sou contrário ao casamento para todos, mas sou a favor de um pacto civil que permita que os casais do mesmo sexo reforcem os seus direitos, particularmente nas sucessões, um pacto civil com uma cerimônia simples no cartório.

Como é possível que um casal homossexual, que viveu muitos anos, não possa ser protegido quando a morte de um dos dois ocorre de repente? A humanidade é tão frágil como um cristal.

Vivemos neste período, nos acalorados debates sobre o "casamento para todos", oposições pueris e estéreis entre modernidade e tradição, entre laicidade e clericalismo. Um cristão que quiser viver a sua fé com toda a verdade não aceitará tudo do mundo contemporâneo. Mas saberá não rejeitar ninguém, nem julgar ninguém. Porque é a lei do Evangelho. Só essa lei vai nos permitir viver livres em um mundo complexo.

* * *

Da nota do Conselho para a Família e a Sociedade da Conferência Episcopal Francesa (Elargir le mariage aux personnes de même sexe? Ouvrons le débat!):

"Embora o respeito pela pessoa seja claramente afirmado, é preciso admitir que a homofobia, porém, não desapareceu da nossa sociedade. Para as pessoas homossexuais, a descoberta e a aceitação da sua sexualidade comportam, frequentemente, um caminho complexo. Nem sempre é fácil assumir a própria homossexualidade no ambiente profissional ou familiar. Os preconceitos custam a morrer, e as mentalidades mudam muito lentamente, mesmo nas nossas comunidades e famílias católicas; que, porém, são chamadas a expressar a máxima acolhida a todas as pessoas, independentemente do seu caminho, como filhas de Deus. Pois o que para nós, cristãos, fundamenta a nossa identidade e igualdade entre pessoas é o fato de que somos todos filhos e filhas de Deus. A acolhida incondicional da pessoa não implica uma aprovação de todos os seus atos. Reconhece, ao contrário, que o ser humano é maior do que os seus atos (...). A Igreja Católica convida os fiéis a viver tal relação na castidade, mas reconhece que, para além do aspecto sexual somente, o valor da solidariedade, da atenção e do cuidado pelo outro podem se manifestar em uma relação afetiva duradoura. A Igreja quer ser acolhedora com relação às pessoas homossexuais e continuará fazendo a sua contribuição para a luta contra toda forma de homofobia e discriminação (...)".

Veja também:

“Uma conversão de todos nós se faz necessária”, diz arcebispo de Maringá


De
  (moderado)
Nome

Url

Email

Guardar Dados?

Este Blog tem comentários moderados

(moderado)
Ainda não tem um Blog no SAPO? Crie já um. É grátis.

Comentário

Máximo de 4300 caracteres



Copiar caracteres

 



O dono deste Blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

mais sobre nós
Janeiro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
12

14
15
16

20
21
24
25
26

27
28
30


pesquisar
 
blogs SAPO
subscrever feeds